29/01/2015

Três países lusófonos partilham repressão e corrupção


Human Rights Watch. Foto: RR
Angola, Brasil e Guiné Equatorial apontados no relatório da organização de direitos humanos, divulgado esta quinta-feira, no Líbano, no qual se analisa a situação em mais de 90 países.
 
 Angola, Brasil e Guiné Equatorial, os três países da comunidade lusófona analisados no mais recente relatório da Human Rights Watch (HRW) , têm em comum registos de corrupção e repressão, em maior ou menor grau.

No 25º relatório anual da HRW, divulgado esta quinta-feira, no Líbano, a organização de direitos humanos analisa as práticas em mais de 90 países e sublinha que a corrupção, a má governação e a repressão governamental em Angola assumem "proporções catastróficas".

Destacando que Angola tem um "poder influente em África", a organização considera que o regime do Presidente José Eduardo dos Santos enfrenta "um crescente criticismo", mas lamenta que quem faz negócios em Luanda tenha "em muito pouca consideração o mau registo do país em matéria de governação e direitos humanos".

A HRW destaca que as autoridades angolanas "intensificaram as medidas repressivas, restringindo a liberdade de expressão, associação e reunião", lembrando que o Governo angolano tem visado jornalistas e activistas com processos em tribunal, detenções arbitrárias, intimidação, perseguição e vigilância.

A organização identifica ainda outros abusos, entre os quais o novo adiamento das muito adiadas eleições municipais, os "despejos forçados" em Luanda e o "afastamento violento dos comerciantes de rua, incluindo mulheres grávidas e com filhos".

Sobre o Brasil, a organização começa por salientar que "está entre as democracias globais e regionais mais influentes", que, "nos últimos anos, tem mostrado ser uma voz crescentemente importante nos debates internacionais". Porém, a imagem externa é melhor do que a prática interna, assinala o relatório, observando que existem "sérios desafios de direitos humanos", incluindo tortura e maus-tratos, e também vários casos de corrupção.

Os abusos policiais, a sobrelotação prisional e os gangues criminosos são "problemas significativos em muitas cidades brasileiras", menciona.

"Corrupção, pobreza e repressão continuam a ser uma praga na Guiné Equatorial", sentencia a HRW, recordando que o regime de Teodoro Obiang tem apostado em "melhorar a imagem" externa, apoiado em apoios internacionais como a adesão à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

A HRW denuncia a "má utilização de fundos públicos" e a concentração do poder e da riqueza nas mãos de "uma pequena elite que rodeia o Presidente", ao mesmo tempo que "uma grande parte da população continua a viver na pobreza".

Tortura, detenção arbitrária e julgamentos parciais são abusos comuns na Guiné Equatorial, denuncia a organização.

Unicef alerta para uma nova geração de crises humanitárias

Organização estima que vai precisar de mais de três mil milhões de euros para ajudar 62 milhões de crianças.





A Unicef precisa de 3,1 mil milhões de dólares para poder ajudar 62 milhões de crianças. A organização das Nações Unidas para a infância lançou um apelo onde reconhece que este valor é o maior de sempre, representando um salto de mil milhões de dólares nas necessidades de financiamento.

“Desde catástrofes naturais mortíferas até aos conflitos brutais e epidemias galopantes, as crianças do mundo estão perante uma nova geração de crises humanitárias,” afirmou Afshan Khan, directora dos programas de emergência da Unicef.

“Quer cheguem às manchetes quer aconteçam longe dos olhares, as emergências provocadas por fracturas sociais, alterações climáticas e doenças estão a atormentar as crianças de maneiras nunca antes vistas”, lê-se no comunicado.

A nota enviada à imprensa recorda que mais de uma em cada dez crianças no mundo – ou seja 230 milhões – vivem actualmente em países e zonas afectadas por conflitos armados.

A Unicef explica onde pretende gastar o dinheiro. “A maior fatia do apelo destina-se à Síria e respectiva sub-região. A organização está a pedir 903 milhões de dólares para a resposta regional a fim de proteger as crianças em risco e prestar assistência crucial, nomeadamente através da imunização, água potável e saneamento, e educação”, referem.

22/01/2015

O que somos quando somos Charlie

 











Não é a vida que é uma história contada por um idiota, cheia de som e de fúria, e desprovida de significado. É o facebook. Apesar de não ter facebook, vou acompanhando o som e a fúria através das reacções das pessoas que têm. No caso do Charlie Hebdo, contei quatro fases de agitação sonora e furiosa, a saber: 

1. Eu sou Charlie;

2. Eu sou mais Charlie do que tu;

3. Eu era Charlie, mas não quero ser Charlie com quem não é Charlie;

4. Eu não sou Charlie.

A primeira reacção é previsível e normal. Morreram doze pessoas por causa da publicação de desenhos satíricos. Parece--me natural que pessoas decentes se solidarizem com as vítimas de um crime destes, indo ao ponto de lhes tomarem a identidade. Até eu, que sou decente apenas se não puder evitá-lo, o fiz. Confesso que nunca comprei o Charlie Hebdo, nunca o referi como referência humorística e nem sou apreciador do jornal. Ao que tenho visto, sou o único. Ainda assim, disse - e repito: eu sou Charlie. Posso fazê-lo? Posso, posso. Não preciso de ter a assinatura do jornal em dia. De igual modo, em Setembro de 2001, quando dissemos "somos todos americanos", ninguém veio pedir-nos o passaporte. Se para ser Charlie é necessário ter a coragem dos cartunistas que morreram, então ninguém no mundo está habilitado a ser Charlie - tirando, talvez, Salman Rushdie e mais duas ou três pessoas.

Também por isso, a segunda fase foi muito divertida. Consistiu num campeonato para apurar quem é mais Charlie. Alguns auto-investidos Charlies reclamaram-se proprietários do luto, herdeiros de um legado que aliás desconhecem e porta-estandartes de uma coragem que não têm nem precisam de ter. Estes Charlies gritaram que só não eram Charlies praticantes porque os poderes instituídos não deixam, recusando-lhes o acesso aos meios de comunicação social. Não lhes ocorreu que o Charlie Hebdo não contava com os poderes instituídos para nada. E que não têm o direito inalienável ao acesso aos meios de comunicação social. E que há uma diferença bastante sensível entre não ter acesso aos media e ser executado com um tiro na nuca. E que é feio aproveitar a morte de 12 desgraçados para tentar arranjar um emprego. E que, hoje em dia, nada os pode impedir de se exprimirem e serem plenamente Charlies na internet, por exemplo.

A terceira fase foi a dos hipsters do Charlie. Isto de sermos Charlie foi giro no início, mas agora está muito visto. É uma solidariedade à condição, que vai diminuindo à medida a que a dos outros aumenta. E essa fase abriu caminho para a última, que fechou o ciclo. Agora é cada vez mais frequente a declaração "Não sou Charlie". Jean Marie Le Pen foi dos primeiros: "Não sou Charlie porque eles eram anarco-trotskistas e eu não sou." Para que Le Pen se identifique com as vítimas, temos de esperar até que os terroristas matem um cartunista idiota.

A geração da Jihad

São cada vez mais e mais novos. E tiram o sono aos políticos, aos polícias e aos espiões, que não sabem como os controlar Filipe Fialho (texto publicado na VISÃO, de 15 de janeiro)

Quer saber como fabricar uma bomba em casa, num simples alguidar e só com os detergentes que tem na despensa? Como tornar um simples telemóvel num incrível detonador de um engenho explosivo? Quais os melhores ingredientes para aumentar a potência destruidora de um mero petardo? Como converter um carro num instrumento mortal para levar a cabo um atentado numa zona urbana e cheia de peões? Qual o melhor lugar a bordo de um avião para concretizar uma missão suicida? A resposta a estas questões e a muitas outras de idêntico teor podem ser lidas nas revistas Inspire e Dabiq. Ambas podem ser encontradas sem grande dificuldade na internet - sobretudo nas suas edições em inglês - e ambas são autênticos e inestimáveis manuais de aprendizagem para terroristas. A primeira, cujo primeiro número data de janeiro de 2010, é o órgão oficial da Al Qaeda e respetivas filiais - seja no Magrebe e na África Oriental, seja na Península Arábica. O seu título é inspirado num versículo do Corão e é suposto retratar o espírito de luta dos verdadeiros crentes.
 


A segunda publicação, aparecida em julho de 2014, dá voz ao autoproclamado Estado Islâmico (EI) ou Daesh (acrónimo em árabe), o movimento que pretende instaurar um califado na Síria e no Iraque. Dabiq é também o nome de uma cidade síria - no norte do país - onde muitos muçulmanos acreditam que se travará a apocalítica e final batalha entre os fiéis do Islão e os seus inimigos. Uma e outra têm sido de leitura indispensável para centenas ou milhares de candidatos à Guerra Santa. Exatamente por esse motivo, estão proibidas de circular e de ser vendidas um pouco por toda a parte. E em vários estados a sua posse constitui crime, havendo até casos de condenações no Reino Unido e na Austrália.

 Vinganças em série
 
O último número da Dabiq, disponibilizado no final do mês passado, consegue ser ainda mais perturbador do que as cinco edições anteriores. Além de elogiar o sequestro  protagonizado pelo iraniano Haron Monis, a 15 de dezembro, num café de Sydney, na Austrália, e o ataque, cinco dias depois, de um francês nascido no Burundi contra uma esquadra de polícia em Joué-les-Tours, 248 quilómetros a sul de Paris, a revista faz uma ameaça muito clara: "(...) o Ocidente deve esperar impacientemente o próximo atentado (...) Os muçulmanos vão continuar a máquina de guerra kaffir [dos infiéis], atacando os cruzados nas suas próprias ruas"... Como sabemos, a 7 de janeiro, Paris, a Cidade Luz e das luzes - da liberdade e da tolerância - era palco de um atentado sem precedentes. A ameaça estava cumprida.

Desde setembro que Estado Islâmico prometia vingança pela entrada da França na campanha militar liderada pelos EUA, iniciada no mês anterior com o propósito de combater o Califado e proteger as populações curdas e os campos petrolíferos do norte do Iraque. A pátria dos direitos humanos e do laicismo, era vítima das suas próprias contradições: por ter a maior comunidade muçulmana da Europa (mais de cinco milhões); por ter, em simultâneo, a maior comunidade judaica (perto de 600 mil); por ter o mais influente partido de extrema-direita do Velho Continente; e por ser também o estado de onde saiu o maior número (em valores absolutos) de jihadistas europeus rumo ao Levante à Mesopotâmia (ver infografia), desde o início das primaveras árabes, em 2011.

No entanto, não se pense que as prometidas vinganças do Estado Islâmico se confinam ao território gaulês. O movimento sabe que a melhor forma de atacar em solo europeu é recorrer aos nacionais que se converteram ao Islão radical - tenham eles combatido em Aleppo ou Kobane e depois regressado a casa, ou se tenham radicalizado sem nunca atravessar qualquer fronteira. E são precisamente estes militantes que governos, polícias e serviços de informação mais temem. Um sentimento que, verdade seja dita, já tem algum tempo. Há dois anos, quando ainda era ministro do Interior, Manuel Valls - atual chefe do Executivo francês - admitiu numa entrevista à Foreign Policy que a ameaça jihadista se tratava de "uma bomba relógio prestes a rebentar".

Em maio de 2014, numa conferência sobre terrorismo internacional realizada em Lisboa, no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna, um dos maiores especialistas europeus nestas questões, o espanhol Fernando Reinares, alertou para a "inevitabilidade" de novos e mediáticos atentados, a par da falta de coordenação entre as diferentes instituições para neutralizar estes soldados fanatizados. A realidade dos últimos meses, o ataque contra o Charlie Hebdo e os encontros de alto nível previstos para Bruxelas e Washington nas próximas semanas são a prova de que o investigador principal do Real Instituto Elcano de Madrid estava certo.
  
Jogos mortais
 
E se calhar não tem havido tragédias maiores porque, na última década, a União Europeia foi capaz de criar o "mandado de detenção" entre os seus membros, de agilizar e reforçar a troca de informações judiciais e entre serviços secretos e de ter criado a figura do coordenador para a luta contra o terrorismo, cargo ocupado desde a sua criação, em 2007, pelo belga Gilles de Kerchove. Aliás, numa entrevista concedida a 23 de novembro ao Libération, este antigo jurista admitia ser difícil controlar todos os jihadistas - em particular os que regressam dos campos de batalha na Síria: "O perigo que corremos (...) tira o sono aos  responsáveis dos serviços de informações". Mas não só a estes.

"As nossas capacidades atingiram o limite", advertiu o procurador geral da Alemanha, Harald Range, referindo-se aos processos e às investigações em curso aos grupos islamitas. Um cenário que se deve ter agravado na última semana, após o Governo de Berlik ter acionado os seus planos de contingência face a eventuais atentados e por ter de "controlar" um universo de mil indivíduos potencialmente perigosos - 180 deles recém chegados do território sírio. Segundo as contas da Federação alemã de Polícia (BDK), divulgadas pela revista Der Spiegel, seriam necessários pelo menos 3600 agentes para tal tarefa, a tempo inteiro. Algo inviável e que leva a BND e a BfV - as duas principais agências germânicas de espionagem - a trabalhos reforçados e a darem como garantido que, mais tarde ou mais cedo, o país será alvo de uma ação jihadista. Até porque estas limitações são plenamente conhecidas dos círculos terroristas. O mesmo sucede no Reino Unido, onde o MI5 considera impossível disponibilizar cerca de 20 agentes para vigiar, 24 sobre 24 horas, cada um dos 600 suspeitos identificados no país.  

Moral da história: o que sucedeu em Paris vai seguramente ter réplicas numa qualquer outra cidade europeia. É apenas uma questão de tempo porque o recrutamento de novos membros para a Al Qaeda e sobretudo para o Daesh não dá sinais de parar. "Estamos perante um novo ciclo de violência.
O fenómeno ultrapassa largamente as comunidades muçulmanas. No último ano e meio tornou-se global. E já inclui a faixa etária dos 15 aos 17 anos", garante o sociólogo franco-iraniano Farh Kosrokhavar, consultor do Governo francês e autor de diversos obras sobre questões muçulmanas e de segurança. Como explicou ao Le Monde Olivier Roy, um outro prestigiado académico gaulês, estes jovens constituem um "movimento geracional" marcado pelo nihilismo e "pela cultura da violência": "A minha geração escolhia a extrema-esquerda, eles escolhem a Jihad". E, acrescente-se, demasiadas vezes a morte. 
 

18/01/2015

Radicalizados em casa pela Internet, de França a caminho da Síria


Fizeram cortes. Repudiaram costumes e família. Substituíram a sua visão do mundo pela dos sectários. Assim é parte da mão-de-obra dos radicais islâmicos.

 Em França, 160 famílias, a maioria de classe média, sem estigmas de integração ou confissão religiosa arreigada, vivem um drama. Os filhos, na solidão dos seus quartos, após inúmeras jornadas de Internet, decidiram mudar de vida. Foram doutrinados, radicalizaram-se e partiram para a Síria.


“Os jovens captados por este discurso viviam como indivíduos globalizados, mas não se sentiam parte integrante de nenhuma cultura e de nenhum espaço cultural”, refere o relatório A metamorfose operada nos jovens pelos novos discursos terroristas, de Novembro do ano passado, do Centro de Prevenção contra as Derivas Sectárias ligadas ao Islão (CPDSI). Um organismo criado em Maio de 2014, animado pela antropóloga Dounia Bouzar, ex-membro do Conselho Francês do Culto Muçulmano, por Christophe Caupenne, durante 13 anos chefe da equipa de negociadores do RAID, corpo de elite da polícia antiterrorista gaulesa, e pelo pedagogo Sulayman Valsan.

Os autores trabalharam sobre os relatos dos pais dos radicalizados e os seus perfis no Facebook. O estudo abre a porta para uma nova realidade, tão inquietante quanto surpreendente. Em causa ficam os estereótipos da adesão a práticas violentas e a organizações como o autoproclamado Estado Islâmico (EI), única e essencialmente baseada no desemprego, na marginalização social e na guetização suburbana de segundas gerações da emigração.

Das 160 famílias de nacionalidade francesa que recorreram ao CPDSI, 80% eram ateias e só 16% eram de classes populares a braços com o desemprego. A maioria (63%) dos jovens considerados pelo estudo tem entre 15 e 21 anos, e são raros os casos de doutrinamento acima dos 30 anos. Apenas uma ínfima parte destes adolescentes, cinco em cada cem, cometeram actos de pequena delinquência. Mas já em 40% dos casos sofreram episódios de depressão. E a quase totalidade deles – 98 em cem – chegaram ao contacto com o discurso radical através de Internet.

“Quando um discurso religioso conduz o individuo à ruptura – social e familiar – a ponto de ele se privar dos seus direitos mais fundamentais, podemos falar de efeito sectário”, afirmam os autores do estudo. Ou seja: a forma como os jovens foram captados, as etapas do seu trajecto de radicalização e o corte pessoal e social operado nas suas vidas são em tudo idênticos aos processos de envolvimento com as seitas.

Ao longo de 91 páginas, este percurso é detalhado. As fases da metamorfose são sistematizadas num processo de sucessivas rupturas dos jovens. Com os antigos amigos, com as actividades de tempos livres e com a escola. Depois, com a família. “Para que a primazia do grupo radical seja completa, a autoridade do grupo deve substituir a autoridade dos pais”, constatam os autores do relatório.

Para o corte familiar são usados todos os expedientes, contrariando-se gestos, costumes e símbolos sociais numa escalada em direcção à alegada e inevitável ruptura, que leva os jovens a considerar a impossibilidade de viver com os pais. A alimentação é um recurso fácil. Nas suas comunicações por Internet, numa fase de doutrinamento primário, são abundantes as referências àquilo que Bouziar, Caupenne e Valsan designam “conspiração do porco”: a presença de elementos porcinos em gelatinas leva à elaboração de uma lista de alimentos e seus derivados proibidos. A oposição ao álcool não se fica, apenas, pela sua ingestão, mas também inclui a utilização de perfumes e desodorizantes, de acordo com os relatos dos pais.

Pouco a pouco, cresce o isolamento do jovem. “O doutrinado deixa de ter qualquer ligação com a sua antiga visão do Mundo que foi substituída pelas ideias do grupo sectário, para alguns este grupo é uma organização que regula a sua desorganização interna, o que os apazigua”, sintetiza o estudo.

Consagrado o corte com as suas referências, o processo de doutrinamento sobe um patamar. “A partir da rejeição do mundo real é-lhes injectada a ideia de que apenas um confronto total e final poderá mudar as coisas”, conclui esta investigação. As formas de propaganda – os vídeos – não são método casual. “São destinados a um público jovem, habituado a imagens que são um universo familiar para eles, de que conhecem os códigos”, observa-se no trabalho do CPDSI. E a violência dos jogos comerciais já os imunizou para o repúdio.

Diversas são as motivações dos jovens destas 160 famílias. Do ideal cavalheiresco de mudança, oferecendo o seu envolvimento até ao sacrifício, à causa humanitária insuflada às raparigas confrontadas com os horrores da guerra na Síria e o cortejo de privações sofridas pelos refugiados. Segundo os relatos dos pais, elas quando chegam ao terreno sentem-se decepcionadas. Mas o regresso é difícil.