28/04/2010

Agenda para Maio 2010

Sessões de autógrafos de Deana Barroqueiro, à conversa com os leitores na Feira do Livro de Lisboa, Parque Eduardo VII - Pavilhão da Editora Ésquilo (B02) - 1 de Maio, Sábado, 13 de Maio, Quinta-feira e 15 de Maio, Sábado - sempre das 16 h. às 19 h.

Conversas ao Fim da Tarde - Deana Barroqueiro fala sobre o enigmático Espião de D. João II no Auditório da Soc. Interbancária de Serviços, Rua Soeiro Pereira Gomes, Lote 1, Lisboa - 5 de Maio, Quarta-feira, 12.15 h.

No Centro Cultural da Branca - Albergaria-a-Velha - 2ª Convenção Nacional Bookcrossing, Segredo dos Livros - 8 de Maio, Sábado, 10.30 h.; Painel Romance / Ensaio Histórico: Deana Barroqueiro, Fina D' Amata, Paulo Alexandre Loução, Sónia Louro - 8 de Maio, Sábado, 11 h.

A Livraria Buchholz substituiu, a dez dias do compromisso, o lançamento de "O Romance da Bíblia" por outro que crê ser-lhe mais vantajoso. Peço-vos desculpa, apesar de ser a vítima e não o prevaricador.
Estamos a procurar outro espaço para receber os amigos e informaremos da nova data e local, logo que seja possível.

Esperamos conseguir manter a apresentação pela professora/investigadora Dra. Manuela Gamboa e os textos lidos pela actriz Tânia Alves (Comuna - Teatro de pesquisa).

25/04/2010

Memórias de um Nonagenário - Parte III (Fim)

Nos anos trinta, fora com desgosto que se despedira das meninas que deixaram de frequentar as suas aulas, por força de uma lei que proibira o ensino misto e também detestara ver os alunos com a farda obrigatória dos “lusitos”, da Mocidade Portuguesa – calças e bivaque castanhos, camisa verde e um cinto com um S na fivela, em homenagem a Salazar – a fazerem a saudação fascista de braço estendido. Mas, com o passar do tempo, sossegara-o a revolta e a troça da maioria dos seus alunos contra o fascismo e a censura e não se enganara, pois muitos teriam um papel determinante no futuro de Portugal. Uma boa medida fora decretada, alargando a escolaridade obrigatória para 6 anos, o que, se fosse cumprido, talvez lhe trouxesse mais alunos no futuro.


O aparecimento dos primeiros filmes sonoros portugueses – “A Severa” (1931) ou a Canção de Lisboa (1933) – e da grande estrela Beatriz Costa animaram um pouco a cidade e provocara algum alvoroço entre os alunos, que logo voltaram às “fitas” americanas, as quais, segundo afirmavam, eram muito mais excitantes e cujos diálogos, apesar de serem em inglês, se percebiam muito melhor que os portugueses. Apesar dos maus tempos, havia um forte espírito de camaradagem e pertença entre ele os seus alunos e recorda ainda, com carinho, a constituição do A. L. P.A. – o Núcleo dos Antigos Alunos do Lyceu de Passos Manuel, em 1937.

A década de quarenta tão pouco fora promissora, metade dela preenchida pela 2ª Grande Guerra Mundial, embora Salazar conseguisse a neutralidade. Portugal tornou-se no porto de abrigo de muitos refugiados, sobretudo crianças judias que alguns dos alunos hospedaram em suas casas e cujas sofridas histórias lhes ouvira contar. Lisboa fora também o ponto de encontro de espiões alemães e dos países aliados e os seus pupilos vibravam com as intrigas e os mistérios que, apesar da censura e da repressão, chegavam aos ouvidos do Lyceu.


Os rapazes faziam gazeta para irem namorar as meninas que já frequentavam, com as mamãs, os cafés, as esplanadas da Av. da Liberdade e a Gelataria da Praça dos Restauradores, de vestidos atrevidos e sem chapéu, como as estrangeiras. Lisboa, Capital de Império, queria mostrar-se cosmopolita e inaugurara a Exposição do Mundo Português e o Estádio Nacional. E em 1943, inaugurou-se a Feira Popular, com as suas luzes de cores, ruído de altifalantes e de máquinas de diversão, barracas de comes e bebes, bazares de tostão, tendas de tiro ao alvo e de pim-pam-pum. Pagava-se um escudo à entrada e o povo acorria à festa, gastando uns tostões para esquecer o amargo quotidiano. Ali perderam muitos estudantes as suas noites, o dinheiro dos pais e, por vezes, até a sua inocência!

O Lyceu alegrara-se com o fim da guerra após a derrota dos nazis, em 1945, e acompanhara os alunos no delírio da 1ª vitória da Selecção Portuguesa de Futebol sobre a Espanha (invencível há 16 anos!) por 4-1 e do primeiro triunfo no estrangeiro, contra a Irlanda (0-2), aclamando os 5 violinos da bola: Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Albano e Travassos . O Sporting fora, então, a equipa que mais títulos nacionais conquistara nesta década (3 campeonatos consecutivos) e por mais de uma vez fizera tocar o sino a rebate, para pôr termo às lutas travadas entre os seus adeptos e os do Benfica.

Com igual entusiasmo festejara a vitória da Selecção Portuguesa de Hóquei nos Campeonatos da Europa e do Mundo, transmitidos pela Rádio, a qual triunfa não só pela música, mas também pelos relatos dos jogos e com o teatro radiofónico, transmitido através das 240.000 telefonias que ligavam os portugueses ao mundo; todavia, jornalistas, escritores e opositores do regime são silenciados e morrem mais 43 pessoas nas prisões políticas ou abatidas pelas forças policiais.

Toca uma música suave e o velho Lyceu de Passos Manuel desperta das suas memórias, no alvor dos anos 50, e apruma-se com um sorriso a fim de receber os convidados e a homenagem que lhe prepararam para o dia do seu 95º aniversário. Oxalá que daqui a cinco anos, se ainda for vivo e estiver lúcido, possa recordar, das cinco décadas restantes da sua vida, os acontecimentos de que foi testemunha de ver e ouvir.

Porém teme que a sua progressiva decadência o impeça de vir a apreciar mais festejos ou mesmo de se manter de pé, se não lhe acudirem depressa, não com enganosas maquilhagens, operações de estética ou injecções de “botox” para esticar rugas e limpar as manchas da pele, mas de verdadeiras sessões de fisioterapia, de transfusões, de cirurgia profunda e reconstrução e reforço do esqueleto.

E, já agora, uma limpeza profunda aos ouvidos, para o livrar da imundície dos palavrões que é obrigado a ouvir, para poder escutar de novo, nas vozes dos alunos de agora e em trabalhos tão bons como os de outrora, a bela Língua Portuguesa, levada à altura dos céus nos textos dos poetas e prosadores portugueses, antigos e modernos, muitos deles seus antigos alunos. Oxalá! Oxalá...

Em nome do Lyceu,

pela escrivã Deana Barroqueiro

Fotos do Liceu Passos Manuel e de revistas antigas

Memórias de um Nonagenário - Parte II


A década dos anos 20 saíra do rescaldo da 1ª Guerra Mundial e o Lyceu, sempre em sobressalto pela salvaguarda dos seus meninos, ouvira dizer que Portugal passara a ser conhecido como o “País do Tirismo, visto os políticos e seus correligionários andarem sempre aos tiros uns aos outros e cujos estoiros lhe abalavam os claustros, com grande terror seu e dos pombos abrigados nos beirais, como na Noite Sangrenta, de 19 de Outubro de 1921, em que muita gente foi assassinada, incluindo o 1º Ministro António Granjo. Ficara sabendo, por notícias colhidas em pedaços de conversas, que o Presidente da República, António José de Almeida, durante os 4 anos do seu mandato recebera 18 recusas ao convite para Chefe do Governo e conhecera 150 ministros! Apesar de tudo, notava-se algum progresso e, no final da década, os automóveis passavam já de 24 mil e os telefones de 36.500!


Os alunos eram castigados por lançarem aviões de papel nas aulas e sonharem com Sacadura Cabral e Gago Coutinho e a sua travessia do Atlântico em avião, de Lisboa ao Rio de Janeiro e festejaram Brito Pais, Sarmento Beires e Manuel Gouveia pela ligação aérea de Lisboa a Macau (17.000 Kms). Para grande escândalo da maioria dos homens, surgiram as primeiras mulheres portuguesas ciclistas de competição, outras com carta de condução e automóvel ou brevet de aviadora, como Lurdes Sá Teixeira. Lyceu via com desagrado as meninas tornarem-se arrogantes, mandonas e mais atrevidas do que os rapazes. Enfim, era um mundo às avessas!


As novidades vinham de fora e o cinema, com os musicais americanos ou a divina Greta Garbo no ecrã, oferecia um prazer barato e tornara-se a pouco e pouco em vício, levando os alunos a fazerem gazeta para irem às sessões da matinée, com inevitáveis chumbos no ano ou nos exames. Austero e inflexível educador, o Lyceu arrepiara-se, escandalizado, ao ouvir uma aluna declarar: “Agora temos o amor-vertigem, o amor jaz-band, em que se conhece, se casa e se divorcia durante um fox-trot mais ou menos prolongado”. Os alunos trocaram o fato e a gravata pelo casaco desportivo, colarinho desabotoado e calças de golfe ou calções. Os vestidos das alunas tornaram-se mais curtos e os fatos de banho de cores vivas com as saias a subirem descaradamente quase até às ancas, como calções masculinos, numa demoníaca tentação à virtude dos alunos e (horror dos horrores!) as meninas fumavam às escondidas nas casas de banho, como os rapazes. Em 1927, nas aulas de Matemática, os únicos cálculos estudados pelos alunos foram os das formas, medidas e peso das participantes no 1º Concurso da Miss Portugal.


A 1ª Volta a Portugal em Bicicleta e a 1ª Volta a Portugal de Automóvel, em 1927, puseram a cabeça à roda aos estudantes de todo o país e muitos alunos de quadro de honra do Lyceu foram vergonhosamente apeados do seu pedestal. Mas ele vira com orgulho formarem-se as suas equipas de ginástica, de esgrima e de jogos, que treinavam com grande ânimo, lealdade e esforço nos ginásios e nos campos e pátios e ele sofrera com todas as derrotas e saboreara todas as vitórias nos campeonatos como suas.


No entanto, tratara-se de uma década perigosa e de muitos maus exemplos para os jovens que tinha à sua guarda, pois a vida parecia imitar o cinema e o crime tornara-se fácil e excitante, com assaltos e extorsões a clientes dos clubes e cabarets. Relatos de misteriosos assassínios e crimes passionais, com maridos e amantes a matarem as mulheres e namoradas por ciúme, eram a matéria preferida das alunas, substituindo os poemas de Camões e os autos de Gil Vicente, porém o maior escândalo e burla do século, comentados por professores e alunos seniores fora o golpe de Alves Reis que duplicara notas de 500 escudos no valor de 290.000 contos. Então, no fim da década, precisamente em 1928, alunos e professores não falavam senão de um tal António de Oliveira Salazar que fora feito Ministro das Finanças e chamara a si a sebastiânica missão de salvar a Pátria, por todos os meios ao seu alcance.

Neste ponto, o velho Lyceu abriu os olhos, assustado. Recordações e imagens das quatro décadas seguintes misturam-se na sua memória como um longuíssimo pesadelo, iluminado por raros e efémeros sonhos bons. Tinham sido os negros tempos da repressão e da Censura, da rolha e da mordaça, segundo a máxima de que “é tão importante dizer às pessoas o que pensar, como apagar tudo sobre o que não deve pensar” , quando alunos e professores vigiavam as suas conversas, por medo de denúncias e as matérias a ensinar e os livros eram censurados, proibidos ou impostos pelo Governo. O Campo de Concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, em Cabo Verde, e outras prisões para os descontentes eram uma terrível e ameaçadora realidade. Lembra-se, com horror, de ter ouvido dois alunos mais velhos falarem em segredo, nos balneários, de 32 pessoas mortas nas prisões políticas ou abatidas pelas forças policiais.

25 de Abril...

Que aconteceu ao sonho de um Portugal livre, culto, justo, honrado e generoso?



(...) Essa história tão bonita
e depois tão maltratada
por quem herdou a desdita
da história colonizada.

Dai ao povo o que é do povo
pois o mar não tem patrões.
- Não havia estado novo
nos poemas de Camões!

Havia sim a lonjura
e uma vela desfraldada
para levar a ternura
à distância imaginada.

Foi este lado da história
que os capitães descobriram
que ficará na memória
das naus que de Abril partiram
das naves que transportaram
o nosso abraço profundo
aos povos que agora deram
novos países ao mundo.

Por saberem como é
ficaram de pedra e cal
capitães que na Guiné
descobriram Portugal.

Em em sua pátria fizeram
o que deviam fazer:
ao seu povo devolveram
o que o povo tinha a haver:
Bancos seguros petróleos
que ficarão a render
ao invés dos monopólios
para o trabalhos crescer.
Guindastes portos navios
e outras coisas para erguer
antenas centrais e fios
de um país que vai nascer.

Mesmo que seja com frio
é preciso é aquecer
pensar que somos um rio
que vai dar onde quiser

pensar que somos um mar
que nunca mais tem fronteiras
e havemos de navegar
de muitíssimas maneiras (...).

Excerto do poema "As portas que Abril abriu"

de José Carlos Ary dos Santos - Lisboa, Julho-Agosto de 1975

24/04/2010

Memórias do Lyceu Passos Manuel

Acabei de chegar da re-inauguração da Escola Passos Manuel, depois das obras profundas de requalificação a que foi submetida e a transformaram num belo e moderno estabelecimento de ensino, sem todavia prejudicarem o edifício original, que aparece remoçado. Os antigos alunos e professores têm aqui a Parte I (o texto é longo, se os leitores assim o desejarem, o resto seguirá em mais dois "posts") das Memórias deste Lyceu, a partir das suas confidências, aquando do seu 95º aniversário, em 2006, em que me deu o seu testemunho do muito que viu e viveu, na Travessa do Convento de Jesus.


Memórias de um Nonagenário - Parte I

Depois de ter dobrado o cabo do Século XX e entrado no Terceiro Milénio, chegara ao dia 9 de Janeiro de 2006, com a provecta idade de 95 anos (menos 5 para um século!). Mais do que o efeito do frio e da humidade acumulada em quase dez décadas de existência, esta ideia causou-lhe um arrepio que lhe arrepanhou as rugas do tecto e do soalho e, perpassando através da ossatura de colunas dos seus claustros, lhe atravessou a pétrea carnação das paredes até lhe atingir os fundamentos da alma. Então, o velho Lyceu Passos Manuel estremeceu de angústia pela incerteza do Futuro e, recolhendo-se ao sossego dos seus Arquivos, nas caves bolorentas, buscou o consolo das recordações, viajando no tempo até ao mais belo dia da sua longa vida...



O parto e os primeiros anos de crescimento haviam sido problemáticos, todavia, em 1911, a sua apresentação à sociedade não podia ter sido mais promissora quando, no dia 9 de Janeiro, abrira as majestosas portas da sua aristocrática casa, ainda com o nome de Lyceu Central de Lisboa, a fim de receber os alunos na sua primeira aula. Para grande espanto, tendo em conta que, nessa década, a população de Portugal rondava os 6 milhões de habitantes, com 4,5 milhões (75,1%) de analfabetos e 2.616.000 menores de 20 anos, dos quais cerca de 11.000 frequentavam o Ensino Secundário (com os seus 510 professores) e, tendo Lisboa 465.705 habitantes, os 1158 estudantes que lhe invadiram as salas, o anfiteatro, a biblioteca, os laboratórios, os ginásios e balneários, eram um número espantoso!


Nos primeiros tempos vivera em pânico, temendo confrontos ou uma dessas desgraças que sempre ocorrem em lugares sobrepovoados, capazes de pôr em risco a integridade dos jovens. Não esperara tamanho sucesso, pois estava preparado para acolher um número máximo de mil estudantes, no entanto, o orgulho de ser o maior Lyceu do país compensara o inconveniente do excesso, tanto mais que nesse excedente entrava a graça, a beleza e o espírito rebelde de 15 meninas dispostas a disputar aos companheiros um lugar ao sol no mundo das Ciências (inspiradas por certo no exemplo de Carolina Beatriz Ângelo que desafiara o poder masculino exigindo votar).


Mal tivera tempo de se habituar ao ruído e agitação, quando no dia 20 do mesmo mês os estudantes decretaram greve, ou mais propriamente, “fizeram parede” (“greve” é só para quem recebe salário) a favor da reintegração do professor de Inglês, Adolfo Benarus, expulso pelo Conselho de Professores por usar métodos modernos de ensino em vez das práticas rotineiras dos seus colegas.


E instaurara-se o pesadelo! Com o credo na boca, assistira durante a semana da dita “parede” a violentos confrontos entre os alunos e a Guarda Nacional Republicana, que só terminaram por intervenção do Ministro. Passado o susto, ficara-lhe o sangue a correr mais vivo nos veios de pedra, cheio de brio pela conduta dos seus jovens que se tinham batido, contra a injustiça, pela qualidade do ensino e nesses dias, fizera soar o sino da entrada tão festivamente como se fosse uma trombeta heróica.


Fora sem dúvida uma década difícil, depois de uma revolução que abolira a monarquia e proclamara a República, em 5 de Outubro de 1910, seguida por 29 mudanças de Governo, 18 intentonas ou revoluções, 20 revoltas populares e 3 atentados, além da participação de Portugal na Grande Guerra Mundial de 14-18. Com tudo isto, não era de espantar que, tanto os alunos, como os professores e os dedicados funcionários, andassem com os ânimos exaltados, a viverem em contínuo alvoroço e susto, com grande prejuízo da reputação do Lyceu.

Mas não só de política ou de guerra se falava no gabinete do Reitor ou nas salas de convívio, pois uma outra revolução ou escândalo se dera no mundo das Artes e das Letras, cujos ecos lhe chegavam a toda a hora aos ouvidos – a dos movimentos de Vanguarda, Modernistas e Futuristas – com a chamada geração do Orfeu: Mário de Sá-Carneiro (antigo aluno), Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Santa-Rita Pintor, Amadeo de Souza-Cardoso e tantos outros que abalavam o marasmo cultural de Lisboa, dominado pelo Dr. Júlio Dantas, inspirando os seus alunos, despertando-lhes o espírito e a curiosidade para imaginarem, experimentarem e criarem um mundo novo.


A revolução tecnológica tornara-se uma realidade, com 679 automóveis em circulação pelo país (com acréscimo de mortalidade dos peões resultante da utilização indevida pelos filhos dos condutores, à revelia dos pais) e ele dera graças aos céus por os professores da vizinha escola primária, com um ordenado mensal de 20$000 e os seus próprios docentes (embora ganhando um pouco mais), não poderem comprar tão dispendiosa e infernal máquina, evitando assim um fatal aumento de acidentes entre os seus alunos. Outra invenção diabólica invadira as casas dos honestos burgueses, distraindo os estudantes e afastando-os dos seus deveres, facilitando namoros secretos, conspirações e tramóias – o telefone, esse canal de bisbilhotice atingira o espantoso número de 6.000 assinantes!

07/04/2010

Quando a violência entra na sala de aula

A Reportagem Especial da SIC, do dia 31-03-2010, intitulada "Quando a violência entra na sala de aula", parece-me fazer a síntese do que, neste blogue, se discutiu a propósito do suicídio de um professor. Os testemunhos de docentes e auxiliares, vítimas da indisciplina, grosseria e agressividade dos alunos e dos seus familiares, a complacência manifestada pela representante dos pais e encarregados de Educação face ao comportamento dos alunos da turma do professor que se suicidou, não necessitam de mais explicações e apontam com urgência para a mudança.

Quem acha um exagero, duvida ou precisa de assistir para crer, não deixe de ver este vídeo até ao fim: A Reportagem Especial da SIC

Sociedade e Educação

Ainda sobre os Professores, a Escola e a Educação, remeto-vos para a leitura deste artigo de opinião "Bons Professores", que vi no blogue Em@, em que Francesco Alberoni põe sucintamente o dedo na ferida:

Ler artigo AQUI

02/04/2010

Desde o Minho...

As minhas mãos

A tarde entrava pela janela aberta, numa brisa de flores desabrochadas naquele instante de paz e céu azul. Reparei na cortina a pavonear-se de branca acima do parapeito desbotado, na lareira um vaso a encher de verde o escuro que ficou do Inverno, à frente a cadela enroscada num sono tranquilo, na mesa o folar envernizado de gema e com um cheirinho resgatador da saudade. Aqui e ali amêndoas coloridas, como se as árvores fossem tingidas por arco-íris.

Eu estava sentada numa cadeira de baloiço, daquelas de ir e vir no sopé dum sonho. No meu colo tinha um livro, que alertava os sentidos:
«O Espião de D.João II». A tarde findou e eu nem vi como desceu a noite. Estava a viajar...

Felizes dias de Páscoa.

Isabel