19/02/2014

Parlamento europeu com exposição sobre português

 Por Hoje Macau, 19 de Fevereiro

O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, defendeu ontem que os falantes da Língua Portuguesa “devem construir a sua interpretação do mundo”, pois constituem “uma grande comunidade linguística regional”.
O governante falava à Lusa, à margem da sessão de apresentação das comemorações dos Oito Séculos da Língua Portuguesa, à qual presidiu, no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

Na sessão, o secretário de Estado sublinhou a “necessidade de um programa para a Língua Portuguesa”, nomeadamente a criação de plataformas de “software” em português e o “exercício enciclopédico da Língua”.
Os oito séculos da Língua Portuguesa vão celebrar-se a partir de 5 de Maio próximo, Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e o dia 10 de Junho de 2015, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.
No seu discurso, Barreto Xavier sublinhou a “vitalidade” da Língua Portuguesa e defendeu uma “aproximação dos falantes”, e realçou a “importância estratégica da CPLP no contexto global”. “Somos todos nativos da Língua”, enfatizou Barreto Xavier. Referindo-se ao Português, o governante referiu a “riqueza da pluralidade do seu vocabulário”.

A SEXTA MAIS FALADA

A “pluralidade” da Língua Portuguesa, que é a sexta mais falada no mundo, a terceira mais utilizada em redes sociais como o Facebook, e a quarta no Twitter, foi o mais recorrente no discurso da presidente da Associação Oito Séculos de Língua Portuguesa, Maria José Maya.
A responsável sublinhou o facto de as comemorações “partirem da sociedade civil” e de se irem realizar “em rede, em parceria e terem um cariz policêntrico”. “O valor ético fundamental é o respeito pelo outro”, disse Maria José Maya, que sublinhou “a diversidade de falantes e de geografias” do Português, que “é falado em quatro continentes e se espraia por três oceanos”.

Os 800 anos da Língua Portuguesa completam-se em 2014, tendo como documento referencial o testamento do Rei D. Afonso II, datado de 27 de Junho de 1214, havendo outros documentos coevos, disse Maria José Maya.
 
Entre as iniciativas agendadas, os CTT, um dos parceiros, vão editar uma emissão filatélica comum aos oitos países da CPLP, comemorativa da efeméride. “A criação em breve de um site e a produção de uma ‘newsletter’”, é outra das iniciativas assim como a criação, a partir de hoje, de uma conta no Twitter e, no dia 5 de Maio, de uma página no Facebook. Está também prevista a criação um portal sobre a Língua.
Um concurso de poesia, do qual resultará a edição e uma antologia poética, será aberto aos oito países de Língua Portuguesa, assim como à Região Administrativa Especial de Macau e às diásporas lusófonas.
A partir de Outubro próximo, e até Maio de 2015, realizar-se-ão ainda “tertúlias poéticas” na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, estão previstas intervenções nas escolas básicas e secundárias, em parceria com a rede de bibliotecas escolares e o plano Ler+, adiantou hoje Maria José Maya.

No castelo de S. Jorge, em Lisboa, serão feitas tertúlias sobre a língua e a literatura.
Uma exposição de joalharia e sedas no Museu Oriente tendo como mote a “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, publicada há 400 anos, é outra iniciativa, assim como a reposição da peça “Fernão, mentes?”, pelo grupo A Barraca. Realizar-se-á um colóquio internacional sobre o português que demandou as partes do Oriente, na Universidade do Algarve. Ainda no Algarve, no âmbito do Festival Internacional de Esculturas em Areia, em Pêra, uma das escultura será dedicada a Fernão Mendes Pinto. Do plano consta a edição de uma medalha comemorativa pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda e a exposição dos mais antigos documentos redigidos em Português na Torre do Tombo, em Lisboa.

PARLAMENTO EUROPEU ABRE EXPOSIÇÃO SOBRE O PORTUGUÊS

No século XV, com o início dos Descobrimentos, o português foi a primeira língua da globalização, falada por um milhão de pessoas que viviam [quase] todas no espaço hoje conhecido por Portugal continental. Actualmente o português é falado por 250 milhões de pessoas e, para além do inglês, é a única língua falada em países dos cinco continentes. Aproveitar e rentabilizar esta imensa mais valia que pode ser gerada pelo “Potencial Económico da Língua Portuguesa” é o grande objectivo da exposição que o Instituto Camões e uma equipa de investigadores do ISCTE coordenada por Luís Reto [responsável pela elaboração do livro homónimo desta exposição], inauguraram ontem em Bruxelas no edifício do Parlamento Europeu. A mostra patrocinada pelo eurodeputado centrista Diogo Feio, vai patente no 3.º andar do Parlamento Europeu em Bruxelas (no Edifício ASP), de 18 a 21 de Fevereiro.

EM 2050, VAMOS SER 350 MILHÕES DE FALANTES

Esta exposição é uma oportunidade para “mostrar no meio das instituições comunitárias que o português é uma das quatro línguas europeias de expressão mundial”, disse ao Expresso, Mário Filipe, do Instituto Camões. Esta exposição foi concebida a partir do livro coordenado por Luís Reto [publicado em Dezembro de 2012], e vai ter uma “forte componente visual dos cartazes, que permite assim uma mais ampla divulgação deste importante trabalho de pesquisa. Os dados estatísticos mais relevantes são evidenciados com recurso a tabelas, fotografias” e outros elementos gráficos, refere o Instituto Camões em comunicado. De acordo com os dados da equipa do ISCTE, actualmente existem 254,54 milhões de “falantes nativos” de português, o que equivale às populações dos oito países de língua oficial portuguesa: Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola, Brasil, Moçambique e Timor-Leste.
Usam o português como língua materna ou oficial 3,66% da população mundial, o que significa que 3,85% do PIB mundial, é ‘produzido’ em português. Em 2050, dentro de 35 anos, 350 milhões de pessoas vão usar o português como idioma materno, e tudo indica que continuará a ser a terceira língua europeia mais falada no mundo, depois do inglês e do espanhol.

18/02/2014

"Diz-se Macau e não Aomen"

Consciência de Macau defende salvaguarda das tradições contra a homogeneização cultural.
Maria Caetano
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Jason Chao e Scott Chiang, membros do grupo Consciência de Macau e da Associação Novo Macau, promoveram ontem um evento público para promoção dos usos linguísticos locais contra o que consideram ser um processo de “homogeneização cultural”. A campanha, iniciada numa petição pelo uso do nome de “Macau” como marcador geográfico no Facebook, destaca o património histórico local e o legado de origem portuguesa.
Ontem, a página da iniciativa no Facebook, criada por Sulu Sou, outro membro da Novo Macau e da Consciência de Macau, acumulava mais de 1700 seguidores de diferentes origens, mas na sua maioria de língua chinesa, para que a empresa que gere a rede social utilize o nome de Macau na sua romanização original portuguesa a partir daquela que se acredita ser a raiz histórica do hokkien para a expressão “baía da deusa A-Ma”. O Facebook acedeu aos pedidos.
Os autores da iniciativa mostraram-se contra a possibilidade de as marcações no alfabeto ocidental usarem seja “Aomen” ou “Ou Mun” por entenderem que “a tradição de inclusão e coexistência deve ser preservada e deve estar livre da homogeneidade de qualquer cultura particular”.
Segundo os peticionários associados à Consciência de Macau, o uso da palavra Macau, na sua origem portuguesa, “demonstra respeito pela história e pelos costumes”. O grupo lembra também que é ainda “Macau” que aparece no brasão de armas da região.
A Consciência de Macau lembra ainda o uso do bilinguismo na nomeação das ruas da cidade, sem recurso a tradução e exprimindo diferentes significados em língua portuguesa ou em cantonês. Tal, entende o grupo, “reflecte a diversidade cultural e o ambiente multilinguístico e multicultural de Macau”.
Recentemente, Jason Chao, presidente da Associação Novo Macau e líder da Consciência de Macau, adoptou na sua comunicação oficial o uso vernacular do cantonês na escrita tradicional ao invés do chinês simplificado formal com uso de caracteres com significado em mandarim.
“Tendo em conta o desencorajamento, e até certo ponto a “demonização”, do uso do cantonês pelos governos, enquanto falante natural defendo o uso vernacular da língua aumentando o seu uso nas comunicações escritas formais”, defende Chao no seu website pessoal.

Ponto Final, 14 de Fevereiro

Carimbo de 1º dia: 400 Anos da publicação da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto















400 Anos da publicação da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, 2014-02-24

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Fernão Mendes Pinto partiu de Lisboa, em 1537, embarcando numa viagem extraordinária pela Costa de África, Índia, Samatra, Sião, Camboja, China e Japão, uma façanha que personifica o espírito dos portugueses que se lançaram na aventura de alargar os horizontes do mundo.

A Peregrinação, publicada postumamente em 1614, é o relato dessa jornada excepcional por terras do Oriente, durante a qual Fernão Mendes Pinto foi mercador, cronista, jesuíta, pirata, embaixador, “treze vezes cativo e dezassete vendido”, numa sucessão de prodígios, maravilhas e aventuras que cruzam o real com o fantástico, deslumbrando a Europa seiscentista, ávida de relatos e histórias sobre povos e lugares longínquos.

Grandes Livros: "Peregrinação", Fernão Mendes Pinto

No 400º Aniversário da publicação da "Peregrinação" recordo de novo a obra do protagonista do meu próprio romance "O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto", com este vídeo da RTP:

Espero ter feito justiça, no meu romance, a este grande homem, esperando que os meus leitores tenham ficado a conhecer esta figura enorme da nossa História e da nossa Literatura, tão injustiçada e esquecida durante mais de 3 séculos e finalmente restituída à sua grandeza.

Rua Fernão Mendes Pinto no 400º aniversário da "Peregrinação"



A Rua Fernão Mendes Pinto no 400º aniversário da publicação em Lisboa da PeregrinaçãoFreguesia de Belém (Foto: José Carlos Baptista)(Foto: José Carlos Batista)Placa Tipo IV (Foto: José Carlos Batista)(Foto: José Carlos Batista)

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Neste ano em que se celebra o 400º aniversário da publicação em Lisboa da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, recordamos a rua do seu autor, inscrita na Freguesia de Belém, na Rua XIV do plano de Urbanização da Encosta da Ajuda, desde 1948, a ligar a Avenida da Índia à Praça Dom Manuel I.
O Edital de 29 de Abril de 1948 foi o primeiro da edilidade lisboeta a fixar em Belém as memórias dos lugares e figuras relacionados com a Expansão Portuguesa , orientação que se manterá nas décadas seguintes e se alargará à então freguesia contígua de São Francisco Xavier. Assim, por este mesmo Edital e nesta mesma freguesia de Belém de cuja praia partiram as naus para a Índia no final do séc. XV, foram também atribuídos os topónimos Avenida da Índia, Praça de Damão, Praça de Dio, Praça de Goa, Praça do Império, Rua Damião de Góis, Rua Dom Cristóvão da Gama, Rua Dom Jerónimo Osório, Rua Dom Lourenço de Almeida, Praça Dom Manuel I, Avenida Dom Vasco da Gama, Rua Duarte Pacheco Pereira, Rua Fernão Lopes de Castanheda, Rua São Francisco Xavier, Rua Soldados da Índia, Rua Tristão da Cunha.
Freguesia de Belém
Fernão Mendes Pinto (Montemor-o-Velho/entre 1510 e 1514 – 08.08.1583/Almada) foi uma figura emblemática da Expansão Portuguesa pelas enormes aventuras que viveu a partir de 1537 como soldado, marinheiro, comerciante, pirata, feitor, diplomata e, inúmeras vezes cativo, quando foi pela Índia e  de Meca à Mongólia e do Tibete ao Japão.
Deixou-nos o relato fantástico dessas façanhas na sua Peregrinação, cujos 226 capítulos são um contributo indispensável para o conhecimento da Expansão Portuguesa no Oriente , que redigiu entre 1569 e 1578 (esta última data está referida na própria obra).
Quando Fernão Mendes Pinto regressou a Portugal, em 1558, depois de 21 anos por terras do Oriente, esperava recompensa mas durante quatro anos e meio a Coroa não despachara o seu pedido e por volta de 1562, foi viver para a «Outra Banda». Tornou-se proprietário de uma quinta no lugar de Palença, próximo do Pragal, com casa de habitação, courelas de vinho e de semeadura, onde viveu com sua mulher Maria Correia de Brito, cerca de 30 anos mais nova, e de quem teve filhas. E terá sido nesta casa que começou a escrever a Peregrinação, embora haja que defenda que foi na tranquilidade na Quinta de Vale do Rosal dos Jesuítas, na Charneca da Caparica. Certo é que a obra só viria a ser publicada 31 anos após a morte de seu autor, em 1614, em Lisboa, por Pedro Craesbeeck, a expensas de Belchior de Faria «Cavaleyro da casa del Rey nosso Senhor» que foi o mecenas da impressão.
Placa Tipo IV
Se tiver curiosidade de ler a Peregrinação original basta seguir este link da Biblioteca Nacional:  http://purl.pt/82/3/#/4 ]

14/02/2014

Assução Esteves, a Inconseguida!

Assunção Esteves, a presidente da Assembleia da República, é um ser "inconseguido", para usar o seu próprio vocabulário. Cada vez que abre a boca cria espanto e indignação, pelos seus comentários ou pelas propostas mirabolantes que apresenta. 

Agora veio propor o recurso a mecenas que possam pagar os festejos do 25 de Abril da Assembleia! Naturalmente para criar mais lobbies de poder (de dinheiro) do que já existem! 
 
Ao que nós chegámos! Esta gente num só mandato tem destruído o país e a identidade nacional como só aconteceu no tempo dos Filipes, com a perda da nossa independência.


Esta safra de políticos que nos (des)governa parece tirada de um manual de má banda desenhada ou de um péssimo filme de terror, sem pés nem cabeça. São os "boys" e as "girls" escolhidos a dedo entre os mais "classificados" nas hostes dos partidos políticos que se sentam à mesa do poder, mas a sucessão de factos anedóticos, erros monumentais, constantes contradições e péssimas decisões, mostram o estado de mediocridade, ignorância, falta de cultura e de sentido de Estado que os caracterizam e são o cerne da desgraçada situação em que nos encontramos . 

 
Já não há paciência para sofrer esta gente! 

 
Precisa-se urgentemente de um novo 1º de Dezembro, que restaure o país, defenestrando esta clique de incompetentes, antes que seja demasiado tarde!

Crítica no Goodreads ao Corsário dos Sete Mares

's review 
Feb 13, 14
4 of 5 stars
Read from October 12, 2013 to February 13, 2014
Samuel Viana

Recomendo este livro a quem não tenha vontade de "enfrentar" o original quinhentista. O cuidado e a atenção da autora com o detalhe é notável, dada a preocupação em usar muitas palavras nativas, assim como muitos termos da gíria dos marinheiros. Dei por mim muitas vezes a ter de recorrer ao dicionário porque palavras como "fusta" não me são nada familiares.

Gostei particularmente do capítulo sobre o Japão, e que tem muito destaque na história daquele país, dado ter sido o primeiro contacto dos japoneses com os europeus.


Lamento é a autora não ter desenvolvido mais a relação entre o protagonista principal e Francisco Xavier, porque me parece que, daquilo que eu conheço do original, na qual o missionário espanhol teve uma grande influência na parte final da Peregrinação, relativamente à decisão de Fernão Mendes Pinto chegar a querer entrar para a ordem de Jesus.


Fiquei com vontade de experimentar os restantes livros da autora.

13/02/2014

Escola Portuguesa recebeu 8,9 milhões de patacas

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O Governo de Macau, através da Fundação Macau (FM), contribuiu no corrente ano lectivo em 8,9 milhões de patacas para as despesas de funcionamento da Escola Portuguesa de Macau. O valor, ontem divulgado na lista de apoios da FM relativa ao quarto trimestre do ano passado, enquadra-se no acordo entre RAEM e Portugal mediante o qual a região garantiu financiamento do estabelecimento de ensino tutelado por Lisboa até 2017.
Nos últimos quatro anos lectivos, e após a saída da Fundação Oriente (FO) do quadro dos comparticipantes da fundação responsável pela escola, a FM já despendeu 35,1 milhões de patacas com a Escola Portuguesa de Macau, numa média de financiamento anual de 8,77 milhões de patacas. A escola tem um orçamento anual de 30 milhões de patacas, garantido com o pagamento de propinas e contribuições dos governos português e de Macau.

“Febre” mostra 15 artistas locais em Lisboa

Abre hoje em Lisboa “Febre”. A exposição mostra no Museu Oriente a arte que se faz hoje em Macau.
Cláudia Aranda, Ponto Final, Fevereiro 13, 2014
ann Hoi afa oriente








Quinze artistas de Macau e 66 obras vão estar em exposição a partir de hoje no Museu Oriente, em Lisboa, numa mostra intitulada “Febre”, co-organizada pela Art for All (AFA) e Fundação Oriente, com apoio da Fundação Macau, para celebrar os 15 anos da transferência de soberania de Macau.
A arte em Macau vive hoje um “grande dinamismo”. “Diria que é uma fase em que há muito sangue novo, há mais exposições a acontecer, as próprias instituições estão a apostar mais, tanto em artistas locais como em arte contemporânea, há mais espaços expositivos, tudo isso em conjunto acaba por ser muito diferente da imagem de há 15 anos”, explica o comissário da exposição, José Drummond, da AFA.
Esta vitalidade está muito relacionada com o boom económico que se vive em Macau, na opinião do artista e presidente da AFA, James Chu. “A nova geração tem os pais que a apoiam e há mais oportunidades de estudar fora”.
Em vez de uma mostra retrospectiva sobre os 15 anos, José Drummond preferiu dar visibilidade aos artistas jovens, abaixo dos 45 anos, e “mostrar algo mais fresco”. “A ideia foi encontrar nomes revelados recentemente e que tivessem consistência no seu trabalho”, acrescenta.
José Drummond destaca, entre os mais jovens, o trabalho de Ann Hoi, “que é um nome a seguir num futuro muito próximo”. Ann Hoi faz esculturas em papel. “Nós associamos sempre a escultura a matérias nobres como a pedra, a madeira e não se considera que o papel seja um material nobre. Nesse sentido há aqui um desafio em relação ao limite do que pode ser entendido por escultura e há também uma fragilidade que não é associada à prática escultórica, o que torna o trabalho muito interessante”, explica.
Para Ann Hoi, estar em Lisboa é a segunda oportunidade, depois de Nova Iorque, de expor o seu trabalho. “Estou a aprender com a beleza da arquitectura portuguesa, o planeamento urbano, a música, as inspirações podem surgir de todos este estímulos”, diz a artista.
Para Drummond, viajar, “é sempre importante, porque Macau é tão pequeno e vive sempre dentro da sua bolha, isso também acaba por se reflectir no meio artístico e no trabalho que se faz. É importante que se consiga criar a possibilidade dos artistas viajarem e que convivam com outras realidades. Essa é parte da razão dos artistas virem [a Lisboa], pela possibilidade de irem ao Centro Cultural de Belém, fazerem o percurso das galerias lisboetas e de estarem em contacto com uma realidade diferente da de Macau”.

Em mim ninguém manda (nem a protecção civil)

por Catarina Fonseca, em 10.02.14
A mim o que mais me espanta nisto tudo da tempestade e das ondas e dos granizos é a quantidade de gente que se aproxima para ver de perto a morte.
Eu se visse uma onda do tamanho de um prédio de 30 andares rolar na minha direção a gritar e a abanar os braços, podem crer que não ficava lá para registar o fenómeno para a posteridade.

Mas os bravos portugueses ficam. Ninguém arreda pé. A proteção civil manda ficar em casa e nós pimba. Mar. Praia. Se nos mandassem ir para a praia, ficávamos no Facebook embrulhados em mantas, pálidos que nem bonecos de neve, a protestar ‘olha agora querem que eu vá para a praia! Fazer exercício, dizem eles. Apanhar sol, dizem eles. Ver as ondas, dizem eles. Olha agora não vou. Em mim ninguém manda e daqui ninguém me tira’.

Bem, então todos os dias há um vídeo amador com o título ‘onda gigante’ filmada, obviamente, por um humano com qualquer tipo de câmara.
As ondas inglesas são filmadas de longe. Mesmo quando são mais ou menos ao perto, não se vê um ser humano na tempestade.

Nós não. Está lá tudo. Há ondas que devem ter mais participação que uma manif. Todos os dias, lá aparece mais uma foto ou um vídeo amador de ‘onda gigante’. E na dita foto costuma estar não apenas o dito humano autor da dita como um aglomerado de outros humanos, incluindo crianças, que vieram ver o fenómeno.
Dizem-me que depende do ângulo. Que não estão assim tão perto. Espero bem que não. Noutras, vê-se que estão mesmo em cima do acontecimento. 

Hoje em dia, a malta não se importa nada de morrer. Quer é morrer na glória de ter tido bués likes no Facebook ou de ter visto a sua foto/video nos sites dos jornais.
Sei lá. Talvez seja isto que fez de nós Descobridores. Enquanto os outros bazavam barco fora, a malta agarrava-se ao mastro e gritava ‘Ó Manel Zé, aguenta-te à bronca que vem lá uma onda fantástica para postar no Instagram!’

Ou se calhar, ser estúpido também faz parte de ser humano. Se calhar precisamos de adrenalina para nos sentirmos vivos. O pior é quando morremos porque precisámos de nos sentir vivos. Mas pronto. Isso já é outra história.

De uma maneira ou de outra, cuidado com a adrenalina. Como todas as drogas, faz-vos mal. Quando for para ficar em casa, por favor fiquem em casa.
As pessoas que eu amo, pelo menos. As outras podem fazer o que quiserem.
 

11/02/2014

Descobertas pegadas humanas com 800 mil anos

por Diana Rebelo, com BBC07 fevereiro 2014
Descobertas pegadas humanas com 800 mil anos
Os cientistas encontraram, pela primeira vez, pegadas humanas pré-históricas fora de África, na costa de Nortfolk, leste de Inglaterra. A descoberta é importante para identificar os primeiros seres humanos no Norte da Europa.

À BBC, Nick Ashton, do Museu Britânico, disse que as pegadas são "uma das descobertas mais importantes, se não a mais importante, feita nas praias da Grã-Bretanha", para além disso, irão "reescrever a nossa compreensão da ocupação humana no início da Grã-Bretanha e também da Europa".
Em maio do ano passado, a maré baixa, depois de uma temporada de forte agitação marítima, acabou por revelar as saliências identificadas, após a análise dos investigadores, como pegadas humanas.
"No início, não tínhamos a certeza do que estavámos a ver, mas depois ficou claro que as cavidades se assemelhavam a pegadas", relatou Ashton à BBC.
As pegadas foram lavadas e a equipa analisou-as em 3D. Ao ver as imagens, Isabelle De Groote, da Universidade John Moores de Liverpool, confirmou que as cavidades eram, de facto, pegadas humanas. Possivelmente, de acordo com a análise, serão de cinco pessoas, um adulto (que calçaria o número 42) e algumas crianças.
Embora não se possa, pelo menos para já, confirmar-se a espécie exata destes seres, os investigadores acreditam tratar-se de um antecessor do Homo que, outros estudos, confirmam ter vivido no sul da Europa. A espécie deverá ter passado para o Reino Unido através de uma faixa de terra que há um milhão de anos o ligava ao resto da Europa.
O processo de investigação foi filmado e o resultado será exibido numa exposição no Museu de História Natural de Londres, no final do presente mês.

10/02/2014

O Mao do Atlético

atlético
É o primeiro chinês a comprar um clube profissional em Portugal. Quer valorizar os jogadores chineses.
João Paulo Meneses
Um cidadão chinês comprou em meados do ano passado 70 por cento da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Atlético Clube de Portugal, um histórico do futebol português, que se encontrava em pré-falência. O negócio foi concretizado no final do ano.
Eric Mao tem previsto deslocar-se a Lisboa por esta altura para reunir-se com o presidente da SAD, o seu amigo Nelo Vingada, e trazer mais dinheiro, para fazer face a despesas que vencem proximamente, já que o Atlético corria o risco de fechar.
Com poucas ou nenhumas receitas, e muitas dívidas, Eric Mao gastará pelo menos um milhão de euros por ano na SAD do Atlético, enquanto não começar a obter dividendos do investimento.
Eric Mao, ligado ao negócio do futebol na China, pretende fazer do Atlético uma montra para valorizar jogadores, muitos deles chineses. O plano passa por trazer para o clube jogadores chineses que se valorizem no futebol europeu e depois voltem à China com passes mais caros.
Essa fase ainda está um pouco distante, porque os responsáveis estão mais preocupados em garantir a manutenção do clube na 2ª liga (profissional), o que não será fácil face ao lugar que ocupam nesta altura (última posição).
Só depois de estabilizar desportiva e financeiramente a SAD é que Eric Mao poderá lançar o seu plano de dinamização do Atlético, o 12º clube com mais participações na primeira divisão, mas que nos últimos anos tem andado em profunda crise.
Para isso conta, pelo menos parcialmente, com Nelo Vingada – um dos mais experientes treinadores portugueses.
Vingada treinou o Dalian Shide, da primeira divisão chinesa, mas o presidente desse clube foi preso e o Shide extinto. Eric Mao está a ajudar Nelo Vingada, sobretudo a nível jurídico, a recuperar algum do dinheiro que não recebeu em Dalian e foi nessa altura que se estabeleceu a ponte para a compra dos 70 por cento da SAD do Atlético, um clube a que Vingada sempre esteve ligado, como jogador e treinador (na década de 1970).
Em troca dessa ajuda na China, Vingada aceitou ser presidente da SAD, embora já tenha dito que quer continuar a ser treinador e que poderá abandonar funções em breve, para voltar a emigrar. Moreira, um jogador que esteve na China e foi internacional por Portugal, e também conhecido de Eric Mao, será o substituto. Entretanto, e para ajudar o Atlético a recuperar na tabela classificativa, Moreira (35 anos) voltou a jogar, depois de já ter anunciado o fim da carreira.
Numa recente entrevista ao jornal Record, Nelo Vingada explicava que “qualquer jogador chinês que passe por um clube estrangeiro passa a ter mais valor e terá uma recepção melhor no mercado”. E é essa a aposta principal de Eric Mao.
O que se sabe deste empresário é que está ligado ao negócio do futebol, tem 34 anos e “um grande poder financeiro”, segundo Vingada. Mao será proprietário de um clube na segunda divisão chinesa (o Beijing Glory Football Club, treinado pelo luso-guineense José Tavares) e, tal como aconteceu em Portugal, terá uma parceria com um clube na Letónia, através da sua empresa Anping Football Clube Limited, que será também a proprietária dos 70 por cento da SAD do Atlético. Do Beijing Glory FC não se conseguiu saber mais. A Anping tem sede em Hong Kong, mas a referência, que surgiu na imprensa portuguesa, a negócios em Macau não foi confirmada por este jornal.
Licenciado em história pela Universidade Chinesa de Renmin, Mao (que aparece também como Mao Xiaodong) foi jornalista (trabalhou no canal Beijing News), sempre ligado ao futebol.
Daí passou para agente FIFA e para várias áreas ligadas ao futebol.
O PONTO FINAL dirigiu algumas perguntas ao empresário, mas sem sucesso.

09/02/2014

Os Jogos Olímpicos de Inverno e os Jogos da Lusofonia em Goa

A propósito das insuficientes notícias e transmissões, por parte dos nossos Media, dos Jogos Olímpicos de Inverno na Rússia, recordo com tristeza a total ausência de interesse pela 3ª edição dos Jogos da Lusofonia, que decorreu entre 18 e 29 de Janeiro de 2014, em Goa, Índia.

Tanto os nossos governantes (que deveriam ser dos mais interessados em promover e fortalecer as relações  de Portugal com os restantes países da Lusofonia) como os  vários meios de comunicação (nomeadamente os jornais e as televisões) ignoraram quase por completo este extraordinário evento, ., que teve lugar num  país e numa particular região que fazem parte da nossa História há mais de cinco séculos.

Assim, em constante crise e, perante a intransigência dos mercados e inoperância da Comunidade Europeia, seria do maior interesse para Portugal e o seu futuro, procurar manter vivas essas relações comerciais, culturais e de entreajuda com os países da Lusofonia, uma colaboração assente sobretudo numa Língua comum, herança dos primeiros portugueses que os visitaram e neles criaram raízes e  deixaram marcas, afinidades e tradições.

Será talvez graças a esse subestrato, essa memória colectiva, que a mascote dos Jogos da Lusofonia 2014, o JOJO, se parece tanto com o nosso galo de Barcelos? Onde o nosso sucesso foi enorme e  pela primeira vez a União Indiana permitiu que o nosso Hino fosse ali tocado, pela primeira vez após a nossa partida, fazendo imensos Goeses chorar de emoção ao ouvi-lo.

 Participantes:

Angola, Brasil, Cabo Verde, Timor Leste, Guiné-Bissau, Macau (SAR China), Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, e membros associados Guiné Equatorial, Goa (Índia) e Sri Lanka.
 
No final dos Jogos da Lusofonia, a Índia terminou em primeiro lugar no quadro de medalhas, com 92 medalhas, das quais 38 de ouro. Em segundo lugar ficou a delegação de Portugal, com 50 medalhas.

Medalhas 
Country Gold Silver Bronze Total
India 37 27 28 92
Portugal 18 20 12 50
Macau 15 9 14 38
Sri Lanka 7 11 13 31
Angola 5 8 14 27
Mozambique 4 4 5 13
Brazil 2 1 3 6
Guinea-Bissau 2 1 0 3
Cape Verde 1 6 5 12
Sao Tome and Principe 0 1 0 1
Timor-Leste 0 0 1 1
Total 91 88 95 274

Ver mais AQUI: http://www.lusofoniagames2014.gov.in/pt-pt
 

08/02/2014

As ilegalidades de um Governo-contra-cultura



  Um alerta de Teresa Rita Lopes, professora universitária e poetisa
85 obras de arte do pintor catalão Joan Miró vão a leilão na terça e quarta-feira em Londres

É importante continuarmos atentos ao desenrolar do caso dos quadros de Miró. Ouvi ontem à noite as declarações daquela estranha criatura que dá a cara como Secretário da Cultura (que fica mal representada! Não acho bem achincalhar alguém pelo rosto que Deus - ou o Diabo – lhe deu, mas a verdade é que há gente que merece mesmo a cara que tem, não sei se de pau se de que outro qualquer inexpressivo material.) 

Está provado e declarado (até pelo Ministério Público) que os quadros saíram clandestinamente de Portugal, em Mala Diplomática – sabe-se lá que outros valores assim saem do país! Honra seja feita às sentinelas vigilantes da Cultura que denunciaram a falcatrua: sobretudo a Gabriela Canavilhas  que deu, ontem à noite, a (bela!) cara , num debate televisivo com a representante do Governo, que usava o argumento que continuam a brandir, todos com o mesmo adjectivo: a cultura não é para eles, PRIORITÁRIA!  E os quadros do Miro também não! 

Hoje, na AR, repetiram-no à exaustão! Até comentadores da sua cor política comentaram ontem na TV a importância da incorporação desses quadros no nosso cabedal cultural – museológico e até turístico! Já que estamos destinados a viver do turismo ( desde a entrada para a U.E., em que nos destruíram a agricultura, pescas e outros meios de subsistência) , desenvolvamos o turismo cultural, associado ao do Sol! (É claro que se o Governo pudesse também  reduziria o Sol a patacos, como não “prioritário”!) Esses 85 quadros são o maior testemunho da arte de um importante pintor ibérico da Modernidade, cobrindo as sucessivas fases da sua criação artística.  Nem o museu que, em Barcelona, recolhe a sua obra dispõe de tal tesouro. O Secretário da Cultura e adjacentes passam a si próprios, por actos e palavras, um explícito atestado da sua escandalosa incultura.

Estas atitudes vêm de trás: também disseram os dessa cor política que as gravuras de Foz Côa eram rabiscos de caçadores, para levarem por diante os seus negócios. Uma historieta: no ano do centenário do nascimento de Pessoa, 1988,  bati-me, com o meu grupo pessoano, para que na casa em que nasceu fosse instalado um Museu Modernista (para pôr espólios vários, não só o de Pessoa mas também o que consegui que o Banco Totta adquirisse num leilão, o do companheiro de lides José Pacheco, director da revista CONTEMPORÂNEA – agora, inactivo, no Centro Nacional de Cultura). 

Assistimos, numa das nossas visitas a esse sítio, à abordagem de um casal estrangeiro ao polícia de giro, perguntando-lhe qual era a casa de Pessoa. O homem, que tinha a tal elementar instrução salazarista para que os actuais governantes nos querem fazer regressar, franziu a cara, puxou pelos seus escassos conhecimentos, e informou:
“Mas olhe que eu acho que esse gajo já morreu há uma data de tempo…!”

A verdade é que o Pessoa é, hoje, fora de portas, quase tão conhecido, pelas criações da  sua cabeça como o Ronaldo, pela habilidade dos seus pés! ( e as criações dessa parte nobre do corpo são mais duráveis que os pontapés!) E que já há muita gente a vir conhecer Lisboa por ser a cidade de Pessoa – como outros, Praga, por ser a de Kafka!
Até já há gente a ir a Tavira por ser a cidade natal de Álvaro de Campos! O que chamo turismo cultural é isto.

Teresa Rita Lopes