A Rua Fernão Mendes Pinto no 400º aniversário da publicação em Lisboa da Peregrinação(Foto: José Carlos Batista)(Foto: José Carlos Batista)
Neste ano em que se celebra o 400º aniversário da publicação em Lisboa da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, recordamos a rua do seu autor, inscrita na Freguesia de Belém, na Rua XIV do plano de Urbanização da Encosta da Ajuda, desde 1948, a ligar a Avenida da Índia à Praça Dom Manuel I.
O Edital de 29 de Abril de 1948 foi o primeiro da edilidade lisboeta a fixar em Belém as memórias dos lugares e figuras relacionados com a Expansão Portuguesa , orientação que se manterá nas décadas seguintes e se alargará à então freguesia contígua de São Francisco Xavier. Assim, por este mesmo Edital e nesta mesma freguesia de Belém de cuja praia partiram as naus para a Índia no final do séc. XV, foram também atribuídos os topónimos Avenida da Índia, Praça de Damão, Praça de Dio, Praça de Goa, Praça do Império, Rua Damião de Góis, Rua Dom Cristóvão da Gama, Rua Dom Jerónimo Osório, Rua Dom Lourenço de Almeida, Praça Dom Manuel I, Avenida Dom Vasco da Gama, Rua Duarte Pacheco Pereira, Rua Fernão Lopes de Castanheda, Rua São Francisco Xavier, Rua Soldados da Índia, Rua Tristão da Cunha.
Fernão Mendes Pinto (Montemor-o-Velho/entre 1510 e 1514 – 08.08.1583/Almada) foi uma figura emblemática da Expansão Portuguesa pelas enormes aventuras que viveu a partir de 1537 como soldado, marinheiro, comerciante, pirata, feitor, diplomata e, inúmeras vezes cativo, quando foi pela Índia e de Meca à Mongólia e do Tibete ao Japão.
Deixou-nos o relato fantástico dessas façanhas na sua Peregrinação, cujos 226 capítulos são um contributo indispensável para o conhecimento da Expansão Portuguesa no Oriente , que redigiu entre 1569 e 1578 (esta última data está referida na própria obra).
Quando Fernão Mendes Pinto regressou a Portugal, em 1558, depois de 21 anos por terras do Oriente, esperava recompensa mas durante quatro anos e meio a Coroa não despachara o seu pedido e por volta de 1562, foi viver para a «Outra Banda». Tornou-se proprietário de uma quinta no lugar de Palença, próximo do Pragal, com casa de habitação, courelas de vinho e de semeadura, onde viveu com sua mulher Maria Correia de Brito, cerca de 30 anos mais nova, e de quem teve filhas. E terá sido nesta casa que começou a escrever a Peregrinação, embora haja que defenda que foi na tranquilidade na Quinta de Vale do Rosal dos Jesuítas, na Charneca da Caparica. Certo é que a obra só viria a ser publicada 31 anos após a morte de seu autor, em 1614, em Lisboa, por Pedro Craesbeeck, a expensas de Belchior de Faria «Cavaleyro da casa del Rey nosso Senhor» que foi o mecenas da impressão.
[ Se tiver curiosidade de ler a Peregrinação original basta seguir este link da Biblioteca Nacional: http://purl.pt/82/3/#/4 ]
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