19/02/2014

Parlamento europeu com exposição sobre português

 Por Hoje Macau, 19 de Fevereiro

O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, defendeu ontem que os falantes da Língua Portuguesa “devem construir a sua interpretação do mundo”, pois constituem “uma grande comunidade linguística regional”.
O governante falava à Lusa, à margem da sessão de apresentação das comemorações dos Oito Séculos da Língua Portuguesa, à qual presidiu, no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

Na sessão, o secretário de Estado sublinhou a “necessidade de um programa para a Língua Portuguesa”, nomeadamente a criação de plataformas de “software” em português e o “exercício enciclopédico da Língua”.
Os oito séculos da Língua Portuguesa vão celebrar-se a partir de 5 de Maio próximo, Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e o dia 10 de Junho de 2015, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.
No seu discurso, Barreto Xavier sublinhou a “vitalidade” da Língua Portuguesa e defendeu uma “aproximação dos falantes”, e realçou a “importância estratégica da CPLP no contexto global”. “Somos todos nativos da Língua”, enfatizou Barreto Xavier. Referindo-se ao Português, o governante referiu a “riqueza da pluralidade do seu vocabulário”.

A SEXTA MAIS FALADA

A “pluralidade” da Língua Portuguesa, que é a sexta mais falada no mundo, a terceira mais utilizada em redes sociais como o Facebook, e a quarta no Twitter, foi o mais recorrente no discurso da presidente da Associação Oito Séculos de Língua Portuguesa, Maria José Maya.
A responsável sublinhou o facto de as comemorações “partirem da sociedade civil” e de se irem realizar “em rede, em parceria e terem um cariz policêntrico”. “O valor ético fundamental é o respeito pelo outro”, disse Maria José Maya, que sublinhou “a diversidade de falantes e de geografias” do Português, que “é falado em quatro continentes e se espraia por três oceanos”.

Os 800 anos da Língua Portuguesa completam-se em 2014, tendo como documento referencial o testamento do Rei D. Afonso II, datado de 27 de Junho de 1214, havendo outros documentos coevos, disse Maria José Maya.
 
Entre as iniciativas agendadas, os CTT, um dos parceiros, vão editar uma emissão filatélica comum aos oitos países da CPLP, comemorativa da efeméride. “A criação em breve de um site e a produção de uma ‘newsletter’”, é outra das iniciativas assim como a criação, a partir de hoje, de uma conta no Twitter e, no dia 5 de Maio, de uma página no Facebook. Está também prevista a criação um portal sobre a Língua.
Um concurso de poesia, do qual resultará a edição e uma antologia poética, será aberto aos oito países de Língua Portuguesa, assim como à Região Administrativa Especial de Macau e às diásporas lusófonas.
A partir de Outubro próximo, e até Maio de 2015, realizar-se-ão ainda “tertúlias poéticas” na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, estão previstas intervenções nas escolas básicas e secundárias, em parceria com a rede de bibliotecas escolares e o plano Ler+, adiantou hoje Maria José Maya.

No castelo de S. Jorge, em Lisboa, serão feitas tertúlias sobre a língua e a literatura.
Uma exposição de joalharia e sedas no Museu Oriente tendo como mote a “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, publicada há 400 anos, é outra iniciativa, assim como a reposição da peça “Fernão, mentes?”, pelo grupo A Barraca. Realizar-se-á um colóquio internacional sobre o português que demandou as partes do Oriente, na Universidade do Algarve. Ainda no Algarve, no âmbito do Festival Internacional de Esculturas em Areia, em Pêra, uma das escultura será dedicada a Fernão Mendes Pinto. Do plano consta a edição de uma medalha comemorativa pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda e a exposição dos mais antigos documentos redigidos em Português na Torre do Tombo, em Lisboa.

PARLAMENTO EUROPEU ABRE EXPOSIÇÃO SOBRE O PORTUGUÊS

No século XV, com o início dos Descobrimentos, o português foi a primeira língua da globalização, falada por um milhão de pessoas que viviam [quase] todas no espaço hoje conhecido por Portugal continental. Actualmente o português é falado por 250 milhões de pessoas e, para além do inglês, é a única língua falada em países dos cinco continentes. Aproveitar e rentabilizar esta imensa mais valia que pode ser gerada pelo “Potencial Económico da Língua Portuguesa” é o grande objectivo da exposição que o Instituto Camões e uma equipa de investigadores do ISCTE coordenada por Luís Reto [responsável pela elaboração do livro homónimo desta exposição], inauguraram ontem em Bruxelas no edifício do Parlamento Europeu. A mostra patrocinada pelo eurodeputado centrista Diogo Feio, vai patente no 3.º andar do Parlamento Europeu em Bruxelas (no Edifício ASP), de 18 a 21 de Fevereiro.

EM 2050, VAMOS SER 350 MILHÕES DE FALANTES

Esta exposição é uma oportunidade para “mostrar no meio das instituições comunitárias que o português é uma das quatro línguas europeias de expressão mundial”, disse ao Expresso, Mário Filipe, do Instituto Camões. Esta exposição foi concebida a partir do livro coordenado por Luís Reto [publicado em Dezembro de 2012], e vai ter uma “forte componente visual dos cartazes, que permite assim uma mais ampla divulgação deste importante trabalho de pesquisa. Os dados estatísticos mais relevantes são evidenciados com recurso a tabelas, fotografias” e outros elementos gráficos, refere o Instituto Camões em comunicado. De acordo com os dados da equipa do ISCTE, actualmente existem 254,54 milhões de “falantes nativos” de português, o que equivale às populações dos oito países de língua oficial portuguesa: Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola, Brasil, Moçambique e Timor-Leste.
Usam o português como língua materna ou oficial 3,66% da população mundial, o que significa que 3,85% do PIB mundial, é ‘produzido’ em português. Em 2050, dentro de 35 anos, 350 milhões de pessoas vão usar o português como idioma materno, e tudo indica que continuará a ser a terceira língua europeia mais falada no mundo, depois do inglês e do espanhol.

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