26/12/2009

Desde o Minho, o pássaro da manhã...

Nesta manhã, o sol entrou-me pelas janelas e com ele vieram as palavras dessa poetisa que se esconde por trás dos gestos de todos os dias e dos múltiplos papéis da vida em que se desdobram as mulheres.
Todavia, a voz subterrânea e íntima de Isabel é mais forte do que todas as vozes do quotidiano, impossível de silenciar, desassossegada, irisada e poderosa como o caudal do rio que banha a sua cidade.
Saboreio-a como um refresco e sei que o dia já não pode correr mal.
Obrigada, Isabel, poetisa encoberta das Terras do Norte, cuja paisagem nos oferece feita pintura e poema. Aqui a tendes:

DESDE O MINHO...

O pássaro da manhã tinha lona de falua nas asas e milho-rei no bico.
Eu estava sentada no meu castelo de pedras rumorosas a vigiar o
nascente. Cada minuto de espera era um acento, um risco de chuva. Eu anelava por aquele novelo de luz para rutilar a minha tristeza.

Ao longe, pelos caminhos núncios da aldeia, vinham as mulheres com cabazes de trabalho nos braços e com o credo na boca. Se uma aragem lhes desalinhava as madeixas do cabelo arruçado, logo ajeitavam o lenço delido na cabeça e pregavam os olhos nas tranças que escorriam pelas ladeiras dos corpos tenros.

As raparigas que esvoaçavam além,entre as flores rasteiras e cheirosas que bordejavam a biqueira do rio, livravam-se das alparcatas do medo e derriçavam palavras mudas nas águas translúcidas. Depois, inundavam o tempo no macramé das hortas e faziam da terra o ventre das suas vidas.

O pássaro da manhã aninhou-se no meu castelo para encher de azul as linhas que escrevo e espigar o sonho da noite escura.

Navegadora,

Estendo-lhe as minhas mãos, os dedos entrelaçados de gratidão.

Os meus filhos ofereceram-me neste Natal o filme que não pude ver no cinema: "O Leitor". Hoje de manhãzinha, deixei-me ir pelas imagens, para desvendar se o destino era um acaso na vida daquelas personagens.

Um beijinho. Um sorriso.

Isabel

Valença do Minho, 26 de Dezembro de 2009


Sou eu que lhe devo gratidão, querida Isabel, e um grande beijo de amizade.

25/12/2009

Erro na minha Página

Alguns dos meus Leitores devem ter-se apercebido de um erro na minha Página: por lapso, de que peço desculpa, o link para o podecast Fantástica Aventura, com a crítica da Dra. Elsa Rodrigues dos Santos, Presidente da Sociedade de Língua Portuguesa, estava trocado, remetendo para a entrevista da Ana Aranha, tendo sido já corrigido e pode ser também ouvido Aqui.

Feliz Natal, Amigos, espero que tenham passado uma boa Consoada e comecem a preparar uma Passagem de Ano bem animada!

24/12/2009

Tempo de Luzes - Maria Teresa Horta


A minha querida amiga Maria Teresa Horta, uma das maiores poetisas portuguesas de todos os tempos, e uma espantosa Mulher a quem muito admiro, enviou-me este poema de Natal que eu dedico a todos os meus amigos, para que se encantem como eu com a magia das suas palavras e imagens. Desejo-vos uma alegre e pacífica consoada. Obrigada, Maria Teresa Horta!

Tempo de Luzes

É um tempo coado
de azevinho.
Com odores de doce

e de memória

O colo da mãe
em desalinho.
A cor da ternura

na demora

É um tempo de luzes
e de linho.
Com sussurros

de cristal e de romã

Lonjura que nos traz
o som de um sino.
Onde o sonho se mistura

com a manhã

Maria Teresa Horta
Natal 2009

Desde o Minho, com a chuva a salivar as ruas...

Há palavras que nos acalentam como línguas de fogo à lareira, quando o inverno nos agride com violenta zanga. Há frases que nos fazem cerrar os olhos para as ver e ouvir melhor com o coração ou a alma.

Desde o Minho, me chegou de novo a voz singular da minha íntima-desconhecida Isabel. É este presente de Natal que desejo partilhar com os leitores, por ser demasiado belo para ficar apenas comigo. Aqui o tendes:

Navegadora,

O sino da igreja roça a clarabóia do luar. A névoa é espartilho nos caminhos da aldeia. Desde as janelas aprecio as grinaldas com luzes de ir e vir a chamar pelo Natal. Imagino mãos-meninas a remexer fantasias. E o bafejo do silêncio a inaugurar um novo conto. O Dezembro é a inexperiência dos sentimentos. Escreve-se com linhas de açúcar e canela. Liquefaz-se na boca e alimenta o sonho que se quer fermentado.
Boa noite, Navegadora!

Hoje pelas sete e pico da manhã já trazia um braçado de lenha, desde a paisagem vidrada pelo gelo, para acender a lareira. Depois bebi o meu leite bem quente com café, na caneca verde, e comi um bolo de arroz.

Ali ao pé da chama e aquelas línguas de fogo a lembrarem dióspiros. É no silêncio da casa e no estremecer da aurora que eu me sinto felizarda. Leio, escrevo, ou penso tão simplesmente.

É para mim um privilégio ter as minhas palavras no seu blogue. Muito obrigada! Eu sou forasteira nestes balcões de letras. Não possuo nenhum. Muito obrigada pelo seu afago!

Trouxe-me um sorriso e um semicerrar de pálpebras, Navegadora.
Um beijinho.
Um doce Natal e para 2010 uma frota destemida, pelo mar adentro das palavras sábias.

Isabel
.

Obrigada, Isabel. Quem dera que este espaço, o meu cantinho de intimidade com os amigos que me visitam, fosse esse balcão de letras para registo das suas palavras, animando-a a outros voos que se adivinham de grande fôlego. Era uma honra para mim e seguramente um prazer para os que amam a palavra escrita e a alma que nela pensa e sente.
Feliz Natal, poetisa encoberta, obrigada por este presente de Boas Festas!
E que em 2010, na destemida frota, seja a Isabel um piloto a descobrir a sua rota nesse mar das palavras sensíveis que a habitam. Um beijo, desde Lisboa.

23/12/2009

O que dizem os Críticos

Na 2ª feira, dia 21, ao dar uma volta pelas livrarias (e grandes superfícies) do Colombo e da Baixa lisboeta, para fazer as últimas compras de Natal,apercebi-me, com uma satisfação mesclada de grande frustração, de que os exemplares d'"O Espião de D. João II" se tinham esgotado e, segundo me disseram os responsáveis, só voltariam a aparecer depois do Natal!

Aparentemente os livreiros ainda receiam apostar em mim... apesar da evidência de que tenho cada vez mais leitores, e a prova está no facto da editora Ésquilo estar a preparar uma 2ª edição para sair em Janeiro.

Como consequência deste sucesso, venho aqui agradecer aos jornalistas e críticos que, com as suas palavras, promoveram o meu romance de forma espontânea e desinteressada, citando algumas dessas frases de apreço, para conhecimento dos meus Leitores:

«A Deana tem sido demasiado discreta, não tem aparecido nos grandes encontros, o seu nome não tem feito o burburinho que eu acho que merecia.
Ao ler o seu livro esqueci-me do lápis que, enquanto crítica, uso sempre que comento uma obra.».
Helena Barbas (Docente da Universidade Nova de Lisboa e crítica literária do semanário Expresso.)

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«Outro aspecto importante desta obra O Espião de D. João II) é a linguagem que se reporta à época do Renascimento, (…) própria de um escudeiro da baixa nobreza real que se assemelha à linguagem antiga da Beira Baixa, contribuindo para o enriquecimento do léxico e para a qualidade da narrativa.
D. B. nestas quinhentas e tal páginas consegue não fatigar o leitor, pelo interesse que suscita, ao mesmo tempo que nos oferece valiosas lições históricas, pondo em realce a figura do rei D. João II como um grande monarca, prestigiando este género de romance histórico e a Língua Portuguesa, não só pela trama urdida, como pela elegância e sobriedade do estilo.».
Elsa Rodrigues dos Santos (Presidente da Sociedade da Língua Portuguesa)

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«O Espião de D. João II" de D. B. (Esquilo, 2009) é um romance baseado em factos reais, que nos permite acompanhar a viagem de Pêro da Covilhã até às terras do Preste João. Transpondo para os dias de hoje a imagem de um “agente secreto”, travestido de James Bond ou de Indiana Jones, a autora não comete o erro do anacronismo e procura (…) transmitir ao público o ambiente geral do final do século XV, com uma evidente vivacidade (…), o que permite ao leitor acompanhar o relato sem perder a atenção bem desperta.
(…) Estamos, assim, perante um romance histórico que é, a um tempo, livro de viagens e relato de aventuras. E como diria o Padre Álvares: “todas as cousas a que o mandaram soube, e de todas deu conta”. Quem melhor poderia sublinhar esta preocupação? Esta é a melhor homenagem que pode ser feita a Pêro da Covilhã, cuja memória parece ir-se desvanecendo, apesar da sua importância fundamental.».
Guilherme d’Oliveira Martins (Presidente do Tribunal de Contas e do Centro nacional de Cultura)

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«Agradeço-lhe desde já o prazer que tive em a conhecer e poder falar consigo.
Afinal, devo-lhe muitas horas boas a "viajar" no tempo e a viver aventuras com heróis nacionais por esse mundo fora e por esse Portugal Histórico... assim sabe bem aprender o nosso passado, e se não o soubermos e acarinharmos não teremos um futuro digno!
Em breve serão os meus filhos a poder lerem-na e a vibrar com os seus aventureiros!
Bem-haja...e continue sempre a dar-nos estórias emocionantes da nossa História!».
João Paulo Sacadura (Jornalista da TVI24 / LIVRARIA IDEAL)


Para todos, a minha imensa gratidão! São frases laudatórias que alguns Leitores reputarão talvez de excessivas e me acusarão de deixar, debaixo do tapete do esquecimento, as críticas negativas. Todavia, por impossível que possa parecer, ainda não recebi qualquer crítica negativa e asseguro-vos, desde já, que aqui as porei assim que as receber.

21/12/2009

Vencedores do Passatempo Ésquilo/Marcador de Livros

Tenho o prazer de informar que terminou ontem, dia 20 de Dezembro, o passatempo "O Espião de D. João II", que contou com um total de 127 participações.

Os vencedores, a quem envio parabéns, foram:

Amália da Graça Barreiro Simões,
André Oliveira
e Teresa Duarte

Agradeço, de todo o coração, o interesse e entusiasmo dos leitores que concorreram ao Passatempo e não foram bafejados pela sorte.

Um especial agradecimento também ao editor da Ésquilo, Paulo Alexandre Loução, e ao blogue Marcador de Livros na pessoa de Maria Manuel, a mentora e alma desta iniciativa.
Bem hajam!

Feliz Natal e um magnífico Ano de 2010 para todos.

20/12/2009

Belmonte e um Museu dos Descobrimentos

Terra antiga, habitada desde os tempos da Pré-História, obteve foral próprio de D. Sancho I, em 1199, porém, vai adquirir maior relevo, a partir do século XV, quando a sua história se começa a fundir com a história da família dos Cabrais e posteriormente com a dos judeus e cristãos-novos que ali buscaram refúgio.

É, no entanto, com Pedro Álvares Cabral que Belmonte vai entrar com maior pompa e circunstância na grande Epopeia dos Descobrimentos, quando o capitão-mor da segunda armada que el-rei D. Manuel envia à Índia, se desvia da sua rota e concretiza o polémico “achamento” das terras do pau-brasil, um Novo Mundo para a coroa Portuguesa.

Quinhentos e nove anos mais tarde, Belmonte concretiza, por fim, o longo anseio de dar a conhecer esse passado riquíssimo, não só no presente mas também para as gerações vindouras, criando um núcleo museológico de notável interesse, com visitas guiadas por gente conhecedora e apaixonada por tão rico património: O Castelo com a sua preciosa janela manuelina; a antiga judiaria, a sinagoga e o Museu Judaico; a Igreja de Santiago e Panteão dos Cabrais; o Museu do Azeite, o Ecomuseu do Zêzere e, por último, a peça que faltava: O Centro Interpretativo à Descoberta do Novo Mundo

É deste Centro Interpretativo que vos quero falar, por ser uma obra original, apelativa e espectacular, em termos de tecnologia digital de ponta, que conta a Historia do achamento ou descobrimento do Brasil, como um filme em que os visitantes participam, não só enquanto espectadores, mas sobretudo como actores, desde que se predisponham ao jogo interactivo que as imagens e os botões, ao alcance de um clique, lhes propõem com muito saber, imaginação e graça. Crianças e adultos poderão meter-se na pele do navegador, sentir os balanços da caravela ou da nau até ao enjoo, informar-se sobre aparelhos e técnicas de marear, sofrer uma tempestade e naufrágio, avistar o Novo Mundo, ouvir-lhe os sons distintos, conhecer os seus produtos, trocar presentes com os seus naturais e até dançar ao som de estranhos instrumentos.



Uma viagem lúdica, maravilhosa e profundamente didáctica, diria até de visita obrigatória para as escolas portuguesas. Os estudantes vivê-la-ão como um filme ou um gigantesco jogo de computador, enquanto aprendem a nossa História. Encantou-me a visita e não regateei elogios à gentilíssima guia que me acompanhou e ao meu marido, nessa tarde tremendamente chuvosa de Belmonte.

No entanto, passado algum tempo, apercebi-me de que me faltara algo, de que só vagamente me dera conta, durante a visita: faltava (com raras excepções como a pia baptismal na entrada) a magia e a emoção que conferem a presença de objectos coevos, desses vestígios verdadeiros do Passado, que nos transportam, mais do que um filme ou uma foto, para a vida de épocas remotas, porque foram usadas e serviram a gente viva como nós e, por isso, têm alma e nos comovem, como aqueles objectos da exposição Encompassing The Globe – Portugal e o Mundo, do Museus de Arte Antiga.

Ter uns tantos objectos reais distribuídos estrategicamente pelas salas a reforçar as imagens e as descrições, como por exemplo, um astrolábio exposto enquanto as imagens e o áudio ensinam para o que serviu e como se usou. Enquanto não tiver esses testemunhos autênticos do Passado, o Centro Interpretativo da Descoberta do Novo Mundo, não poderá ser considerado um Museu, na verdadeira acepção da palavra. Espero que com o tempo (abriram há poucos meses e já contam com um número impressionante de visitantes) isso possa acontecer, porque têm espaço, os seus colaboradores têm vontade e dedicação e todos nós sabemos que há, em muitos armazéns poeirentos, milhares de objectos coevos. O Centro Interpretativo precisará seguramente de dinheiro para os obter e fazer as suas exposições com segurança.

Se há sempre tanto dinheiro para estádios redundantes de futebol, não poderá haver também uma pequena parcela do bolo para os museus? Quando teremos neste país, pioneiro da Globalização, da Descobertas e da Cartografia do Globo, um verdadeiro Museu dos Descobrimentos?

19/12/2009

O que dizem os meus Leitores

A minha escrita é partilha e cumplicidade entre mim e os meus leitores. Proporciona-me também uma aliciante troca ideias e de conhecimentos. Os meus leitores, com as suas mensagens ou a sua presença nas nossas tertúlias e encontros, fazem-me viver intensamente, umas vezes divertindo-me, outras comovendo-me e animando-me, ou ainda questionando-me e confiando-me as suas angústias e esperanças, com a sinceridade que se tem para com os verdadeiros amigos, enchendo-me sempre de gratidão.

Procuro comentar ou responder aos seus autores, sempre que vejo uma menção às minhas obras em blogues ou nas redes sociais da Internet. No entanto, gostaria de registar neste lugar de Conversa com os Leitores, algumas das muitas mensagens que me encantaram, quer pela graça quer pela emoção ou o enlevo, esperando não cometer uma inconfidência, pelo que porei dos autores apenas o primeiro nome, para salvaguardar a sua identidade.

Assim, deliciei-me com este “desabafo” que descobri num blogue de amantes de livros:

Diogo - Antes de falar sobre livros uma pequena inconfidência sobre os autores deste blog. Todos nós sem excepção temos o sonho de publicar os nossos livros; todos nós escrevemos e, uns mais outros menos, todos temos as nossas histórias alinhavadas...

Vem isto a propósito de quê?
Faço esta inconfidência por causa deste livro publicado pela Ésquilo "O Espião de D. João II" de Deana Barroqueiro.

Nos últimos quatro anos reuni informações dados biográficos sobre uma das mais importantes e mais esquecidas figuras da época dos descobrimentos portugueses: PÊRO DA COVILHÃ. E quando já tinha tudo pronto quando comecei a escrever e a alinhavar as ideias vem-me parar às mãos este livro: O Espião de D. João II.

E esta é a história que eu ia contar. A viagem de Pêro da Covilhã até à Índia e a demanda pelo reino do Preste João. (Eu talvez tivesse abordado um pouco mais a juventude dele em Espanha ao serviço de D. Juan de Guzman mas se já assim o livro tem para cima de 500 páginas se fosse incluir essa fase em detalhe seria um romance interminável).

O livro é excelente mas uma palavra à autora:
- Depois de me ter "roubado" a ideia e de ter escrito o "meu" livro (melhor do que eu poderia escrever) só lhe posso dizer uma coisa: ODEIO-A ...
.

***

E um escritor pode até sentir inveja de uma leitora que escreve deste modo, em dois luminosos momentos:

Isabel - Navegadora Deana,

Venho com um sopro de letras na boca,

Um livro quando nos finca no assento e nos vasculha a alma
é porque tem vida lá dentro a contar o momento anfíbio, de lágrimas e pele.

Estrépito nas linhas, verde e caruma na volta do capítulo, coalhos de névoa madrugadora em coincidências de nós, gomos marsupiais do dia ido, adágio dos sentidos na esquina dobrada do papel, até ao próximo encontro.

Obrigada por escrever.

Mimos que se entregam de mãos abertas.

Desde o Minho, com a chuva a salivar as ruas, a ensopar os campos e a entristecer o rio.

(…)

Então, naquele instante...

O azul da flor fugiu da aba do chapéu, onde o menino doou ternura, e não mais foi preciso colírio nos olhos. Era uma manhã morna, daquelas que descrevem nas gotas de chuva que arpoam a vidraça, o ronco lento do comboio. Os olhos madrugadores e os dedos capitães faziam os sonhos voar. Estremunhada entre os lençóis verdes do campo e o rezento das pedras dos carreiros, onde os chocalhos das ovelhas e o cajado do homem rude, premeiam a vida na aldeia, escrevo. É o meu amparo. Muito obrigada Navegadora Deana, pelas suas palavras.

Antes de "O Navegador de Passagem", era refém dos horários escolares da minha filha mais nova, depois encontrei-me com o Bartolomeu Dias e agradeci o tempo, o retardar do relógio. Deixei de me pasmar com o vaivém da estudantada que remói as palavras, como cardos.

É mais feliz quem tem o prazer de ter um bom livro por companhia. E quem acha ventos mareiros... para levar palavras.

Navegadora Deana, estou a ouvir Beethoven, quando a tarde está escura e fria neste Alto Minho. Daqui a pouco vou beber um chá e ler defronte a uma janela, com as cortinas repuxadas para o meu mundo entrar.

Um beijinho e o meu sorriso
.

***

A minha eterna gratidão, Amigos Leitores!

16/12/2009

Resultado do Passatempo Segredo dos Livros

Embora com atraso, devido ao turbilhão da minha vida, nestes dois últimos meses, aqui venho dar os meus parabéns aos três leitores que, de um total de sessenta e nove, concorreram ao passatempo que a Editora Ésquilo e o Segredo dos Livros fizeram sobre O Espião de D. João II.

Os vencedores foram:
- Amália Barreiro, Santa Iria da Azóia
- Pedro Serra, Bombarral
- Gabriela Almeida, Coimbra
e irão receber em sua casa, um exemplar do livro "O Espião de D. João II".

Agradeço, sinceramente, o interesse mostrado por todos os participantes, lamentando a sorte dos que não foram contemplados e lembrando-lhes que está a decorrer um novo passatempo com a mesma obra, no Marcador de Livros, de parceria com a Editora Ésquilo.

Não deixem de concorrer, que esta 1ª edição está quase esgotada!

15/12/2009

Passatempo Ésquilo 2: O Espião de D. João II

O blogue Marcador de Livros, em parceria com a Editora Ésquilo, lançou um passatempo, onde serão oferecidos três exemplares deste livro. O desafio decorre até às 23.59 h. do dia 20 de Dezembro.
Vejam como participar AQUI

10/12/2009

“O Espião de D. João II” é homenagem à Beira

*Pêro da Covilhã foi fabuloso espião de D. João II. Um
James Bond das Descobertas. Romance histórico fá-lo herói.


“Este livro é da Beira e para a Beira. É uma homenagem à Beira”, disse sábado, no Fundão, a escritora Deana Barroqueiro, na apresentação do seu último romance, O Espião de D. João II.



Autora de cerca de duas dezenas de obras, Deana Barroqueiro tem-se afirmado como voz singular do romance histórico, de que D. Sebastião e o Vidente e O Navegador da Passagem, este dedicado a Bartolomeu Dias, são casos que mostram bem uma capacidade efabuladora alicerçada em rigorosa investigação histórica, que sustenta a expressão ficcional. Essa faceta foi posta em destaque por Adelaide salvado, que apresentou O espião de D. João II, que considerou ser “romance histórico, mas também livro de viagens”. Sublinhando fazer uma leitura com enfoque de geógrafa, a investigadora deteve-se nas personagens e nos sítios descritos por Deana Barroqueiro que, disse, “povoam de sortilégios o nosso imaginário”.

Adelaide Salvado lembrou que “a vida real deste beirão do século XV, Pêro da Covilhã, foi sempre marcada pela aventura” considerando que Deana Barroqueiro “extraiu de todas as fontes, com subtileza, algumas realidades e ficção, filtradas pelo olhar e o mundo da autora”. Na inteligente leitura que fez de O Espião de D. João II, Adelaide Salvado enfatizou “a poética beleza da descrição das paisagens”, dando voz ao próprio livro, onde a figura de Pêro da Covilhã “assume grandeza de herói, mas de um herói muito especial, com dimensão universal, na revelação de um diálogo inter-religioso”, que é, também, um traço singular deste livro. Tudo conjugado numa escrita, cujo “fio narrativo prende, com grande força, o leitor”, concluiu Adelaide Salvado.

Antes, o responsável da editora Esquilo, Paulo Loução, tinha falado da inovação da obra de Deana Barroqueiro que, no final, agradeceu, lembrando a figura de Pêro da Covilhã na “sua demanda dos segredos do Oriente e do misterioso Reino do Preste João”. Na sua longa peregrinação de cerca de seis anos pelas regiões do Mar Vermelho e costas do Índico até Calecut e, também, pela Pérsia, África Oriental, Arábia e Etiópia, descobrindo povos e culturas em lugares hostis. Pêro da Covilhã “na pele de um enigmático mercador do Al-Andalus realizou proezas admiráveis”. Eis a vida do nosso James Bond das Descobertas.

(Jornal do Fundão 10/12/2009)

03/12/2009

Vista à lupa...

A entrevista feita por João Paulo Sacadura para o Programa Livraria Ideal, da TVI24, já está online AQUI. É só fazer correr as miniaturas dos entrevistados até ao dia 30/11. Ficarão a conhecer-me muito melhor!


Foi um prazer, para mim, esta conversa com João Paulo Sacadura que, além de ser um grande profissional na preparação do seu trabalho, através de muita pesquisa e leituras, é um óptimo comunicador e consegue mostrar aos espectadores o melhor dos seus entrevistados, levando-os a "sentir-se em casa" e a responder-lhe com a mesma naturalidade ou sinceridade com que se fala a um amigo, esquecendo-se até de que estão num estúdio de televisão.

"...devo-lhe muitas horas boas a "viajar" no tempo e a viver aventuras com heróis nacionais por esse mundo fora e por esse Portugal Histórico... assim sabe bem aprender o nosso passado, e se não o soubermos e acarinharmos não teremos um futuro digno! (e em breve serão os meus filhos a poder lerem-na e a vibrar com os seus aventureiros!)" - disse-me off-record.

São palavras que eu vou guardar no meu baú de recordações, enquanto o tempo da memória mo permitir.

29/11/2009

Agenda Novembro/Dezembro

30 de Novembro/1 de Dezembro, à 1.08 h. e 5.32 h.
TVI 24 - Livraria Ideal:
A entrevista de João Paulo Sacadura a Deana Barroqueiro vai para o ar na madrugada de 2ª para 3ª feira, à 1.08 h. e repete às 5.32 h.

3 de Dezembro, às 13.30 h.
TVI 24 - Livraria Ideal: Repetição da entrevista na 5ª feira.

5 de Dezembro, 18.30 h.
Fundão - Hotel Príncipe da Beira
A Ésquilo, Edições e Multimédia, o Hotel Príncipe da Beira e Deana Barroqueiro têm o prazer de os convidar para a apresentação da obra «O Espião de D. João II», feita pela professora e investigadora Dra. Maria Adelaide Neto Salvado.
Seguir-se-á um jantar literário que contará com a presença de todos os interessados. Inscrições abertas no Hotel Príncipe da Beira. O evento tem o apoio da Câmara Municipal do Fundão.

18/11/2009

Passatempo Ésquilo: "O Espião de D. João II"

O site Segredo dos Livros, em parceria com a Editora Ésquilo, lançou um passatempo, onde serão oferecidos três exemplares deste livro. O desafio vai até o dia 25 de Novembro!
Vejam como participar AQUI!

À Volta dos Livros

Para quem perdeu, a entrevista concedida ao programa da Ana Aranha na RDP no último dia 10 de Novembro, pode ser ouvida na íntegra AQUI.

09/11/2009

Agenda para o mês de Novembro

14 de Novembro, 21 h.
Apresentação de "O Espião de D. João II" no Sarau para a entrega de prémios de Conto e Poesia dos Jogos Florais da Murtosa 2009, no Edifício das Piscinas Municipais. Podem ver informações e cartaz do programa
AQUI.

15 de Novembro, 17 h.
Conversa com os Leitores, na Bertrand do Forum de Aveiro, com apresentação de "O Espião de D. João II" pelo Sr. Eng.º Celso Pinto Ferreira dos Santos.

25 de Novembro, 18.30 h.
Fnac do Colombo, Lisboa - Apresentação de "O Espião de D. João II" pela Professora Dra. Helena Barbas, docente e investigadora da Universidade Nova de Lisboa.

27 de Novembro, 18 h.
Terceira edição dos "em.cantos", no Castelo de Alvito

- Apresentação da obra de Deana Barroqueiro pela Dra. Ana Paula M. Pires Figueira e leitura de excertos d' O Espião de D. João II pelo actor João Ricardo.
- A escritora fará parte da mesa redonda, orientada pela Dra. Ana Paula M. Pires Figueira, com o tema "A Importância do Património Edificado no Distrito de Beja: revisitar a Arte Manuelina em Alvito". Podem ver informações AQUI.

21/10/2009

Bíblia: Todos os defeitos e poucas virtudes

Considero bizarro o “escândalo” que José Saramago provocou em alguns católicos e judeus, ao considerar a Bíblia "um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana".

Estranho tais reacções porque, enquanto escritora de romance histórico, publiquei em 2003/2004 os meus Contos Eróticos do Velho Testamento e os Novos Contos Eróticos do Velho Testamento, com a chancela da Editora Livros Horizonte, nos quais rescrevi as lendas do Livro do Génesis, do Antigo Testamento, transformando-as em crónicas realistas da Antiguidade pré-clássica que põem em evidência os mesmos defeitos apontados por José Saramago, referindo-me ao dito Livro, numa entrevista que me fez Maria Teresa Horta para o Diário de Notícias (17/03/04), em idênticos termos, como um livro de maus exemplos com todos os defeitos e muito poucas virtudes.

Ao fazê-lo, não me movia o ódio, nem a ideologia comunista, nem a senilidade, mas apenas a curiosidade e o estudo que me fazem investigar qualquer tema até ao mais ínfimo pormenor. Segui a versão da Bíblia “traduzida das línguas originais, com uso crítico de todas as fontes antigas pelos missionários Capuchinhos” que são especialistas desta matéria. Moveu-me à sua escrita, sobretudo, o erotismo fortíssimo que se desprendia daqueles contos de há quatro mil anos (a maioria das suas histórias são versões das lendas e contos da Mesopotâmia e de outras civilizações mais antigas, como o dilúvio de Ur transformado no dilúvio de Noé).

Não são, portanto, textos ditados por Deus, mas inventados e plagiados por homens que acreditavam em deuses cruéis e vingativos e os usavam para justificar as suas lutas pelo poder, os seus actos de violência e crueldade ou o domínio pelo terror supersticioso da gente crédula e ignorante. Como ainda acontece com os países muçulmanos onde impera o fundamentalismo. Por isso, o Deus cristão, o Jeová judeu ou o Alá muçulmano não se distinguem em nada de Baal ou de qualquer outro deus pagão, com a sua brutalidade, ódio ao ser humano e pusilanimidade, como criatura feita à imagem do homem… que o criou.

Do ponto de vista histórico (o único que me interessa), o Antigo Testamento que foi o exclusivo objecto do meu estudo não passa de um texto literário, uma colectânea de lendas como a Ilíada ou a Odisseia, embora de pior qualidade do que as referidas obras gregas. Procurei nos meus contos repor o realismo da vida daquelas tribos de pastores, primitivas e nómadas, investigando a História desse período através dos documentos e provas existentes, assim como das notas dos padres Capuchinhos.

Os meus contos lançaram um olhar feminino sobre a Bíblia, nada comum até aos nossos dias, procurando mostrar a condição da mulher, desprezada, aviltada, usada pelos homens como objecto de compra e venda, inferior ao gado dos seus rebanhos, e como animal de procriação, essa condição veiculada nos ditos livros sagrados das três religiões principais e de que, mesmo no Século XXI, a mulher ainda continua a ser vítima.

Porque não suscitei, então, a mesma indignação, se os meus contos são muito mais violentos e denunciadores desses maus exemplos de vícios e crimes, do que os livros de José Saramago? Só encontro uma resposta: eu não era o Nobel da Literatura, mas apenas uma escritora pouco conhecida, que não provocaria o mesmo “perigoso” efeito de denúncia no mundo, apesar das versões brasileira, espanhola e italiana dos seus contos.

Santa hipocrisia! Espero que o livro de José Saramago seja um sucesso!

16/10/2009

Mais de 150 pessoas no lançamento
d’ O Espião de D. João II

A grande sala de jantar do 7º piso do El Corte Inglés ficou sobrelotada. Havia mais do dobro de pessoas para as setenta cadeiras que os organizadores disponibilizaram no evento e alguns convidados, não tendo conseguido entrar na sala, acabaram por desistir e retirar-se. A todos os que não puderam assistir, àqueles a quem eu não consegui falar ou sequer ver, venho deixar aqui o meu pedido de desculpas.

Fiz questão de chegar meia hora mais cedo para poder receber os amigos que se adiantassem, agradecer-lhes a presença, conversar um pouco e assinar-lhes os livros para não terem de esperar mais tarde, dado que muitos vinham de fora de Lisboa, nomeadamente do Algarve. Porém, com grande mágoa minha, nem mesmo assim logrei dar as boas-vindas a toda aquela encantadora e luzida assembleia de mais de cento e cinquenta pessoas.

O Espião de D. João II teve a honra de ser apresentado pelo Dr. Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas e do Centro Nacional de Cultura, o qual, de pois de tecer grandes elogios à obra, a fim não prejudicar o suspense da narrativa, escolheu debruçar-se sobre o mito da demanda do Preste João das Índias e encantou a assistência com uma verdadeira lição de História sobre o tema.

Assim, desejo expressar a minha gratidão à editora Esquilo, na pessoa do seu editor, Dr. Paulo Alexandre Loução, ao Dr. Guilherme d’Oliveira Martins pela sua brilhante participação e a todos os que vieram festejar comigo por cumplicidade neste amor dos livros e da escrita e por bem-querer.

Por fim, os meus agradecimentos à equipa do El Corte Inglês, pelo gentil recebimento na sala do seu restaurante e pelo transtorno que lhes possa ter causado a hora tardia em que os deixámos.

Bem hajam todos pelos momentos de intenso prazer e emoção que me causaram!

09/10/2009

No rasto de Pêro da Covilhã

Enquanto escritora de romance histórico, pretendo dar aos meus leitores a visão dos factos e dos lugares segundo o ponto de vista e a experiência daqueles que viveram na época de que me ocupo, em particular, os séculos XV, XVI e XVII. Por isso, só visito esses sítios distantes por onde peregrinaram os meus heróis, depois de concluído o romance, a fim de não deixar contaminar essa visão pelo olhar contemporâneo, todo outro, do Século XXI. Vou apenas para verificar se as minhas pesquisas e o mágico olhar da imaginação não atraiçoaram o rigor histórico e a realidade desse mundo antigo.

Assim sendo, integrei-me com o meu marido, João Pires Ribeiro, na embaixada cultural do Centro Nacional de Cultura, que partia ao encontro da História, seguindo o rasto de Afonso de Albuquerque, o Terrível, através das fortalezas de Mascate, Curiate, Khasab (Musandam), Ormuz, ou do forte do Bahrein, entre outras. Eu, porém, seguia outro rasto, não o do conquistador e futuro governador das Índias, mas o do Espião de D. João II que o precedeu e, em 1487, encetou uma das mais extraordinárias viagens de todos os tempos: Pêro da Covilhã. Tal como Marco Polo, também ele esteve duas vezes em Ormuz, e no Cairo, antes e depois da sua peregrinação de seis anos pela Índia e pela costa Oriental de África e de onde voltaria a partir para a Arábia Félix, Sinai e, por fim, Etiópia, término da sua demanda do Preste João e da sua viagem sem regresso.


Com inexplicável emoção vislumbrei, por entre a neblina dos fiordes formados pelas estranhas configurações das montanhas de Omã, essa mesma paisagem que Pêro da Covilhã contemplou 520 anos antes de mim – as costas da Pérsia (Irão) e a florescente e rica ilha de Ormuz, a “Pedra do Anel”, onde desembarcou pela segunda vez, por ordem d’el-Rei D. João II, para aí deixar o Rabi Josef. Mal sabendo nadar, não resisti a meter-me naquele mar salgadíssimo, cuja densidade me permitia flutuar sem barbatanas nem coletes de salvação. A presença do meu herói bastava para me fortalecer a coragem, espicaçando-me a portuguesa costela aventureira. Porém, ao contrário da tolerância religiosa e do esplendor do luxo e das artes, que o espião de D. João II aí encontrou, foi-nos negada a entrada numa aldeia, pelos seus chefes, a pretexto do Ramadão e da nossa presença ser nociva (decerto por sermos infiéis, apesar de nos apresentarmos tapados da cabeça aos pés por balandraus mouros e lenços, por respeito aos seus costumes, sendo nós os visitantes.

Idêntica emoção experimentei, todavia, no Mar Roxo por onde Pêro da Covilhã navegou a medo nos djelbas, os barcos mouros feitos de tábuas atadas por cordas de cairo, sem pregadura, primeiro com o seu malogrado companheiro, o albicastrense Afonso de Paiva, e posteriormente sozinho duas ou três vezes. Aí pude mergulhar também nas suas águas, numa praia privativa de um hotel para estrangeiros, a salvo da intolerância religiosa e da sujeição ignóbil e castradora imposta às mulheres, para as reduzir à condição de servas dos homens, uma espécie de animais domésticos para reprodução.

No Cairo, mal vi os souqs, os quarteirões dos comerciantes, no entanto pareceu-me terem perdido o espírito antigo que ainda senti nos de Istambul, talvez devido ao excesso de turismo e da globalização no seu aspecto mais negativo de “formatação” dos povos. No entanto, a Cidade dos Mortos, onde o meu herói se bateu contra um bando de meliantes, não me defraudou. Nessa grande urbe, dentro da imensa cidade do Cairo, os vivos coabitam com os mortos, porque, desde há muitos séculos, ela se fez refúgio de miseráveis, desvalidos e criminosos, onde até a polícia receia penetrar. Vi do interior do autocarro (não deixam os turistas passear-se por ali) os túmulos ocres em forma de casas e os mausoléus de mármore que erguem as suas cúpulas altivas, semelhantes a minaretes de mesquitas ou abóbadas de palácios, tal como eu as descrevi em O Espião de D. João II, através dos olhos de Pêro da Covilhã. Disfarcei, para que os meus companheiros de viagem não me vissem chorar.

07/10/2009

O Espião de D. João II no Top 10 das Bertrand

Apesar de só ter visto a luz no dia 28 de Setembro, portanto há uma semana, O Espião de D. João II conta-se entre os dez livros mais vendidos das livrarias Bertrand.

Pode não ser muito significativo, mas deixou-me nas nuvens, como um começo auspicioso para o recem-nascido.

O veredicto dos leitores só o terei depois de lhe penetrarem no âmago e conhecerem as suas qualidades e defeitos. Espero que o declarem persona grata e me absolvam das suas falhas!
Esperar a sentença é o mais angustiante.

Gostaria de vos ver no lançamento, visitantes conhecidos e desconhecidos, pelo menos aos que estão perto, para festejar convosco.

Um grande abraço

Deana Barroqueiro

04/10/2009

O Espião de D. João II e O Navegador da Passagem, as duas faces da medalha

No verão de 2008, ao concluir O Navegador da Passagem, que narra as viagens de Bartolomeu Dias, já não consegui afastar do pensamento a história de outra personagem que aí aparecia, embora fugazmente: Pêro da Covilhã.

Como podia eu glorificar um e ignorar o outro, se eles eram como as duas faces da mesma áurea medalha? Para mais, a minha admiração por estes dois descobridores já vinha de longe, de um anterior projecto de criação de uma colecção juvenil de romances de aventuras com a saga dos Descobrimentos Portugueses, de cuja galeria de heróis ambos faziam parte.

Desde esse tempo, por mais de uma vez, tentei retomar a personagem de Pêro da Covilhã e escrever a sua odisseia, numa perspectiva mais histórica e menos efabulada, embora aproveitando muito do material da saga, fruto de uma pesquisa de longos anos. Narrar a sua peregrinação solitária (separou-se de Afonso de Paiva, em Adem, nos primeiros meses de jornada) de mais de seis anos através da Europa, África e Ásia – um mundo hostil de gente dominada pelo medo, o fanatismo religiosos e a superstição –, durante a qual Pêro da Covilhã desvendou mitos e lendas velhas de muitos séculos, descobriu impérios perdidos e reinos nunca antes visitados por um europeu, desenhando nos mapas imprecisos da sua época os contornos e trilhos do futuro. Uma Demanda mística, concretizada num tempo e espaço reais, semeada de triunfos, perigos e sofrimentos verdadeiros, que só pode ter paralelo na busca do Graal.

Irresistível!

Assim surgiu O Espião de D. João II, romance de viagens e de acção, com uma narrativa linear, adequada a esta personagem solar, um aventureiro dos quatro costados que, embora nado e criado no Portugal do século XV, não deixa de ser um misto de James Bond e de Indiana Jones, sem tecnologia, porém, com talentos extraordinários que o distinguiram dos homens do seu tempo.
Deana Barroqueiro

23/09/2009

Lançamento do novo livro:
O ESPIÃO DE D. JOÃO II

Peço desculpas pela demora em dar-vos notícias, mas estive ocupadíssima com os últimos preparativos para o lançamento pela Editora Ésquilo, no próximo dia 15 de Outubro, do meu novo romance, O ESPIÃO DE D. JOÃO II.

Um espião com qualidades e talentos de um James Bond e Indiana Jones reunidos num só homem: a memória fotográfica que nada perdia, uma capacidade espantosa para aprender linguas, a arte do disfarce para assumir as mais diversas identidades, a mestria no manejo de todas as armas do seu tempo e, sobretudo, uma imensa coragem e espírito de sacrifício.

El-rei D. João escolhia-o para as missões mais secretas, onde qualquer outro falharia. Talvez esse secretismo seja a razão do seu nome de família e de seu rosto terem ficado para sempre na penumbra e apenas o conhecermos pelo nome da terra beirã onde nasceu.

Foi enviado ao mesmo tempo que Bartolomeu Dias, a descobrir por terra aquilo que o navegador ia demandar no mar: uma derrota para as especiarias da Índia e notícias do encoberto Preste João.

Uma longa peregrinação de cerca de seis anos, de início em companhia de Afonso de Paiva, de Castelo Branco, pelas regiões do Mar Vermelho, depois sozinho pelas costas do Índico até Calecut e, posteriormente, pela Pérsia, África Oriental, Arábia e Etiópia, do século XV, confrontando povos e lugares hostis cujos costumes lhe eram competamente estranhos.

Se não sabeis quem é, podeis conhecê-lo e à sua fabulosa viagem em O ESPIÃO DE D. JOÃO II, nas Livrarias Bertrand, já a partir de 28 de Setembro!

Ou, caso não contenham a curiosidade, sempre podem saber de quem se trata em minha página pessoal na internet.

O lançamento oficial de O ESPIÃO DE D. JOÃO II será no El Corte Inglés, no próximo dia 15 de Outubro às 19:30h.

Aguardo-vos a todos!

18/07/2009

Álvaro, Castelo Branco...

Há muito que me rói a curiosidade, um mistério que não desvendo, um prazer que não posso agradecer, por não saber a quem devo o interesse e a atenção continuados. Não é apenas a escritora de romance histórico, é também a mulher que lhe está subjacente, que se sente “apanhada” por essa presença constante de “Álvaro, Castelo Branco” no contador de visitantes da sua Página Pessoal .

Quem é ou quem são estes visitantes que me visitam com uma aparente fidelidade e carinho que me encantam e emocionam? Leitores, decerto, porque o blogue está construído como um Sítio para dar informações da minha obra e das minhas actividades de escritora. Não é um blogue, como este, que permite actualizações e interacção com os internautas.

Quando me apercebi da frequência deste “visitante”, julguei que fosse um amigo meu de Castelo Branco, cujo nome é Álvaro! Não era ele! Tratava-se de uma coincidência engraçada. Descobri, então, que havia um lugar, perto de Pedrógão Grande, chamado Álvaro. Tanto Pedrógão, como Castelo Branco são terras natais de duas das minhas personagens e tive aí, por mais de uma vez, gostosas conversas com os meus leitores.

Por isso, se esta mensagem ou a do Twitter, vos chegar aos olhos, caros leitores de Álvaro, Castelo Branco, enviai-me um e-mail ou escrevei-me uma mensagem, neste blogue ou no Facebook.

Gostava muitíssimo de os conhecer!
Deana Barroqueiro

28/06/2009

Começo de conversa

Ao trocar o ofício de professora pelo de escritora, um sonho longamente adiado, além do acto de investigar e de escrever, o que me causa maior prazer nesta aventura da escrita é o contacto com os leitores.

É muitíssimo gratificante poder falar com as pessoas que lêem as minhas obras, saber se o meu trabalho lhes deu prazer, se pelo contrário os decepcionou ou ainda se lhes permitiu conhecer factos e histórias de gente extraordinária que ignoravam (o que eu considero ser a mais-valia do romance histórico e a minha constante preocupação).

Como o acto de escrever é, para mim, algo de muito difícil e trabalhoso, uma tarefa contínua, de grande exigência e sacrifício, a fim de dar, a quem o for ler, o melhor texto que me seja possível criar, esse interesse dos meus leitores é a minha maior recompensa.

Daí a minha eterna insatisfação, o terror de ler qualquer livro meu depois de publicado, a ansiedade de encontrar algum erro ou frase mal escrita, apesar das incontáveis leituras e revisões. E também, embora tenha onze obras publicadas nos últimos dez anos, a emoção que me causa ver alguém com uma obra minha nas mãos é tão forte como a do dia em que assinei o meu primeiro autógrafo. É uma sensação única, sempre nova e sempre deliciosa!

Outra surpresa que me tem deixado encantada é a referência às minhas obras nos blogues, porque esses elogios são genuínos e espontâneos. São leitores a recomendarem aos seus amigos a leitura de um livro que lhes agradou. Não há publicidade paga pelas editoras ou entrevista nos Media que me possa dar maior satisfação e orgulho! Nunca deixei de lhes expressar a minha gratidão, através de mensagens nos seus blogues ou por e-mail, tal como respondo sempre a todos os que me escrevem para o endereço na minha página pessoal da internet.

Contudo, não me chega! Gostaria de agradecer a mais gente. Aos cerca de 14.000 leitores que leram o meu D. Sebastião e o Vidente, um livro que vai já no terceiro ano da sua publicação. Aos que visitam a minha página diariamente. Aos que, este ano, me leram pela primeira vez com O Navegador da Passagem. Aos que conhecem todas as minhas obras e ainda não se cansaram de mim.

Este blogue permite-me expressar, por fim, essa gratidão e, como melhores conhecedores da minha alma, porque a lestes nas minhas obras, sereis também os melhores amigos para a partilha de algumas angústias e alegrias que nos causa este nosso mundo.

Não poderei escrever muito, nem muitas vezes, pela escravatura em que se tornou para mim a escrita de cada romance, mas procurarei manter-vos a par das agruras, curiosidades e bons momentos desta nossa aventura da escrita. Digo "nossa", porque sem vós, leitores, ela não terá razão de ser.

Este foi o meu post de intenções e de boas-vindas. Em breve vos darei conta de muitas novidades, se me derem a honra e o prazer da vossa companhia. Espero as vossas mensagens, perguntas e sugestões. Um abraço amigo.

Deana Barroqueiro