Há palavras que nos acalentam como línguas de fogo à lareira, quando o inverno nos agride com violenta zanga. Há frases que nos fazem cerrar os olhos para as ver e ouvir melhor com o coração ou a alma.
Desde o Minho, me chegou de novo a voz singular da minha íntima-desconhecida Isabel. É este presente de Natal que desejo partilhar com os leitores, por ser demasiado belo para ficar apenas comigo. Aqui o tendes:
Navegadora,
O sino da igreja roça a clarabóia do luar. A névoa é espartilho nos caminhos da aldeia. Desde as janelas aprecio as grinaldas com luzes de ir e vir a chamar pelo Natal. Imagino mãos-meninas a remexer fantasias. E o bafejo do silêncio a inaugurar um novo conto. O Dezembro é a inexperiência dos sentimentos. Escreve-se com linhas de açúcar e canela. Liquefaz-se na boca e alimenta o sonho que se quer fermentado.
Boa noite, Navegadora!
Hoje pelas sete e pico da manhã já trazia um braçado de lenha, desde a paisagem vidrada pelo gelo, para acender a lareira. Depois bebi o meu leite bem quente com café, na caneca verde, e comi um bolo de arroz.
Ali ao pé da chama e aquelas línguas de fogo a lembrarem dióspiros. É no silêncio da casa e no estremecer da aurora que eu me sinto felizarda. Leio, escrevo, ou penso tão simplesmente.
É para mim um privilégio ter as minhas palavras no seu blogue. Muito obrigada! Eu sou forasteira nestes balcões de letras. Não possuo nenhum. Muito obrigada pelo seu afago!
Trouxe-me um sorriso e um semicerrar de pálpebras, Navegadora.
Um beijinho.
Um doce Natal e para 2010 uma frota destemida, pelo mar adentro das palavras sábias.
Isabel.
Obrigada, Isabel. Quem dera que este espaço, o meu cantinho de intimidade com os amigos que me visitam, fosse esse balcão de letras para registo das suas palavras, animando-a a outros voos que se adivinham de grande fôlego. Era uma honra para mim e seguramente um prazer para os que amam a palavra escrita e a alma que nela pensa e sente.
Feliz Natal, poetisa encoberta, obrigada por este presente de Boas Festas!
E que em 2010, na destemida frota, seja a Isabel um piloto a descobrir a sua rota nesse mar das palavras sensíveis que a habitam. Um beijo, desde Lisboa.
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