A minha escrita é partilha e cumplicidade entre mim e os meus leitores. Proporciona-me também uma aliciante troca ideias e de conhecimentos. Os meus leitores, com as suas mensagens ou a sua presença nas nossas tertúlias e encontros, fazem-me viver intensamente, umas vezes divertindo-me, outras comovendo-me e animando-me, ou ainda questionando-me e confiando-me as suas angústias e esperanças, com a sinceridade que se tem para com os verdadeiros amigos, enchendo-me sempre de gratidão.
Procuro comentar ou responder aos seus autores, sempre que vejo uma menção às minhas obras em blogues ou nas redes sociais da Internet. No entanto, gostaria de registar neste lugar de Conversa com os Leitores, algumas das muitas mensagens que me encantaram, quer pela graça quer pela emoção ou o enlevo, esperando não cometer uma inconfidência, pelo que porei dos autores apenas o primeiro nome, para salvaguardar a sua identidade.
Assim, deliciei-me com este “desabafo” que descobri num blogue de amantes de livros:
Diogo - Antes de falar sobre livros uma pequena inconfidência sobre os autores deste blog. Todos nós sem excepção temos o sonho de publicar os nossos livros; todos nós escrevemos e, uns mais outros menos, todos temos as nossas histórias alinhavadas...
Vem isto a propósito de quê?
Faço esta inconfidência por causa deste livro publicado pela Ésquilo "O Espião de D. João II" de Deana Barroqueiro.
Nos últimos quatro anos reuni informações dados biográficos sobre uma das mais importantes e mais esquecidas figuras da época dos descobrimentos portugueses: PÊRO DA COVILHÃ. E quando já tinha tudo pronto quando comecei a escrever e a alinhavar as ideias vem-me parar às mãos este livro: O Espião de D. João II.
E esta é a história que eu ia contar. A viagem de Pêro da Covilhã até à Índia e a demanda pelo reino do Preste João. (Eu talvez tivesse abordado um pouco mais a juventude dele em Espanha ao serviço de D. Juan de Guzman mas se já assim o livro tem para cima de 500 páginas se fosse incluir essa fase em detalhe seria um romance interminável).
O livro é excelente mas uma palavra à autora:
- Depois de me ter "roubado" a ideia e de ter escrito o "meu" livro (melhor do que eu poderia escrever) só lhe posso dizer uma coisa: ODEIO-A ....
***
E um escritor pode até sentir inveja de uma leitora que escreve deste modo, em dois luminosos momentos:
Isabel - Navegadora Deana,
Venho com um sopro de letras na boca,
Um livro quando nos finca no assento e nos vasculha a alma
é porque tem vida lá dentro a contar o momento anfíbio, de lágrimas e pele.
Estrépito nas linhas, verde e caruma na volta do capítulo, coalhos de névoa madrugadora em coincidências de nós, gomos marsupiais do dia ido, adágio dos sentidos na esquina dobrada do papel, até ao próximo encontro.
Obrigada por escrever.
Mimos que se entregam de mãos abertas.
Desde o Minho, com a chuva a salivar as ruas, a ensopar os campos e a entristecer o rio.
(…)
Então, naquele instante...
O azul da flor fugiu da aba do chapéu, onde o menino doou ternura, e não mais foi preciso colírio nos olhos. Era uma manhã morna, daquelas que descrevem nas gotas de chuva que arpoam a vidraça, o ronco lento do comboio. Os olhos madrugadores e os dedos capitães faziam os sonhos voar. Estremunhada entre os lençóis verdes do campo e o rezento das pedras dos carreiros, onde os chocalhos das ovelhas e o cajado do homem rude, premeiam a vida na aldeia, escrevo. É o meu amparo. Muito obrigada Navegadora Deana, pelas suas palavras.
Antes de "O Navegador de Passagem", era refém dos horários escolares da minha filha mais nova, depois encontrei-me com o Bartolomeu Dias e agradeci o tempo, o retardar do relógio. Deixei de me pasmar com o vaivém da estudantada que remói as palavras, como cardos.
É mais feliz quem tem o prazer de ter um bom livro por companhia. E quem acha ventos mareiros... para levar palavras.
Navegadora Deana, estou a ouvir Beethoven, quando a tarde está escura e fria neste Alto Minho. Daqui a pouco vou beber um chá e ler defronte a uma janela, com as cortinas repuxadas para o meu mundo entrar.
Um beijinho e o meu sorriso.
***
A minha eterna gratidão, Amigos Leitores!
Sem comentários:
Enviar um comentário