Abre hoje em Lisboa “Febre”. A exposição mostra no Museu Oriente a arte que se faz hoje em Macau.
Cláudia Aranda, Ponto Final, Fevereiro 13, 2014
Quinze artistas de Macau e 66 obras vão estar em exposição a partir de hoje no Museu Oriente, em Lisboa, numa mostra intitulada “Febre”, co-organizada pela Art for All (AFA) e Fundação Oriente, com apoio da Fundação Macau, para celebrar os 15 anos da transferência de soberania de Macau.
A arte em Macau vive hoje um “grande dinamismo”. “Diria que é uma fase em que há muito sangue novo, há mais exposições a acontecer, as próprias instituições estão a apostar mais, tanto em artistas locais como em arte contemporânea, há mais espaços expositivos, tudo isso em conjunto acaba por ser muito diferente da imagem de há 15 anos”, explica o comissário da exposição, José Drummond, da AFA.
Esta vitalidade está muito relacionada com o boom económico que se vive em Macau, na opinião do artista e presidente da AFA, James Chu. “A nova geração tem os pais que a apoiam e há mais oportunidades de estudar fora”.
Em vez de uma mostra retrospectiva sobre os 15 anos, José Drummond preferiu dar visibilidade aos artistas jovens, abaixo dos 45 anos, e “mostrar algo mais fresco”. “A ideia foi encontrar nomes revelados recentemente e que tivessem consistência no seu trabalho”, acrescenta.
José Drummond destaca, entre os mais jovens, o trabalho de Ann Hoi, “que é um nome a seguir num futuro muito próximo”. Ann Hoi faz esculturas em papel. “Nós associamos sempre a escultura a matérias nobres como a pedra, a madeira e não se considera que o papel seja um material nobre. Nesse sentido há aqui um desafio em relação ao limite do que pode ser entendido por escultura e há também uma fragilidade que não é associada à prática escultórica, o que torna o trabalho muito interessante”, explica.
Para Ann Hoi, estar em Lisboa é a segunda oportunidade, depois de Nova Iorque, de expor o seu trabalho. “Estou a aprender com a beleza da arquitectura portuguesa, o planeamento urbano, a música, as inspirações podem surgir de todos este estímulos”, diz a artista.
Para Drummond, viajar, “é sempre importante, porque Macau é tão pequeno e vive sempre dentro da sua bolha, isso também acaba por se reflectir no meio artístico e no trabalho que se faz. É importante que se consiga criar a possibilidade dos artistas viajarem e que convivam com outras realidades. Essa é parte da razão dos artistas virem [a Lisboa], pela possibilidade de irem ao Centro Cultural de Belém, fazerem o percurso das galerias lisboetas e de estarem em contacto com uma realidade diferente da de Macau”.
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