20/06/2013

Quem é Maria Aliete Galhoz


Maria Aliete Farinho das Dores Galhoz nasceu em Boliqueime, no ano de 1929. Estudou no Liceu de Faro e licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É editora literária, poeta e ensaísta. Entre 1953 e 1972 foi professora do Ensino Secundário. Colaborou em pesquisas de Literatura Popular Portuguesa, tema sobre o qual publicou inúmeros estudos e fez várias conferências, no Centro de Estudos Filológicos, juntamente com Lindley Cintra e Viegas Guerreiro, no Centro de Estudos Geográficos, e no Centro de Estudos de Tradições Populares Portuguesas da Universidade de Lisboa. Tem colaboração dispersa nas revistas "Boletim de Filologia", "Colóquio", "O Tempo e o Modo", "Nova Renascença" e em vários jornais. Colaborou e fixou os textos de "Poemas Esotéricos" de Fernando Pessoa em 1993. No campo da investigação da Literatura Tradicional Oral Portuguesa publicou "Pequeno Romanceiro Popular Português" (1977), "Romanceiro Popular Português" (1998), "Memória Tradicional de Vale Judeu" (1996), "Memória Tradicional de Vale Judeu II" (1998), "Romanceiro do Algarve" (2005). Colaborou na edição de "Povo, Povo, Eu te pertenço" de Filipa Faísca em 2000, bem como num conjunto de volumes subordinados ao tema "Património Oral do Concelho de Loulé" em parceria com Idália Farinho Custódio e Isabel Cardigos. Escreveu três livros de poesia: "Poeta Pobre" (1960), "Décima Quinta Matinal Esquecida - "Acto da Primavera" (1967), "Poemas em Rosas" (1985). Em prosa publicou o livro de contos intitulado "Não Choreis Meus Olhos" (1971). Recebeu a Medalha Municipal de Mérito, grau prata, pela Câmara Municipal de Loulé, em 1994. Foi ainda condecorada com o título Doutora Honóris Causa pela Universidade do Algarve (1966) e com o grau honorífico de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1999).
 

PÁSSARO

Tenho um pássaro
Não canta
Contudo
irrisoriamenmte pássaro
No meu peito...

Pássaro, garganta, ou alvorada
Fios alvacentos
Da manhã

Entre montes...

Não eras tu, rouxinol
Não era a cotovia
Nem a invisível calhandrina...
Era na minha garganta
Fio da memória
Na manhã já alta...

Portanto
Não canta o pássaro
Que tenho em meu peito...
Leiras
Leivas
Veredas
O pulsar da brisa
Hoje...
Pássaro
Alma cantante
Em minha garganta
Finamente acutilada...

Poema dedicado a Irene Lisboa
"Para Irene Lisboa, que escreveu Um dia e outro dia...:
poético amargo/lírico do quotidiano, do frágil quotidiano no
seu frémito de vida, de dor, de olhar, de Beleza igualmente,
dedico como homenagem e afecto antigos."
 
Publicado por Carlos Pereira \foleirices

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