(Ponto de partida para a comunicação oral, no âmbito do Colóquio Internacional da Universidade de Aveiro - Diálogos Interculturais Portugal-China, 2017. O artigo completo pode ler-se em: Deana Barroqueiro-Academia.edu )
Séc. XIII – Marco Polo (c. 1254-1324: Il Milione, de Emilione, seu nome de família ou o Homem dos Milhões) Livro das Maravilhas.
Séc. XIV – Odorico Pordedone (morre em 1331) – Relatio.
– Jean de Mandeville (morre em 1372): Livro das Viagens.
Séc. XV – Paolo dal Pozzo Toscanelli (1397-1483), escreve a carta a Cristóvão Colombo para navegar pelo Ocidente para Cipango e Cataio.
1502 – O impressor alemão Valentim Fernandes edita em Lisboa o Livro de Marco Paulo, devido à descoberta do caminho marítimo para a Índia.
1508 – O “regimento” de D. Manuel para Diogo Lopes de Sequeira, capitão da armada que partiu de Lisboa com o objectivo de chegar a Malaca.
1511 – Em Malaca, Afonso de Albuquerque vê no porto 5 juncos de mercadores chineses. Depois da conquista, envia cartas ao Imperador Zhengde, por estes chins.
1513 – Albuquerque envia o capitão Jorge Álvares à China. Fica apenas numa ilha da Veniaga (Tongmen) chantou um padrão na ilha de Tamão, na Boca de Cantão (Guangdong).
1515 – Parte Rafael Perestrelo que regressa com óptimas notícias sobre as relações futuras com os chineses.
1517 – Partiu de Malaca uma frota de sete (oito) navios comandada por Fernão Peres de Andrade, levando a bordo Jorge Álvares e Tomé Pires. Indo de Tamão para Cantão sem autorização e entrando com estardalhaço no porto, provocam uma escaramuça com a armada do Tutão (almirante). Duarte Coelho salva-os. Tomé Pires vê congelada a autorização de viagem para Norte, que só acontece em Janeiro de 1520.
1519/1520 – Simão Peres de Andrada chegou a Tamão em Abril de1519, para recolher o embaixador e comete uma série de abusos.
1520 – Tomé Pires parte para Nanquim, aos vinte e três dias de Janeiro, chamado por Zhengde, sendo bem recebido e mandado para Pequim.
1521 – Janeiro/Fevereiro – O imperador Zhengde (Wuzong) chega a Pequim. Mas, por esse tempo, a embaixada já estava comprometida, pelas cartas dos mandarins de Pequim e de Cantão contra Simão Peres de Andrada e pelas queixas e cartas dos embaixadores de Malaca e pelas traduções dos 4 jurubaças das Cartas do Capitão-mor Fernão Peres de Andrada e de D. Manuel. E o imperador morre 3 meses depois.
1521 – Maio/Dezembro – A embaixada regressa a Cantão, sob escolta e fica em semi-cativeiro. Com a subida ao trono de Jiajing, então com treze anos, confirmou-se a perdição da embaixada por ordem dos mandarins. Por essa ocasião já Vasco Calvo fora feito cativo, quando os seus juncos de guerra começaram a dar caça aos estrangeiros e ao contrabando.
1521– Em Abril/Junho – Tinham chegado a Tamão os navios de Diogo Calvo e Jorge Álvares e, mais tarde Duarte Coelho; os mandarins enviavam recado para os portugueses virem a terra fazer veniaga e, mal os incautos punham o pé na praia, logo os prendiam com as suas fazendas. De noite, vinham em batéis ao navio, que tomavam, matando o capitão, os seus oficiais e os mercadores. Os mandarins dividiam entre si os despojos das naus e as mercadorias, registando uma muito pequena parte do saque (10) para o imperador, como se fora espólio de corsários, e roubavam 300. E livram-se de testemunhas: São mortos 23 portugueses.
OS CATIVOS NA CHINA
1522-1532 – São 30 anos após a expulsão dos portugueses, mas os chineses das costas recorrem ao contrabando, em Liampó, Sanchão e Lampacau, pois já não conseguem passar sem o comércio com os estrangeiros.
1522 – Chega a Tamão uma nova frota comandada por (Martim) Afonso Melo Coutinho, para estabelecer relações de amizade com os chins e pedir para fazer uma fortaleza. Há uma nova batalha naval. Traz cerca de 300 homens. Os chineses capturam dois navios e 42 inimigos muitos dos quais foram mortos
1524 – Cartas de Cristóvão Vieira e de Vasco Calvo – acham que só seriam libertados se a armada portuguesa atacasse Cantão e se assenhoreasse de toda província. Calvo escreveu ao capitão-mor e ao Governador um plano bem esmiuçado para uma fácil conquista.
1540-1544 – Pirataria de FMP com António de Faria, perseguindo Coja Acém. Têm base em Liampó. Peregrinação:
Cap. 65 – Com António Faria, num assalto a Nouday (?), em combate com o Mandarim (com 600 homens) o qual estaua encima de hum bom cauallo, com hũas couraças de veludo roxo de crauação dourada do tempo antigo, as quais despois soubemos que foraõ de hum Tomè Pirez que el Rey dom Manoel da gloriosa memoria mandara por Embaixador à China, na nao de Fernão Perez Dandrade, gouernando o estado da India Lopo Soarez Dalbergaria
Cap. 70 – Na povoação de portugueses em Liampó, o pirata António de Faria é recebido como um herói por Mateus de Brito e Lançarote Pereira, 2 dos principais chefes, por terem morto o corsário Coja Acem.
Cap. 75-77 (1542?) - Assalto a Calempluy (Putuo Shan, isto é Monte Putuo), uma ilha diante de Ningbo, a sul da Baía de Hangzhou, à entrada do Grande Canal. Um dos mais sagrados lugares de culto budista, consagrados à deusa Guanyin protectora contra os perigos dos mares, com 360 templos com os túmulos dos reis e divindades. Fracassam e fogem perseguidos.
Cap. 79 - 5 de Agosto, 2ª feira - Sofrem uma terrível tempestade, o junco de António Faria desaparece e o de Pinto afunda-se nas costas de Nanquim.
Cap. 80 – Peregrinação na China: Salvam-se 14 portugueses e 4 moços cristãos pardos. Vão esmolando de terra em terra, ficando reduzidos a 9 portugueses. Presos em Nanquim são levados de barco de para Pequim.
Cap 90. Ao longo do rio encontram o mausoléu do embaixador do rei de Malaca (estaria na China entre 1512-15). Um monumento com 4 colunas de pedra, coruchéu de azulejos de porcelana pretos e brancos; tinha 7 pelouros portugueses e um letreiro em letras douradas: Aqui jaz Tuão (Tun) Hasan Mudelyar, tio do rei de Malaca, a quem a morte levou antes que Deus o vingasse do capitão Albuquerque, leão dos roubos do mar.
Cap. 91 - Encontram uma filha de Tomé Pires com uma comunidade de cristãos, quando pedem esmola e contam a sua história de mercadores ricos que naufragaram perdendo tudo na baía de Nanquim.
Cap. 100 – Chegam à cidade de Pequim e são metidos no tronco, ajudados pelos tanigores vão a julgamento e safam-se da acusação de pirataria e da pena de morte.
Cap. 115 – Levados para Quansy a comprir o degredo e trabalhos forçados na muralha e do castigo por andarem à pancada.
Cap. 116 – Encontro com Vasco Calvo em Quansy.
Cap. 117 – Aos oito meses e meio de cativeiro, um capitão tártaro invade Quansy com as suas tropas e leva os prisioneiros portugueses. Desafio de Jorge Mendes de conquistar o castelo.
Cap. 123 – Fim da aventura com os Tártaros e com a China. Jorge Mendes fica com Alta Khan.
O MISTÉRIO DOS JUNCOS:
1547-49 – O vice-rei Zhuhuan armou uma frota para desencorajar os estrangeiros e o contrabando. É o período mais duro. Apesar de acossados e de terem de travar batalha, em 1548, ainda a frota de Diogo Pereira faz contrabando de noite graças à corrupção dos funcionários (loutias) e porque navegavam com chusmas chinesas (de corsários). Porém, em 1549, como ainda não tinham vendido nem comprado toda a fazenda e têm dificuldade em obter alimentos, Diogo Pereira parte com a frota para a Índia, mandando passar toda a carga das mercadorias para dois juncos chineses, que vão ficar na veniaga, comandados por Galiote Pereira e Fernão Borges. São denunciados por gente da terra à armada chim, de que havia muita fazenda e são atacados no sul da província de Fujian, os juncos são tomados. São presos, entre outros, Afonso Ramiro (esp), Galiote Pereira, Mateus de Brito, Amaro Pereira, conduzidos a Fucheu. Chamam aos portugueses Diabos Bárbaros ou só Bárbaros. Armam-lhes uma cilada fingindo provocá-los com armas em terra, enquanto a armada chim os vigia escondida, os portugueses caem na esparrela e vêm a terra combater, a armada apanha os juncos desguarnecidos e mata os portugueses que estão dentro e muitos chineses. Quis o capitão-mor chinês ter maior glória, além da captura dos juncos, e vestiu quatro portugueses com roupões e gorras para os fazer passar por reis de Malaca. Para não ser apanhado em mentiras matou os chineses das chusmas com as famílias. Em 1553, Galiote Pereira consegue fugir para Sanchoão e escreve o seu Tratado publicado só em 1563, tendo grande divulgação graças à tradução italiana. Antecede o tratado de Frei Gaspar da Cruz que o utiliza. É a visão da China perfeita, da terra melhor regida que pode haver no mundo.
OS JESUÍTAS
1552 – Morre Francisco Xavier, em Sanchão.
1554 – Carta de Fernão Mendes Pinto ou de Mateus de Brito (preso em 1549 e libertado em Cantão em 1555, resgatado pelo Padre Melchior Nunes Barreto, por uma grossa soma, segundo conta em Macau o próprio Fernão Mendes Pinto. Francisco Xavier compila os documentos sobre a China.
1554 – Desde esta data, graças ao acordo do capitão Leonel de Sousa os portugueses passam a pagar tributos à China, as relações comerciais em Cantão passam a correr sem problema.
1556-1570 – O dominicano Frei Gaspar da Cruz, chega a Cantão, depois de ter estado no Cambodja para evangelizar em vão. Volta para Portugal em 1569, onde morre de peste, em 1570, o ano em que é publicado o seu Tratado em que se contam muito por extenso as cousas da China. Com 29 capítulos, é considerado o primeiro livro impresso na Europa inteiramente dedicado à China, porque já havia relatos anteriores, mas dentro das crónicas e histórias sobre o Oriente. Ele fala do que viu em Cantão e do quem leu no compêndio do fidalgo cativo Galiote Pereira que andou pela terra dentro. O seu Tratado foi incorporado na famosa Historia de las Cosas Notables, de González Mendonza (Roma 1583), um dos best-sellers do século XVI.
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