Vou indignar muita gente, seguramente, com esta opinião, mas a minha própria indignação é mais forte do que o incómodo de ferir susceptibilidades.
Odeio autos-de-fé, mesmo que sejam a estátuas (como fazia a nossa Santa Inquisição quando as suas vítimas fugiam: na sua falta, queimavam um boneco em tamanho natural).
O assassínio de George Floyd, nos Estados Unidos da América, provocou uma imensa onda de indignação que se propagou solidariamente a muitos outros países, onde também existem racismo e discriminação, mais ou menos encapotados.
Infelizmente, e quase sempre, estes movimentos de indignação colectivos e globais, que começam com genuína boa-fé e generosidade, tendem a suscitar a histeria do politicamente correcto, que vem de mãos dadas com o fundamentalismo e a prepotência (apoiados na força do número de uma multidão exaltada, que pensa mais com o coração e as tripas do que com o cérebro), acabando por cair naquilo que é suposto serem contra - a violência, a destruição e a censura.
Sentimentos crus que levaram desde tempos imemoriais aos linchamentos e aos autos-de-fé "purificadores" das consciências, pelos que querem re-escrever a História, apagando do passado tudo o que lhes ofende a sensibilidade ou a causa que defendem.
Indigna-me que se censurem, proíbam e destruam estátuas, livros, monumentos e agora até filmes, que são obras-primas e testemunhos de um passado colectivo, que deviam permanecer como memórias de tudo aquilo que não devia voltar a acontecer (e que se repete, afinal, ao longo dos séculos), que nos permitem tirar lições e ilações, se não estivermos cegos pela ignorância e pela febre das redes sociais.
Os nazis começaram por fazer fogueiras e queimar tudo o que era, na sua opinião enquanto raça superior, "a cultura decadente do Ocidente", depois passaram a meter os seus autores em guetos e campos de extermínio.
Ainda há bem pouco tempo o mundo se indignou contra os jihadistas do Daesh que destruíram os Budas gigantes do Afeganistão e os monumentos de Palmira, que degolam os americanos e fazem "limpeza" aos que não são da sua fé.
Vejo agora, na América, e em alguns países da Europa, o mesmo histerismo prosélito de grupos a vandalizarem monumentos, a derrubarem estátuas e a lançarem-nas ao rio.
Senti o mesmo calafrio! Gente que não sabe conhecer o aceitar seu passado, com os seus defeitos e virtudes, estudá-lo e contextualizá-lo, preferindo destruí-lo e apagá-lo, é pouco mais do que um bárbaro ignorante. Esquece-se que qualquer movimento que pense o contrário, vindo a cavalo noutra grande ideia, fará o mesmo auto-de-fé às suas ideias e convicções.
Indigna-me, sobretudo, que as instituições académicas e culturais se acobardem com a censura destes novos inquisidores.
Agora, até o grande clássico, de todos os tempos do Cinema, "E tudo o Vento levou", também está proscrito? Para quando as fogueiras de livros nas praças públicas?
Mutiladas as estátuas de Colombo e de outras personagens históricas, nos EUA (irão renegar os pais fundadores da nação, que tinham plantações com escravos?).
Isto é também um vírus e não se cura com o confinamento, nem com a vacina, só com Estudo e Cultura.
11/06/2020
10/06/2020
Pêro da Covilhã, herói de um Romance Histórico de Cavalaria
"O Espião de D. João II" ou Como recriar a vida e viagens de Pêro da Covilhã
Personagem incontornável no dealbar do Renascimento europeu, Pêro da Covilhã foi, durante séculos, praticamente desconhecido dos portugueses.Era um misto de James Bond e Indiana Jones português, mas de existência real, que levou a cabo duas das mais desejadas empresas do seu tempo: descobrir um caminho, por terra para a Índia das especiarias e achar o encoberto reino do Preste João, uma demanda que só tem paralelo na busca do Graal, pelos Cavaleiros do Rei Artur.
PORTUGU esses
NÃO SE DEVE COMPARAR MARTIN LUTHER KING COM GEORGE FLOYD
Ninguém, incluindo assassinos e criminosos da pior espécie, deve ser morto, linchado ou mesmo condenado sem julgamento, muito menos às mãos da polícia que deve proteger TODOS os cidadãos, mesmo os que cometem crimes graves.
O que eu considero um erro, nesta luta seríssima contra o racismo, é meterem no mesmo saco o grande activista dos direitos dos negros, Martin Luther King, e um criminoso reincidente como George Floyd (um dos seus crimes foi o assalto com arma de fogo a uma mulher, que ia com o filho, uma criança).
Indignarmo-nos com a sua morte é uma coisa, transformá-lo num herói mundial, com cerimónias e romarias de homenagens ao seu caixão é outra: tira o valor e propósito à causa dos direitos dos negros.
A morte de George Floyd foi um acto de grande barbárie, infelizmente muito frequente na América e levantou grandes manifestações contra o racismo que já deviam ter acontecido nas outras ocasiões, forçando a uma nova legislação e regulação das polícias. E eu respeito a dor da sua família.
Eu nasci nos EUA, tenho dupla nacionalidade - americana e portuguesa -. mas, em vez de voltar para junto do meu pai, nesse país que era uma espécie de «El Dourado» para muitos portugueses, escolhi ficar por cá, porque me repugnava a mentalidade americana, esse racismo violento e visceral dos brancos contra os negros (e não só), aos quais na minha juventude ainda eram negados todos os direitos, havendo mesmo um apartheid em tudo semelhante ao da África do Sul, porque, para os brancos, os negros não passavam de descendentes dos seus escravos e, portanto, eram inferiores.
Toda a minha vida defendi os direitos das minorias, dos injustiçados, do perseguidos, e Martin Luther King (assim como outros activistas negros) foi um dos meus heróis, cuja morte chorei. A sua vida e morte fizeram diferenças, mas pouco mudaram na mentalidade da América profunda, aquela que venera Trump, ou na atitude criminosa e racista da polícia contra os negros, matando gente inocente com toda a impunidade.
Mas, terá o ladrão George Flyd, nos nossos dias de redes sociais e veneração dos "famosos" de pacotilha, mais valor do que Martin Luther King?Lamento, se assim for.
O que eu considero um erro, nesta luta seríssima contra o racismo, é meterem no mesmo saco o grande activista dos direitos dos negros, Martin Luther King, e um criminoso reincidente como George Floyd (um dos seus crimes foi o assalto com arma de fogo a uma mulher, que ia com o filho, uma criança).
Indignarmo-nos com a sua morte é uma coisa, transformá-lo num herói mundial, com cerimónias e romarias de homenagens ao seu caixão é outra: tira o valor e propósito à causa dos direitos dos negros.
A morte de George Floyd foi um acto de grande barbárie, infelizmente muito frequente na América e levantou grandes manifestações contra o racismo que já deviam ter acontecido nas outras ocasiões, forçando a uma nova legislação e regulação das polícias. E eu respeito a dor da sua família.
Eu nasci nos EUA, tenho dupla nacionalidade - americana e portuguesa -. mas, em vez de voltar para junto do meu pai, nesse país que era uma espécie de «El Dourado» para muitos portugueses, escolhi ficar por cá, porque me repugnava a mentalidade americana, esse racismo violento e visceral dos brancos contra os negros (e não só), aos quais na minha juventude ainda eram negados todos os direitos, havendo mesmo um apartheid em tudo semelhante ao da África do Sul, porque, para os brancos, os negros não passavam de descendentes dos seus escravos e, portanto, eram inferiores.
Toda a minha vida defendi os direitos das minorias, dos injustiçados, do perseguidos, e Martin Luther King (assim como outros activistas negros) foi um dos meus heróis, cuja morte chorei. A sua vida e morte fizeram diferenças, mas pouco mudaram na mentalidade da América profunda, aquela que venera Trump, ou na atitude criminosa e racista da polícia contra os negros, matando gente inocente com toda a impunidade.
Mas, terá o ladrão George Flyd, nos nossos dias de redes sociais e veneração dos "famosos" de pacotilha, mais valor do que Martin Luther King?Lamento, se assim for.
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