03/05/2010

A Feira do Livro e os meus Leitores

É bom estar na Feira do Livro a assinar autógrafos! Mas melhor ainda é a conversa com os leitores, mais ou menos longa conforme a bicha (adoro esta palavra tão nossa, em vez da politicamente correcta "fila", introduzida à pressão como o desgraçado acordo ortográfico que os "interesses" inventaram) dos que esperam pela minha atenção é maior ou menor.

Por isso li com espanto, em mais de um blogue, as queixas de leitores por alguns autores, durante as sessões de autógrafos, mostrarem cara ou atitude de quem estava a "fazer um frete"! Se não for por outra qualquer razão pessoal, doença ou incómodo, essa aparente má vontade, se é de facto sintoma de uma penosa "obrigação", parece-me algo absurdo e em completa contradição com aquilo que deve ser a própria natureza do escritor, ou seja, o prazer e a necessidade de comunicar com o leitor.
Pelo menos aqueles que não são mediáticos, como os pivots de TV, jornalistas, políticos, "estrelas" que têm visibilidade e promoção garantida nos media, os que são apenas e visceralmente escritores de obras literárias.

Quanto a mim, no passado Sábado, estive nas minhas-sete-quintas! Perfeitamente realizada e feliz, num dia glorioso, a falar com alguns conhecidos e inúmeros desconhecidos sobre os nossos heróis e a nossa História. Creio que os leitores se divertiram também, porque várias vezes rompemos às gargalhadas como, por exemplo, quando me apareceu o Sr. Deus (disse-lhe que há quase 65 anos esperava em vão que me falasse e tinha-o agora ali, na feira do livro e ele não partiu sem me dar a bênção), a senhora espanhola que queria oferecer o livro a uma compatriota, a nova leitora que me queria conhecer ou o abençoado fã que lera todos os meus anteriores livros e gostara! Ou ainda antigos alunos (antes meninos, hoje pais e mães de família e profissionais competentes com a vida cheia) a quem deixei boas recordações e, segundo me dizem, propaguei esse mesmo amor pela nossa cultura!

Que afagos para o ego de alguém que tem realmente a paixão da escrita e que procura passá-la aos que a lêem! Ainda agora, depois de muitos milhares de livros vendidos, quando vejo alguém com uma das minhas obras nas mãos, sinto a mesma profunda emoção que experimentei a primeira vez que vi numa livraria o "Uraçá" (a obra com que me iniciei nestas lides do romance histórico). E, sobretudo sentirei sempre uma enorme gratidão por todos os que têm prazer em me ler, porque eu sou a minha escrita e a minha escrita é a minha alma.

No dia 13 e no dia 15, estarei de novo na Feira do Livro para conversar. Não precisam de comprar o livro, basta-me o convívio (o meu editor que me desculpe).

Bem hajam pela visita no 1º de Maio!

2 comentários:

Kok disse...

De passagem para lhe reafirmar o que disse no meu blog:
Que foi um imenso prazer conhecê-la e o termos falado durante aqueles instantes, enquanto me autografava um livro.


Nota: como "foi parar" ao meu blog? fiquei curioso...

DEANA BARROQUEIRO disse...

Obrigada, de novo. Como cheguei ao sei blogue? Faço questão de conhecer os meus leitores, por isso, de vez em quando pesquiso o meu nome na internet e, sempre que vejo qualquer referência aos meus livros, procuro agradecer ao autor ou comentar algum post. Para mim, que não sou mediática, têm sido os internautas que gostam da minha escrita quem melhor me divulga.
Por isso, mais uma vez obrigada.
Só desejo que goste do romance.

Um beijo