01/06/2011

A grosseria de Vasco Graça Moura

A propósito de um artigo de Vasco Graça Moura, publicado com o título “Um não-país”, no Diário de Notícias, do dia 18 de Maio, que me indignou e me entristeceu.

Os discursos e debates das figuras políticas têm-se pautado pela má educação e grosseria, por vezes boçal, com que se insultam. Outras figuras públicas fazem o mesmo, em vez de recorrerem ao argumento enquanto exercício de inteligência e manifestação de um espírito elevado e com princípios.

Assisto arrepiada à degradação de certas elites, que cultivam as aparências, mas quando abrem a boca, mostram a vulgaridade de seres primitivos, movidos pelos instintos da cobiça e da agressividade. As figuras no poleiro do poder e as diferentes coortes que os rodeiam ou gravitam em esferas próximas, na esperança de se empoleirarem também, não servem de exemplo ao povo ou a juventude que criticam.

De Vasco Graça Moura esperava outra atitude. Aprecio a sua poesia e tenho aplaudido as suas intervenções no domínio da Cultura, como a defesa do património ou a rejeição do Acordo Ortográfico. Porém, é inaceitável e indigna-me profundamente que o escritor escreva artigos de opinião de foro político e use um jornal como uma tribuna pública para insultar grosseiramente os cidadãos que votaram ou vão votar PS (em oposição ao PSD).

Não votei PS nas anteriores eleições, portanto nem enfiei a carapuça, mas repugna-me a atitude do autor e também o facto de que, num jornal de referência como o DN, se use o insulto soez que é próprio dos blogues anónimos. Assim, para Vasco Graça Moura, os cidadãos portugueses são (e passo a citá-lo): “lorpas”, “lorpas contumazes”, “canalha analfabeta e irresponsável do costume”, “a piolheira mais ignóbil”, “a repugnante bronquidão previsível no eleitorado”.

Talvez este artigo seja uma boa recomendação para Vasco Graça Moura conseguir a pasta de Ministro da Educação ou da Cultura, quando o PSD for governo (e se, afinal, não extinguir a última, como prometeu). A mim, incomodou-me pela baixeza do ataque e quase me decidiu a votar PS nas próximas eleições.

Somos realmente um Não País, nisto Vasco Graça Moura tem razão, quando os que deviam servir de farol e ser exemplo de elegância intelectual, preferem espojar-se na lama.

Deana Barroqueiro

1 comentário:

Anónimo disse...

Há muito tempo que deixei ler os comentários deste senhor de tão sectários e sem nível.
Por arrastamento, também não é Autor que me cative...

Jorge Gonçalves