31/10/2012

Agenda de Novembro


Sessões de apresentação

O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto 
ou a Saga dos Portugueses no Oriente

Murtosa – 17 de Novembro, 21.30
Salão nobre da Câmara Municipal
Largo do Município, n.º 1
3870 Murtosa
Deana Barroqueiro, apresenta o livro, conversa com os leitores e entrega prémios literários, a convite da Câmara Municipal

Aveiro – 18 de Novembro, 17.30
Livraria Bertrand /Fórum
Rua Batalhão de Caçadores, 10
3810-064 Aveiro
Apresentação por Deana Barroqueiro e Celso Santos, com tertúlia sobre o tema.

Lisboa – 20 de Novembro, 18.30
Fnac Chiado
Rua do Carmo 2
1200-094 Lisboa
Deana Barroqueiro apresenta o seu romance e conversa com os leitores.

25/10/2012

Uma análise concisa sobre a obra de Deana Barroqueiro

Há dias felizes na vida de um autor. Ultimamente tenho tido alguns. Como o lançamento do meu novo romance ou o artigo escrito, a este propósito, no blogue Satanhoco, de que é autor Alexandre A. Ferreira, escritor e ensaista, autor da obra "Moçambique 1489-1975", um dicionário e resenha política, geográfica e histórica de Moçambique.

O autor faz uma brilhante apresentação da tipologia do romance histórico, como introdução a uma aprofundada análise literária da minha obra, até ao último romance, O Corsário dos Sete Mares.

Publicado em 23/10/2012.

 
Uma análise concisa sobre a obra de Deana Barroqueiro

No findar do dia de ontem Deana Barroqueiro alvorou, “urbi et orbi”, o seu mais recente rebento literário, um romance histórico com o título de “O corsário dos sete mares”, cuja narrativa aborda a aventura que foi a vida de Fernão Mendes Pinto, enquanto peregrino derivante no Oriente. Momento de ouro da nossa vida cultural, tal evento teve cabimento num belíssimo monumento – o Padrão dos Descobrimentos – e, como oradores da sapiência quer da obra quer da Autora, duas personalidades que cuidaram de não terem deixado os seus créditos em mãos alheias – Marçal Grilo e Miguel Real.

Após leitura nocturna deste seu último filho literário decidi-me a prestar a minha singela e anónima homenagem à Escritora em causa, que publicamente consagro como uma das aquilatadas na nossa lusitana ágora se bem que, no pleno da minha consciência, reconheça que esta minha consagração não transporta nenhuma mais valia à referida Autora.

A) – Do romance histórico: (1)

Numa breve nótula introdutória sumulo que é pacífico e encontra-se assente que o género literário “romance” subdivide-se em diversos subgéneros, tais como ficção científica, policial, aventuras, amor, biográfico e, também, o histórico, entre outros.

Sendo o romance, na generalidade dos seus subgéneros, uma narrativa descritiva consoante a aptidão e imaginação do Autor (2), detendo este o livre arbítrio de decidir o que fazer com as suas personagens que cria consoante a necessidade de encapotar e encorpar a narrativa, já o subgénero “histórico” traz algumas limitações ao Autor, pois este tem que se cingir a determinados eventos históricos que ocorreram numa determinada época, não podendo escapulir-se dos mesmos.

Ver o resto do artigo no blogue Satanhoco

22/10/2012

O Corsário dos Sete Mares de Deana Barroqueiro


Para os amigos que não puderem estar comigo amanhã, dia 23, no Padrão dos Descobrimentos, em Belém, aqui fica o vídeo de apresentação do romance:

20/10/2012

Lembrete do Lançamento...

Para os amigos que já não se lembram do dia, hora e local do lançamento, aqui fica de novo o convite: No Padrão dos Descobrimentos, na próxima 3ª feira, dia 23 de Outubro, às 18.30 h. Lá vos espero, com imensíssimo prazer. A entrada é livre, não se fizeram convites em papel, só de e-mail.

Tito Couto recomenda O Corsário dos Sete Mares.wmv



No Porto Canal, Tito Couto, na sua rubrica Muito Mais Que Livros, de 19 de Outubro, em conversa com Maria Cerqueira Gomes, recomenda a leitura do romance O Corsário dos Sete Mares, de Deana Barroqueiro.

19/10/2012

(HD 720p) Theme From "The Legend of Suriyothai" (Parts 1 & 2 Combined)



Mencionei já várias mulheres que são personagens reais do meu romance, algumas das quais tiveram repercussões durante séculos no Ocidente, até aos nossos dias.
No 7º Mar do meu romance O Corsário dos Sete Mares - Mar de Andaman -
podemos ver parte da história que serve de guião ao filme tailandês The Legend of Suriyothai (A Lenda de Suriyothai), encomendado e financiado pela rainha Sirikit ao realizador Chatricharlem (2001), com uma versão de Francis Ford Coppola. O guião foi baseado na Peregrinação de Fernão Mendes Pinto e num relatório de Domingos de Seixas a el-rei D. Manuel. No 7º e último mar, de Andaman, esta história é narrada por outra personagem feminina rival de Suriyothai, a não menos ambiciosa Sri Sudachan. Este vídeo mostra com enorme fidelidade o ambiente das cortes do Sião, as suas guerras, costumes, trajos, armas, etc. Sobre o filme ver:
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Legend_of_Suriyothai

II - O Cerco de Diu


Ainda no 2º Mar (Arábia e Malabar), a Fortaleza de Diu sofre dois terríveis cercos e protagoniza dois dos episódios mais heróicos e sofridos peas gentes portuguesas: Por imperativos de economia narrativa e de acordo com a sua importância em relação a Fernão Mendes Pinto, dedico mais tempo ao primeiro (1538-39) do que ao segundo (1546). Nele se destaca outra misteriosa mulher, cognominada A Marquesa, de passado nebuloso mas apaixonante. Apesar do silêncio e do desprezo a que as votavam os cronistas e outros escritores e governantes, algumas mulheres lograram romper a muralha do esquecimento, para se mostrarem tão fortes e heróicas como os homens. A Marquesa, tal como Iria Pereira, é um bom exemplo desta multidão silenciada e corajosa.
Aqui tendes a planta da Fortaleza de Diu, do "Livro das Plantas de todas as fortalezas, cidades e povoaçoens do Estado da Índia Oriental", de António Bocarro.
Ver mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Fortaleza_de_Diu

II - Mar da Arábia e Malabar

 
No 2º dos 7 mares do meu "Corsário" _ Mar da Arábia e Malabar _, os capítulos distribuem-se por 3 lugares: Cochim, Diu e Goa. Na fortaleza de Cochim, além de alguns conhecidos heróis e meliantes da nossa História, temos uma heroína quase desconhecida - Iria Pereira, a primeira Portuguesa a pisar terras da Índia. É ela que vai mostrar as dificuldades com que Afonso de Albuquerque se deparou na Índia, lutando não só contra os muçulmanos, mas também contra os invejosos portugueses, seus inimigos. Iria Pereira, entre outras coisas, ensina a fazer uns biscoitos, que os leitores podem experimentar. Aqui vos deixo a planta da fortaleza de Cochim, do "Livro das Plantas de todas as fortalezas, cidades e povoaçoens do Estado da Índia Oriental", de António Bocarro.
Fortificação portuguesa localizada em Cochim, na costa do Malabar, no sudoeste da índia. Conquistada em 1503, por D. Francisco de Almeida, primeiro Vice-rei da índia, que inicia, em 26 de setemb...
ro do mesmo ano, a primeira fortificação portuguesa na índia: o Castelo Manuel. Esta fortificação, que substitui a primeira paliçada de madeira que protegia a feitoria portuguesa erguida em 1501 por Pedro Álvares Cabral, foi construída por D. Afonso de Albuquerque, segundo Vice-rei da índia. Ela é bem visível no lado esquerdo da ilha, tendo à frente a Sé e a igreja de São Francisco, única estrutura que subsiste até nossos dias. É atacada por uma armada de Calecute e defendida por Duarte Pacheco em 1504. Dois anos depois (03/mar/1506), sob as ordens de D. Francisco de Almeida, inicia-se a sua reconstrução em pedra e cal. Essa pequena estrutura tornar-se-ia a residência dos Capitães, ao passo que a cidade de Cochim de Baixo, onde residia a colônia portuguesa, receberia muralhas e baluartes em seu perímetro. A muralha que a envolvia foi erguida em diferentes épocas desde 1530.

Retoma-se o Mito do Preste João


Na 1ª parte do meu romance O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto, o Mar Roxo, pude voltar a um tema fascinante da nossa História, que havia tratado em O Espião de D. João II, quando Pêro da Covilhã descobre o tão desejado e encoberto Reino do Preste João. Um Imperador cristão em pleno coração do continente africano, que toda a Cristandade buscava descobrir em vão há mais de 200 anos, a fim de fazer frente à influência árabe e turca no Oriente. Para quem não leu o romance anterior, pode ver aqui um pouco da história do mito.
 
Origens do mito
O mito do Rei do Mundo tem raízes na expansão do cristianismo nos primeiros séculos nas longínquas terras do Sul e do Oriente e as comunidades cristãs posteriores, nestorianas e jacobitas:
. Os antigos membros da igreja de Edessa, expulsos a seguir à condenação de Nestorius no Concílio de Éfeso, espalharam-se pelo Oriente, fixando-se na Arábia, Pérsia, Índias, Tartária  e China.
. O apóstolo S. Tomé que pregou na Índia e criou numerosas comunidades de cristãos.
. A tradição popular à volta da notícia da existência do príncipe cristão, apoiada na memória do antigo Presbyteros Johannes, de Éfeso, confundido com o apóstolo S. João Evangelista, que não teria morrido, eternamente à espera da segunda vinda de Cristo e do Reino de Deus na Terra.
. O apóstolo S. Mateus que evangelizou o Alto Egipto e a Etiópia.
. O eunuco baptizado, que converteu ao cristianismo a rainha Candacia de Meroe e Etiópia.
. As cópias de uma carta, supostamente escrita pelo rei sacerdote, dirigidas ao papa Alexandre III, aos imperadores do Oriente, Manuel I Comeno, e do Ocidente, Frederico Barba Roxa, aos reis Luís VII de França e mesmo D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal. A carta descrevia o imenso império do Presbítero João que reinava sobre as três Índias e várias outras nações, como as dez tribos perdidas de Israel, tendo ainda setenta reis tributários. O seu exército trazia por insígnias dez cruzes de ouro e pedraria, cada uma com dez mil homens de cavalo e cem mil a pé. Outras descrições fantásticas enchiam as numerosas páginas da missiva. Sendo falsa (forjada na Europa por algum aventureiro literário ou por padres que queriam animar a fé dos cristãos, em tempos de dominação e conquista muçulmana), a carta foi considerada verdadeira e a lenda passou de vago boato a realidade comprovada.

Cronologia da busca do Preste João pelos Portugueses
1486 – D. João II enviou Bartolomeu Dias para a costa de África em demanda doa passagem para o Índico, com negros e negras para lançar nas terras descobertas para saber notícias do Preste.
1487 – D. João II despachou por terra Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva, com recomendações para a busca de “um príncipe que se chamava Preste João”.
1494 – Pêro da Covilhã descobriu na Etiópia um Preste João: Eskender, o Negusa Nagast ou Rei dos Reis.
1495 – Morte de D. João II e subida ao trono de D. Manuel I. Preparação da expedição de descoberta de uma derrota para as Índias.
1500 – No mapa de Juan de la Cosa, o Preste da Etiópia é branco.
1514 – Chegou a Lisboa Mateus, o emissário da rainha Helena da Etiópia (por influência de Pêro da Covilhã), que foi muito bem recebido por D. Manuel.
1515 – D. Manuel enviou Duarte Galvão como embaixador ao Preste com um sumptuoso presente. Houve desentendimentos entre o Governador Lopo Soares de Albergaria, o embaixador português e o abexim Mateus. A expedição da armada ao Mar Vermelho (que deixaria a delegação portuguesa nas terras do Preste) acabou em desastre. Duarte Galvão morreu, a embaixada não se concretizou e o presente de D. Manuel foi delapidado na Índia.
1520-1527 – O novo Governador, Diogo Lopes de Sequeira, improvisou uma embaixada para o Preste, escolhendo para embaixador D. Rodrigo de Lima. No início da viagem, morre o embaixador Mateus, enviado da rainha Eleni. A delegação portuguesa andou seis anos pela Etiópia e conviveu com Pêro da Covilhã, então, senhor de um grande feudo, quase um reino, casado com uma etíope e pai de numerosa prole. Iniciaram-se, assim, as relações oficiais de aliança entre os dois reinos.

NOTA NEGATIVA PARA O MUSEU DA MARINHA

NOTA NEGATIVA PARA O MUSEU DA MARINHA, cujos serviços administrativos pediram 5.500 euros pelo aluguer de uma sala (por 3/4 horas) para a apresentação de um livro. Extorsão ou estratégia para afastar "quem não é da casa", embora sejam financiados por todos os portugueses que pagam impostos?
Quando, para o lançamento do meu Corsário dos Sete Mares, a editora Casa das Letras/Leya procurava um lugar que tivesse ligação com o romance, pensou no Museu da Marinha, mas o aluguer da sala das galeotas (com poucas cadeiras e por poucas horas) custaria 5.500 euros!!! Como se pode justificar tamanha exorbitância, num país em crise, pobre em dinheiro e em Cultura, pedida por uma instituição paga pelos nossos impostos? Só pode ser uma estratégia para afas tar os que não pertençam ao seu "clube". O Padrão dos Descobrmentios, gerido pela Câmara, apresentou um pedido decente e eu poderei fechar nele o meu Ciclo dos Descobrimentos, ali iniciado com a apresentação de O Navegador da Passagem pelo Prof. Eduardo Marçal Grilo. Vale a pena ver esta Página sobre o Monumento, para se lembrarem das figuras que o compões:
http://www.pbase.com/diasdosreis/descobrimentos

Colectânea de escritores portugueses traduzidos (Bolonha)



Recebi hoje a colectânea de textos de escritores de Língua Portuguesa, traduzidos por formandos da Scuola Superiore per Interpreti e Traduttori da Universidade de Bolonha/Forli, orientados pela Professora Anabela Ferreira. Este trabalho pretende contribuir para o conhecimento da literatura portuguesa contemporânea em Itália.

Fui um dos autores escolhidos para a tradução, com os primeiros capítulos do meu romance O Navegador da Passagem e confesso-me emocionada com a tradução de Martina Diani, que soube compreender e transmitir na perfeição o espírito ou alma dos meus textos, pelo que lhe estou profundamente agradecida.

14/10/2012

Tese de Mestrado sobre O Romance da Bíblia

Poster da Iniciação Científica, na Semana do Conhecimento da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil), de Késia de Oliveira, sob a orientação da Prof. Dra. Lyslei Nascimento : "Reescrever o sagrado: mulheres e crimes em O Romance da Bíblia" de Deana Barroqueiro. Saiu este ano uma nova edição do mesmo romance com o título de "Tentação da Serpente".

Reescrever o sagrado:
mulheres e crimes em O romance da Bíblia,
de Deana Barroqueiro

 Késia Oliveira (Bolsista IC/CNPq)
Lyslei Nascimento (Orientadora)

 Resumo

Esta pesquisa visa estudar as estratégias de reescritura da narrativa bíblica na literatura a partir do conceito de crime. Para isso, serão estudados as noções de sagrado e profano, de acordo com Mircea Eliade, em uma possível relação com a intertextualidade. Nesse sentido, a apropriação de um texto sagrado, portanto, total e unívoco, como a Bíblia, pela literatura criaria desvios que podem provocar uma multiplicidade de vozes e a fragmentação ou a desconstrução de verdades absolutas. Deana Barroqueiro em O romance da Bíblia: um olhar feminino do Antigo Testamento, 2010, é uma das escritoras que, na contemporaneidade, ao reescrever episódios bíblicos, como o de Judite ou Ester, e conferir voz a personagens tradicionalmente silenciados, parece criar uma literatura em que alguns embates entre o sagrado e o profano são explorados. A metodologia desta investigação será bibliográfica com o estudo dos conceitos de intertextualidade e apropriação. Além disso, serão estudados as noções de sagrado e profano. A partir desse aparato teórico, objetiva-se elaborar uma leitura crítica de O romance da Bíblia, de Deana Barroqueiro.
Metodologia
 
A metodologia desta investigação será bibliográfica com o estudo dos conceitos de intertextualidade e apropriação. Além disso, serão estudados as noções de sagrado e profano. A partir desse aparato teórico, será feita uma leitura crítica de O romance da Bíblia, de Deana Barroqueiro.
                                               
    CARAVAGGIO, Michelangelo. Judith degola Holofernes. 1598.
Objetivos

- Estudo dos conceitos de intertextualidade e apropriação, a partir das noções de sagrado e profano;

- Leitura crítica de O romance da Bíblia, de Deana Barroqueiro.

 
Referências

_ A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. Trad. Euclides Martins et alii. São Paulo: Paulus, 2010. _ BARROQUEIRO, Deana. O romance da Bíblia: um olhar feminino do Antigo Testamento. Lisboa: Ésquilo, 2010. _ BUCHMANN, Christina; SPIEGEL, Celina (Org.). Fora do jardim: mulheres escrevem sobre a Bíblia. Tradução de Tania Penido. Rio de Janeiro: Imago, 1995. _ COMPAGNON, Antoine. O trabalho da citação. Trad. Cleonice Mourão. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996. _ ECO, Umberto. O sagrado não é uma moda. In: _____. Viagem na irrealidade cotidiana. Trad. Aurora F. Bernardini e Homero de Andrade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. p. 110-116. _ ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. Tradução de Rogério Fernandes. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. _ ROGERSON, John William. O livro de ouro da Bíblia: origens e mistérios do livro sagrado. Trad. Talita Rodrigues. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003. _ SANT'ANNA, Affonso Romano. Paródia, parafrase & cia. São Paulo: Ática, 1985.

Projeto de Pesquisa
Protocolos, evangelhos apócrifos e testamentos traídos: a literatura como crime

09/10/2012

Pré-apresentação aos Leitores



O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto só vai aparecer nas livrarias a partir do dia do lançamento, 23 de Outubro, 18.30 h., no Padrãos dos Descobrimentos. Contudo, está disponível em pré-venda nas livrarias on-line de 1 a 19 de Outubro.
Em modo de pré-apresentação deixo aqui a minha Carta aos Leitores que me serve de introdução ao romance:

A palavra deve ser vestida como uma deusa e elevar-se como um pássaro
(Provérbio Tibetano)

Caríssimo leitor/leitora

 Fernão Mendes Pinto é uma figura singular da nossa História e Literatura, tanto pela vida que viveu como pela sua obra Peregrinação. Foi também, como é frequente acontecer com os que mais contribuem para o conhecimento e valorização de Portugal, injustiçado e desacreditado pelos seus compatriotas, incapazes de apreciarem o valor do seu livro, publicado em 1614, trinta e um anos após a sua morte.

Nesse século XVII, a sua obra (de difícil leitura nos nossos tempos) teve uma enorme repercussão na Europa, com vinte edições em várias línguas, contribuindo para o conhecimento pelos europeus dos povos do Oriente, dos costumes e mentalidades de variadíssimas civilizações até então totalmente desconhecidas. Independentemente das imprecisões e erros cronológicos ou dos exageros e efabulações que contribuem para o fascínio da Literatura de Viagens, em que se insere a Peregrinação.

Posteriormente, nos finais do século XIX e também  no século XX, as opiniões dos críticos dividiram-se sobre a importância e o valor do autor e da sua obra. Os Portugueses seguindo, como é seu hábito, as vozes dos críticos ingleses – que se esforçam por enaltecer os seus heróis e apagar ou destruir os das outras nações que lhes foram rivais, em particular o Portugal dos Descobrimentos –, encarniçaram-se contra a “inveracidade” da sua narração.

           O galardão que lhe ofereceram pela singularidade do seu génio e pela sua obra única – sem comparação na Europa do seu tempo – foi o chiste que perdurou, denegrindo o seu nome e o seu trabalho: Fernão, Mentes? Minto.

No entanto, Fernão Mendes Pinto faz parte também da Literatura e História de países tão longínquos como Japão, Birmânia ou Tailândia, surgindo como um dos primeiros portugueses a tocar solo japonês e o noivo  do primeiro matrimónio de uma japonesa com um ocidental, um caso que servirá de suporte ao mito da Madame Butterfly, na tradição oral e escrita de cerca de quatrocentos anos; ou ainda como cronista quase único das guerras da Birmânia com o Sião, nos finais da década de 1540, que serviram de base para o impressionante filme histórico A Lenda de Suriyothai, de Chatrichalerm Yukol (2002) e Francis Ford Coppola (2003).

Figura polémica, ele pertence à galeria de personalidades marginalizadas ou injustamente ignoradas que tenho procurado reabilitar em benefício dos meus leitores, como Bartolomeu Dias e Diogo Cão em O Navegador da Passagem, Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva em O Espião de D. João II e tantos outros que os Portugueses esqueceram ou desconhecem ainda, substituídos no nosso tempo por “famosos” de vidas fugazes e vazias.

No entanto, hesitei sempre em escrever um romance sobre este anti-herói desmesurado, de quem pouco mais se sabe além daquilo que ele contou na sua Peregrinação, uma vida de contínuas viagens, aventuras e desastres que davam e sobejavam para outras sete vidas. Embora ninguém pudesse oferecer melhor exemplo e suporte para se  escrever a saga dos Portugueses no Oriente longínquo, parecia-me uma tarefa impossível romancear a vida de Fernão Mendes Pinto sem correr o risco de me colar à sua narrativa, fazendo uma paráfrase ou uma glosa da sua obra.

Como pretendo que cada um dos meus livros seja diferente dos anteriores, necessito de experimentar estruturas e processos narrativos distintos, para manter viva a chama da imaginação e da paixão da escrita que me faz sentir viva e me alimenta, no intuito de causar surpresa aos meus leitores, permitindo-me o prazer de um diálogo renovado a cada romance.

À dificuldade de conciliar as peregrinações de Fernão por inúmeros mares, ao som da aventura, para mais enredada nos erros de datas, lugares e acontecimentos (compreensíveis, por estar a contar tais sucessos quase trinta anos depois de os ter vivido),  com a saga dos Portugueses no Oriente – com que pretendo completar a narrativa dos Descobrimentos que venho fazendo ao longo das minhas obras –, acrescentei uma estrutura demasiado complexa de concretizar, mas que, por meio de múltiplas intertextualidades, me permitia alargar o conhecimento dos meus leitores, espicaçar-lhes a curiosidade e  diverti-los. Levando-os, numa viagem no Tempo e na pele das personagens, ao encontro de mundos antigos e de outros povos, tão diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes na sua humanidade. Daí a razão para cada capítulo começar por um provérbio e um texto da época retratada, português ou dos muitos países visitados e até imaginados, desde o Mar Roxo à Terra Australis, na busca incessante da mítica Ilha do Ouro.

A divisão do romance em sete mares, de acordo com as áreas geográficas por onde Fernão navegou, teve de jogar com mais de uma viagem ao mesmo lugar, feitas em épocas diferentes, intercaladas com as de outros mares que poderiam estar nos seus antípodas. Por isso a sua narradora, meu caro Leitor/Leitora, ousa guiá-lo algumas vezes por entre esses baixios e restingas para que chegue a bom porto, estabelecendo consigo um diálogo mais cúmplice e íntimo.

Recriando com fidelidade esses mundos de antanho, sempre através do olhar do visitante, maravilhado ou repugnado com o que via. Desta forma, certas atitudes, falas e pensamentos das personagens podem veicular mentalidades e comportamentos que, nos nossos dias, não podemos deixar de considerar preconceituosos ou mesmo racistas, mas que no tempo dos Descobrimentos traduziam o ponto de vista próprio do homem europeu, que se julgava o centro do mundo, dificilmente aceitando o Outro, de raça ou credo diferentes, como detentor de uma civilização e cultura distintas.

Procurei manter em Fernão Mendes Pinto, a personagem central do romance, essa característica picaresca, tão portuguesa, do andarilho aventureiro que, graças à sua esperteza e expediente (vulgo “desenrascanço”), consegue salvar-se das situações mais difíceis e perigosas e sobreviver. Contudo, ele é muito mais do que uma figura de comédia, a sua inteligência e curiosidade, a ânsia de conhecer o mundo, os sentimentos de piedade e generosidade, o seu espírito crítico, evidentes na sua obra, dão-lhe uma dimensão humana a que dificilmente se pode ficar indiferente.

Ele é também o pretexto para o encontro ou a evocação de outras histórias com “heróis” conhecidos ou anónimos, cuja grandeza e miséria, tão humanas, construíram o nosso Passado colectivo, criando os alicerces do nosso Presente e, de algum modo, marcando também o Futuro dos Portugueses.

Se o leitor chegar ao fim do romance com desejos de saber mais destas gentes e da sua saga no Oriente, será a minha maior recompensa pelos três anos de trabalho que me levou a fazê-lo. Oxalá…
 
Deana Barroqueiro

04/10/2012

Os Sete Mares do Corsário


A fim de dar aos Leitores uma ideia da estrutura do romance O Corsário dos Sete Mares, a Casa das Letras/Leya disponibilizou na sua Página on-line, em pré-publicação, o primeiro capítulo do o livro.
Ver AQUI.

Para situar os Leitores no espaço da acção, do Mar Roxo ao Mar do Japão, o romance tem logo no início, em dupla página, esta carta/mapa que achei inserida numa edição muito antiga das Décadas da Ásia de João de Barros. E, para cada uma das sete partes/mares em que se divide o livro, há o mapa correspondente (baseado no primeiro ou em outras cartas de marear coevas de Fernão Mendes Pinto.

02/10/2012

O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto

 
O  novo romance de Deana Barroqueiro

Fernão Mendes Pinto é o exemplo vivo do aventureiro português do Século XVI, que embarcava para o Oriente com o fito de enriquecer.

Curioso, inteligente, ardiloso e hábil, capaz de todas as manhas para sobreviver, vai tornar-se num homem dos sete ofícios, sendo embaixador, mercador, médico, mercenário, marinheiro, descobridor e corsário dos sete mares – Roxo, da Arábia, Samatra, China, Japão, Java e Sião – por onde, durante vinte anos, navegou e naufragou, ganhou e perdeu verdadeiros tesouros, fez-se senhor e escravo, amou e foi amado, temido e odiado.

Herói polémico e marginalizado, Fernão participa em campanhas de paz e guerra, da Etiópia à China, sendo também um dos primeiros portugueses a visitar o Japão, onde introduz os mosquetes ali desconhecidos e fica nas crónicas locais como o noivo do primeiro matrimónio de uma japonesa com um ocidental.

Através de Fernão Mendes Pinto e dos testemunhos das personagens com quem se cruza, na sua peregrinação pelo Oriente longínquo, a autora faz ainda a narrativa dos principais episódios da grande saga dos Descobrimentos Portugueses, como as conquistas de Goa e Malaca, o heróico cerco de Diu ou as campanhas do Preste João na Etiópia.

Em sete mares se divide o romance, por onde o leitor, na pele das personagens, fará uma intrigante viagem no Tempo, ao encontro de si próprio e de mundos e povos antigos, tão diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes, uma peregrinação na busca incessante de fortuna, encarnada na demanda da mítica Ilha do Ouro.