Neste mundo dos livros e leitores, há coisas que escapam completamente a um autor, como, por exemplo: Por que razão, um livro que achamos que vai ter sucesso - seja pelo assunto, seja pela personagem ou (também) porque foi uma obra a que demos mais tempo e mais trabalho, que consideramos a mais rica em conteúdos e ligações com outros temas, até por ter tido melhores críticas dos entendidos - acaba afinal por suscitar menos interesse aos leitores do que todas as nossas obras anteriores?
Para meu espanto, e com bastante pena minha, vejo que esse fenómeno parece estar a acontecer com o meu romance "O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto". Pensei que um livro que leva o leitor numa incrível viagem no tempo, por toda a Ásia dos Descobrimentos, haveria de despertar um interesse ainda maior do que o alcançadp pelas duas obras anteriores sobre o tema da Expansão Portuguesa. Com ele, eu dei por concluída a minha saga dos portugueses, fechando-a com chave de ouro, segura que depois dele, os meus leitores ficariam com um bom conhecimento deste período riquíssimo da nossa História.
Por isso escolhi para protagonista Fernão Mendes Pinto, um homem extraordináriao, injustamente tratado pela pelos críticos dos séculos posteriores ao da publicação da sua obra Peregrinação (que foi um bestseller no sec. XVII na Europa, com inúmeras edições em várias línguas).
Será possível que a rábula do «Fernão Mentes? Minto.», tão infame como injusta ( mas que é talvez a única coisa que a maioria dos portugueses ouviu sobre este aventureiro ), se tenha inscrito como um ferrete de eterno desprezo sobre o seu nome, apesar dos estudos actuais que o devolvem à dignidade e valor que merece?
Será por isso que este meu romance, que procurava dar-lhe visibilidade e fazer-lhe justiça, está a ter menos sucesso do que os outros? Por não gostarem da personagerm Fernão Mendes Pinto?
Se for, tenho uma grande mágoa, embora não lamente os quase 4 anos anos que levei a escrevê-lo. Fernão Mendes Pinto vale mesmo a pena e o esforço.
31/05/2015
19/05/2015
Feira do Livro 2015
Feira do Livro de Lisboa - Parque Eduardo VII
Estarei na Praça Leya - Casa das Letras, para conversar com os meus amigos leitores, nos seguintes dias:
- 30 de Maio, 18 horas
- 10 de Junho, 18 horas
Estar convosco, com pessoas que amam os livros e gostam de conversar sobre eles, é um dos grandes prazeres que a escrita me dá. Lá vos espero, com uma surpresa.
Estarei na Praça Leya - Casa das Letras, para conversar com os meus amigos leitores, nos seguintes dias:
- 30 de Maio, 18 horas
- 10 de Junho, 18 horas
Estar convosco, com pessoas que amam os livros e gostam de conversar sobre eles, é um dos grandes prazeres que a escrita me dá. Lá vos espero, com uma surpresa.
Entrevista no Jornal i
Entrevista à escritora Deana Barroqueiro, autora de «O ESPIÃO DE D. JOÃO II», na secção A Minha Estante Corre Mundo, Do «Jornal i».
Precisa de renovar o passaporte. Que livro
leva consigo para suportar a fila de espera?
Uma pequena monografia ou ensaio, de pesquisa para o meu
novo romance.
Qual o sítio mais estranho onde já
encontrou um livro seu?
Em Macau, o meu «Corsário
dos Sete Mares – Fernão Mendes Pinto»
Já perdeu/esqueceu-se de algum livro
durante uma das suas viagens? Se sim, qual e onde? Conseguiu recuperá-lo?
Durante um
cruzeiro ao Estreito de Magalhães, levei O Espião de D. João II, para fazer a
revisão e deixei-o no sofá da biblioteca do navio. Quando voltei para o
recuperar, tinha desaparecido. Havia muitos passageiros lusófonos, espero que
quem o levou tenha gostado do romance.
Vê uma pessoa a roubar um livro na
livraria de um aeroporto. Como reage?
Se for
jovem, peço-lhe discretamente que me permita oferecer-lhe o livro e pago-lho na
caixa. Se for adulto denuncio-o
Ao lado de que autor não se importava de
viajar até ao fim do mundo? Porquê?
De nenhum,
para uma viajem assim tão longa! Preferia dialogar com as suas obras, que são
aquilo que de melhor têm os escritores. Há livros fabulosos de autores que,
como seres humanos, são insuportáveis.
Se pudesse escolher apenas um
sítio/paisagem/país onde passaria o resto da vida a escrever, qual seria e
porquê?
Lisboa, Portugal,
que é onde estou, de facto, a passar o resto da minha vida a escrever. Tenho
dupla nacionalidade, mas nunca escolheria os E.U.A. para lugar do meu fim. Conheço
sítios preciosos, no mundo, mas por muito que a maltratem, Lisboa continua a
ser uma cidade belíssima, solarenga e marítima, onde cada rua, casa ou pedra
tem um passado e uma história para contar, e cujo horizonte verde-azul apela à
imaginação e sonho de viagens e aventuras.
Está no estrangeiro e decide enviar um
postal à sua editora. O que escreve?
«Descobri
um verdadeiro filão narrativo para um “best-seller”, mas preciso de seis meses de
pesquisa nos arquivos da cidade. A editora estaria interessada em patrocinar
este projecto?»
Qual a nacionalidade que melhor assenta a
um detective de um romance policial e porquê?
A inglesa,
da velha escola: Detectives fleumáticos, elegantes, sóbrios e de raciocínio
brilhante.
Imagine que no meio do nevoeiro de Londres
encontra uma das suas personagens. Que lhe diria ela?
«Que faço
eu aqui? Este tempo não é o meu! Que raio de escritor de romance histórico és
tu, se não logras recriar o meu mundo, com rigor e verosimilhança, para que eu
possa viver nele como se ele fora real e eu tão de carne e osso como tu?
Contextualiza-me ou apaga-me, ó aprendiz de feiticeiro!».
Passeia pelas ruas estreitas de Veneza
quando o confundem com um escritor que detesta. Como se comporta?
Com a maior naturalidade possível, tratarei de desenganar o leitor
e de me apresentar, dando-me a conhecer e à minha obra, de modo a que ele se
sinta na obrigação de fazer parte do meu clube de leitores
Em que livro saltou antecipadamente para a
última página para saber como acabava a história?
EM NENHUM! Nunca
o fiz, nem quando era menina-devoradora-de-livros. Se alguém me conta o fim de
um romance, já não o leio.
Em 140 caracteres, explique qual é o
enredo do livro que nunca escreverá.
Ascensão e queda de Político
I Girino: das Jotas partidárias a remora colada ao peixe maior que
parasita
II Polvo: predador que tudo devora
III Queda: nas malhas da rede
Deana Barroqueiro
04/05/2015
515º Aniversário do Achamento do Brasil
Foi precisamente há 15 anos que escrevi o meu primeiro romance, "Uraçá. o Índio Branco", para as comemorações do 5º centenário do descobrimento ou achamento do Brasil. Fascinada por este país, cuja Literatura e Cultura estudei durante anos, com paixão, o desafio não podia ser mais gratificante.
Este livro foi também o primeiro de uma colecção de sete romances de viagens e aventuras, com navegadores e exploradores portugueses - a Colecção Cruzeiro do Sul, publicada pela editora Livros Horizonte -, uma saga de personagens históricas eu pretendia dar a conhecer a um público jovem, de preferência universitário e dos últimos anos do ensino secundário.
Os nossos críticos pouca atenção lhes prestaram, ao contrário dos "lá de fora", de França, Itália, Estados Unidos da América e Canadá, que lhes deram o relevo de páginas centrais nos jornais mais lidos pelos portugueses da 1ª e 2ª gerações de emigrantes, e cujos professores os usaram nas aulas de Português das suas universidades.
Essa falta de interesse foi o "empurrão" que me levou a escrever para um público mais alargado, a partir do imenso material de pesquisa que tinha armazenado naqueles cinco anos de trabalho.
Tendo saído agora a nova edição de "O Espião de D. João II - Pêro da Covilhã", recordo aqui essa minha aventura de uma saga, à maneira do Emilio Salgari, com esta cuidadosa análise da crítica literária e grande senhora de cultura que é Maria Fernanda Pinto.
Este livro foi também o primeiro de uma colecção de sete romances de viagens e aventuras, com navegadores e exploradores portugueses - a Colecção Cruzeiro do Sul, publicada pela editora Livros Horizonte -, uma saga de personagens históricas eu pretendia dar a conhecer a um público jovem, de preferência universitário e dos últimos anos do ensino secundário.
Os nossos críticos pouca atenção lhes prestaram, ao contrário dos "lá de fora", de França, Itália, Estados Unidos da América e Canadá, que lhes deram o relevo de páginas centrais nos jornais mais lidos pelos portugueses da 1ª e 2ª gerações de emigrantes, e cujos professores os usaram nas aulas de Português das suas universidades.
Essa falta de interesse foi o "empurrão" que me levou a escrever para um público mais alargado, a partir do imenso material de pesquisa que tinha armazenado naqueles cinco anos de trabalho.
Tendo saído agora a nova edição de "O Espião de D. João II - Pêro da Covilhã", recordo aqui essa minha aventura de uma saga, à maneira do Emilio Salgari, com esta cuidadosa análise da crítica literária e grande senhora de cultura que é Maria Fernanda Pinto.
Deana Barroqueiro, ou a Arte de Contar
por Maria Fernanda Pinto, para o Jornal Encontro, Paris
A
arte de contar, não se aprende. É um
dom natural, nasce com a pessoa. Como
no velho Oriente, onde “contador
de histórias” era uma profissão
das mais respeitadas, à volta
do qual se reuniam todos aqueles
que queriam saber como foi o início
das eras, como tal coisa deu origem
a uma outra, e o porquê dos usos e
costumes que eles maquinalmente efectuavam
de geração em geração
sem
saber porquê.
Pela
voz, pela escrita, à medida que vão
contando, conseguem seduzir-nos
a imaginação levando-nos até nossa
adolescência, infância, e mesmo
a latitudes reais ou imaginárias
onde nunca pusemos os pés.
Deana Barroqueiro possui uma força
de expressão e uma elegância de
estilo dignos de nota, ao mesmo tempo
que mantém uma linguagem compreensível
a todos.
A
sua escrita é perfeita e colorida, descritiva
de uma maneira que nos transporta
para a época em questão, ficando
sempre com vontade de saber mais.
Já era tempo que se falasse da expansão
dos portugueses para além dos
mares, desta maneira. Já
não sonhávamos, desde a época de Stephan Zweig, Jules Vernes ou Emílio
Salgari que fizeram as delícias
das nossas infâncias.
Claro
que justamente as pessoas possuindo
este dom raro, porque é raro,
são sempre olhadas um pouco de
esguelha pelos “puros literatas”, que
chamam ao seu estilo, romance histórico.
Nem todos!
Nós
continuamos admiradores incondicionaisde
Júlio Dinis, Almeida Garrett, Deana
Barroqueiro e dos outros!
(...)
Deana Barroqueiro afirma-nos com muita convicção
“o que pretendo fazer é escrever
romances de aventuras com fundo histórico e
nunca biografias
históricas, se fosse isso, estes
meus livros tinham de ser vistos como
uma caricatura do romance histórico,
transformando os nossos aventureiros em heróis de ficção. E foi
exactamente isso que interessou as
editoras por este projecto. Foi
no fundo a sua “originalidade”, pegar nas
figuras intocáveis do nosso passado
histórico e transformá-las em Indiana Jones ou James Bond portugueses, contando
ao mesmo tempo o melhor
possível a sua história”.
Mas
é necessário especificar aqui, que
os mestres principais da autora, são
os próprios cronistas da época dos
Descobrimentos e que nesse campo, ela tem 15 anos de estudo e leu quase tudo o que tem sido publicado,
na sua maioria deportugueses,
entre os Séculos XV-XVII,
mas também de estrangeiros como
António Pigafetta, cujos textosprocura
dar a conhecer, como pano de fundo
dos seus romances.
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