Entrevista à escritora Deana Barroqueiro, autora de «O ESPIÃO DE D. JOÃO II», na secção A Minha Estante Corre Mundo, Do «Jornal i».
Precisa de renovar o passaporte. Que livro
leva consigo para suportar a fila de espera?
Uma pequena monografia ou ensaio, de pesquisa para o meu
novo romance.
Qual o sítio mais estranho onde já
encontrou um livro seu?
Em Macau, o meu «Corsário
dos Sete Mares – Fernão Mendes Pinto»
Já perdeu/esqueceu-se de algum livro
durante uma das suas viagens? Se sim, qual e onde? Conseguiu recuperá-lo?
Durante um
cruzeiro ao Estreito de Magalhães, levei O Espião de D. João II, para fazer a
revisão e deixei-o no sofá da biblioteca do navio. Quando voltei para o
recuperar, tinha desaparecido. Havia muitos passageiros lusófonos, espero que
quem o levou tenha gostado do romance.
Vê uma pessoa a roubar um livro na
livraria de um aeroporto. Como reage?
Se for
jovem, peço-lhe discretamente que me permita oferecer-lhe o livro e pago-lho na
caixa. Se for adulto denuncio-o
Ao lado de que autor não se importava de
viajar até ao fim do mundo? Porquê?
De nenhum,
para uma viajem assim tão longa! Preferia dialogar com as suas obras, que são
aquilo que de melhor têm os escritores. Há livros fabulosos de autores que,
como seres humanos, são insuportáveis.
Se pudesse escolher apenas um
sítio/paisagem/país onde passaria o resto da vida a escrever, qual seria e
porquê?
Lisboa, Portugal,
que é onde estou, de facto, a passar o resto da minha vida a escrever. Tenho
dupla nacionalidade, mas nunca escolheria os E.U.A. para lugar do meu fim. Conheço
sítios preciosos, no mundo, mas por muito que a maltratem, Lisboa continua a
ser uma cidade belíssima, solarenga e marítima, onde cada rua, casa ou pedra
tem um passado e uma história para contar, e cujo horizonte verde-azul apela à
imaginação e sonho de viagens e aventuras.
Está no estrangeiro e decide enviar um
postal à sua editora. O que escreve?
«Descobri
um verdadeiro filão narrativo para um “best-seller”, mas preciso de seis meses de
pesquisa nos arquivos da cidade. A editora estaria interessada em patrocinar
este projecto?»
Qual a nacionalidade que melhor assenta a
um detective de um romance policial e porquê?
A inglesa,
da velha escola: Detectives fleumáticos, elegantes, sóbrios e de raciocínio
brilhante.
Imagine que no meio do nevoeiro de Londres
encontra uma das suas personagens. Que lhe diria ela?
«Que faço
eu aqui? Este tempo não é o meu! Que raio de escritor de romance histórico és
tu, se não logras recriar o meu mundo, com rigor e verosimilhança, para que eu
possa viver nele como se ele fora real e eu tão de carne e osso como tu?
Contextualiza-me ou apaga-me, ó aprendiz de feiticeiro!».
Passeia pelas ruas estreitas de Veneza
quando o confundem com um escritor que detesta. Como se comporta?
Com a maior naturalidade possível, tratarei de desenganar o leitor
e de me apresentar, dando-me a conhecer e à minha obra, de modo a que ele se
sinta na obrigação de fazer parte do meu clube de leitores
Em que livro saltou antecipadamente para a
última página para saber como acabava a história?
EM NENHUM! Nunca
o fiz, nem quando era menina-devoradora-de-livros. Se alguém me conta o fim de
um romance, já não o leio.
Em 140 caracteres, explique qual é o
enredo do livro que nunca escreverá.
Ascensão e queda de Político
I Girino: das Jotas partidárias a remora colada ao peixe maior que
parasita
II Polvo: predador que tudo devora
III Queda: nas malhas da rede
Deana Barroqueiro
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