04/05/2015

515º Aniversário do Achamento do Brasil

Foi precisamente há 15 anos que escrevi o meu primeiro romance, "Uraçá. o Índio Branco", para as comemorações do 5º centenário do descobrimento ou achamento do Brasil. Fascinada por este país, cuja Literatura e Cultura estudei durante anos, com paixão, o desafio não podia ser mais gratificante.

Este livro foi também o primeiro de uma colecção de sete romances de viagens e aventuras, com navegadores e exploradores portugueses - a Colecção Cruzeiro do Sul, publicada pela editora Livros Horizonte -,  uma saga de personagens históricas eu pretendia dar a conhecer a um público jovem, de preferência universitário e dos últimos anos do ensino secundário.

Os nossos críticos pouca atenção lhes prestaram, ao contrário dos "lá de fora", de França, Itália, Estados Unidos da América e Canadá, que lhes deram o relevo de páginas centrais nos jornais mais lidos pelos portugueses da 1ª e 2ª gerações de emigrantes, e cujos professores os usaram nas aulas de Português das suas universidades.

Essa falta de interesse foi o "empurrão" que me levou a escrever para um público mais alargado, a partir do imenso material de pesquisa que tinha armazenado naqueles cinco anos de trabalho.

Tendo saído agora a nova edição de "O Espião de D. João II - Pêro da Covilhã", recordo aqui essa minha aventura de uma saga, à maneira do Emilio Salgari, com esta cuidadosa análise da crítica literária e grande senhora de cultura que é Maria Fernanda Pinto.

 



Deana Barroqueiro, ou a Arte de Contar
 por Maria Fernanda Pinto, para o Jornal Encontro, Paris


A arte de contar, não se aprende. É um dom natural, nasce com a pessoa. Como no velho Oriente, onde “contador de histórias” era uma profissão das mais respeitadas, à volta do qual se reuniam todos aqueles que queriam saber como foi o início das eras, como tal coisa deu origem a uma outra, e o porquê dos usos e costumes que eles maquinalmente efectuavam de geração em geração
sem saber porquê.

Pela voz, pela escrita, à medida que vão contando, conseguem seduzir-nos a imaginação levando-nos até nossa adolescência, infância, e mesmo a latitudes reais ou imaginárias onde nunca pusemos os pés. Deana Barroqueiro possui uma força de expressão e uma elegância de estilo dignos de nota, ao mesmo tempo que mantém uma linguagem compreensível a todos.

A sua escrita é perfeita e colorida, descritiva de uma maneira que nos transporta para a época em questão, ficando sempre com vontade de saber mais. Já era tempo que se falasse da expansão dos portugueses para além dos mares, desta maneira. Já não sonhávamos, desde a época de Stephan Zweig, Jules Vernes ou Emílio Salgari que fizeram as delícias das nossas infâncias.

Claro que justamente as pessoas possuindo este dom raro, porque é raro, são sempre olhadas um pouco de esguelha pelos “puros literatas”, que chamam ao seu estilo, romance histórico. Nem todos! 
Nós continuamos admiradores incondicionaisde Júlio Dinis, Almeida Garrett, Deana Barroqueiro e dos outros!
  (...)

Deana Barroqueiro afirma-nos com muita convicção “o que pretendo fazer é escrever romances de aventuras com fundo histórico e nunca biografias históricas, se fosse isso, estes meus livros tinham de ser vistos como uma caricatura do romance histórico, transformando os nossos aventureiros em heróis de ficção. E foi exactamente isso que interessou as editoras por este projecto. Foi no fundo a sua “originalidade”, pegar nas figuras intocáveis do nosso passado histórico e transformá-las em Indiana Jones ou James Bond portugueses, contando ao mesmo tempo o melhor possível a sua história”.

Mas é necessário especificar aqui, que os mestres principais da autora, são os próprios cronistas da época dos Descobrimentos e que nesse campo, ela tem 15 anos de estudo e leu quase tudo o que tem sido publicado, na sua maioria deportugueses, entre os Séculos XV-XVII, mas também de estrangeiros como António Pigafetta, cujos textosprocura dar a conhecer, como pano de fundo dos seus romances.


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