20/12/2014

Um país dois sistemas em Macau

“A prática de ‘um país, dois sistemas’ não vai decorrer de forma tranquila” 
Dezembro 20, 2014
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Xi Jinping antevê problemas, dificuldades e desafios. Mas Chui Sai On assegura que Macau já compreendeu a fórmula. 
 Maria Caetano

A interpretação sobre a fórmula ‘Um País, Dois Sistemas’ não é pacífica, já fizeram saber vários dirigentes centrais, e o Presidente, Xi Jinping, admite também que nem tudo seja fácil na sua implementação, antevendo problemas, dificuldades e desafios, numa altura em que passam 15 anos desde a transferência dos poderes de Administração por Portugal para as “gentes de Macau” sob soberania chinesa, e num regime de autonomia não plena.

Xi Jinping discursou ontem, na Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, perante uma plateia em escada de 28 por 4 dirigentes locais alinhados, que seguram os principais cargos da RAEM: governantes, deputados, conselheiros, líderes das principais instâncias judiciárias e organizações sociais – a elite que consubstancia afinal a ideia de “Macau governada pelas suas gentes”.

Nestes, Xi identificou “compatriotas, que dominam os seus destinos, reunidos com uma pessoa só, conseguem absolutamente fazer esforços incansáveis, para construir as suas casas sob a direcção do princípio orientador de ‘um país, dois sistemas’, ‘administração de Macau pela gente de Macau’, com alto grau de autonomia”.

Mas, “ao mesmo tempo”, combinou o senão, que vem sendo notado pelo Governo Central em ocasiões recentes, a aplicado a Macau e Hong Kong e que, desta última, surge em referência ao conflito sobre a reforma do sistema político e actuação do movimento de desobediência civil que paralisou o centro da RAEHK por 75 dias. “A sociedade de Hong Kong tem uma interpretação totalmente diferente da do Continente. Isso exige-nos que prestemos atenção e demos mais explicações”, indicava recentemente o vice-presidente da comissão de assuntos legislativos do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, Zhang Rongshun.

A mensagem do Presidente em Macau parece partir do mesmo pressuposto. “(…) Temos bem o conhecimento de que, como uma causa sem precedentes, a prática de ‘um país, dois sistemas’ não vai decorrer de forma tranquila”, admitiu.

 “Enquanto Macau obtém grandes progressos e sucessos, existem alguns problemas, poderão ainda encontrar mais dificuldades e desafios, de que precisamos tratar de forma adequada”, declarou no seu discurso de chegada, no encontro com o grupo convidado e considerado representativo da sociedade local.

A ideia de que Macau possa não entender o sentido do referido princípio foi, de certa forma, posta de parte no discurso do Chefe do Executivo, Chui Sai On, pela ocasião da recepção presidencial de ontem. “Neste momento, conseguimos compreender, profundamente, a visão estratégica e majestosa do senhor Deng Xiaoping na concepção da política grandiosa ‘Um País, Dois Sistemas’”, assegurou Chui, que a partir de hoje enceta um novo mandato e abre um capítulo novo na governação local, com uma equipa de secretários e titulares dos principais cargos quase totalmente remodelada.

Os limitados recursos de solos de Macau e a situação de dependência económica do jogo – num período de declínio das receitas de jogo – foram também abordados pelo Presidente, que incentivou os governantes locais: como manter a prosperidade e estabilidade de Macau? “Se Macau quiser continuar a progredir, superando as dificuldades, tem que resolver esta questão de forma satisfatória”, alertou.

E Xi Jinping acredita que haverá uma saída para Macau. Se o provérbio local – que citou na noite de ontem – diz que “não há espaço suficiente para realizar uma ópera em cima de uma mesa”, o Presidente discorda: “(…) desde que andemos num caminho correcto, com boas políticas e práticas flexíveis, e desde que pensemos na mesma direcção, podemos mesmo realizar uma ópera em cima de uma mesa”.

18/12/2014

Novo cálculo da pensão Segurança Social em 2014

Se se aposentou este ano, leia com muita atenção esta mensagem do economista Eugénio Rosa, para fazer o cálculo da pensão Segurança Social em 2014 e também em 2015 (até a Abril):

 http://noticiasdealmeirim.pt/imagens_news/eugenio_rosa.jpg
Exmo.(a) Sr.(a)

Só hoje, 17 de Dezembro de 2014, é que o governo publicou a portaria dos coeficientes de revalorização das remunerações anuais (Portaria 266/2014 de 17 de Dezembro) que são utilizadas no cálculo das pensões quer da Segurança Social quer da CGA em 2014. Isto significa que as pensões de todos trabalhadores que se reformaram ou aposentaram em 2014 foram calculadas com base em remunerações desatualizadas, por isso estes trabalhadores estão a receber pensões inferiores às que têm direito.

E publicou a Portaria 266/2014 só depois da comissão de aposentados dos sindicatos da Frente Comum da Função, que acompanhei e apoiei, se ter reunido na Assembleia da República com todos os grupos parlamentares e também com o Provedor da Justiça protestando contra as malfeitorias que este governo tem feito aos aposentados e reformados, em que a não publicação da portaria, o que violava a lei, era mais uma.

Segundo o artº 4 da Portaria 266/2014 só agora publicada, embora entrando em vigor em 18.12.2014, ela "produz efeitos desde 1 de Janeiro de 2014". Isto significa que todos os trabalhadores que se aposentaram ou reformaram este ano têm o direito de pedir que a sua pensão seja recalculada e, consequentemente, aumentada. Faço uma apelo para todos aqueles que se aposentaram ou reformaram este ano que reclamem, conforme o caso, ou junto da CGA ou na Segurança Social o recalculo da sua pensão. A CGA e a Segurança Social são, por lei, obrigadas a fazê-lo. Mas é previsível, se os trabalhadores lesados não estiverem atentos, que aquelas entidades se "esqueçam" . Por isso peço a quem receber esta mensagem que se conhecer algum aposentado ou reformado em tal situação que o informe.

Com o objetivo de facilitar o cálculo da pensão Segurança Social em 2014 e também em 2015 (até a Abril) disponibilizei uma folha cálculo a que poderá aceder, no caso de estar interessado através do link seguinte ( se tiver dificuldades em aceder peço que informe para edr2@netcabo.pt que lhe será enviado o ficheiro):
LINK: :/Sites/eugeniorosa.com/Docume…/…/2014-PenSegSocial-17Dez2014xls.xls

Com consideração
Eugénio Rosa

Economista

15/12/2014

Portugal investiga possível ligação das tríades locais aos vistos gold

Dezembro 15, 2014
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Autoridades portuguesas estão a investigar denúncia enviada por carta com remetente de Macau para o ministério português da Administração Interna.

Patrícia Silva Alves

O Departamento Central de Investigação Penal (DCIAP) de Portugal está a investigar uma possível utilização do programa vistos gold pelas tríades, entre as quais a seita 14 Quilates (14K), com a cumplicidade de cidadãos de nacionalidade portuguesa. A informação, que veio de uma fonte não identificada, foi avançada pelo semanário português Expresso.

Segundo o jornal, a denúncia que identifica os envolvidos chegou de Macau através de uma carta dirigida ao ministério da Administração Interna. Na sexta-feira passada, a ministra com a tutela da pasta, Anabela Rodrigues, enviou então a denúncia para o DCIAP.

Contactada pela TDM na sexta-feira, a Polícia Judiciária de Macau disse não ter qualquer informação sobre este caso.
Neste momento, as autoridades portuguesas estão a investigar um alegado esquema de corrupção que envolvia o pagamento de subornos para a atribuição de vistos gold e no decorrer do qual 11 pessoas foram detidas. Entre elas estavam altos quadros do Estado, algunas com relações de proximidade pessoal e profissional ao ex-ministro português da Administração Interna, Miguel Macedo. Entre os detidos estava o então director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Jarmela Palos, que entretanto foi libertado (com outros dois suspeitos). Todos foram obrigados a usar pulseira electrónica.

Em causa estão suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influência e peculato relacionadas com a atribuição da Autorização de Residência para a Actividade de Investimento, o nome oficial dos vistos gold.

A 16 de Novembro deste ano e na sequência deste caso, Miguel Macedo, então ministro da Administração Interna, demitiu-se do cargo alegando que a sua autoridade tinha ficado diminuída com o envolvimento nestas investigações de pessoas que lhe são próximas. No entanto, o responsável assinalou que nada teve a ver com o processo de atribuição dos vistos gold. “Não sou pessoalmente responsável por nada nestas investigações”, assegurou no seu discurso de demissão.

01/12/2014

Abusadores do Poder

É um "fartar vilanagem", a corrupção a nível mundial! A maioria destes criminosos acaba por se safar das penas de prisão.
 
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Que podem ter em comum o italiano Silvio Berlusconi, o tailândês Thaksin Shinawatra, a ucraniana Julia Timoschenko e o paquistanês Raja Pervez Ashraf? Todos foram primeiros-ministros e acusados de um ou vários crimes. O primeiro dirigente desta lista costuma dizer que é o "homem mais perseguido da história" e que já gastou mais de 200 milhões de euros para se defender nos tribunais. As estatísticas parecem dar-lhe razão. A personagem que já foi dona da maior fortuna de Itália e da 25.ª do planeta surgiu como arguido em 106 processos, ele e os seus advogados tiveram de marcar presença em 2  500 audiências e, claro, sujeitou-se a dezenas de sentenças. Uma das mais recentes impede-o de assumir cargos públicos até 2017 e obriga-o a prestar serviço comunitário durante 12 meses - devido a uma fraude fiscal cometida há duas décadas. Atualmente com 78 anos, trata-se de um balanço notável, se tivermos em conta a gravidade de algumas das causas em que tem sido absolvido ou "perdoado" pela idade, pelas amnistias e pelos seus recursos financeiros. Todavia, no seu currículo penal há ainda casos pendentes como o de "Ruby", a adolescente marroquina com quem terá dormido 13 vezes enquanto ainda estava no Palácio Chigi - ou seja, no poder -, ou o aliciamento de um senador, em 2006, a quem terá oferecido 3 milhões de euros para se mudar para o seu Forza Italia.

Israel: dois ex-PM em sérios apuros
 
Mas o patrão do Milan nunca foi obrigado a passar uma noite nos calabouços da polícia. Em rigor, muito poucos países democráticos tiveram necessidade de colocar os seus dirigentes de topo atrás das grades. E quando se tentam identificar as exceções há um Estado que se destaca - seja pela velha e sábia separação de poderes, seja pelo caráter das condenações: Israel. 
 
Neste momento, os israelitas debatem o que deve ser feito com um seu antigo primeiro-ministro e herói nacional, Ehud Barak. Esta figura histórica do Tsahal (forças armadas) está a ser investigado por ter, alegadamente, recebido subornos em contratos militares enquanto era ministro da Defesa (2007-2013). Um processo que até pode não dar nada por ser fruto de uma conveniente denúncia  de Ehud Olmert, também ele antigo chefe do Governo de Telavive - e ex-presidente da Câmara de Jerusalém. Os escândalos à volta de Olmert já ditaram a sua reforma política e podem colocá-lo na prisão. Em 2008, teve de abandonar o cargo de primeiro-ministro por suspeitas de corrupção, fraude fiscal e abuso de poder enquanto foi autarca e, depois, titular das pastas da Economia, Indústria e Comércio. Em maio, foi condenado a seis anos de prisão e ao pagamento de um milhão de shekels (cerca de 207 mil euros) por um destes casos, o Hollyland affair. Um recurso permitiu--lhe evitar o cárcere até agora. Talvez venha a partilhar cela com Moshe Katsav. O 8.° Presidente de Israel teve de renunciar, em 2007, e, três anos depois, os juízes deram como provado que cometeu os crimes de violação, assédio sexual, abuso de poder e obstrução à justiça. Uma sentença sem precedentes em qualquer parte do globo, envolvendo um Chefe de Estado. Cumpre uma pena de sete anos, em Ramla.

Espanha: Podemos no reino dos indignados

Como é possível que um grupo de amigos e professores da Universidade Complutense de Madrid se tenha convertido, em apenas 10 meses, num dos maiores partidos políticos de Espanha? Os analistas apresentam muitas teorias, uma das quais óbvia: a corrupção e o descrédito das elites governativas fizeram com que o Podemos esteja à frente do Partido Popular (PP) e do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) nas intenções de voto, caso as legislativas se realizassem hoje. O fenómeno Pablo Iglesias, líder do movimento, parece ser a figura redentora de todos os males peninsulares, como demonstra a sondagem El Mundo/sigma Dos, publicada esta segunda-feira, 24, com uma previsão de 28,3 por cento. Um annus mirabilis que pode muito bem prolongar-se e escancarar-lhe as portas da Moncloa, no final do 2015, como contraponto ao annus horribilis que o Governo de Mariano Rajoy tem conhecido - seja pela "questão catalã", seja pelos sucessivos escândalos que envolvem altos dignitários do PP. Exemplos: Luis Barcenas, antigo tesoureiro do PP, manteve uma contabilidade paralela e suspeita de ter beneficiado vários barões do partido; Rodrigo Rato, ex-diretor do FMI e ex-vice-chefe do Executivo liderado por José María Aznar figura entre os 86 dirigentes e gestores que terão desviado 15 milhões da Caja Madrid - entidade resgatada com verbas públicas - através de despesas e cartões de crédito não declarados ao fisco; Francisco Granados, antigo vice-presidente da Comunidade autónoma de Madrid é um dos principais envolvidos na Operação Púnica, uma rede em que políticos, autarcas e construtores civis traficavam muitos euros e influências; José Manuel Monago, atual presidente da comunidade autónoma da Extremadura deu-se ao luxo de, enquanto foi senador, embarcar em 32 viagens, em classe executiva, rumo às Canárias, onde o aguardavam assuntos de alcova, e de apresentar as faturas ao próprio Senado; José Ángel Fernández Villa, histórico líder sindicalista das Astúrias, está a ser investigado por ter "legalizado" 1,4 milhões de euros de origem desconhecida; Isabel Pantoja, estrela do jet set e do cançonetismo, começou esta semana a cumprir dois anos de prisão por branqueamento de capitais.

A lista poderia continuar, porque, só em outubro, a justiça implicou 141 personalidades em casos de corrupção. No total, quase 2 mil pessoas aguardam julgamento. Um recorde que confirma as conclusões de um estudo da Universidade de Las Palmas, divulgado em julho de 2013: o custo social da corrupção em Espanha ascende a 40 mil milhões de euros anuais.

Itália: as mãos sujas de Craxi e Berlusconi

O mesmo se passa com os italianos, cada vez menos tolerantes com as promessas de quem os governa. No entanto, ao contrário de Espanha, onde um primeiro-ministro nunca foi indiciado por qualquer crime, Itália está, neste momento, a "celebrar" duas décadas do maior cataclismo político que o país viveu desde a Segunda Guerra. Entre fevereiro de 1992 e dezembro de 1994, os velhos partidos quase desapareceram e milhares de senadores, deputados, autarcas, empresários e tutti quanti foram varridos, na Operação Mãos Limpas, iniciada por um juiz de Milão chamado Antonio Di Pietro. 
Tudo começou quando um socialista chamado Mario Chiesa foi apanhado com um envelope de 7 milhões de liras (8 mil euros). Era o preço a pagar pela cascata de comissões relacionada com os alvarás de um projeto de construção. Nas semanas e meses que se seguiram, multiplicaram-se as investigações, as detenções e até os suicídios - pelo menos quarenta. A lei do silêncio deixa de vigorar e a máfia efetua dezenas de atentados, com socialistas e democratas-cristãos a perceberem que o perverso modo de funcionamento do país tem os dias contados. A opinião pública põe-se do lado dos juízes e Di Pietro processa o primeiro--ministro socialista Bettino Craxi. A ele e a mais 2 500 pessoas. Mani Pulite culmina na eleição de um empresário amigo de Craxi - Silvio Berlusconi. O primeiro seria condenado a 27 anos de prisão - à revelia, por se ter exilado na Tunísia. O segundo viria a conquistar, depois, o seu lugar na história.

29/11/2014

Cante - Património Imaterial da Humanidade

Diário do Alentejo
À hora que se anunciou que o cante alentejano foi reconhecido como Património Cultural Imaterial da Humanidade, mais de 400 crianças, da escola Mário Beirão, envolvidas no projecto "Cante na escola, Herança com raízes", cantaram a moda “Castelo de Beja”.


O Linchamento de José Sócrates

Vale a pena ler este excelente artigo de Miguel sousa Tavares, hoje, no Expresso sobre a detenção de José Socrates, cujo título é «O Linchamento de José Sócrates».
Blogue  "Narrativa Diária".
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 «Mal se anunciou a prisão de José Sócrates, o país saiu à rua em festa virtual... Fui testemunha, madrugada fora, da felicidade de milhares... O cidadão comum teme que José Sócrates acabe sem castigo. Eu também”.
Alberto Gonçalves, “DN”, 22.11.14.

O “cidadão comum” e o Alberto Gonçalves podem estar descansados: pior castigo do que aquele que José Sócrates já teve é difícil. Tratando-se do cidadão José Sousa, os danos sofridos por ora ficariam no estrito conhecimento de alguns familiares e amigos íntimos, aguardando ele, quase de certeza em liberdade, que o julgamento os agravasse ou não. Mas tratando-se do cidadão José Sócrates Pinto de Sousa, os danos — pessoais, familiares, políticos e profissionais, agora e para sempre — são irreversíveis. E à prisão preventiva soma-se a condenação preventiva e definitiva. Se a vontade do “cidadão comum” fosse bastante, nem haveria necessidade de julgamento: ele já está feito.

Ninguém, absolutamente ninguém de boa-fé, pode dizer neste momento se José Sócrates é culpado ou inocente das gravíssimas acusações de que foi alvo. Pela simples razão de que um processo-crime se divide em várias fases — inquérito e acusação, defesa e contraprova, pronúncia ou arquivamento, e julgamento — e apenas estamos na primeira. Se a “prisão” (como sintomaticamente escreve Alberto Gonçalves, em lugar de “detenção”) tivesse já por si o valor de uma sentença condenatória, estaríamos de regresso à barbárie. Mas os magistrados não são o “cidadão comum” e a sua justiça é a do Estado de direito e não a da turba linchadora. A sua primeira tarefa é exactamente essa, a de tornar clara a diferença.

Pessoas que respeito têm argumentado que a insistência na crítica aos “pormenores” que envolveram a detenção, interrogatório e prisão preventiva de Sócrates desviam as atenções do essencial, que é a gravidade das acusações contra ele. Estão errados, por várias razões: primeiro, porque isso pressupõe o tal julgamento prévio de condenação; segundo, porque, não se conhecendo em toda a sua extensão a acusação e, em extensão alguma, a defesa, a única coisa que pode ser seriamente discutida é exactamente a parte processual relativa à detenção, interrogatório e medidas de coacção; e, em terceiro lugar e sobretudo, porque, ao contrário do que afirmam, não se trata de pormenores, mas justamente da marca de água onde se encontra ou não o rasto do respeito pelos direitos de cidadania, justamente quando ele é mais necessário. Os meus leitores far-me-ão o favor de lembrar que há muito escrevo sobre a Justiça, não ocultando todas as críticas que crescentemente me mereceu o que vejo como uma deriva justiceira, muitas vezes assente no atropelo de leis e princípios básicos de um Estado de direito, e fundada num especialíssimo regime de absoluta irresponsabilidade e ausência de controlo externo, como seria recomendável em democracia. As circunstâncias da “Operação Marquês” não fizeram senão cimentar as minhas razões. 

Para começar, não acho normal nem saudável que todos os principais crimes mediáticos ou envolvendo os chamados “poderosos” tenham a instrução a cargo de um único juiz e um único procurador. É assim há dez anos no TCIC e nem a nomeação de outro juiz, em Setembro passado, fez com que Carlos Alexandre deixasse de chamar a si todos os processos principais: Ricardo Salgado, vistos gold, José Sócrates. Ora, isto contraria um princípio fundamental da justiça que é o do “juiz natural”: não são os juízes que escolhem os processos, mas os processos que escolhem os juízes — por escala ou por sorteio. Mas quando só há um juiz (e um procurador), este princípio é espezinhado e, pela ordem natural das coisas, o juiz passa a fazer parte da equipa de acusação com o Ministério Público e a polícia criminal — o que é um grave desvirtuamento da sua posição, que deve ser de equidistância entre as partes. E, em termos práticos, um tribunal onde só há um juiz e um procurador, podendo haver vários, é um tribunal especial — coisa que a Constituição proíbe, por razões que qualquer democrata compreende.

Depois, e como já muitas vezes disse, não aceito a figura agora em voga da detenção para interrogatório ou para investigação. Considero-a uma interpretação abusiva e intolerável da lei. Respondem que havia o perigo de Sócrates, desembarcado em Lisboa, ir directo a casa destruir provas. Pois que tivessem feito a busca antes, quando ele cá estava: bastava tocar à campainha e mostrar o mandado. Ou então esperavam-no discretamente no aeroporto e perguntavam-lhe se ele consentia numa busca imediata, evitando a detenção.

Nós, os que ainda não votámos nas redes sociais, precisamos de saber se, no final de um processo justo, José Sócrates é culpado ou inocente. Mas a verdade é que não tenho grandes dúvidas de que a detenção prévia, as filmagens após comunicação interna, o aparato policial no tribunal, a saída em carrinha celular, tudo foi feito com a clara intenção de o humilhar, num ajuste de contas que vem bem de trás e que já conhecera dois episódios absolutamente lamentáveis para a justiça: a tentativa de o incriminar por “atentado ao Estado de direito” e o vergonhoso processo Freeport. 

Não acho aceitável que a PGR faça sair um comunicado após a detenção em que logo se diz que esta foi fundada na análise de “movimentos bancários sem justificação conhecida ou legalmente admissível” — justamente o que cabia provar à acusação e sobre o que o arguido ainda nem sequer se tinha podido justificar. E não quero acreditar que o despacho com as medidas de coacção tenha as 236 páginas que vi referidas, pois que isso levaria a pensar que, mesmo com abundante copy-paste, a decisão já estaria na cabeça do juiz antes mesmo de ele escutar as explicações dos arguidos e os argumentos da defesa.

Acima de tudo, porém, aquilo que não é possível aceitar, sob pena de total capitulação perante o abuso, é a habitual, mas desta vez absolutamente escabrosa, violação do segredo de justiça. E não me refiro aos jornais de estimação do Ministério Público ou ao ‘jornalismo do botox’, mas sim a um jornal como o “Público”, que, citando “fonte próxima do processo”, pespega com toda a acusação do MP no jornal, tratando-a como verdade definitiva e sem ter ao menos o cuidado de perguntar à fonte quais os elementos de prova concretos em que se fundava tal verdade. Não vale a pena alongarmo-nos em considerações sobre a intolerável prepotência que representam estas grosseiras e sistemáticas violações do segredo de Justiça por parte das entidades de investigação criminal: quem não percebe é porque só vai perceber se um dia lhe tocar. 

Mas é de uma imensa hipocrisia a vigência de um sistema de segredo de Justiça que permite que na fase da instrução (que, compreensivelmente, é aquela em que é excepcionado o princípio da igualdade entre partes), essa desigualdade legal seja acrescentada por uma desigualdade ilegal que faz com que a defesa esteja obrigada ao silêncio, enquanto a acusação litiga publicamente nos jornais, fazendo passar a sua versão, sem contraditório. Além de mais, é de uma cobardia sem remissão. E que serve dois fins: instigar o tal julgamento do “cidadão comum” e ficar bem na fotografia, quando todos, temerosamente, vêm dizer que “a Justiça funciona”. Como se a simples prisão de suspeitos e a divulgação pública das suspeitas, sem lugar a defesa, fosse sinal de que a Justiça funciona! Porque será então que os armários estão cheios de processos assim iniciados e que, uma vez promovido o julgamento popular, nunca mais chegaram a julgamento num tribunal?

Tudo isto são pormenores? Pois, talvez. Mas preparem-se para muitos mais pormenores destes, porque, como diz o povo, o que começa torto, raramente se endireita. E nós precisamos de saber, sem uma dúvida razoável, se, no final de um processo justo, José Sócrates é culpado ou inocente. Nós, isto somos: os que ainda não votámos nas redes sociais nem celebrámos madrugada fora a sentença que queremos. Nós os que ainda acreditamos que se fez um longo caminho desde os tempos em que o imperador consultava a turba para que ela decidisse a sorte dos condenados.»

Miguel Sousa Tavares, Expresso , 29 de novembro de 2014

23/11/2014

A Justiça a que temos direito

Subscrevo na totalidade as palavras de Clara Ferreira Alves, incluindo a indiferença por José Sócrates. Mas assusta-me a Justiça (ou falta dela) que se pratica em Portugal, a qual mais parece fruto de filmes Western Spaghetti, de cowboys da Série B, do que um dos pilares fundamentais de uma democracia!
A uns suspeitos deixam-se durante meses nas empresas e lugares que se presume terem desfalcado e criminosamente aproveitado para enriquecer, permitindo-lhes acabar de sacar o pouco que escapara à rapina de anos; a outros, por razões que me parecem mais políticas do que de apuramento da verdade, faz-se uma espécie de caça e quase linchamento em praça pública.
E não consigo compreender como se entrega a um único juíz, por muito competente que seja, mais de meia-dúzia de processos de corrupção, dos mais complexos que surgiram no nosso país, nestes últimos anos!



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A Justiça é antes de mais um código e um processo na sua fase de aplicação. Ou seja, obediência cega, essa sim cega, a um conjunto de regras que protegem os cidadãos da arbitrariedade. Do abuso de poder. Do uso excessivo da força. Essas regras têm, no seu nó central, uma ética. Toda e qualquer violação dessa ética é uma violação da Justiça. E uma negação dos princípios do Direito e da ordem jurídica que nos defendem.  
Num caso de tanta gravidade como este, o da suspeita de crimes graves e detenção de um ex-primeiro-ministro do Partido Socialista, verifico imediatamente que o processo foi grosseiramente violado. Praticou-se, já, o linchamento público. Como?
1) Detendo o suspeito numa operação de coboiada cinemática, parecida com as de Carlos Cruz e Duarte Lima, a uma hora noturna e tardia, num aeroporto, quando não havia suspeita de fuga, pelo contrário. O suspeito chegava a Portugal. Porque não convocá-lo durante o dia para interrogatório ou levá-lo de casa para detenção?
2) Convidou-se uma cadeia de televisão a filmar o acontecimento. Inacreditável.   
  
3) Deram-se elementos que, a serem verdadeiros, deviam constar em segredo de Justiça. Deram-se a dois jornais sensacionalistas, o "Correio de Manhã" e o "Sol", que nada fizeram para apurar o que quer que seja. Nem tal trabalho judicial lhes competia. Ou seja, a Justiça cometeu o crime de violação do segredo de Justiça ou pior, de manipulação do caso, que posso legitimamente suspeitar ser manipulação política dadas as simpatias dos ditos jornais pelo regime no poder. Suspeito, apenas. Tenho esse direito.
4) Leio, pela mão da jornalista Felícia Cabrita, no site do "Sol", pouco passava da hora da detenção, que Sócrates (entre outros crimes graves) acumulou 20 milhões de euros ilícitos enquanto era primeiro-ministro. Alta corrupção no cargo. Milhões colocados numa conta secreta na Suíça. Uma acusação brutal que é dada como certa. Descrita como transitada em julgado. Base factual? Fontes? Cuidado no balanço das fontes, argumentos e contra-argumentos? Enunciado mínimo dos cuidados deontológicos de checking e fact-checking? Nada. Apenas "o Sol apurou junto de investigadores". O "Sol" não tem editores. Tem denúncias. Violações de segredo de Justiça. Certezas. E comenta a notícia chamando "trituradora" de dinheiro aos bolsos de Sócrates. Inacreditável.
5) Verificamos apenas, num estilo canhestro a que a biógrafa de Passos Coelho nos habituou (caso Casa Pia, entre outros) que a notícia sai como confirmada e sustentada. Se o Watergate tivesse sido assim conduzido, Nixon teria ido preso antes de se saber se era culpado ou inocente. No jornalismo, como na justiça, há um processo e uma ética. Não neste jornalismo.
6) Neste momento, não sei nem posso saber se Sócrates é inocente ou culpado. Até prova em contrário é inocente. In dubio pro reo. A base de todo o Direito Penal.
7) Espero pelo processo e exijo, como cidadã, que seja cumprido à risca. Não foi, até agora. Nem neste caso nem noutros. Isto assusta-me. Como me assustou no caso Casa Pia. Esta Justiça de terceiro mundo aterroriza-me. Isto não acontece num país civilizado com jornais civilizados. Isto levanta-me suspeitas legítimas sobre o processo e a Justiça, e neste caso, dada a gravidade e ataque ao regime que ele representa, a Justiça ou age perfeitamente ou não é Justiça.
8) Verifico a coincidência temporal com o Congresso do PS. Verifico apenas. Não suspeito. Aponto. E recordo que há pouco tempo um rumor semelhante, detenção no aeroporto à chegada de Paris, correu numa festa de embaixada onde eu estava presente. Uma história igual. Por alturas da suspeita de envolvimento de José Sócrates no caso Monte Branco. Aponto a coincidência. Há um comunicado da Procuradoria a negar a ligação deste caso ao caso Monte Branco. A Justiça desmente as suas violações do segredo de Justiça. Aponto.
9) E não, repito, não gosto de José Sócrates. Nem desgosto. Sou indiferente à personagem e, penso, a personagem não tem por mim a menor simpatia depois da entrevista que lhe fiz no Expresso há um ano. Não nos cumprimentamos. Não sou amiga nem admiradora. É bizarro ter de fazer este ponto deslocado e sentimental mas sei donde e como partem as acusações de "socratismo" em Portugal.
10) As minhas dúvidas são as de uma cidadã que leu com atenção os livros de Direito. E que, por isso mesmo, acha que a única coisa que a Justiça tem a fazer é dar uma conferência de imprensa onde todos, jornalistas, possamos estar presentes e fazer as perguntas em vez de deixar escorregar acusações não provadas para o "Correio da Manhã" e o "Sol". E quejandos. Não confio nestes tabloides para me informarem. Exijo uma conferência de imprensa. Tenho esse direito. Vivo num Estado de Direito.
11) Há em Portugal bom jornalismo. Compete-lhe impedir que, mais uma vez, as nossas liberdades sejam atropeladas pelo mau jornalismo e a manipulação política.
12) Vou seguir este processo com atenção. Muita. Ou ele é perfeito, repito, ou é a Justiça que se afundará definitivamente no justicialismo. Na vingança. No abuso de poder. Na proteção própria.

O teste é maior para a Justiça porque é o teste do regime democrático. E este é mais importante que os crimes atribuídos a quem quer que seja. Não quero que um dia, como no poema falsamente atribuído a Brecht, venham por mim e não haja ninguém para falar por mim. A minha liberdade, a liberdade dos portugueses, é mais importante que o descrédito da Justiça. A Justiça reforma-se. A liberdade perde-se. E com ela a democracia. 

30/10/2014

Agenda de Novembro

diaspora



PROGRAMA COMPLETO: 

Sessões nas escolas
Escola Básica e Secundária Pedro Álvares Cabral
7 de novembro
André Letria, Margarida Fonseca Santos, Ricardo Henriques e Tiago Albuquerque: um quarteto de embaixadores das letras que visitará várias escolas do concelho de Belmonte com o objetivo de levar aos alunos a literatura, a ilustração, a prática da leitura e a paixão arrebatadora pelas letras.

Sessão Inaugural
Salão Nobre dos Paços do Concelho
7 de novembro, 21h00
O presidente da Câmara Municipal de Belmonte abre oficialmente a programação do Diáspora, numa sessão de boas-vindas ao público e aos participantes.

Mesas
MESA 1 — NO PRINCÍPIO ERA O LIVRO
Igreja Matriz de Belmonte
7 de novembro, 21h30
Qual o papel simbólico do livro nas principais religiões? Em que medida o sentido sagrado do livro não foi transposto para o universo da leitura? Seriam as religiões diferentes sem livros?
MODERAÇÃO: Padre Carlos Lourenço
CONVIDADOS: Sheikh David Munir e Francisco José Viegas

MESA 2 — «QUANDO DECIDIMOS VER AS NAÇÕES COMO QUEREMOS, NÃO PRECISAMOS DE SAIR DE CASA», ASTOLPHE DE CUSTINE
Auditório Municipal
8 de novembro, 14h30
Já ninguém viaja sem levar preconceitos na mala. Pedro Álvares Cabral foi um dos últimos viajantes verdadeiramente livres? Em que medida estas viagens mudaram verdadeiramente o nosso país?
MODERAÇÃO: Tito Couto
CONVIDADOS: Deana Barroqueiro, Miguel Real e João Morgado

MESA 3 — UM PAÍS EM SEGUNDA MÃO
Auditório Municipal
8 de novembro, 16h00
A emigração por quem a conta e por quem a vive. Do bidonville francês à mátria castelhana, como é viver num país desenhado para outros?
MODERAÇÃO: Júlio Magalhães
CONVIDADOS: Karla Suárez e Ricardo Dias Felner

MESA 4 — «É O CORAÇÃO QUE FAZ O CARÁTER», EÇA DE QUEIRÓS
Auditório Municipal
8 de novembro, 17h30
Que papel desempenha a emoção na história dos grandes personagens? Uma biografia faz-se mais de factos ou de sentimentos e emoções? Biografar é também emocionar o leitor?
MODERAÇÃO: Tito Couto
CONVIDADOS: Isabel Stilwell e Joaquim Vieira

MESA 5 — «GOSTAVA DE ESTAR NO CAMPO PARA PODER GOSTAR DE ESTAR NA CIDADE», FERNANDO PESSOA
Auditório Municipal
9 de novembro, 15h00
É um dos lugares comuns mais repetidos da literatura mundial: d’ A Cidade e as Serras a Bouvard e Pecouchet, o campo e a cidade continuam a ser rasgados por trincheiras literárias. Num país tão pequeno, há espaço para o interior?
Moderação: Tito Couto
Convidados: Afonso Cruz, Bruno Vieira Amaral e Valério Romão

Conferência de Encerramento
Auditório Municipal

9 de novembro, 16h30
Conferência «As Margens», por Álvaro Laborinho Lúcio. Das personagens que são marginais à marginalidade da Cultura. Margens e periferia, são equivalentes? O que é viver à margem do litoral e até da Europa? Na conferência de encerramento do Diáspora, um homem do Direito abraça a marginalidade.

Exposições
Ecomuseu do Zêzere
MAR, DE ANDRÉ LETRIA
Mar, de André Letria, é uma das obras que mais prémios tem trazido ao ilustrador, nascido em Lisboa em 1973. Ao longo deste atividário*, concebido em parceria com Ricardo Henriques, as ilustrações de André Letria explicam 206 palavras e 80 atividades relacionadas com o mar, um elemento tão importante na obra que elege a sua premissa: «Se o nosso planeta tem mais mar que terra, então porque não se chama planeta Mar?» Conheça a obra através das ilustrações presentes na exposição.
*atividades + abecedário
FUTURO, DE ANDRÉ LETRIA
Futuro é a obra mais recente de André Letria, na já habitual parceria com Ricardo Henriques. Nas ilustrações patentes no Ecomuseu do Zêzere, André Letria ilustra o conceito de «futuro», recorrendo a outros conceitos que, acredita ele, estarão para prevalecer: dos «políticos» às velhas «tartarugas», passando pelos «pêlos» do corpo humano e pelo «vujà-dé».
Apresentação de livro

MAR, DE ANDRÉ LETRIA E RICARDO HENRIQUES
Ecomuseu do Zêzere
8 de novembro, 11h30
Apresentação com humidade relativa do livro MAR, o primeiro de uma coleção de atividários* do animal editorial Pato Lógico.
Haverá um vislumbre sobre o futuro dos atividários, até porque um dos livros a lançar, proximamente será sobre o futuro. André Letria, cenógrafo, ilustrador e editor usará de um linguajar colorido com recurso a cores PANTONE e verniz localizado. Ricardo Henriques, publicitário e autor infantil — ele mesmo infantil — abusará do escárnio marinheiro.

FEIRA DO LIVRO
Ao longo do Diáspora, os livros viajam com a feira do livro do festival. A apoiar a realização da feira está a Bertrand, que permitirá ao público adquirir as obras dos participantes.

Diáspora - Festival Literário de Belmonte

O “Diáspora – Festival Literário de Belmonte”, que se realiza entre os dias 07 e 09 de novembro para “levar a cultura literária a toda a população”, contará com a presença de 20 autores”, anunciaram esta quinta-feira os organizadores.

O festival é promovido pela Câmara Municipal de Belmonte em parceria com uma empresa de consultores editoriais e terá uma componente dirigida ao público em geral e outra mais direcionada para a comunidade escolar, explicou à agência Lusa a vice-presidente da autarquia, Sofia Fernandes.

“Este evento pretende levar a cultura literária a toda a população e também incentivar o gosto pela leitura, designadamente junto dos mais jovens, pelo que teremos ações nas quais o público em geral será convidado a participar e outras que serão realizadas no meio
escolar”, referiu.
A autarca sublinhou ainda o “caráter informal” das conferências, nas quais se pretende que o público “interaja e converse com os autores convidados” de forma a contrariar a ideia de que estes eventos “são maçudos e destinados apenas a alguns”, acrescentou.

“Os escritores também estarão disponíveis para falar com os leitores, para assinar livros e inclusivamente para terem ‘dois dedos de conversa’, seja durante as conferências, seja enquanto andam pelas ruas da vila”, detalhou Paulo Ferreira, que integra a equipa da promoção do festival.

Entre os escritores já confirmados estão Francisco José Viegas, Isabel Stilwell, Júlio Magalhães ou Deana Barroqueiro, entre outros nomes “consagrados e muito conhecidos do grande público”, que deverão contribuir para “despertar a curiosidade das pessoas” e garantir “maior sucesso” à iniciativa.

Com a denominação de “Diáspora”- termo que pretende fazer a ligação ao património existente em Belmonte e ao facto de Pedro Alvares Cabral aí ter nascido – o festival terá um conjunto de cinco conferências, cinco mesas redondas/debate e uma conferência de encerramento, para além das sessões nas escolas.

Da programação, constam igualmente uma exposição e o espetáculo “Trovas & Canções” de Ruy de Carvalho, que pretende recordar alguns dos poemas que tornaram famosas várias canções portuguesas, de Pedro Homem de Mello a José Luís Gordo, sem esquecer Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Moniz Pereira e Manuel Alegre.

Este evento está orçamentado em 17.500 euros, mais despesas de divulgação e logística igualmente garantidas pelo município.

19/10/2014

Nova Conversa com os Leitores

  Venho convidar todos os leitores que gostam de romance histórico e de viagens, para uma conversa informal, tendo o meu romance O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto como pretexto para vos contar algumas das muitas histórias fantásticas que vou descobrindo nas pesquisas para os meus romances e que poucos portugueses conhecem. Aviso-vos já que sou uma boa comunicadora, a dificuldade está em calar-me.
Para me conhecerem melhor e à minha obra, se tiverem tempo e disposição, visitem a minha página principal: http://deanabarroqueiro.blogspot.pt/


 23 de Outubro, Quinta-feira, às 21.30 h.
 No espaço das Leituras Revoltas
 Rua dos Anjos 12 F, 1150-037 Lisboa

11/10/2014

Os Portugueses em New Jersey, o livro de Fernando dos Santos


NEWARK, NJ | “Os Portugueses em New Jersey” na Biblioteca Pública de Newark


FS e George S. Hawley

O livro Os Portugueses em New Jersey, recentemente publicado na área de Newark, passou nos últimos dias a constar entre os livros de consulta da Biblioteca Pública da cidade, na Washington Street.

No âmbito de acordos que levaram a Biblioteca Pública de Newark a ceder imagens históricas da cidade para publicação no livro, o seu autor  Fernando dos Santos esteve naquela biblioteca a entregar exemplares para futura consulta por estudiosos da presença portuguesa neste estado americano.
Os livros foram recebidos pelo Dr. George S. Hawley, bibliotecário supervisor daquela instituição pública, e podem ser consultados na secção de New Jersey da biblioteca.
 
Com mais de 500 páginas, o livro foi posto à venda quarta-feira, dia 17,  sendo o primeiro a debruçar-se sobre a história da presença portuguesa em New Jersey.
O volume é o resultado de quatro anos de investigação próxima e de um longo acompanhamento da comunidade portuguesa deste estado por parte do autor, Fernando dos Santos, que durante mais de três décadas foi chefe da redacção do jornal Luso-Americano, publicado em Newark, NJ.
 
Para além dos primeiros dias da presença portuguesa em New Jersey graças aos contactos comerciais do século 18 entre a vizinha Filadélfia e portos portugueses e, posteriormente, pelos atractivos comerciais e industriais da também próxima Nova Iorque, o autor refere ainda a história das principais comunidades portuguesas de New Jersey, das suas instituições, das suas empresas  e do seu envolvimento político ao nível de municípios, condados e do estado.
 
Como complemento ao seu estudo sobre a presença portuguesa em New Jersey, o autor sintetiza também a intervenção política de luso-americanos noutros 17 estados da União americana (Alasca, Arizona, Califórnia, Colorado, Connecticut, Flórida, Geórgia, Hawaii, Luisiana, Maryland, Massachusetts, Nova Iorque, Novo México, Pensilvânia, Rhode Island, Carolina do Sul e Virginia) e ao nível do governo federal.
 
O livro contém ainda inúmeras referências e tabelas estatísticas sobre a emigração portuguesa para os Estados Unidos  recorrendo, do lado americano, quer aos censos populacionais quer às publicações do Homeland Security Department e, do lado de Portugal, ao Instituto Nacional de Estatística.

Os Portugueses em New Jersey


First book about the Portuguese in New Jersey released September 17


Livro Fernando Santos The book The Portuguese in New Jersey, which tells the history of the Portuguese presence in this state, will be released Wednesday, September 17.
The book, in Portuguese, with 542 pages, is the result of a 4 year long close investigation and a long monitoring of the Portuguese community of this state by the author, Fernando dos Santos, who, for over three decades, worked as the senior news editor of the Luso-Americano Newspaper, published in Newark, New Jersey.

This publication also coincides with the 75th anniversary of the continuous publication of the Luso-Americano (1939-2014). This important community news media was first published in Newark in 1928, but for sometime, succumbed to the big economic recession that followed.
In addition to the first days of Portuguese presence in New Jersey thanks to the commercial contacts in the 18th century between neighboring Phildadelphia and the Portuguese ports, and later by the attractive commercial and industrial relations with New York, the author also tells the history of the main Portuguese communities in New Jersey, its institutions and companies, as well as its political involvement at municipal, county and state levels.

As an “introduction” in this book, the author dedicates one hundred pages to the Portuguese pioneers in the American territory, as well as to the massive immigration of Portuguese pioneers to Hawaii, New England and California. The author justifies the long introduction with the need for the readers, “by seeing the tree — the Portuguese presence in New Jersey — to better understand the whole forest.”

As a complement of his study of the Portuguese presence in New Jersey, the author synthesizes the political intervention of Portuguese-Americans in other 17 states of the American Union (Alaska, Arizona, California, Colorado, Connecticut, Florida, Georgia, Hawaii, Louisiana, Maryland, Massachusetts, New York, New Mexico, Pennsylvania, Rhode Island, South Carolina and Virginia) and at the Federal Government level.

The book also contains numerous references and statistical tables about the Portuguese immigration to the United States, resorting, in the United States, to the American Census and the publications from the Homeland Security Department, and in Portugal, to the Instituto Nacional de Estatística.
The first census done in the United States occurred in 1790, but was mainly interested in finding out about the eventual military capability of its population. The first census to be concerned with “foreigners” was done in 1820, and it asked the residents if they were “foreigners not naturalized”, but didn’t bother establishing their national origin. Only after the 1850 Census government wanted to know “the place of birth” of the residents and their parents.

Prior to this book, Fernando dos Santos published two books, one about the Portuguese in Hawaii (1996) and another one about his stay among the Ianomamis, Macuxis and Wapichanas Indian tribes in the Brazilian Amazon (1994).
–––––––––––––––––––––––––
The book is available at the Luso-Americano Bookstore (http://www.lusoamericano.com/bookstore), 88 Ferry St., Newark, NJ, 07105 ($39.95+$4.13 postage)
Contacts: bookstore@lusoamericano.com or tel. 973-589-4600

25/09/2014

Festival Literário da Gardunha

Festival Literário da Gardunha 
Lembrete aos amigos interessados no evento de 27 e 28 de Setembro:

Atenção à alteração de hora no Programa: Eu estarei no Teatro Clube de Alpedrinha, Domingo 28, às 10 h. 30, para a mesa redonda "Viagem com História", com Gabriel Magalhães, Miguel Real e Cristina Vieira.

 https://www.facebook.com/festivaliterariodagardunha

15/09/2014

Deana Barroqueiro na Bulhosa

Deana Barroqueiro vai encontrar-se com os seus leitores na livraria Bulhosa de Entrecampos, para uma animada conversa e partilha de ideias.
 
Clube de leitores com Deana Barroqueiro

Terça-feira, 23 de Setembro, 18h00

«O Corsário dos Sete Mares»

Editora: Casa das Letras

Entrada livre
Clube de leitores com Deana Barroqueiro
Terça-feira, 23 de Setembro, 18h00
«O Corsário dos Sete Mares»
Editora: Casa das Letras
Entrada livre

13/09/2014

AGENDA DE SETEMBRO

  • Conversa com os Leitores - Bulhosa de Entrecampos 
              23 de Setembro, 3ª feira, às 18 h.


Estarei na livraria Bulhosa de Entrecampos  para conversar com os Leitores sobre o meu "Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto" e outros temas que venham a "talhe de foice". É um espaço muito agradável e familiar, com sofás cómodos, para uma tertúlia entre amigos (e tem um pequeno bar com bom café!).
 

Livraria Bulhosa de Entrecampos
Campo Grande, 10 - B
1700-092 Lisboa

 (Metro Entrecampos)


  • 1º Festival Literário da Gardunha/Fundão  
         28 de Setembro, Domingo às 10 h. 30


Estarei numa mesa redonda com Gabriel Magalhães e Miguel Real, moderada por Cristina Vieira, sobre o tema "Viagem com História" 


 Organizado pela Câmara do Fundão, sob o mote «A Viagem começa aqui», está garantida uma  intensa e interessante discussão da literatura de viagem.
Nos dias 27 e 28, são várias as personalidades que irão falar do mapa das suas viagens literárias em mesas-redondas: Albano Martins, Alice Vieira, Antonieta Garcia, Américo Rodrigues, Arnaldo Saraiva, Artur Portela, Catarina Nunes de Almeida, Carlos Vaz Marques, Deana Barroqueiro, Fernando Alvim e Fernando Paulouro Neves, Miguel Real, entre outros 

As honras de abertura, no dia 27, caberão ao escritor e jornalista espanhol Javier Reverte, um dos nomes mais conceituados da literatura de viagem.

09/08/2014

A hidra

por BAPTISTA-BASTOS - DN 06 agosto 2014



BAPTISTA-BASTOSUm espectro percorre Portugal: é o espectro da pobreza, da miséria moral, da fraude, da mentira, do embuste, da indecência, da ladroagem, da velhacaria. Este indecoro do BES foi o destapar do fétido tacho da pouca-vergonha. Os valores mais rudimentares das relações humanas pulverizaram-se. Já antes haviam sido atingidos por decepções constantes daqueles que ainda acreditavam na integridade de quem dirige, decide, organiza. Agora, o surto alcançou a fase mais sórdida. Creio que, depois de se conhecer toda a extensão desta burla, algo terá de acontecer. Com outra gente, com outros padrões, não com estes que se substituem, num jogo de paciências cujo resultado é sempre o mesmo. Mas esta afirmação pertence aos domínios da fé, não aos territórios das certezas.

O Dr. Carlos Costa revelou ter avisado a família Espírito Santo de que ia ser removida. Na TVI, Marques Mendes, vinte e quatro horas antes, anunciara o cambalacho. Já destituído, Ricardo Salgado e os seus estabeleceram três negócios ruinosos para o banco, abrindo o buraco da vigarice para quase cinco mil milhões de euros. Quem são os outros cúmplices, e quais as razões explicativas de não estarem na cadeia?

Enquanto o País mergulha num atoleiro, o Dr. Passos nada o crawl, com esfuziante aprazimento, nas doces águas algarvias. Há dias, afirmou que os contribuintes não serão onerados com as aldrabices dos outros. Mas já foi criado um chamado Fundo de Resolução, com dinheiro procedente, de viés, do nosso próprio dinheiro, embuçado na prestação de um grupo de bancos. Quanto ao extraordinário Dr. Cavaco, o reconhecimento generalizado da sua inutilidade como medianeiro de conflitos, e conivente com o que de mais detestável existe na sociedade portuguesa, converteu-se num lugar-comum.

Foi o "sistema" que criou esta ordem de valores espúrios. Este poder dissolvente fez nascer, por todo o lado, a ideia do facilitismo, oposta às regras da convivência que estruturaram os princípios da nossa civilização, dando-lhe um sentido humano. Tudo é permitido, e esta noção brutal, inculcada por "ideólogos" estipendiados ou fanatizados concebeu as suas próprias regras. A impunidade nasce do "sistema", e Salgado é o resultado, não a causa, o resultado de um aproveitamento imoral estimulado pelas fórmulas dessa ordem de valores. Surpreendemo-nos com o comportamento de quem assim foi educado, porém temos de estudar e de analisar aquilo que os explica.

O "sistema", em cuja origem está a raiz do mal, não carece de "regulação", exactamente porque a "regulação" nada resolve e apenas prolonga a crise sobre a crise. O capitalismo sabe e consegue simular a sua própria regeneração. Mas é uma hidra que se apoia em referências na aparência inexpugnáveis, realmente falaciosas. Enfim: o nosso dinheiro está à guarda de ladrões.

06/08/2014

Os Portugueses Pioneiros da Globalização

Esta SEXTA-feira, 8 de Agosto, 21h30
na Casa do Fauno - Sintra 
Palestra por Deana Barroqueiro

Entrada Livre
Foto: Esta SEXTA-feira, 8 de Agosto, 21h30
Palestra: Os Portugueses, Pioneiros da Globalização
com Deana Barroqueiro

Entrada livre!

Portugueses dos Séculos XV e XVI – fidalgos e plebeus, navegadores e corsários, aventureiros e mercadores, estrategas militares e diplomatas, homens das Ciências, das Letras e das Artes, bem como mulheres sem nome mas de igual coragem –, numa espantosa odisseia de Descobrimento, desbravaram novos mundos em mares desconhecidos, carregando no bojo das suas naus (as mortíferas “prisões do mar”), não apenas mercadorias, mas sobretudo novos saberes, técnicas, costumes, ideias, crenças, linguagens e mesmo a escrita, que levaram aos quatro cantos do mundo e trocaram com os mais diversos povos do planeta, concretizando a primeira grande globalização da Idade Moderna.
Fernão Mendes Pinto, protagonista do romance O Corsário dos Sete Mares, de Deana Barroqueiro, encarna como nenhum outro aventureiro, as melhores características do português do Período dos Descobrimentos, ao explorar durante 20 anos, o Oriente longínquo – Malaca, Sião, Java, Samatra – sendo pioneiro no conhecimento da China e do Japão.

São histórias desta tremenda epopeia que a escritora quer narrar, através de mapas e objectos oriundos da “Pestana do Mundo”, numa conversa despretensiosa com os amigos da Casa do Fauno.
Queridos amigos e amigas, se forem passear e jantar a Sintra e vos apetecer ouvir-me contar histórias, no ambiente muito familiar e ao mesmo tempo mágico da Casa do Fauno, venham passar o serão connosco.

Vai ser a minha primeira acção ainda em convalescença, mas espero estar em forma, porque falar das minhas personagens reais dá-me um alento fantástico e eu transformo-me em aventureira, espia e navegadora. Fico à vossa espera, com muita vontade de rever os conhecidos e de conhecer novos amigos.

Resumo da palestra:

Portugueses dos Séculos XV e XVI – fidalgos e plebeus, navegadores e corsários, aventureiros e mercadores, estrategas militares e diplomatas, homens das Ciências, das Letras e das Artes, bem como mulheres sem nome mas de igual coragem –, numa espantosa odisseia de Descobrimento, desbravaram novos mundos em mares desconhecidos, carregando no bojo das suas naus (as mortíferas “prisões do mar”), não apenas mercadorias, mas sobretudo novos saberes, técnicas, costumes, ideias, crenças, linguagens e mesmo a escrita, que levaram aos quatro cantos do mundo e trocaram com os mais diversos povos do planeta, concretizando a primeira grande globalização da Idade Moderna.
Fernão Mendes Pinto, protagonista do romance O Corsário dos Sete Mares, de Deana Barroqueiro, encarna como nenhum outro aventureiro, as melhores características do português do Período dos Descobrimentos, ao explorar durante 20 anos, o Oriente longínquo – Malaca, Sião, Java, Samatra – sendo pioneiro no conhecimento da China e do Japão.

São histórias desta tremenda epopeia que a escritora quer narrar, através de mapas e objectos oriundos da “Pestana do Mundo”, numa conversa despretensiosa com os amigos da Casa do Fauno. Deana Barroqueiro - Romancista e Deana Barroqueiro.

Morada da Casa do Fauno:
Quinta dos Lobos, 1, Caminho dos Frades (a 400 m da Quinta da Regaleira, Sintra)
Coordenadas GPS: 38º 47.883 N – 9º 23.941 W

Como chegar à Casa do Fauno a partir de Sintra?

1. Vá até ao Centro da Vila de Sintra
2. Siga na direcção da Qta. da Regaleira / Seteais
3. Perto da porta principal da Qta. da Regaleira vire à direita (passando em frente à Qta. do Relógio) e entre na Rua da Trindade (que tem um sinal com a indicação de “rua sem saída”) – A partir daqui já poderá encontrar placas com a indicação “Casa do Fauno” e “Ishtar – Artes Mágicas”
4. Siga em frente durante cerca de 400 metros, chegando ao Caminho dos Frades
5. Quando vir a bifurcação da “Fonte dos Amores” continue pela direita e, cerca de 10 metros à frente, à sua esquerda, encontrará o portão da Quinta dos Lobos, onde se situa a Casa do Fauno e a loja Ishtar – Artes Mágicas (assim como o Almáa Sintra Hostel) Entre e encontre-nos à sua esquerda!