Não aceito este Acordo Ortográfico, porque o acho desnecessário - para mais feito em gabinetes, à revelia da maioria dos seus utentes e das instituições que velam por ela -, e me prejudica a escrita e a corrompe, criando a cada passo confusões que chegam a ser absurdas ou mesmo ridículas.
Assinei todas as petições contra, ainda não calei os meus protestos e nunca aceitarei ter os meus livros "emendados", segundo o Acordo. Se me quiserem obrigar a fazê-lo, não voltarei a publicar outro livro no resto da minha vida.
O que me custou mais em todo o processo foi exactamente a falta de amor pela nossa Língua, a qual, sendo a matriz de todas as variantes do Português falado no mundo, os promotores do Acordo dizem querer valorizar, corrompendo-a para a aproximar das ditas variantes, porque é de facto apenas desta subordinação que se trata e não de uma evolução do nosso idioma. É o mundo às avessas
Neste país nunca houve da parte dos governantes qualquer respeito pelos cidadãos, só fingem tê-lo no tempo das eleições, depois "borrifam-se" para o que pensamos ou queremos, porque estão habituados ao nosso conformismo, porque, enquanto povo, nós dobramos a espinha ao poder, não temos orgulho no nosso país, na nossa Língua que é o cerne da nossa identidade, da nossa História ou da nossa Cultura. Por isso temos uma troika estrangeira a estalar o chicote nos nossos lombos.
A nossa Língua evoluía naturalmente, como é próprio de qualquer idioma do mundo. O que se fez foi um "favor" não ao nosso país, mas a outro, uma cedência como muitas mais que os nossos governantes e os seus satélites têm feito, com esse eterno complexo de menoridade (falam com muita bazófia para esconder a insegurança ou a falta de cultura e de competência), dobram a cerviz por sua vez "aos de fora", "aos maiores e mais ricos" e sujeitam-se a acordos que as outras partes depois não respeitam. Já no anterior acordo, o Brasil, depois de o assinar, "borrifou-se" para ele e para nós e continuou a escrever como sempre o fez.
Venderam-nos por pouco e ficaram muito contentinhos! Alguns nem esperaram por a data do desastre. Este malfadado Acordo só entraria em vigor oficialmente em 2014, infelizmente os agentes de cultura, como os Media e as editoras, que deviam acautelar a Língua dos seus jornalistas e escritores, apressaram-se a render-se ao poder e aos interesses (decerto em futuros ganhos, ainda que possam vir a ser apenas fumo...).
Conto com os meus leitores, se gostaram de me ler até hoje, continuarão a ler-me no futuro, embora a "escrever mal e com erros", segundo o novo Acordo Ortográfico. Pelo que, desde já,peço a vossa compreensão e perdão, queridos amigos leitores.
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