A minha homenagem a Zeca Afonso: Recordando a canção que ele fez a uma das personagens da Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto e que também faz parte do meu próximo romance.
A Nau De António Faria
José Afonso
Vai-se a vida e vem a morte
O mal que a todos domina
Reina o comércio da China
Às cavalitas da sorte
Dinheiro seja louvado
A cruz de Cristo nas velas
Soprou o Diabo nelas
Deu à costa um afogado
A guerra é coisa ligeira
Tudo vem do mal de ofício
Não pode haver desperdício
Nesta vida de canseira
Demanda o porto corsário
No caminho faz aguada
Ali findou seu fadário
Morreu de morte matada
A nau de António Faria
Leva no bojo escondida
A cabeça do corsário
Que lhe quis tirar a vida
Aljôfre pérola rama
Eis os pecados do mundo
Assim vai a nau ao fundo
Sem arte honra e fama
Entre cristãos e gentios
em gritos e altos brados
Para ganhar uns cruzados
Lançam-se mil desafios
Em vindo de veniaga
Com a vela solta ao vento
Um mouro é posto a tormento
Por não dizer quem lhe paga
Vou-me à costa à outra banda
Já vejo o rio amarelo
Foi no tempo do farelo
Agora é o rei quem manda
Faz-te à vela marinheiro
Rumo ao reino de Sião
Antes do fim de Janeiro
Hás-de ser meu capitão.
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