Recensão crítica de O Corsário dos Sete Mares:
"Estamos perante mais uma das maravilhosas obras de Deana Barroqueiro que dá gosto ler. Não há dúvida de que são romances, porque a dose de ficção tem a fatia de leão. Mas não deixam de ser livros de história, bem alicerçados numa investigação tanto em obras escritas, como em visitas aos locais mencionados. É o caso deste seu novo romance que, sob o pretexto de narrar as andanças e desandanças do extraordinário aventureiro que foi Fernão Mendes Pinto, o Corsário dos Sete Mares, como bem o apelidou, nos dá a conhecer (ou nos recorda) a época dos Descobrimentos Portugueses, especialmente o que se passou nas terras do Oriente no século XVI.
Os nossos jovens são cada vez menos instruídos acerca desta gloriosa época da nossa História e é importante que apareçam escritores que, de uma forma mais airosa do que através dos maçudos livros de História, glosem estes feitos e os tornem atrativos para os leitores de todas as idades.
Já que vem a propósito, louvo os autores que, como Deana Barroqueiro, têm, nos últimos tempos, publicado obras, de ficção ou não, inspiradas em personagens e factos da História de Portugal, como João Paulo Oliveira e Costa, Helena Sacadura Cabral, Isabel Stilwell, Sara Rodi, Sónia Louro, Jaime Nogueira Pinto, Fina d'Armada ou Júlio Magalhães, por exemplo. Até há uns tempos atrás, quase só se publicavam em Portugal livros sobre o Egipto dos Faraós, a Inglaterra dos Tudor, a França dos Bourbons ou de Napoleão, a Rússia dos Czares ou a Alemanha dos Nazis. Parecia que Portugal não tinha heróis...
O estilo de Deana Barroqueiro é inconfundível. Põe nos seus livros o seu entusiasmo pelos temas que desenvolve. Vê-se que Deana ama o que faz; escreve com o coração e com a cabeça. Dotada de grande erudição e conhecimento da língua, fruto da sua formação académica e da sua experiência de mestre durante muitos anos, a sua escrita cativa o leitor.
No caso concreto desta obra, temos passagens deliciosas, umas dramáticas, outras burlescas, outras líricas, mas todas de grande encanto para o leitor. Procurou e conseguiu mostrar o épico e o grandioso do Império Português do Oriente, mas também a mesquinhez, a falsidade, a corrupção, a ganância de muitos dos seus agentes. Exaltou os heróis e desmascarou os vilões. Mas, sobretudo, mostrou a temeridade que representou a gesta dos Descobrimentos, onde pequenos grupos de portugueses destemidos arrostavam contra a fúria dos elementos montados em cascas de noz, venciam exércitos centenas de vezes superiores e conquistavam reinos governados por senhores poderosos. Eram mercadores, soldados, navegadores, construtores, evangelizadores , mas também corsários, mercenários, traficantes. Uns eram leais ao seu Rei e à sua Fé, mas outros eram falsos e traidores, só pensando em enriquecer muito e depressa, aliando-se por vezes aos nossos inimigos e sabotando a obra que os Vice-Reis procuravam construir no meio das maiores dificuldades.
Enfim, estamos perante uma grande obra, de grande qualidade, com muita informação, mas também muito fácil de ler, cheia de aventuras, com reviravoltas a cada passo, que vai agradar, certamente, a mais novos e mais velhos, mais cultos e menos cultos.".
Sebastião Barata, Segredo dos Livros, 16-12-2012
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