O CROMO BOLSONARO NO SEU MELHOR
Bolsonaro perante o número recorde de mortes por covid-19 no Brasil: “Lamento, mas quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagres” - , fazendo um trocadilho com o seu nome [Jair Messias Bolsonaro], após ser questionado por jornalistas sobre o facto de o Brasil ter ultrapassado o total de mortos da China, com um recorde de 474 óbitos nas últimas 24 horas, totalizando agora 5.017 óbitos.
Há dias disse que não sabia do número de mortos porque "não.era coveiro". E esta criatura desprezível é o presidente do Brasil!
29/04/2020
27/04/2020
OS CROMOS DO CORONAVÍRUS: TRUMP
Donald Trump, o Presidente dos EUA, para combater a covid-19, aconselhou os americanos a injectarem-se com "shots" de desinfectantes, nomeadamente lixívia e a levarem radiações ultravioletas.
Donald Trump sugeriu, na última conferência de imprensa da Casa Branca sobre a Covid-19, que a injecção de desinfectante no corpo poderia ajudar a matar o novo coronavírus. O Presidente lançou ainda a hipótese de expor os doentes a radiações ultravioleta, uma vez que este vírus pode ser sensível ao calor.
As declarações de Trump provocaram rapidamente manifestações de preocupação por parte da comunidade médica, que previa o que aconteceu, pois o número de envenenados com detergentes que foi parar aos hospitais, mostra como a América profunda sofre de um atraso quase medieval, em termos de mentalidade.
Donald Trump sugeriu, na última conferência de imprensa da Casa Branca sobre a Covid-19, que a injecção de desinfectante no corpo poderia ajudar a matar o novo coronavírus. O Presidente lançou ainda a hipótese de expor os doentes a radiações ultravioleta, uma vez que este vírus pode ser sensível ao calor.
As declarações de Trump provocaram rapidamente manifestações de preocupação por parte da comunidade médica, que previa o que aconteceu, pois o número de envenenados com detergentes que foi parar aos hospitais, mostra como a América profunda sofre de um atraso quase medieval, em termos de mentalidade.
OS «CROMOS» DO BRASIL: OS IRMÃOS «METRALHA»?
Em menina, eu lia a banda desenhada do «Tio Patinhas», onde aparecia um bando de meliantes mascarados que eram os irmãos Metralha.
Esta notícia é sobre outros irmãos suspeitos do Brasil:
«Polícia identifica filho de Bolsonaro como líder de esquema de 'fake news'»
A Polícia Federal brasileira identificou o vereador Carlos Bolsonaro, filho do Presidente, Jair Bolsonaro, como um dos líderes de um esquema ilegal de desinformação, segundo uma investigação sigilosa conduzida pelo Supremo Tribunal Federal, divulgada pela imprensa local.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o inquérito foi aberto em Março do ano passado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, para apurar o uso de notícias falsas para ameaçar e caluniar juízes daquele tribunal.
O jornal detalha ainda que Carlos, segundo filho do chefe de Estado, é investigado por suspeita de ser um dos líderes do grupo que cria e divulga notícias falsas, de forma a intimidar e ameaçar autoridades públicas na internet. A Polícia também investiga a participação no esquema do seu irmão e deputado federal, Eduardo Bolsonaro.
Esta notícia é sobre outros irmãos suspeitos do Brasil:
Carlos Bolsonaro |
A Polícia Federal brasileira identificou o vereador Carlos Bolsonaro, filho do Presidente, Jair Bolsonaro, como um dos líderes de um esquema ilegal de desinformação, segundo uma investigação sigilosa conduzida pelo Supremo Tribunal Federal, divulgada pela imprensa local.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o inquérito foi aberto em Março do ano passado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, para apurar o uso de notícias falsas para ameaçar e caluniar juízes daquele tribunal.
O jornal detalha ainda que Carlos, segundo filho do chefe de Estado, é investigado por suspeita de ser um dos líderes do grupo que cria e divulga notícias falsas, de forma a intimidar e ameaçar autoridades públicas na internet. A Polícia também investiga a participação no esquema do seu irmão e deputado federal, Eduardo Bolsonaro.
Os Irmãos "Metralha" com o seu papai |
OS "CROMOS" DA COVID-19 EM PORTUGAL
Cromos da Covid-19, também os há por cá, e não são poucos!
Como o presidente da Câmara de Trofa, o social democrata Sérgio Humberto, que devia ser imediatamente demitido das suas funções, para as quais não tem formação nem moral, nem política.
«O presidente da Câmara da Trofa colocou um ‘gosto’ numa publicação no Facebook que apelava à transformação da Assembleia da República numa câmara de gás, precisamente por causa da celebração do 25 de Abril numa altura em que as pessoas estão obrigadas a ficar em casa. O coordenador da equipa de assistentes operacionais da Câmara da Trofa escreveu o seguinte "Se houver quem ponha aquele espaço a funcionar como uma câmara de gás, eu pago o gás". O presidente da câmara ‘gostou’ do que leu.
Apesar desta boçalidade, pelos vistos, para o PSD, não há drama, pois, como justificou o presidente da distrital do PSD Porto, Alberto Machado:
“Não estamos a falar da página oficial do autarca”.»
(Expresso)
São estes "cromos" - nas fotos, respectivamente, Sérgio Humberto e Alberto Machado - que envergonham a Democracia e a Liberdade!
Como o presidente da Câmara de Trofa, o social democrata Sérgio Humberto, que devia ser imediatamente demitido das suas funções, para as quais não tem formação nem moral, nem política.
«O presidente da Câmara da Trofa colocou um ‘gosto’ numa publicação no Facebook que apelava à transformação da Assembleia da República numa câmara de gás, precisamente por causa da celebração do 25 de Abril numa altura em que as pessoas estão obrigadas a ficar em casa. O coordenador da equipa de assistentes operacionais da Câmara da Trofa escreveu o seguinte "Se houver quem ponha aquele espaço a funcionar como uma câmara de gás, eu pago o gás". O presidente da câmara ‘gostou’ do que leu.
Apesar desta boçalidade, pelos vistos, para o PSD, não há drama, pois, como justificou o presidente da distrital do PSD Porto, Alberto Machado:
“Não estamos a falar da página oficial do autarca”.»
(Expresso)
São estes "cromos" - nas fotos, respectivamente, Sérgio Humberto e Alberto Machado - que envergonham a Democracia e a Liberdade!
21/04/2020
SAMS - UM HOSPITAL FECHADO DURANTE A PANDEMIA?!
UM HOSPITAL BEM EQUIPADO, FECHADO DURANTE A PANDEMIA?!
E não há quem se escandalize? Os sócios, sem hospital, calam-se? Os media não se interessam? As redes sociais, sempre tão indignadas, não protestam?
O hospital é o do SAMS, do sindicato dos bancários.
O hospital anuncia-se assim: «Inaugurado em Setembro de 1994 e em funcionamento desde Novembro do mesmo ano, o Hospital do SAMS constitui uma aposta clara no alargamento e melhoria dos cuidados de saúde disponibilizados aos Beneficiários e Utentes. Assente em critérios como a Qualidade e a Inovação, reúne condições únicas ao nível de capacidade e diversidade de serviços. Concebido na perspectiva de desenvolver uma gestão de recursos humanos e materiais ao serviço de uma medicina de qualidade, humanizada e tecnicamente avançada, é, sem dúvida, um Hospital projectado para o futuro.»
Nem mais! Muita parra e pouca uva, porque, quando os portugueses precisam dele, fecha-se em copas!
Numa altura em que o Governo está a montar hospitais de campanha em Lisboa — e não só — para fazer face ao crescente número de casos do novo coronavírus, os Serviços de Assistência Médico-Social (SAMS), que são geridos pelo Sindicato dos Bancários Sul Ilhas (SBSI) — actual Mais Sindicato —, têm todas as suas unidades de saúde fechadas, nomeadamente o hospital localizado nos Olivais, que não tem data prevista de reabertura.
Quem mandou fechar o hospital e porquê, numa altura tão complexa para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), em que está a ser feita uma articulação com o sector privado, para garantir o cuidado de um número cada vez maior de doentes?
A Direcção-Geral de Saúde (DGS) garante que a autoridade de saúde local apenas determinou o “a suspensão provisória” da urgência e não de toda a unidade hospitalar:
“A Autoridade de Saúde Local determinou a suspensão provisória de actividade do Serviço de Urgência do hospital, como medida cautelar, na sequência da detecção de casos confirmados de COVID-19 em profissionais de saúde neste serviço. O encerramento de toda a unidade dos SAMS nada tem a ver com esta determinação da Autoridade de Saúde Local”, refere a DGS.
A Direcção do Hospital SAMS terá aproveitado a Pandemia para pôr os seus médicos, enfermeiros e auxiliares (que tanta falta fazem) em "lay-off"?
E os seus sócios doentes, que ficaram abandonados, vão parar ao SNS, que está a braços com os infectados da Covid-19?
E o governo não tem poder para requisitar este hospital?
Ricardo Jorge contra a peste bubónica no Porto
(Francisco Louçã - Expresso)
No ano passado assinalaram-se os 120 anos do último foco de peste bubónica numa cidade da Europa ocidental. Esse surto aconteceu no Porto, e o seu estudo e combate devem-se, em grande medida, à acção de um médico notável, Ricardo Jorge (1858-1939). Portuense de origem humilde, foi um aluno brilhante, tendo-se matriculado na Escola Médico-Cirúrgica com apenas 16 anos, numa época em que a ciência ainda era socialmente desvalorizada, se comparada com as humanidades. A sua actividade como médico e professor centrou-se no desenvolvimento da medicina e na modernização do seu ensino, que acusava de escolástico, dogmático e caduco. Em 1881, foi um dos fundadores da “Revista Scientifica”, a qual juntava cientistas com reformadores políticos e sociais (republicanos e socialistas). Em 1884, passou a ocupar-se da higiene pública e, no mesmo ano, promoveu quatro conferências sobre higiene, sepulturas, cemitérios e cremação, que seriam publicadas no livro “Higiene Social Aplicada à Nação Portuguesa”, onde propunha, perante o cenário insalubre com que se deparou, que o Estado criasse um sistema de saneamento. Pouco depois, seria convidado para integrar uma comissão de estudo das condições sanitárias na cidade, no âmbito da qual redigiu o relatório “O Saneamento no Porto”. Em 1899 publicou “Demografia e Higiene da Cidade do Porto: Clima, População, Mortalidade”, em que descrevia a cidade e identificava as condições habitacionais e de higiene das ilhas como causas de proliferação de doenças.
A peste no Porto
O livro “A Peste Bubónica no Porto” reúne os relatórios médicos destinados às autoridades civis, redigidos por Ricardo Jorge entre Julho e Agosto de 1899. Ler estes documentos nesta altura é uma viagem extraordinária. Apesar de a covid-19 e a peste bubónica serem distintas, não só porque a primeira é um vírus e a segunda é provocada por uma bactéria mas sobretudo porque as condições sociais de habitação e higiene foram determinantes para contrair a peste, transmitida por pulgas de ratos, ficamos a conhecer uma parte importante do debate sobre políticas públicas de saúde através destes relatórios. Também descobrimos as medidas que há mais de um século foram tomadas para travar o contágio da peste, num cenário de ausência de qualquer medida de apoio social aos infectados. No dia 4 de Julho de 1899, Ricardo Jorge recebeu um bilhete enviado por um negociante da Rua de São João que o alertava para estranhos falecimentos ocorridos na Rua da Fonte Taurina, na Ribeira. Ele próprio lá se dirigiu, recolheu amostras e fez o estudo bacteriológico do material recolhido nos bubões dos infectados. A sua primeira batalha foi provar que se tratava de peste bubónica e que ela, afinal, não estava erradicada da Europa há 300 anos, como se pensava; a segunda foi provar que se tratava de uma epidemia e não de um caso isolado. O debate sobre as medidas profilácticas e sanitárias a tomar, da construção de balneários públicos à perseguição dos agentes transmissores (cada rato grande entregue numa esquadra de polícia valia 20 réis, 10 réis se fosse pequeno), está intimamente ligado com estas questões. Cerca de dois meses depois, foi imposto um cordão sanitário à cidade, controlado pelo Exército, o que originou a revolta quer das elites quer das classes populares. O Porto foi cercado. Suprimiram-se os comboios, as feiras e as romarias, foi imposta uma quarentena de nove dias aos passageiros e trabalhadores dos comboios. No entanto, foram as medidas radicais anti-contágio de Ricardo Jorge, nomeadamente as respeitantes ao isolamento dos infectados, que contiveram a doença e, consequentemente, a mortalidade.
As barreiras sociais na doença
As descrições minuciosas feitas por Ricardo Jorge das condições higiénicas e de habitação em que viviam os infetados são um verdadeiro trabalho etnográfico, que desenha o retrato do Porto, a anatomia social da cidade. Nos seus relatórios encontramos também reflexões sobre reações ao cerco da cidade, que provocaram a asfixia de toda a atividade comercial e industrial, resultando em desemprego e dificuldades de abastecimento de bens alimentares, de onde surgiu uma grande agitação social, de que o próprio médico seria vítima. Ricardo Jorge demarcou-se de muitas regras sanitárias impostas administrativamente, invocando simultaneamente razões sociais e científicas, numa crítica interessante à ausência de articulação entre a política e a medicina na escolha de medidas. De tal modo o debate foi intenso que a Sociedade de Medicina e Cirurgia (Agosto de 1899) lhe enviou uma mensagem, assinada por 52 médicos, na qual sublinhava a sua “coragem cívica, a sua serenidade em meio da desorientação geral, a sua devoção pela causa pública, a compreensão nítida dos seus deveres”, revelando a querela entre decisores políticos e associações médicas, que reivindicavam a importância do conhecimento científico e a necessidade de este valer no desenho das medidas de combate à peste.
Se as classes populares não sabiam, o aparelho do Estado era incompetente para decidir por si as medidas higienicamente mais convenientes. Dizia Ricardo Jorge: “Cidade porca na rua e em casa, mobilize-se um exército não para sitiá-la mas para limpá-la”, numa crítica evidente à imposição do cerco. Banhos obrigatórios, desinfecção de roupas e casas, isolamento, notificação obrigatória de infecção eram algumas das medidas que defendia.
O ataque contra Ricardo Jorge
A alteração da rotina e do negócio quotidiano, aliada à ignorância e ao medo, fizeram de Ricardo Jorge um alvo preferencial da fúria popular, tendo sido mesmo acusado de sair “misteriosamente de noite a deitar ratos pestosos nas sarjetas” ou que seria ele quem “espalha e entretém a epidemia”. Um dia, perante a detecção de um caso num bairro pobre da cidade, a brigada sanitária cercou o prédio. A infectada, para escapar à brigada, atirou-se da janela e morreu. Ricardo Jorge foi logo acusado pelos vizinhos. A turba em fúria dirigiu-se à casa onde julgava viver o médico, para a apedrejar. Valeu-lhe já não residir nessa moradia da Rua do Almada. Mas foi, logo depois, sitiado em sua casa e preparou-se para o confronto de caçadeira na mão, valendo-lhe, porém, a chegada da cavalaria da Guarda Municipal, que dispersou a multidão. Pouco depois, em Outubro de 1899, Ricardo Jorge partiu para Lisboa, onde foi nomeado inspector-geral dos Serviços Sanitários do Reino, lente de Higiene na Escola Médico-Cirúrgica e membro do Conselho Superior de Higiene e Saúde. A ele se deve a organização dos Serviços de Saúde Pública.
Hoje é indiscutível a importância da saúde pública no combate a epidemias. Sabemos que sem um Serviço Nacional de Saúde e sem medidas de apoio social o mapa da tragédia seria o das fronteiras sociais, como no tempo da peste bubónica. Ricardo Jorge ajudou-nos a perceber uma epidemia e como o serviço público de saúde é uma condição da democracia. É o que Portugal lhe deve.
Artigo publicado no jornal “Expresso” a 10 de Abril de 2020
Médico nascido no Porto em 1858, ajudou-nos a perceber uma epidemia e como o serviço público de saúde é uma condição da democracia. É o que Portugal lhe deve.
No ano passado assinalaram-se os 120 anos do último foco de peste bubónica numa cidade da Europa ocidental. Esse surto aconteceu no Porto, e o seu estudo e combate devem-se, em grande medida, à acção de um médico notável, Ricardo Jorge (1858-1939). Portuense de origem humilde, foi um aluno brilhante, tendo-se matriculado na Escola Médico-Cirúrgica com apenas 16 anos, numa época em que a ciência ainda era socialmente desvalorizada, se comparada com as humanidades. A sua actividade como médico e professor centrou-se no desenvolvimento da medicina e na modernização do seu ensino, que acusava de escolástico, dogmático e caduco. Em 1881, foi um dos fundadores da “Revista Scientifica”, a qual juntava cientistas com reformadores políticos e sociais (republicanos e socialistas). Em 1884, passou a ocupar-se da higiene pública e, no mesmo ano, promoveu quatro conferências sobre higiene, sepulturas, cemitérios e cremação, que seriam publicadas no livro “Higiene Social Aplicada à Nação Portuguesa”, onde propunha, perante o cenário insalubre com que se deparou, que o Estado criasse um sistema de saneamento. Pouco depois, seria convidado para integrar uma comissão de estudo das condições sanitárias na cidade, no âmbito da qual redigiu o relatório “O Saneamento no Porto”. Em 1899 publicou “Demografia e Higiene da Cidade do Porto: Clima, População, Mortalidade”, em que descrevia a cidade e identificava as condições habitacionais e de higiene das ilhas como causas de proliferação de doenças.
A peste no Porto
O livro “A Peste Bubónica no Porto” reúne os relatórios médicos destinados às autoridades civis, redigidos por Ricardo Jorge entre Julho e Agosto de 1899. Ler estes documentos nesta altura é uma viagem extraordinária. Apesar de a covid-19 e a peste bubónica serem distintas, não só porque a primeira é um vírus e a segunda é provocada por uma bactéria mas sobretudo porque as condições sociais de habitação e higiene foram determinantes para contrair a peste, transmitida por pulgas de ratos, ficamos a conhecer uma parte importante do debate sobre políticas públicas de saúde através destes relatórios. Também descobrimos as medidas que há mais de um século foram tomadas para travar o contágio da peste, num cenário de ausência de qualquer medida de apoio social aos infectados. No dia 4 de Julho de 1899, Ricardo Jorge recebeu um bilhete enviado por um negociante da Rua de São João que o alertava para estranhos falecimentos ocorridos na Rua da Fonte Taurina, na Ribeira. Ele próprio lá se dirigiu, recolheu amostras e fez o estudo bacteriológico do material recolhido nos bubões dos infectados. A sua primeira batalha foi provar que se tratava de peste bubónica e que ela, afinal, não estava erradicada da Europa há 300 anos, como se pensava; a segunda foi provar que se tratava de uma epidemia e não de um caso isolado. O debate sobre as medidas profilácticas e sanitárias a tomar, da construção de balneários públicos à perseguição dos agentes transmissores (cada rato grande entregue numa esquadra de polícia valia 20 réis, 10 réis se fosse pequeno), está intimamente ligado com estas questões. Cerca de dois meses depois, foi imposto um cordão sanitário à cidade, controlado pelo Exército, o que originou a revolta quer das elites quer das classes populares. O Porto foi cercado. Suprimiram-se os comboios, as feiras e as romarias, foi imposta uma quarentena de nove dias aos passageiros e trabalhadores dos comboios. No entanto, foram as medidas radicais anti-contágio de Ricardo Jorge, nomeadamente as respeitantes ao isolamento dos infectados, que contiveram a doença e, consequentemente, a mortalidade.
As barreiras sociais na doença
As descrições minuciosas feitas por Ricardo Jorge das condições higiénicas e de habitação em que viviam os infetados são um verdadeiro trabalho etnográfico, que desenha o retrato do Porto, a anatomia social da cidade. Nos seus relatórios encontramos também reflexões sobre reações ao cerco da cidade, que provocaram a asfixia de toda a atividade comercial e industrial, resultando em desemprego e dificuldades de abastecimento de bens alimentares, de onde surgiu uma grande agitação social, de que o próprio médico seria vítima. Ricardo Jorge demarcou-se de muitas regras sanitárias impostas administrativamente, invocando simultaneamente razões sociais e científicas, numa crítica interessante à ausência de articulação entre a política e a medicina na escolha de medidas. De tal modo o debate foi intenso que a Sociedade de Medicina e Cirurgia (Agosto de 1899) lhe enviou uma mensagem, assinada por 52 médicos, na qual sublinhava a sua “coragem cívica, a sua serenidade em meio da desorientação geral, a sua devoção pela causa pública, a compreensão nítida dos seus deveres”, revelando a querela entre decisores políticos e associações médicas, que reivindicavam a importância do conhecimento científico e a necessidade de este valer no desenho das medidas de combate à peste.
Se as classes populares não sabiam, o aparelho do Estado era incompetente para decidir por si as medidas higienicamente mais convenientes. Dizia Ricardo Jorge: “Cidade porca na rua e em casa, mobilize-se um exército não para sitiá-la mas para limpá-la”, numa crítica evidente à imposição do cerco. Banhos obrigatórios, desinfecção de roupas e casas, isolamento, notificação obrigatória de infecção eram algumas das medidas que defendia.
O ataque contra Ricardo Jorge
A alteração da rotina e do negócio quotidiano, aliada à ignorância e ao medo, fizeram de Ricardo Jorge um alvo preferencial da fúria popular, tendo sido mesmo acusado de sair “misteriosamente de noite a deitar ratos pestosos nas sarjetas” ou que seria ele quem “espalha e entretém a epidemia”. Um dia, perante a detecção de um caso num bairro pobre da cidade, a brigada sanitária cercou o prédio. A infectada, para escapar à brigada, atirou-se da janela e morreu. Ricardo Jorge foi logo acusado pelos vizinhos. A turba em fúria dirigiu-se à casa onde julgava viver o médico, para a apedrejar. Valeu-lhe já não residir nessa moradia da Rua do Almada. Mas foi, logo depois, sitiado em sua casa e preparou-se para o confronto de caçadeira na mão, valendo-lhe, porém, a chegada da cavalaria da Guarda Municipal, que dispersou a multidão. Pouco depois, em Outubro de 1899, Ricardo Jorge partiu para Lisboa, onde foi nomeado inspector-geral dos Serviços Sanitários do Reino, lente de Higiene na Escola Médico-Cirúrgica e membro do Conselho Superior de Higiene e Saúde. A ele se deve a organização dos Serviços de Saúde Pública.
Hoje é indiscutível a importância da saúde pública no combate a epidemias. Sabemos que sem um Serviço Nacional de Saúde e sem medidas de apoio social o mapa da tragédia seria o das fronteiras sociais, como no tempo da peste bubónica. Ricardo Jorge ajudou-nos a perceber uma epidemia e como o serviço público de saúde é uma condição da democracia. É o que Portugal lhe deve.
Artigo publicado no jornal “Expresso” a 10 de Abril de 2020
10/04/2020
A HIPOCRISIA DOS HOLANDESES - «OS LADRÕES DO MAR» - 2
Do meu romance «1640», retirei este excerto em que relato o modo como actuavam os neerlandeses/holandeses, para «criarem riqueza» e construírem os Países Baixos:
«Mal encomendara a minha alma a Deus, quando o milagre aconteceu, anunciado por brados de alarme no navio dos corsários e toque de retirada. Os assaltantes embainharam as armas e fugiram pela xareta como bugios, abandonando no nosso convés os companheiros feridos. Ainda não havíamos recobrado do espanto, já eles tinham cortado os cabos que os prendiam ao patacho e, de velas desfraldadas, voavam rumo ao Oriente.
A causa da nossa salvação era uma poderosa nau neerlandesa que surgia a barlavento e navegava a todo o pano. Apercebendo-se do nosso estado lastimoso, permitiu a fuga aos homens do Crescente para vir em nosso socorro, dando-nos uma salva de aviso e lançando ao mar esquifes com muitos remadores.
– São gente do estado rebelde da Holanda. Luteranos!
Seis províncias neerlandesas – Holanda, Zelândia, Utreque, Frísia, Groeninghen e Guélria – haviam-se rebelado contra o jugo filipino e declarado independência, tendo feito guerra à Espanha até assinarem a Trégua dos Doze Anos, em 1609.
– Nunca pensei que havia de me alegrar com a vista de hereges – disse o capitão, preparando-se para receber os batéis dos nossos salvadores que não tardaram a acostar-nos.
Ao subirem para o convés, foram saudados com grandes brados de júbilo por quantos ainda se tinham de pé, contudo a nossa alegria foi sol de pouca duração, vendo como os holandeses traziam armas de grande poder de fogo, em vez das ferramentas para o concerto do barco, cercando-nos com um movimento rápido e ameaçador. Os oficiais saudaram o nosso capitão e o renegado espanhol, que lhes servia de língua, trasladou a fala do seu comandante:
– O capitão lamenta os vossos mortos às mãos dos infiéis, porém, sois agora seus prisioneiros e, como tais, deveis entregar-lhe prestes o livro da carregação, o regimento e os demais documentos do navio, assim como a sua carga, com toda a pedraria, ouro e prata que levais arrecadados. Isto se quereis conservar a vossa vida e liberdade.
Um punhado de homens feridos e exaustos, mantidos sob a mira dos mosquetes e arcabuzes, nada podia fazer contra uma horda de hereges bem treinados nas lides do corso, que nos desarmaram num instante.
– Porque vindes, com capa de amizade, atacar-nos traiçoeiramente, estando nós assim desapercebidos e sem defesa? Há doze anos que a vossa nação tem tréguas com a Espanha... – a voz do capitão sevilhano tremia de indignação por se ter fiado na ajuda de corsários da República da Holanda, que eram conhecidos dos marinheiros das outras nações como os “mendigos do mar”, por enriquecerem à custa da pirataria, da fraude e da pilhagem dos navios.
– A “bendita” trégua acabou há dias – informou o renegado, em tom escarninho, perguntando em seguida: – Ninguém vos avisou de que estávamos de novo em guerra?
Mostraram, no entanto, alguma piedade para connosco – ou, talvez temessem represálias, se fossem capturados, pois estávamos muito perto da costa portuguesa –, permitindo-nos cuidar dos feridos e dar fundo aos mortos segundo os ritos da nossa Fé.
O capitão pediu ainda ao comandante corsário que, por sua honra, acautelasse as mulheres que iam a bordo de toda a ofensa e desacato que os seus homens lhes poderiam fazer na cobiça do saque, no que ele acedeu em parte, mandando encerrar numa câmara da popa, com guardas à porta, três donas de qualidade que viajavam com as filhas.
As escravas e algumas mulheres de baixa condição foram deixadas à mercê da chusma herética, apesar das suas súplicas e lágrimas que nos cortavam o coração e, durante muito tempo, acabrunhados de vergonha por não lhes podermos valer, ouvimos os gritos de desespero das infelizes e os risos e doestos dos seus algozes.
Os neerlandeses eram piratas formigueiros, da casta dos que roubam tudo às vítimas, até as roupas que trazem nos corpos, e os seus batéis andaram durante horas num vaivém constante a transportar o rico saque do patacho para a nau. Quando já não tinham mais que carrear, arrastaram-nos de novo para o convés, como reses de abate, onde esperávamos a todo o momento ser passados à espada ou lançados borda fora, amarrados de pés e mãos, um costume muito referido pelos raros sobreviventes dos ataques destes hereges.
– Dai-vos por afortunados – disse-nos o renegado, sempre escarninho e como se nos lesse o pensamento – por o capitão ter boas entranhas, pois em vez de vos lançar ao mar ou de vos deixar arder junto com o patacho, vai dar-vos um batel para chegardes à praia. Ora largai as jóias e pedraria que tendes escondidas nos corpos, como pagamento do transporte.
Quatro rascões de má catadura agarraram-nos e, à força de pancadas e repelões quando lhes resistimos, arrancaram-nos as botas e as roupas, deixando-nos tão nus como quando Deus nos trouxe ao mundo, e fizeram uma busca cuidadosa ao vestuário, arrecadando tudo o que acharam de valor. Sem se darem por satisfeitos, encheram copos de vinho que nos forçaram a beber, para se certificarem de que não tínhamos escondido na boca alguma pedra preciosa ou anel, porém, o pior ainda estava para vir.
– Agora o corpo – ordenou o língua e preveniu com uma risada: – É melhor não resistir se quereis viver.
Gozando com a nossa humilhação e vergonha, os bragantes manietaram-nos, forçando-nos a expor os corpos por onde metiam os dedos com a brutalidade das feras, zombando com chalaças de que não entendíamos as palavras, mas cujos arremedos não nos deixavam dúvidas quanto ao que diziam.
Lançaram-nos de mãos amarradas num batel, apenas com as calças vestidas e trouxeram as mulheres, primeiro as donas nobres com as filhas, só com os vestidos que tinham no corpo, depois as que lhes tinham servido de divertimento e cuja vista fez recrudescer a arruaça dos verdugos e nos trouxe lágrimas de piedade aos olhos pelo estado miserando a que as tinham reduzido.
Vinham rotas e ensanguentadas, umas de olhos mortiços, outras de rostos intumescidos das pancadas, por terem oferecido resistência, outras ainda soluçando e gemendo sem cessar. Foram atiradas para o batel como fardos, que alguns de nós, já libertos das cordas, recebemos nos braços, passando-as com todo o cuidado às corajosas donas que connosco estavam e as recebiam com palavras de conforto. Os corsários levaram o nosso piloto para melhor fazerem a navegação daquela costa, depois de atearem o fogo ao patacho.
À medida que nos afastávamos, com os olhos postos nas chamas que consumiam o nosso barco, suplicávamos em altos brados a Deus para que o esquife onde íamos, assim tão desconcertado e carregado de infelizes, não fosse ao fundo antes de atingir as costas de Setúbal.
Nessa hora de aflição ninguém se deu conta de como as duas formosas moças que, depois de libertadas pelos seus algozes, ainda não haviam dito uma palavra nem vertido uma lágrima, se tinham lançado silenciosamente do batel para desaparecerem no mar da sua vergonha.»
(Deana Barroqueiro - «1640»)
Nota: A capa do livro é uma parte de um quadro que comemora a vitória dos portugueses sobre os holandeses que tentaram ocupar o Brasil.
«Mal encomendara a minha alma a Deus, quando o milagre aconteceu, anunciado por brados de alarme no navio dos corsários e toque de retirada. Os assaltantes embainharam as armas e fugiram pela xareta como bugios, abandonando no nosso convés os companheiros feridos. Ainda não havíamos recobrado do espanto, já eles tinham cortado os cabos que os prendiam ao patacho e, de velas desfraldadas, voavam rumo ao Oriente.
A causa da nossa salvação era uma poderosa nau neerlandesa que surgia a barlavento e navegava a todo o pano. Apercebendo-se do nosso estado lastimoso, permitiu a fuga aos homens do Crescente para vir em nosso socorro, dando-nos uma salva de aviso e lançando ao mar esquifes com muitos remadores.
– São gente do estado rebelde da Holanda. Luteranos!
Seis províncias neerlandesas – Holanda, Zelândia, Utreque, Frísia, Groeninghen e Guélria – haviam-se rebelado contra o jugo filipino e declarado independência, tendo feito guerra à Espanha até assinarem a Trégua dos Doze Anos, em 1609.
– Nunca pensei que havia de me alegrar com a vista de hereges – disse o capitão, preparando-se para receber os batéis dos nossos salvadores que não tardaram a acostar-nos.
Ao subirem para o convés, foram saudados com grandes brados de júbilo por quantos ainda se tinham de pé, contudo a nossa alegria foi sol de pouca duração, vendo como os holandeses traziam armas de grande poder de fogo, em vez das ferramentas para o concerto do barco, cercando-nos com um movimento rápido e ameaçador. Os oficiais saudaram o nosso capitão e o renegado espanhol, que lhes servia de língua, trasladou a fala do seu comandante:
– O capitão lamenta os vossos mortos às mãos dos infiéis, porém, sois agora seus prisioneiros e, como tais, deveis entregar-lhe prestes o livro da carregação, o regimento e os demais documentos do navio, assim como a sua carga, com toda a pedraria, ouro e prata que levais arrecadados. Isto se quereis conservar a vossa vida e liberdade.
Um punhado de homens feridos e exaustos, mantidos sob a mira dos mosquetes e arcabuzes, nada podia fazer contra uma horda de hereges bem treinados nas lides do corso, que nos desarmaram num instante.
– Porque vindes, com capa de amizade, atacar-nos traiçoeiramente, estando nós assim desapercebidos e sem defesa? Há doze anos que a vossa nação tem tréguas com a Espanha... – a voz do capitão sevilhano tremia de indignação por se ter fiado na ajuda de corsários da República da Holanda, que eram conhecidos dos marinheiros das outras nações como os “mendigos do mar”, por enriquecerem à custa da pirataria, da fraude e da pilhagem dos navios.
– A “bendita” trégua acabou há dias – informou o renegado, em tom escarninho, perguntando em seguida: – Ninguém vos avisou de que estávamos de novo em guerra?
Mostraram, no entanto, alguma piedade para connosco – ou, talvez temessem represálias, se fossem capturados, pois estávamos muito perto da costa portuguesa –, permitindo-nos cuidar dos feridos e dar fundo aos mortos segundo os ritos da nossa Fé.
O capitão pediu ainda ao comandante corsário que, por sua honra, acautelasse as mulheres que iam a bordo de toda a ofensa e desacato que os seus homens lhes poderiam fazer na cobiça do saque, no que ele acedeu em parte, mandando encerrar numa câmara da popa, com guardas à porta, três donas de qualidade que viajavam com as filhas.
As escravas e algumas mulheres de baixa condição foram deixadas à mercê da chusma herética, apesar das suas súplicas e lágrimas que nos cortavam o coração e, durante muito tempo, acabrunhados de vergonha por não lhes podermos valer, ouvimos os gritos de desespero das infelizes e os risos e doestos dos seus algozes.
Os neerlandeses eram piratas formigueiros, da casta dos que roubam tudo às vítimas, até as roupas que trazem nos corpos, e os seus batéis andaram durante horas num vaivém constante a transportar o rico saque do patacho para a nau. Quando já não tinham mais que carrear, arrastaram-nos de novo para o convés, como reses de abate, onde esperávamos a todo o momento ser passados à espada ou lançados borda fora, amarrados de pés e mãos, um costume muito referido pelos raros sobreviventes dos ataques destes hereges.
– Dai-vos por afortunados – disse-nos o renegado, sempre escarninho e como se nos lesse o pensamento – por o capitão ter boas entranhas, pois em vez de vos lançar ao mar ou de vos deixar arder junto com o patacho, vai dar-vos um batel para chegardes à praia. Ora largai as jóias e pedraria que tendes escondidas nos corpos, como pagamento do transporte.
Quatro rascões de má catadura agarraram-nos e, à força de pancadas e repelões quando lhes resistimos, arrancaram-nos as botas e as roupas, deixando-nos tão nus como quando Deus nos trouxe ao mundo, e fizeram uma busca cuidadosa ao vestuário, arrecadando tudo o que acharam de valor. Sem se darem por satisfeitos, encheram copos de vinho que nos forçaram a beber, para se certificarem de que não tínhamos escondido na boca alguma pedra preciosa ou anel, porém, o pior ainda estava para vir.
– Agora o corpo – ordenou o língua e preveniu com uma risada: – É melhor não resistir se quereis viver.
Gozando com a nossa humilhação e vergonha, os bragantes manietaram-nos, forçando-nos a expor os corpos por onde metiam os dedos com a brutalidade das feras, zombando com chalaças de que não entendíamos as palavras, mas cujos arremedos não nos deixavam dúvidas quanto ao que diziam.
Lançaram-nos de mãos amarradas num batel, apenas com as calças vestidas e trouxeram as mulheres, primeiro as donas nobres com as filhas, só com os vestidos que tinham no corpo, depois as que lhes tinham servido de divertimento e cuja vista fez recrudescer a arruaça dos verdugos e nos trouxe lágrimas de piedade aos olhos pelo estado miserando a que as tinham reduzido.
Vinham rotas e ensanguentadas, umas de olhos mortiços, outras de rostos intumescidos das pancadas, por terem oferecido resistência, outras ainda soluçando e gemendo sem cessar. Foram atiradas para o batel como fardos, que alguns de nós, já libertos das cordas, recebemos nos braços, passando-as com todo o cuidado às corajosas donas que connosco estavam e as recebiam com palavras de conforto. Os corsários levaram o nosso piloto para melhor fazerem a navegação daquela costa, depois de atearem o fogo ao patacho.
À medida que nos afastávamos, com os olhos postos nas chamas que consumiam o nosso barco, suplicávamos em altos brados a Deus para que o esquife onde íamos, assim tão desconcertado e carregado de infelizes, não fosse ao fundo antes de atingir as costas de Setúbal.
Nessa hora de aflição ninguém se deu conta de como as duas formosas moças que, depois de libertadas pelos seus algozes, ainda não haviam dito uma palavra nem vertido uma lágrima, se tinham lançado silenciosamente do batel para desaparecerem no mar da sua vergonha.»
(Deana Barroqueiro - «1640»)
Nota: A capa do livro é uma parte de um quadro que comemora a vitória dos portugueses sobre os holandeses que tentaram ocupar o Brasil.
A HIPOCRISIA DOS HOLANDESES - «OS LADRÕES DO MAR» - 1
Os holandeses tornaram-se, na União Europeia, os paladinos de uma "moral" intransigente, contra aquilo que consideram "os desmandos dos países do Sul", cujos povos só pensam em gastar o dinheiro do seu PIB e das ajudas da UE em vinho, mulheres e outros prazeres, incluindo os da pandemia do coronavírus.
E os seus governantes dizem que são contidos nos gastos, parcos nos prazeres e que criaram a sua nação e a sua riqueza com trabalho árduo e honesto, portanto, não estão dispostos a serem solidários com os preguiçosos do Sul.
Os holandeses/neerlandeses ou sofrem de amnésia em relação à sua História ou são pura e simplesmente hipócritas!
Os Países Baixos foram criados à custa dos roubos, matanças e extorsões que os seus corsários e as suas armadas (pretensamente comerciais, mas que eram de guerra) faziam aos povos do Sul, muito em particular aos portugueses e espanhóis, mesmo quando assinavam tréguas ou tratados de paz, que não respeitavam.
Foram conhecidos como os "Ladrões do Mar" e "Piratas Formigueiros", por roubarem tudo o que viam. Perseguiam os navios portugueses e espanhóis, assaltando-os, saqueando-os e queimando-os, com toda a gente lá dentro, conquistando os seus territórios ultramarinos, sobretudo os de Portugal na África e na Ásia, muitos deles construídos de raiz, à custa de muito suor e sangue, e cujos povos eles escravizaram, destruindo-lhes a civilização, como fizeram nas Molucas.
Se quiserem ver como esta gente "trabalhava", leiam o excerto do meu romance «1640», que vos deixo aí acima.
E os seus governantes dizem que são contidos nos gastos, parcos nos prazeres e que criaram a sua nação e a sua riqueza com trabalho árduo e honesto, portanto, não estão dispostos a serem solidários com os preguiçosos do Sul.
Os holandeses/neerlandeses ou sofrem de amnésia em relação à sua História ou são pura e simplesmente hipócritas!
Os Países Baixos foram criados à custa dos roubos, matanças e extorsões que os seus corsários e as suas armadas (pretensamente comerciais, mas que eram de guerra) faziam aos povos do Sul, muito em particular aos portugueses e espanhóis, mesmo quando assinavam tréguas ou tratados de paz, que não respeitavam.
Foram conhecidos como os "Ladrões do Mar" e "Piratas Formigueiros", por roubarem tudo o que viam. Perseguiam os navios portugueses e espanhóis, assaltando-os, saqueando-os e queimando-os, com toda a gente lá dentro, conquistando os seus territórios ultramarinos, sobretudo os de Portugal na África e na Ásia, muitos deles construídos de raiz, à custa de muito suor e sangue, e cujos povos eles escravizaram, destruindo-lhes a civilização, como fizeram nas Molucas.
Se quiserem ver como esta gente "trabalhava", leiam o excerto do meu romance «1640», que vos deixo aí acima.
06/04/2020
COVID-19: A "SORTE GRANDE" DOS VIGARISTAS, CORRUPTOS E ATÉ DE ASSASSINOS
Não há mais vida além da covid-19?
Desde Janeiro que não há praticamente notícias sobre outra coisa que não seja o coronavírus e a covid-19. Tudo o mais deixou de existir.
As notícias da doença são repetidas durante 24 h, até à exaustão, em todos os Media, sobretudo em nos canais televisivos, que são o principal meio de acesso à informação dos que estão em quarentena. Não falam de outra coisa.
Todos os grandes casos de Justiça, da gente corrupta que enriqueceu, roubando o Estado, o povo ou os accionistas dos bancos e empresas, desapareceram por completo dos radares dos Media. Que aconteceu a essa gente? Por onde anda Isabel dos Santos, Ricardo Salgado, Sócrates e quejandos? Continuam a fazer impunemente lavagem de dinheiro sujo ou a porem aquele de que se apropriaram fraudulentamente nas off-shores?
E os que fugiram aos impostos, os do futebol, por exemplo, livraram-se das investigações?
A Justiça, deixou de funcionar, com medo do vírus? Se já era lenta antes da pandemia, será que paralisou? Vi e ouvi a Ministra da Justiça (que aprecio) a falar dos presos que seriam postos em liberdade (com que concordo), mas não lhe ouvi uma única palavra sobre os criminosos de colarinho branco. Aposto que estarão "confinados ao isolamento" nas suas luxuosas moradias com piscina e outras mordomias (pagas com o saque que fizeram durante anos ao país), em quarentena como eu e os meus leitores. Parece-me mais umas férias de luxo e um prémio!
UCRANIANO MORTO À PANCADA, ALEGADAMENTE, POR INSPECTORES DO SEF
Ihor Homenyuk, tinha 40 e poucos anos, casado e com dois filhos |
E não provoca a maior indignação que nenhum governante venha dar uma explicação aos portugueses sobre crimes cometidos por organizações policiais ou militares, como o que alegadamente cometeram três inspectores do SEF - Duarte Laja, Bruno Sousa e Luís Silva - espancando até à morte, cobardemente, Ihor Homenyuk, um ucraniano (que estava detido numa sala do aeroporto de Lisboa, sedado e manietado no chão). Estes inspectores gabaram-se do feito dizendo que "já não precisavam de ir ao ginásio", manifestando a impunidade de quem sabe que não tem testemunhas numa época trágica (mas, para seu azar, até houve testemunhas de colegas)?
Esmagaram-lhe o peito e as costas à bastonada, até a vítima não poder respirar e deixaram-no durante longas horas a morrer no chão da sala, até outro inspector o descobrir. E todos os que ouviram os seus gritos e não lhe prestaram auxilio, foram coniventes com o crime. Que foi encoberto por muita gente.
E o inspectores foram enviados para casa, pela sua directora com a pena de não poderem sair de casa? Como nós, em quarentena?
O SEF demorou mais de três horas a comunicar ao MP a morte do cidadão ucraniano nas suas instalações do aeroporto. E levou seis dias a informar a Inspecção-Geral da Administração Interna
Tenho direito a saber por que razão a cadeia de comando do SEF não se pronunciou sobre esta morte. São responsáveis pelo encobrimento de um crime tão repugnante, para mais cometido por forças de segurança que, num estado democrático, têm o dever e obrigação de proteger os cidadãos, mesmo os que possam ter cometido faltas ou mesmo serem criminosos?
Isto faz-me lembrar de um outro crime, que teve lugar há anos, numa esquadra da polícia de má memória, em que os inspectores decapitaram um preso. Julguei que barbaridades destas já não eram possíveis no nosso país.
TENHO DIREITO A UMA EXPLICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS E QUERO QUE OS CULPADOS SEJAM CASTIGADOS, ASSIM COMO OS SEUS CHEFES, QUE OS ENCOBRIRAM OU NÃO QUISERAM SABER.
03/04/2020
A PANDEMIA É UMA BÊNÇÃO PARA OS NEOLIBERAIS CONVICTOS
HUMOR NEGRO
Não consigo deixar de pensar no regozijo dos neoliberais mais fundamentalistas que passaram os últimos anos a queixarem-se das reformas que os velhos usufruem (esquecendo-se que a maioria de nós descontou durante mais de 35 anos para isso, portanto é dinheiro próprio, não é uma esmola).
Como a Pandemia tem feito, e continuará a fazer, uma razia nos velhos acima dos sessenta anos, os neoliberais vão ficar com o problema resolvido: a morte dos velhos é o seguro de vida para os jovens executivos, empresários, empreendedores e outros que tais.
E, se mesmo assim ainda não chegar para lhes assegurar uma vidinha de ricos, podem começar a "despachar" os pais e os avós mais resistentes à pandemia. Tapem-lhes a cara com uma almofada, durante o sono, que a morte se confundirá com a covid-19 e ninguém desconfiará.
Não consigo deixar de pensar no regozijo dos neoliberais mais fundamentalistas que passaram os últimos anos a queixarem-se das reformas que os velhos usufruem (esquecendo-se que a maioria de nós descontou durante mais de 35 anos para isso, portanto é dinheiro próprio, não é uma esmola).
Como a Pandemia tem feito, e continuará a fazer, uma razia nos velhos acima dos sessenta anos, os neoliberais vão ficar com o problema resolvido: a morte dos velhos é o seguro de vida para os jovens executivos, empresários, empreendedores e outros que tais.
E, se mesmo assim ainda não chegar para lhes assegurar uma vidinha de ricos, podem começar a "despachar" os pais e os avós mais resistentes à pandemia. Tapem-lhes a cara com uma almofada, durante o sono, que a morte se confundirá com a covid-19 e ninguém desconfiará.
02/04/2020
OS CROMOS DO CORONAVÍRUS: NICOLÁS MADURO
Maduro acusa navio cruzeiro português de acto de “terrorismo e pirataria”
Um barco da Marinha da Venezuela afundou-se após colidir com o cruzeiro de turistas que tinha bandeira portuguesa, Resolute.O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou o cruzeiro de ter cometido um acto de “terrorismo e pirataria” contra um barco da Marinha venezuelana que se afundou segunda-feira, após uma colisão.
Segundo Maduro, o barco venezuelano foi abalroado “de maneira brutal”. Tratou-se. contudo, de um acidente nas manobras e o navio cruzeiro recolheu todos os 'náufragos".
Maduro instou as autoridades do Curaçau, onde o barco está ancorado, a investigar este “acto de pirataria internacional”.
AS "PÉROLAS" DE MADURO:
«O barco [de bandeira portuguesa] que investiu contra a nossa nave é oito vezes mais pesado, é como se um gigante pugilista de 100 quilogramas agarrasse um menino pugilista e o golpeasse”, frisou.
"Trata-se de um acto de terrorismo e pirataria que há que investigar”, porque “se tivesse sido um barco de turistas não teria tido essa atitude de querer agredir“.
“As investigações continuam. As autoridades de Curaçau, em cumprimento dos compromissos internacionais, devem fazer a investigação, informar oficialmente e tomar as providências porque foi um acto de pirataria internacional”. disse Nicolás Maduro.
NOTA: O navio de turistas foi registado em Portugal, mas não pertence ao nosso país, mas sim ao Canadá e a outro país qualquer.
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