Não há mais vida além da covid-19?
Desde Janeiro que não há praticamente notícias sobre outra coisa que não seja o coronavírus e a covid-19. Tudo o mais deixou de existir.
As notícias da doença são repetidas durante 24 h, até à exaustão, em todos os Media, sobretudo em nos canais televisivos, que são o principal meio de acesso à informação dos que estão em quarentena. Não falam de outra coisa.
Todos os grandes casos de Justiça, da gente corrupta que enriqueceu, roubando o Estado, o povo ou os accionistas dos bancos e empresas, desapareceram por completo dos radares dos Media. Que aconteceu a essa gente? Por onde anda Isabel dos Santos, Ricardo Salgado, Sócrates e quejandos? Continuam a fazer impunemente lavagem de dinheiro sujo ou a porem aquele de que se apropriaram fraudulentamente nas off-shores?
E os que fugiram aos impostos, os do futebol, por exemplo, livraram-se das investigações?
A Justiça, deixou de funcionar, com medo do vírus? Se já era lenta antes da pandemia, será que paralisou? Vi e ouvi a Ministra da Justiça (que aprecio) a falar dos presos que seriam postos em liberdade (com que concordo), mas não lhe ouvi uma única palavra sobre os criminosos de colarinho branco. Aposto que estarão "confinados ao isolamento" nas suas luxuosas moradias com piscina e outras mordomias (pagas com o saque que fizeram durante anos ao país), em quarentena como eu e os meus leitores. Parece-me mais umas férias de luxo e um prémio!
UCRANIANO MORTO À PANCADA, ALEGADAMENTE, POR INSPECTORES DO SEF
Ihor Homenyuk, tinha 40 e poucos anos, casado e com dois filhos |
E não provoca a maior indignação que nenhum governante venha dar uma explicação aos portugueses sobre crimes cometidos por organizações policiais ou militares, como o que alegadamente cometeram três inspectores do SEF - Duarte Laja, Bruno Sousa e Luís Silva - espancando até à morte, cobardemente, Ihor Homenyuk, um ucraniano (que estava detido numa sala do aeroporto de Lisboa, sedado e manietado no chão). Estes inspectores gabaram-se do feito dizendo que "já não precisavam de ir ao ginásio", manifestando a impunidade de quem sabe que não tem testemunhas numa época trágica (mas, para seu azar, até houve testemunhas de colegas)?
Esmagaram-lhe o peito e as costas à bastonada, até a vítima não poder respirar e deixaram-no durante longas horas a morrer no chão da sala, até outro inspector o descobrir. E todos os que ouviram os seus gritos e não lhe prestaram auxilio, foram coniventes com o crime. Que foi encoberto por muita gente.
E o inspectores foram enviados para casa, pela sua directora com a pena de não poderem sair de casa? Como nós, em quarentena?
O SEF demorou mais de três horas a comunicar ao MP a morte do cidadão ucraniano nas suas instalações do aeroporto. E levou seis dias a informar a Inspecção-Geral da Administração Interna
Tenho direito a saber por que razão a cadeia de comando do SEF não se pronunciou sobre esta morte. São responsáveis pelo encobrimento de um crime tão repugnante, para mais cometido por forças de segurança que, num estado democrático, têm o dever e obrigação de proteger os cidadãos, mesmo os que possam ter cometido faltas ou mesmo serem criminosos?
Isto faz-me lembrar de um outro crime, que teve lugar há anos, numa esquadra da polícia de má memória, em que os inspectores decapitaram um preso. Julguei que barbaridades destas já não eram possíveis no nosso país.
TENHO DIREITO A UMA EXPLICAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS E QUERO QUE OS CULPADOS SEJAM CASTIGADOS, ASSIM COMO OS SEUS CHEFES, QUE OS ENCOBRIRAM OU NÃO QUISERAM SABER.
Sem comentários:
Enviar um comentário