11/11/2013

O Ranking das Escolas, as Políticas de Educação e o contexto social

Três em cada cinco escolas públicas (58,9%) onde se realizam exames nacionais no ensino secundário apresentam classificações médias aquém do que seria expectável, tendo em conta o meio onde se inserem. Isto significa que houve mais escolas do que em 2012 a ficar abaixo do valor esperado do contexto (VEC), tal como ele é calculado pela Universidade Católica Portuguesa. No ano passado, tinha acontecido com 51%.

Pública com melhor média

A Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, continua a ser a pública com a melhor média nos exames se só tivermos em conta as escolas com alguma dimensão (pelo menos 50 provas realizadas). Olhe-se para o que se passou nos últimos anos: em 2011, a Infanta estava em 21.º lugar do ranking geral, com 13,5 valores, e era a pública que melhor se saía; em 2012, desceu para o 26.º, com 12,4, e continuava a ser a pública que melhor se saía; este ano, com 716 provas, desce de novo, para 32.º lugar, e 11,78 valores.

Nada que espante o director Ernesto Paiva, que se reformou há dias, que afirma que “as políticas nacionais de Educação tornam cada vez mais difícil a competição com os privados, mesmo no caso de uma escola com condições excepcionais, como a D. Maria”.
“No ano lectivo 2011/2012, havia 93 professores para 863 alunos; no ano passado, 79 para 1012”, diz. Esta alteração, resultante do número de estudantes por turma e das mudanças nos currículos, coloca as escolas públicas em desvantagem em dois campos: “Com turmas maiores, as aulas são menos produtivas e faltam-nos recursos para actividades de apoio.”

Mesmo as tais condições excepcionais têm-se alterado: a estabilidade do corpo docente já não é um trunfo. O ritmo “anormal” na aposentação de professores (23 nos últimos três anos) e a entrada de docentes “que ainda não têm a cultura da escola” pesam de forma negativa. E o perfil dos alunos, que “continuam a ser de uma exigência invulgar”, também tem mudado. Ao mesmo tempo que a escola se abriu “às periferias”, a crise atingiu a classe média urbana, a que continua a pertencer a maior parte dos estudantes.
Um dado ilustrativo: sendo sempre residual, o número de beneficiários da Acção Social Escolar (ASE) subiu de 21, em 2007/2008, para 99 neste ano lectivo. Paralelamente, o número dos que recorrem a explicações particulares – algo que era relativamente comum – terá diminuído, acredita Ernesto Paiva.

Ainda assim, a escola, que está inserida no contexto mais favorável dos três pelos quais a Católica distribuiu os agrupamentos do país, continua a ser uma das que mais superam o seu VEC.

e

Sem comentários: