19/11/2013

A hipocrisia de João César das Neves

Na sua crónica, no DN de18-11-2013, denominada "Ano da Fé", o católico praticante João César das Neves afirma devotamente:
 
"Não há felicidade maior do que saber que Deus, o Deus supremo, sublime, transcendente, que fez o céu e a terra, se entregou à morte para me salvar. A mim pessoalmente.". E a meio de um longo acto de contrição pelos seus pecados, acrescenta: "Eu, no medíocre quotidiano, continuo a mesma mesquinha criatura que sempre fui.".
 
Bom, do mal o menos, pois João César das Neves reconhece a sua mesquinha natureza, porque sendo professor universitário e economista, não se pode desculpar com a ignorância, quando tece considerações como as que lhe temos ouvido nos media, sobre os pobres, os desempregados e pensionistas do seu país, de que cito alguns exemplos:
 
O economista considera que baixar a idade da reforma seria "suicida”. 
João Cèsar das Neves defende que aumentar o salário mínimo "é estragar a vida aos pobres".  
 
"A taxa de desemprego das pessoas sem formação aumentou em Portugal nos últimos tempos. Subir o salário mínimo, ou seja, tornar mais caro esse trabalho, seria a pior maneira de ajudar essas pessoas", declarou João César das Neves em entrevista ao DN/TSF. O professor mostrou-se a favor do aumento da idade da reforma. "Se as pessoas vivem mais tempo, em melhores condições, é estúpido baixar a idade da reforma, é suicida”, explicou.
 
O economista considera ainda que "uma das piores coisas que está a acontecer em Portugal é haver uma data de gente a falar de pobres que não são pobres e que, em nome dos pobres, querem defender o seu".
 
"A maior parte dos pensionistas não são pobres e estão a fingir que são pobres. E dos verdadeiros pobres ninguém fala ou, quando fala, é para dar direitos a todos os outros”, acrescentou.
 
Lamento que um católico tão fervoroso na sua crença,  como é João César das Neves, não siga os ensinamentos do Cristo (que morreu por ele!) ou, nem sequer, nos nossos dias, o exemplo do Papa Francisco, e em vez de se solidarizar com a miséria da maioria dos seus concidadãos, antes os apode de fraudulentos, oportunistas e mentirosos.

Contudo, tal como existem vigaristas em todas as categorias e estratos de qualquer sociedade do mundo, capazes de fingir que são pobres para terem proveitos indevidos, também neles pululam os  hipócritas, os tartufos de barriga cheia e sem um pingo de consciência ou generosidade pelo sofrimento alheio.
 
"Vade retro", Satanás! - digo eu que não sou crente, mas porque me sinto indignada.

 
 

2 comentários:

Anónimo disse...

Compreendo o seu lado mas infelizmente a impressa passa apenas o que "dá canal". O senhor professor Cesár das Neves é um grande economista é pena é que não mostrem o fundamento da teoria e o que o levou a lá chegar. Sou aluna do mesmo e dedicámos uma aula a falar deste assunto e sem dúvida que, nós alunos, tivemos a mesma reacção que toda a população teve mas minutos depois,o professor fez questão de fazer uma análise do problema e explicar-nos o porque de ter essa opinião e realmente existem muitas mais regalias para aqueles que "menos têem". E triste porque portugal não quer compreender, gosta de criticar antes de ouvir e fazer uma análise fundamentada.
Não é por acaso que os alunos da Católica são dos melhores profissionais em Economia do País e do Mundo e por algum motivo o senhor César das Neves cria esses grandes profissionais, será que é assim tão mau e estará tão errado nas suas teorias? (que, repito, não são explicas e que muita gente não percebo por não conhecer como se fazem análises económicas)

Anónimo disse...

Você, como aluna da Católica e do senhor prof. das Neves e que esteve presente e que, deduzo, atenta na aula de explanação da teoria em discussão, explique por favor, a quem não teve o(s) privilégio(s) de que desfruta, afinal em que ficamos. Use, se possível, um discurso que eu possa entender.
Fico aguardando. É que com 70 anos (e talvez por isso!), não consigo perceber. Por favor, esclareça-me!