21/02/2013

Apresentação do novo romance na Murtosa, nos Jogos Florais 2012




Um pouco atrasada (por só agora ter visto o vídeo no youtube), a minha entrevista para a televisão local, Ribeirinhas, aquando da apresentação, na Murtosa, do meu romance O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto, editado pela Casa das Letras/Leya, durante a sessão da entrega de prémios dos Jogos Florais de 2012.

14/02/2013

No Dia dos Namorados...


Saúdo-vos, no Dia dos Namorados (e no Ano da Serpente chinês), com "TENTAÇÃO DA SERPENTE", a minha obra histórica mais erótica e poética, dedicada ao Amor e à Mulher, em que procurei transformar os estereótipos do Velho Testamento em personagens reais da Antiguidade pré-clássica, recriando o seu mundo através de documentos da época.

É o meu livro preferido, que tem tido um percurso atribulado, embora com várias edições em Portugal, Brasil, Espanha e Itália (na 1ª versão como "Contos Eróticos do Velho Testamento").

Namorem e amem, hoje e sempre, queridos amigos!

13/02/2013

Apresentações em Castelo Branco e Vila Velha de Ródão

 
Lembrete  aos Amigos 

1 - Castelo Branco,  
dia 19, 3ª Feira, às 18 h.

Apresentação de O Corsário dos Sete Mares
por Deana Barroqueiro
em Cultura Vibra
Cine-Teatro Avenida
Avenida G. Humberto Delgado
Castelo Branco


2 - Vila Velha de Ródão,
dia 20, 4ª Feira, 17.30
 
 
na
Biblioteca Municipal de Vila Velha de Ródão
 

10/02/2013

O Ano da Serpente


Começa hoje o Ano Novo Chinês da Serpente. Aqui vos deixo uma das histórias de O Corsário dos Sete Mares, passada no Sião/Tailândia, onde este Signo vai ter papel preponderante nas intrigas e jogos de poder da concubina Sri Suda Chan, que o vídeo do filme Suriyothai ajudará a visualizar, embora com legendas em Inglês:
"O leito do canal Pla Mo parece refluir de susto à passagem dos dragões, serpentes, cavalos e outras míticas criaturas, de pescoços empinados e fauces escancaradas, exibindo os dentes acerados e as línguas pendentes dos predadores. Nas últimas horas da segunda noite do crescente, emergem das sombras como uma horda de monstros farejando as presas na caçada.
Os cânticos marcam o ritmo dos remos e as chusmas das laulees dos cortesãos e servidores de Khun Worawongsa, esforçam-se por acompanhar as remadoras da barca real, que segue na frente, refulgindo nas chamas trémulas dos archotes e lanternas, ostentando orgulhosamente os estandartes e símbolos da antiga dinastia Uthong, de novo no poder.
No coberto do barco, que se assemelha a um templo ou palacete de madeiras fina-mente trabalhadas e graciosos minaretes com agulhas douradas, a rainha Sri Suda Chan, des-cendente dos primeiros reis de Ayuthya, reclinada no seu leito, sente uma opressão no peito, como um mau presságio, que não a deixa saborear o momento da vitória e da sua consagra-ção. Nem a presença do rei seu marido, que joga com o pequeno Sri Sin, nem a filha que esbraceja no colo da ama ou os mexericos e gracejos das suas aias logram dissipar as nuvens sombrias que parecem adensar-se com o raiar da manhã. A imagem do abutre a voar em círculos sobre o palácio não a deixa sossegar.
Já vai a meio o nono mês do Ano do Macaco, de mil quinhentos e quarenta e oito, um ano sumamente auspicioso que lhe propiciara a tessitura sem falhas de todos os desígnios, enredos e jogadas perigosas que concebera, permitindo-lhe a consumação das suas ambições do poder e do amor com que sempre sonhara. Assim lho profetizara a bisavó, a mais velha descendente dos Uthong, que vivia encerrada no seu paço, com a lepra a corroer-lhe o corpo e a fazer-lhe mais clarividente o dom da visão.
– Boon Sri é, como tu, do sangue real dos Uthong – dissera-lhe na sua voz enrouquecida de feiticeira – e ambos deviam estar no trono. Mas ele ocupa um miserável posto de curador de ritos e de pagodes e tu, em vez do título de rainha que te é devido, és apenas uma das quatro concubinas principais. Deste modo, os usurpadores Suphannaphum humilham os herdeiros da estirpe dos primeiros reis, quando devia ser um filho vosso a herdar o reino e restaurar a nossa dinastia.
As palavras da velha Princesa foram a chispa que lhe ateara a paixão desmedida por Boon Sri e a levara ao adultério, sem se importar com o risco que corria. Por ele jogara um jogo perigoso em que apostara tudo, incluindo a própria vida, e ganhara. O humilde brâmane curador do pátio exterior dos pagodes, que soubera enfeitiçá-la com a sua beleza e voz admirável, é agora Khun Worawongsa, o novo Rei dos Reis do Sião, coroado havia quarenta e dois dias, depois de removido o último obstáculo do seu caminho: o rei Yot Fa, o filho que concebera de Chai Raja.
Rodeara-se de parasitas dependentes dos seus favores, a fim de lhe conseguir primeiro a regência e logo a coroação, mas sabe que o trono ainda não está seguro. Embora se tivessem desembaraçado de quase toda a oposição, há muitas famílias nobres das outras três dinastias que a odeiam, acusando-a das mortes de Chai Raja e de Yot Fa, o filho de ambos, conspirando para a sua perda, chefiados pela ardilosa princesa Suriyothay, da dinastia Sukhothai.
Se esta caçada fosse bem sucedida e Boon Sri tomasse com as suas próprias mãos o divino elefante, símbolo do poder real, conquistaria o título de Senhor do Elefante Branco e com ele a confiança e devoção do povo. Por isso concordara com a expedição às florestas do Lopburi, apesar dos maus pressentimentos e, sobretudo, por esse convite ter partido do príncipe do Camboja, o filho adoptivo de Chai Raja e seu aliado.
O Ano do Galo que se avizinha, segundo lhe vaticinara a bisavó, será propício à consolidação dos seus negócios e alianças, contudo não pode descurar os inimigos. Se Boon Sri caçar a sua presa, ela tratará de se desembaraçar sem demora da perigosa Suriyothay que não se poupa a esforços para os derrubar e pôr no trono o seu marido. Phra Thien, o meio irmão de Chai Raja, é o espinho das suas vidas e sua maior ameaça, apesar de se ter feito monge, quando se refugiara num templo, para escapar à prisão e morte por conspiração no assassínio do rei, de que ela o acusara.
Para maior desassossego, os espias tinham-na informado de que Suriyothay recebera a visita do seu parente Khun Phiren, descendente dos reis Sukhothai e comandante do poderoso exército do norte. Fazia parte das crónicas secretas da corte de Ayuthya os seus amores de juventude, contrariados pela família, que forçara a filha a casar com o Príncipe Thien. O encontro dos dois era a prova de que a sua adversária conspirava contra eles.
A lembrança dos rivais crispa-lhe o rosto de ódio e a sua fiel Prik, a extensão armada do seu braço, sobressalta-se com o fogo negro dos seus olhos. Olhos de serpente, em cujo ano nascera e cujo espírito encarnara, com um fascínio a que nenhum homem, velho ou moço, sábio ou néscio, podia ou desejava resistir. Um poder que, apesar da sua juventude, a fizera sobrepujar-se às quinhentas mulheres do harém real, ascender do anonimato à posição de concubina de primeira ordem e daí a consorte-não-real de Chai Raja, lugar que lhe abrira as portas do poder e de alguma liberdade que ela soubera aproveitar com mestria.
No Ano da Cabra, de mil quinhentos e trinta e cinco, quando a rainha Jitravadee morrera a dar à luz, abrira-lhe o caminho para a sua ascensão ao lugar de consorte favorita e, graças à sua natureza voluptuosa e sabedoria nas artes de sedução (reforçadas pelo nascimento dos filhos Yot Fa e Sri Sin, concebidos por frio cálculo), conseguira grande ascendente sobre o rei e consolidara o seu poder, o que a fazia ser temida senão respeitada por todos os clãs das três dinastias rivais: Suphannaphum, Sukhothai e Prasat Thong.
Chamara para o seu serviço no palácio apenas gente da casta Uthong, parentes e aliados, começando pelas mulheres – a governante Prik que daria a vida por ela, as aias e açafatas, as guerreiras da sua guarda pessoal e das suas casas, as portadoras dos seus palanquins e as remadoras do seu laulee, as servas e escravas – e, aos poucos, fora substituindo por amigos fiéis alguns oficiais e servidores antigos que se demitiam dos seus postos ou morriam inesperadamente.
A sua paixão por Boon Sri fora obra do destino e estava escrito nos céus. Acontecera no ano da Serpente, de mil quinhentos e quarenta e cinco, o signo propício aos amores proibidos, aos escândalos mais danosos e aos negócios escuros, assim como fonte de tumultos, sedições e revoltas que quase sempre levavam a golpes de estado. Durante uma das suas visitas à bisavó, quando atravessara o pátio exterior das estátuas de Buda, vira um jovem brâmane a oficiar os ritos, escutara a magia do seu canto e o seu coração abrira-se como uma flor tocada pelo sol.
Soubera pela Princesa Velha que ele pertencia à estirpe dos reis Uthong e fora desa-possado dos direitos e posição que eram seus por nascimento. De regresso ao palácio, ainda turbada de emoção, jurara diante dos seus pagodes restituir Boon Sri à sua nobre condição. Por sugestão sua, Chai Raja quisera ouvi-lo cantar e ele surgira com todo o fulgor da sua juventude, o corpo escultural quase nu, com a tanga branca de brâmane a cingir-lhe os rins e o sexo, o longo cabelo brilhante e negro como a asa de um corvo a emoldurar o rosto de uma beleza comovente.
Cantara para ela, não para o rei, ousando olhá-la com os seus olhos de um negro aveludado, apanágio dos homens do seu clã. O cântico sagrado, em vez de lhe apaziguar a alma, incandescera-lhe o corpo insatisfeito, esse corpo que Chai Raja tomava ao capricho da sua vontade, exigindo ser servido sem servir, satisfazendo-se sem a comprazer, retirando-se saciado e deixando-a faminta. A sua condição de concubina real, embora favorita, era a de uma mulher malograda, defraudada dos seus sonhos de amor e de prazer no leito de um homem que não desejava, confinada desde a mais tenra juventude ao harém do palácio, um gineceu a fervilhar de intrigas, de invejas e de ódios.
Deixavam-na indiferente os sete guizos de ouro que Chai Raja ostentava orgulhosa-mente no seu membro, como prova da sua virilidade, e ela tinha de recorrer à sua perícia na arte de bem fingir e a todos os artifícios e invenções em que a sua imaginação era fértil, para que o seu corpo se movesse com cadência, paixão e ritmo, segundo os acordes do instrumento de amor de Sua Alteza, para que a desejasse cada vez mais e a procurasse sempre. Escondendo o asco e a rebeldia no prazer fingido dos suspiros e gemidos, na boca sôfrega que não saboreia a doçura da língua, na vagina que se cerra não de gozo mas de raiva, no abandono do corpo que grita insaciado.
O amor de Boon Sri fora uma epifania que a levara ao êxtase, a revelação de um misterioso jardim de delícias até então vedado, embora pressentido em cada gota do seu sangue e desejado por cada partícula do seu corpo. Fogo ateado em incêndio pelo desafio do interdito, o perigo da denúncia, o risco da mutilação e morte infamantes. Almas e corpos executando em perfeita sintonia a dança do amor, pura harmonia de sons nos cascavéis de prata, maviosos de ternura, vibrantes de paixão, leve tinido em tom de suspiro na modorra do repouso, para logo se reacender num crescendo de fanfarra gloriosa até à explosão de todos os sentidos.
No Ano da Serpente do ciclo anterior, mil quinhentos e trinta e três, Chai Raja soubera aproveitar-se dos distúrbios das províncias do norte causados pela morte do rei Boromma e fraca regência da rainha, para chefiar uma rebelião e apoderar-se do trono pela força, matando o sobrinho.
Doze anos volvidos, cumpria-se o ciclo dos astros e o ominoso signo da Serpente chegara de novo com tumultos nas terras do norte, forçando o rei a partir mais uma vez para Chiang Mai com todos os homens capazes de pegar numa arma, além da sua temível guarda pessoal de portugueses, deixando o reino entregue às mulheres. Nas veias de Sri Suda Chan corria o sangue espesso de reis ambiciosos e, mau grado a sua condição, ansiava pela restauração do poder dos Uthong a que se achava com direito. Uma aspiração exacerbada pelo receio de vir a ser preterida por outra favorita, mal Chai Raja se fartasse dela, um destino que se adivinhava próximo. A ausência do rei dera-lhe grande liberdade de acção, fornecendo-lhe ao mesmo tempo pretexto e ocasião para pôr em prática os seus planos.
Fizera transferir Boon Sri para as capelas interiores do palácio, com o título de Khun Jinarat, o venerável cargo de curador das imagens douradas de Buda, em substituição do anterior oficiante que aparecera morto no rio, assassinado por salteadores. Por fim pudera entregar-se sem peias ao amor que a enfeitiçara como um filtro mágico e a fazia escrava do amante, a ponto de estar disposta a todas as loucuras e crimes para não o perder.
Foi então que o destino ditou mais uma vez o curso da sua vida…
Estremece, desperta das suas recordações por algo exterior e olha em volta, sentindo-se perdida. À entrada do canal Sa Bua, o nevoeiro envolvera tudo numa espécie de fumo espesso que mal permite ver a um palmo de distância e penetra até no coberto; na barca, que apenas desliza, reina um silêncio quase absoluto para a timoneira e as remadoras não se distraírem e evitarem os obstáculos e o desastre.
Foi esse inesperado silêncio que a despertou. Não sabe a razão do reviver da sua vida passada, senão aquele peso no peito que parece esmagá-la e de que gostaria de se livrar gritando. Sente-se vulnerável fora do palácio, desprotegida, porém, fugir seria mostrar fraqueza ante o inimigo. Conta com a protecção do cunhado Nai Chan, o Segundo Rei, que virá do lado dos currais, pelo canal, ao encontro da barca real e já não deve tardar a aparecer. Nai Chan fora uma peça fundamental para o êxito da sua tomada do poder.
Nesse ano de quarenta e cinco, quando Chai Raja, ausente quatro meses em campa-nha, regressava ferido a Ayuthya, ela descobria com desespero a sua prenhez, fruto do seu adultério. Quando fores ao bosque não te esqueças da catana, dizia o povo. Desafiara tabus, correra riscos e agora, face ao perigo, só lhe restava atacar para se defender e vencer ou mor-rer. Era tempo agir, não havia que hesitar."
Nota: vídeo mostra a continuação do texto, o resultado dos manejos da concubina Sri Suda Chan, a Serpente: envenenamento do rei, sucessão do seu filho menor, assegurando a sua regência e a do amante, o brâmane Boon Sri. O mau augúrio surge no dia da coroação, com o tremor de terra, anunciando as desgraças que hão-de cair sobre a cabeça dos traidores.

07/02/2013

Lembrete aos Amigos de Sintra

CASA DO FAUNO - SINTRA, 9 de Fevereiro, Sábado, às 15 h.

Caros Amigos e Amigas, venho lembrar-vos que estarei à conversa com os leitores que me derem o prazer de aparecer em Sintra, sobre o meu romance O Corsário dos Sete Mares, Fernão Mendes Pinto e outros aventureiros para lhes contar histórias da nossa História e das relações dos Portugueses com os povos do Oriente, no Século XVI.

Morada: Casa do Fauno
Quinta dos Lobos, 1
Caminho dos Frades
(a 400 m da Quinta da Regaleira, Sintra)

Para verem a localização e o modo de lá chegar: http://casadofauno.wordpress.com/localizacao/