James Bond das Descobertas. Romance histórico fá-lo herói.
“Este livro é da Beira e para a Beira. É uma homenagem à Beira”, disse sábado, no Fundão, a escritora Deana Barroqueiro, na apresentação do seu último romance, O Espião de D. João II.
Autora de cerca de duas dezenas de obras, Deana Barroqueiro tem-se afirmado como voz singular do romance histórico, de que D. Sebastião e o Vidente e O Navegador da Passagem, este dedicado a Bartolomeu Dias, são casos que mostram bem uma capacidade efabuladora alicerçada em rigorosa investigação histórica, que sustenta a expressão ficcional. Essa faceta foi posta em destaque por Adelaide salvado, que apresentou O espião de D. João II, que considerou ser “romance histórico, mas também livro de viagens”. Sublinhando fazer uma leitura com enfoque de geógrafa, a investigadora deteve-se nas personagens e nos sítios descritos por Deana Barroqueiro que, disse, “povoam de sortilégios o nosso imaginário”.
Adelaide Salvado lembrou que “a vida real deste beirão do século XV, Pêro da Covilhã, foi sempre marcada pela aventura” considerando que Deana Barroqueiro “extraiu de todas as fontes, com subtileza, algumas realidades e ficção, filtradas pelo olhar e o mundo da autora”. Na inteligente leitura que fez de O Espião de D. João II, Adelaide Salvado enfatizou “a poética beleza da descrição das paisagens”, dando voz ao próprio livro, onde a figura de Pêro da Covilhã “assume grandeza de herói, mas de um herói muito especial, com dimensão universal, na revelação de um diálogo inter-religioso”, que é, também, um traço singular deste livro. Tudo conjugado numa escrita, cujo “fio narrativo prende, com grande força, o leitor”, concluiu Adelaide Salvado.
Antes, o responsável da editora Esquilo, Paulo Loução, tinha falado da inovação da obra de Deana Barroqueiro que, no final, agradeceu, lembrando a figura de Pêro da Covilhã na “sua demanda dos segredos do Oriente e do misterioso Reino do Preste João”. Na sua longa peregrinação de cerca de seis anos pelas regiões do Mar Vermelho e costas do Índico até Calecut e, também, pela Pérsia, África Oriental, Arábia e Etiópia, descobrindo povos e culturas em lugares hostis. Pêro da Covilhã “na pele de um enigmático mercador do Al-Andalus realizou proezas admiráveis”. Eis a vida do nosso James Bond das Descobertas.
(Jornal do Fundão 10/12/2009)
2 comentários:
Foi simplesmente fantástica a apresentação,quem ainda não tinha começado a ler ficou cheio de pressa de o fazer.
Bjos
M.João
A apresentação foi simplesmente fantástica,os leitores que ainda não tinham começado a ler o livro ficaram com uma enorme vontade de o fazer.
Bjos
Maria João
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