12/11/2012

Um presente muito especial



















Um leque antigo, pintado à mão por um grande artista, para o teatro Noh. Um dos lados representa a Primavera, com ramos cobertos de flores; no verso está representado o Outono, com as folhas vermelhas dos áceres a cairem das árvores. Lindíssimo!

Oferta da minha amiga Akemi Maeda (Fundação de Artes e Música Akemi Maeda, em Osaka), pela publicação de O Corsário dos Sete Mares que lhe foi dedicado, assim como à nossa comum amiga Keiko Fujiki e ao povo do Japão pela coragem com que enfrentaram a catástrofe e o sofrimento do Tsunami. Espantou-me a imensa admiração que a Senhora Akemi Maeda e muitos outros japoneses do seu círculo de amigos e colaboradores têm pela Cultura e História Portuguesa.








Eis a Dedicatória:

Japonês/Japanese

親愛なる友、前田明美様と藤木桂子様へ
お二人のポルトガルの文化と歴史に対する学識と好意への
感謝のしるしとして、またあの巨大地震と津波の被害から
立ち直ろうと頑張る勇敢な日本人に敬服し、共感を覚える
私からの記念のしるしとして、この本を贈呈致します。》
             
Deana Barroqueiro
 
Português
Às minhas queridas amigas
Akemi Maeda e Keiko Fujiki,
em tributo ao seu conhecimento e amor
pela Cultura e História de Portugal,
e também como prova de admiração e amizade
pelo corajoso povo do Japão
 
English
«To my dear friends
Mrs. Akemi Maeda and Mrs. Keiko Fujiki,
as a tribute to their knowledge and love
for the Portuguese culture and history,
and also as a token of my admiration and sympathy
for the courageous people of Japan »

11/11/2012

Tsunami atacando Minami-Sanriku

O tsunami no Japão: o mar em fúria levando casas e pessoas na sua frente. Filmado no local, por quem teve de fugir. Para ver até ao fim, se tiverem coragem...



07/11/2012

Sarau Cultural na Murtosa


SARAU CULTURAL DE ENTREGA DOS PRÉMIOS DOS JOGOS FLORAIS DA MURTOSA

O Salão Nobre dos Paços do Município da Murtosa acolherá, no próximo dia 17 de novembro, pelas 21.30h, uma um sarau cultural de entrega dos prémios de conto, poesia e pintura dos Jogos Florais da Murtosa 2012, que tiveram como tema “Cais e Ancoradouros: onde a Ria abraça a Terra” e do prémio de fotografia da Murtosa 2012, que deco rreu sob a temática do “Turismo Sustentável”.

Para além da entrega dos prémios aos trabalhos vencedores, a noite cultural contará com a presença da conhecida escritora de ascendência Murtoseira, Deana Barroqueiro, que apresentará, entre nós, o seu mais recente livro, “O corsário dos sete mares”, uma obra que tem como figura principal Fernão Mendes Pinto.

O programa da sessão inclui também um momento musical, com a atuação de Victor Almeida e Silva, conhecido por dar voz a temas de José Afonso, que, acompanhado dos seus guitarristas, interpretará baladas e canções de Coimbra. A entrada é livre.

01/11/2012

Deana Barroqueiro - Clássico e moderno

Artigo de Miguel Real, no JL (Jornal de Letras, Artes e Ideias), de 31 de Outubro de 2012, na sua rubrica Os Dias da Prosa:


DEANA BARROQUEIRO
Clássico e moderno

1. Relação com os anteriores romances
Em seis anos, Deana Barroqueiro tornou-se uma perita no romance histórico. Iniciada na escrita juvenil ao longo da década de 90, operou, já este século, a passagem para a dificílima arte da escrita do romance histórico, constituindo-se hoje, com mais de 2 000 páginas publicadas e, sobretudo, com a recente edição de O Corsário dos Sete Mares. Fernão Mendes Pinto, um dos mais singulares autores neste género literário.

Com efeito, O Corsário dos Sete Mares. Fernão Mendes Pinto constitui um ponto de chegada e, porventura, um ponto de viragem na obra de Deana Barroqueiro. Ponto de chegada, devido ao estilo pessoal e ao rigor na investigação com que trabalha a linguagem histórica, que permanece. Ponto de viragem, devido à complexidade estrutural por que envolveu este último romance, cortando de certo modo com a “narrativa linear” (introdução da autora a O Espião de D. João II, 2009, p. 10), que estruturara os seus romances anteriores, sobretudo o referido D. Sebastião e o Vidente (2006), potencializando a “teia” labiríntica “em que se entrelaçam, alternam ou cruzam os sucessos de várias viagens [de Bartolomeu Dias], a diferentes tempos e lugares, evocados ao sabor da ocasião (…) Um puzzle cujas inúmeras peças concorrem para formar um quadro final coerente e possível…” (introdução da autora a O Navegador da Passagem, 2008). De certo modo, O Corsário dos Sete Mares. Fernão Mendes Pinto é, quanto à forma, o desenvolvimento de O Navegador da Passagem, superiorizando (não no conteúdo, só na forma) D. Sebastião e o Vidente e O Espião de D. João II. Se, quanto ao trabalho sobre a forma estética, O Corsário dos Sete Mares é, indubitavelmente o melhor romance da autora, quanto à substância narrativa ele prolonga o rigor de investigação e o amplíssimo leque vocabular de O Espião de D. João II.

2.  O Corsário dos Sete Mares. Fernão Mendes Pinto
O Corsário dos Sete Mares. Fernão Mendes Pinto integra-se no habitual estilo da autora por via de uma escrita possante e enleante, animada de um luxuriante léxico de época (que as notas de rodapé esclarecem), disseminada por mil e uma pequenas histórias cujo referencial semântico cruza dois registos de escrita. Um registo colectivo e um registo existencial. O primeiro, enquadrador, obedece a uma descrição rigorosa dos acontecimentos, assente numa estrutura clássica (até à publicação do último romance), dotado de um vocabulário clássico, uma investigação séria e rigorosa, de que as bibliografias finais dos seus romances são prova evidente. Neste aspecto reside, digamos assim, o classicismo estético de Deana Barroqueiro, confirmado pela autora na introdução a O Espião de D. João II quando sublinha sofrerem as suas narrativas da “atenção que dou à contextualização e ao pormenor” (p. 11). O segundo, músculo e sangue da narrativa, ostenta um conjunto de pequenas e múltiplas histórias existenciais, ilustrando o modo de vida da época retratada, desde os códigos de cortesia da corte na Europa até à educação dos Naires na Índia e à caçada ao tigre no Malabar. Neste aspecto, cabe sublinhar a espantosa descrição da vida de Pêro da Covilhã no reino do Preste João, de certo modo retomada em O Corsário dos Sete Mares. Por via deste segundo registo de escrita, o classicismo de Deana Barroqueiro moderniza-se, relativiza-se, ostentando marcas multiculturais e intervenção directa do narrador. Com efeito, a autora não procede a juízos morais sobre as condutas das personagens, não omite o violento sangue nascido do encontro histórico entre os portugueses e os povos africanos, árabes e asiáticos no tempo dos Descobrimentos. Muito pelo contrário, ostenta-o como marca indefectível mas ultrapassada da História.

Neste sentido, os romances de Deana Barroqueiro caracterizam-se pelo cruzamento entre uma visão clássica e uma visão moderna da História. A primeira, garante a fidelidade narrativa ao real, provocando o tradicional efeito de verosimilhança; o segundo, abre os acontecimentos a uma interpretação plural, dando-nos sem recriminações a visão cultural do malaio, do chinês, do japonês, do indiano, do muçulmano. É neste enquadramento que se integram os diversíssimos episódios existenciais que perfazem a totalidade do romance: a história do Reino do Preste João, o Cerco de Diu, os mercados de escravos onde F. Mente Pinto é vendido e comprado, a descrição de Cochim, a narração da primeira portuguesa na Índia, Iria Pereira, a morte heróica de D. Lourenço de Almeida, a história dos “casados” de Goa, a busca da Ilha do Ouro, a descrição de Malaca, o destino da embaixada de Tomé Pires ao imperador chinês, os primeiros contactos com a China e com o Japão…

Assim, efeito da visão moderna da concepção de romance da autora, a estrutura romanesca de O Corsário dos Sete Mares, absolutiza o espaço em função da categoria de tempo, dissolvendo a linha cronológica numa sucessão de sete espaços que constituem os “Sete Mares” do título. Com a absolutização do espaço face ao tempo, O Corsário dos Sete Mares torna-se, assim, uma obra aberta, confluência simultânea das três dimensões do tempo. Deste modo, desde os primeiros episódios, O Corsário dos Sete Mares desenha um ambiente histórico tão fantasioso (as desmedidas e múltiplas aventuras de que Fernão Mendes Pinto se considerou protagonista) quanto realista (o modo geral narrativo), criando uma atmosfera histórica credível, confirmado pelas falas da personagem principal, que a todo o momento lamenta o contínuo balancear da sua existência entre a graça e a desgraça – o seu célebre lamento pessoal, “pobre de mim” ou “coitado de mim”. Fernão Mendes Pinto vai rememorando a sua insólita existência, construindo a rede de memória que constitui a totalidade do romance, intercalada por anotações da autora-narradora (em itálico) sobre a subversão da categoria de tempo. No todo, permanece sempre a mesma estrutura capitular: cada capítulo é introduzido “por um provérbio e um texto das época retratada” (p. 12), que introduz o leitor ao ambiente e à mentalidade do tempo.

Constata-se ter a autora dado relevo simultâneo às três grandes teses sobre Peregrinação, activando-as no texto. A tese de Rebecca Catz designa Peregrinação como a narrativa por excelência anti-Os Lusíadas, opondo o seu conteúdo realista, existencial, vivido, ao conteúdo cruzadístico da epopeia de Camões. A tese de António José Saraiva, que leu a Peregrinação como a grande narrativa pícara portuguesa – tese que Deana Barroqueira, aceitando as restantes, parece privilegiar segundo o texto da introdução. Finalmente, Maria Alzira Seixo, realçando os aspectos positivos de Peregrinação, considera ser esta obra a grande perspectiva literária popular dos Descobrimentos, em contraste com Os Lusíadas (perspectiva erudita), o primeiro grande romance português de aventura localizado num quotidiano existencial concreto, findando com o ciclo das narrativas de cavalaria de estilo mítico e fabuloso, e o primeiro grande texto mundial do encontro entre o Ocidente e o Oriente.

O Corsário dos Sete Mares. Fernão Mendes Pinto,
Casa das Letras, 675 pp., 18,90 euros.

31/10/2012

Agenda de Novembro


Sessões de apresentação

O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto 
ou a Saga dos Portugueses no Oriente

Murtosa – 17 de Novembro, 21.30
Salão nobre da Câmara Municipal
Largo do Município, n.º 1
3870 Murtosa
Deana Barroqueiro, apresenta o livro, conversa com os leitores e entrega prémios literários, a convite da Câmara Municipal

Aveiro – 18 de Novembro, 17.30
Livraria Bertrand /Fórum
Rua Batalhão de Caçadores, 10
3810-064 Aveiro
Apresentação por Deana Barroqueiro e Celso Santos, com tertúlia sobre o tema.

Lisboa – 20 de Novembro, 18.30
Fnac Chiado
Rua do Carmo 2
1200-094 Lisboa
Deana Barroqueiro apresenta o seu romance e conversa com os leitores.

25/10/2012

Uma análise concisa sobre a obra de Deana Barroqueiro

Há dias felizes na vida de um autor. Ultimamente tenho tido alguns. Como o lançamento do meu novo romance ou o artigo escrito, a este propósito, no blogue Satanhoco, de que é autor Alexandre A. Ferreira, escritor e ensaista, autor da obra "Moçambique 1489-1975", um dicionário e resenha política, geográfica e histórica de Moçambique.

O autor faz uma brilhante apresentação da tipologia do romance histórico, como introdução a uma aprofundada análise literária da minha obra, até ao último romance, O Corsário dos Sete Mares.

Publicado em 23/10/2012.

 
Uma análise concisa sobre a obra de Deana Barroqueiro

No findar do dia de ontem Deana Barroqueiro alvorou, “urbi et orbi”, o seu mais recente rebento literário, um romance histórico com o título de “O corsário dos sete mares”, cuja narrativa aborda a aventura que foi a vida de Fernão Mendes Pinto, enquanto peregrino derivante no Oriente. Momento de ouro da nossa vida cultural, tal evento teve cabimento num belíssimo monumento – o Padrão dos Descobrimentos – e, como oradores da sapiência quer da obra quer da Autora, duas personalidades que cuidaram de não terem deixado os seus créditos em mãos alheias – Marçal Grilo e Miguel Real.

Após leitura nocturna deste seu último filho literário decidi-me a prestar a minha singela e anónima homenagem à Escritora em causa, que publicamente consagro como uma das aquilatadas na nossa lusitana ágora se bem que, no pleno da minha consciência, reconheça que esta minha consagração não transporta nenhuma mais valia à referida Autora.

A) – Do romance histórico: (1)

Numa breve nótula introdutória sumulo que é pacífico e encontra-se assente que o género literário “romance” subdivide-se em diversos subgéneros, tais como ficção científica, policial, aventuras, amor, biográfico e, também, o histórico, entre outros.

Sendo o romance, na generalidade dos seus subgéneros, uma narrativa descritiva consoante a aptidão e imaginação do Autor (2), detendo este o livre arbítrio de decidir o que fazer com as suas personagens que cria consoante a necessidade de encapotar e encorpar a narrativa, já o subgénero “histórico” traz algumas limitações ao Autor, pois este tem que se cingir a determinados eventos históricos que ocorreram numa determinada época, não podendo escapulir-se dos mesmos.

Ver o resto do artigo no blogue Satanhoco

22/10/2012

O Corsário dos Sete Mares de Deana Barroqueiro


Para os amigos que não puderem estar comigo amanhã, dia 23, no Padrão dos Descobrimentos, em Belém, aqui fica o vídeo de apresentação do romance:

20/10/2012

Lembrete do Lançamento...

Para os amigos que já não se lembram do dia, hora e local do lançamento, aqui fica de novo o convite: No Padrão dos Descobrimentos, na próxima 3ª feira, dia 23 de Outubro, às 18.30 h. Lá vos espero, com imensíssimo prazer. A entrada é livre, não se fizeram convites em papel, só de e-mail.

Tito Couto recomenda O Corsário dos Sete Mares.wmv



No Porto Canal, Tito Couto, na sua rubrica Muito Mais Que Livros, de 19 de Outubro, em conversa com Maria Cerqueira Gomes, recomenda a leitura do romance O Corsário dos Sete Mares, de Deana Barroqueiro.

19/10/2012

(HD 720p) Theme From "The Legend of Suriyothai" (Parts 1 & 2 Combined)



Mencionei já várias mulheres que são personagens reais do meu romance, algumas das quais tiveram repercussões durante séculos no Ocidente, até aos nossos dias.
No 7º Mar do meu romance O Corsário dos Sete Mares - Mar de Andaman -
podemos ver parte da história que serve de guião ao filme tailandês The Legend of Suriyothai (A Lenda de Suriyothai), encomendado e financiado pela rainha Sirikit ao realizador Chatricharlem (2001), com uma versão de Francis Ford Coppola. O guião foi baseado na Peregrinação de Fernão Mendes Pinto e num relatório de Domingos de Seixas a el-rei D. Manuel. No 7º e último mar, de Andaman, esta história é narrada por outra personagem feminina rival de Suriyothai, a não menos ambiciosa Sri Sudachan. Este vídeo mostra com enorme fidelidade o ambiente das cortes do Sião, as suas guerras, costumes, trajos, armas, etc. Sobre o filme ver:
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Legend_of_Suriyothai

II - O Cerco de Diu


Ainda no 2º Mar (Arábia e Malabar), a Fortaleza de Diu sofre dois terríveis cercos e protagoniza dois dos episódios mais heróicos e sofridos peas gentes portuguesas: Por imperativos de economia narrativa e de acordo com a sua importância em relação a Fernão Mendes Pinto, dedico mais tempo ao primeiro (1538-39) do que ao segundo (1546). Nele se destaca outra misteriosa mulher, cognominada A Marquesa, de passado nebuloso mas apaixonante. Apesar do silêncio e do desprezo a que as votavam os cronistas e outros escritores e governantes, algumas mulheres lograram romper a muralha do esquecimento, para se mostrarem tão fortes e heróicas como os homens. A Marquesa, tal como Iria Pereira, é um bom exemplo desta multidão silenciada e corajosa.
Aqui tendes a planta da Fortaleza de Diu, do "Livro das Plantas de todas as fortalezas, cidades e povoaçoens do Estado da Índia Oriental", de António Bocarro.
Ver mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Fortaleza_de_Diu

II - Mar da Arábia e Malabar

 
No 2º dos 7 mares do meu "Corsário" _ Mar da Arábia e Malabar _, os capítulos distribuem-se por 3 lugares: Cochim, Diu e Goa. Na fortaleza de Cochim, além de alguns conhecidos heróis e meliantes da nossa História, temos uma heroína quase desconhecida - Iria Pereira, a primeira Portuguesa a pisar terras da Índia. É ela que vai mostrar as dificuldades com que Afonso de Albuquerque se deparou na Índia, lutando não só contra os muçulmanos, mas também contra os invejosos portugueses, seus inimigos. Iria Pereira, entre outras coisas, ensina a fazer uns biscoitos, que os leitores podem experimentar. Aqui vos deixo a planta da fortaleza de Cochim, do "Livro das Plantas de todas as fortalezas, cidades e povoaçoens do Estado da Índia Oriental", de António Bocarro.
Fortificação portuguesa localizada em Cochim, na costa do Malabar, no sudoeste da índia. Conquistada em 1503, por D. Francisco de Almeida, primeiro Vice-rei da índia, que inicia, em 26 de setemb...
ro do mesmo ano, a primeira fortificação portuguesa na índia: o Castelo Manuel. Esta fortificação, que substitui a primeira paliçada de madeira que protegia a feitoria portuguesa erguida em 1501 por Pedro Álvares Cabral, foi construída por D. Afonso de Albuquerque, segundo Vice-rei da índia. Ela é bem visível no lado esquerdo da ilha, tendo à frente a Sé e a igreja de São Francisco, única estrutura que subsiste até nossos dias. É atacada por uma armada de Calecute e defendida por Duarte Pacheco em 1504. Dois anos depois (03/mar/1506), sob as ordens de D. Francisco de Almeida, inicia-se a sua reconstrução em pedra e cal. Essa pequena estrutura tornar-se-ia a residência dos Capitães, ao passo que a cidade de Cochim de Baixo, onde residia a colônia portuguesa, receberia muralhas e baluartes em seu perímetro. A muralha que a envolvia foi erguida em diferentes épocas desde 1530.

Retoma-se o Mito do Preste João


Na 1ª parte do meu romance O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto, o Mar Roxo, pude voltar a um tema fascinante da nossa História, que havia tratado em O Espião de D. João II, quando Pêro da Covilhã descobre o tão desejado e encoberto Reino do Preste João. Um Imperador cristão em pleno coração do continente africano, que toda a Cristandade buscava descobrir em vão há mais de 200 anos, a fim de fazer frente à influência árabe e turca no Oriente. Para quem não leu o romance anterior, pode ver aqui um pouco da história do mito.
 
Origens do mito
O mito do Rei do Mundo tem raízes na expansão do cristianismo nos primeiros séculos nas longínquas terras do Sul e do Oriente e as comunidades cristãs posteriores, nestorianas e jacobitas:
. Os antigos membros da igreja de Edessa, expulsos a seguir à condenação de Nestorius no Concílio de Éfeso, espalharam-se pelo Oriente, fixando-se na Arábia, Pérsia, Índias, Tartária  e China.
. O apóstolo S. Tomé que pregou na Índia e criou numerosas comunidades de cristãos.
. A tradição popular à volta da notícia da existência do príncipe cristão, apoiada na memória do antigo Presbyteros Johannes, de Éfeso, confundido com o apóstolo S. João Evangelista, que não teria morrido, eternamente à espera da segunda vinda de Cristo e do Reino de Deus na Terra.
. O apóstolo S. Mateus que evangelizou o Alto Egipto e a Etiópia.
. O eunuco baptizado, que converteu ao cristianismo a rainha Candacia de Meroe e Etiópia.
. As cópias de uma carta, supostamente escrita pelo rei sacerdote, dirigidas ao papa Alexandre III, aos imperadores do Oriente, Manuel I Comeno, e do Ocidente, Frederico Barba Roxa, aos reis Luís VII de França e mesmo D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal. A carta descrevia o imenso império do Presbítero João que reinava sobre as três Índias e várias outras nações, como as dez tribos perdidas de Israel, tendo ainda setenta reis tributários. O seu exército trazia por insígnias dez cruzes de ouro e pedraria, cada uma com dez mil homens de cavalo e cem mil a pé. Outras descrições fantásticas enchiam as numerosas páginas da missiva. Sendo falsa (forjada na Europa por algum aventureiro literário ou por padres que queriam animar a fé dos cristãos, em tempos de dominação e conquista muçulmana), a carta foi considerada verdadeira e a lenda passou de vago boato a realidade comprovada.

Cronologia da busca do Preste João pelos Portugueses
1486 – D. João II enviou Bartolomeu Dias para a costa de África em demanda doa passagem para o Índico, com negros e negras para lançar nas terras descobertas para saber notícias do Preste.
1487 – D. João II despachou por terra Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva, com recomendações para a busca de “um príncipe que se chamava Preste João”.
1494 – Pêro da Covilhã descobriu na Etiópia um Preste João: Eskender, o Negusa Nagast ou Rei dos Reis.
1495 – Morte de D. João II e subida ao trono de D. Manuel I. Preparação da expedição de descoberta de uma derrota para as Índias.
1500 – No mapa de Juan de la Cosa, o Preste da Etiópia é branco.
1514 – Chegou a Lisboa Mateus, o emissário da rainha Helena da Etiópia (por influência de Pêro da Covilhã), que foi muito bem recebido por D. Manuel.
1515 – D. Manuel enviou Duarte Galvão como embaixador ao Preste com um sumptuoso presente. Houve desentendimentos entre o Governador Lopo Soares de Albergaria, o embaixador português e o abexim Mateus. A expedição da armada ao Mar Vermelho (que deixaria a delegação portuguesa nas terras do Preste) acabou em desastre. Duarte Galvão morreu, a embaixada não se concretizou e o presente de D. Manuel foi delapidado na Índia.
1520-1527 – O novo Governador, Diogo Lopes de Sequeira, improvisou uma embaixada para o Preste, escolhendo para embaixador D. Rodrigo de Lima. No início da viagem, morre o embaixador Mateus, enviado da rainha Eleni. A delegação portuguesa andou seis anos pela Etiópia e conviveu com Pêro da Covilhã, então, senhor de um grande feudo, quase um reino, casado com uma etíope e pai de numerosa prole. Iniciaram-se, assim, as relações oficiais de aliança entre os dois reinos.

NOTA NEGATIVA PARA O MUSEU DA MARINHA

NOTA NEGATIVA PARA O MUSEU DA MARINHA, cujos serviços administrativos pediram 5.500 euros pelo aluguer de uma sala (por 3/4 horas) para a apresentação de um livro. Extorsão ou estratégia para afastar "quem não é da casa", embora sejam financiados por todos os portugueses que pagam impostos?
Quando, para o lançamento do meu Corsário dos Sete Mares, a editora Casa das Letras/Leya procurava um lugar que tivesse ligação com o romance, pensou no Museu da Marinha, mas o aluguer da sala das galeotas (com poucas cadeiras e por poucas horas) custaria 5.500 euros!!! Como se pode justificar tamanha exorbitância, num país em crise, pobre em dinheiro e em Cultura, pedida por uma instituição paga pelos nossos impostos? Só pode ser uma estratégia para afas tar os que não pertençam ao seu "clube". O Padrão dos Descobrmentios, gerido pela Câmara, apresentou um pedido decente e eu poderei fechar nele o meu Ciclo dos Descobrimentos, ali iniciado com a apresentação de O Navegador da Passagem pelo Prof. Eduardo Marçal Grilo. Vale a pena ver esta Página sobre o Monumento, para se lembrarem das figuras que o compões:
http://www.pbase.com/diasdosreis/descobrimentos

Colectânea de escritores portugueses traduzidos (Bolonha)



Recebi hoje a colectânea de textos de escritores de Língua Portuguesa, traduzidos por formandos da Scuola Superiore per Interpreti e Traduttori da Universidade de Bolonha/Forli, orientados pela Professora Anabela Ferreira. Este trabalho pretende contribuir para o conhecimento da literatura portuguesa contemporânea em Itália.

Fui um dos autores escolhidos para a tradução, com os primeiros capítulos do meu romance O Navegador da Passagem e confesso-me emocionada com a tradução de Martina Diani, que soube compreender e transmitir na perfeição o espírito ou alma dos meus textos, pelo que lhe estou profundamente agradecida.

14/10/2012

Tese de Mestrado sobre O Romance da Bíblia

Poster da Iniciação Científica, na Semana do Conhecimento da Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil), de Késia de Oliveira, sob a orientação da Prof. Dra. Lyslei Nascimento : "Reescrever o sagrado: mulheres e crimes em O Romance da Bíblia" de Deana Barroqueiro. Saiu este ano uma nova edição do mesmo romance com o título de "Tentação da Serpente".

Reescrever o sagrado:
mulheres e crimes em O romance da Bíblia,
de Deana Barroqueiro

 Késia Oliveira (Bolsista IC/CNPq)
Lyslei Nascimento (Orientadora)

 Resumo

Esta pesquisa visa estudar as estratégias de reescritura da narrativa bíblica na literatura a partir do conceito de crime. Para isso, serão estudados as noções de sagrado e profano, de acordo com Mircea Eliade, em uma possível relação com a intertextualidade. Nesse sentido, a apropriação de um texto sagrado, portanto, total e unívoco, como a Bíblia, pela literatura criaria desvios que podem provocar uma multiplicidade de vozes e a fragmentação ou a desconstrução de verdades absolutas. Deana Barroqueiro em O romance da Bíblia: um olhar feminino do Antigo Testamento, 2010, é uma das escritoras que, na contemporaneidade, ao reescrever episódios bíblicos, como o de Judite ou Ester, e conferir voz a personagens tradicionalmente silenciados, parece criar uma literatura em que alguns embates entre o sagrado e o profano são explorados. A metodologia desta investigação será bibliográfica com o estudo dos conceitos de intertextualidade e apropriação. Além disso, serão estudados as noções de sagrado e profano. A partir desse aparato teórico, objetiva-se elaborar uma leitura crítica de O romance da Bíblia, de Deana Barroqueiro.
Metodologia
 
A metodologia desta investigação será bibliográfica com o estudo dos conceitos de intertextualidade e apropriação. Além disso, serão estudados as noções de sagrado e profano. A partir desse aparato teórico, será feita uma leitura crítica de O romance da Bíblia, de Deana Barroqueiro.
                                               
    CARAVAGGIO, Michelangelo. Judith degola Holofernes. 1598.
Objetivos

- Estudo dos conceitos de intertextualidade e apropriação, a partir das noções de sagrado e profano;

- Leitura crítica de O romance da Bíblia, de Deana Barroqueiro.

 
Referências

_ A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. Trad. Euclides Martins et alii. São Paulo: Paulus, 2010. _ BARROQUEIRO, Deana. O romance da Bíblia: um olhar feminino do Antigo Testamento. Lisboa: Ésquilo, 2010. _ BUCHMANN, Christina; SPIEGEL, Celina (Org.). Fora do jardim: mulheres escrevem sobre a Bíblia. Tradução de Tania Penido. Rio de Janeiro: Imago, 1995. _ COMPAGNON, Antoine. O trabalho da citação. Trad. Cleonice Mourão. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996. _ ECO, Umberto. O sagrado não é uma moda. In: _____. Viagem na irrealidade cotidiana. Trad. Aurora F. Bernardini e Homero de Andrade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. p. 110-116. _ ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. Tradução de Rogério Fernandes. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. _ ROGERSON, John William. O livro de ouro da Bíblia: origens e mistérios do livro sagrado. Trad. Talita Rodrigues. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003. _ SANT'ANNA, Affonso Romano. Paródia, parafrase & cia. São Paulo: Ática, 1985.

Projeto de Pesquisa
Protocolos, evangelhos apócrifos e testamentos traídos: a literatura como crime

09/10/2012

Pré-apresentação aos Leitores



O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto só vai aparecer nas livrarias a partir do dia do lançamento, 23 de Outubro, 18.30 h., no Padrãos dos Descobrimentos. Contudo, está disponível em pré-venda nas livrarias on-line de 1 a 19 de Outubro.
Em modo de pré-apresentação deixo aqui a minha Carta aos Leitores que me serve de introdução ao romance:

A palavra deve ser vestida como uma deusa e elevar-se como um pássaro
(Provérbio Tibetano)

Caríssimo leitor/leitora

 Fernão Mendes Pinto é uma figura singular da nossa História e Literatura, tanto pela vida que viveu como pela sua obra Peregrinação. Foi também, como é frequente acontecer com os que mais contribuem para o conhecimento e valorização de Portugal, injustiçado e desacreditado pelos seus compatriotas, incapazes de apreciarem o valor do seu livro, publicado em 1614, trinta e um anos após a sua morte.

Nesse século XVII, a sua obra (de difícil leitura nos nossos tempos) teve uma enorme repercussão na Europa, com vinte edições em várias línguas, contribuindo para o conhecimento pelos europeus dos povos do Oriente, dos costumes e mentalidades de variadíssimas civilizações até então totalmente desconhecidas. Independentemente das imprecisões e erros cronológicos ou dos exageros e efabulações que contribuem para o fascínio da Literatura de Viagens, em que se insere a Peregrinação.

Posteriormente, nos finais do século XIX e também  no século XX, as opiniões dos críticos dividiram-se sobre a importância e o valor do autor e da sua obra. Os Portugueses seguindo, como é seu hábito, as vozes dos críticos ingleses – que se esforçam por enaltecer os seus heróis e apagar ou destruir os das outras nações que lhes foram rivais, em particular o Portugal dos Descobrimentos –, encarniçaram-se contra a “inveracidade” da sua narração.

           O galardão que lhe ofereceram pela singularidade do seu génio e pela sua obra única – sem comparação na Europa do seu tempo – foi o chiste que perdurou, denegrindo o seu nome e o seu trabalho: Fernão, Mentes? Minto.

No entanto, Fernão Mendes Pinto faz parte também da Literatura e História de países tão longínquos como Japão, Birmânia ou Tailândia, surgindo como um dos primeiros portugueses a tocar solo japonês e o noivo  do primeiro matrimónio de uma japonesa com um ocidental, um caso que servirá de suporte ao mito da Madame Butterfly, na tradição oral e escrita de cerca de quatrocentos anos; ou ainda como cronista quase único das guerras da Birmânia com o Sião, nos finais da década de 1540, que serviram de base para o impressionante filme histórico A Lenda de Suriyothai, de Chatrichalerm Yukol (2002) e Francis Ford Coppola (2003).

Figura polémica, ele pertence à galeria de personalidades marginalizadas ou injustamente ignoradas que tenho procurado reabilitar em benefício dos meus leitores, como Bartolomeu Dias e Diogo Cão em O Navegador da Passagem, Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva em O Espião de D. João II e tantos outros que os Portugueses esqueceram ou desconhecem ainda, substituídos no nosso tempo por “famosos” de vidas fugazes e vazias.

No entanto, hesitei sempre em escrever um romance sobre este anti-herói desmesurado, de quem pouco mais se sabe além daquilo que ele contou na sua Peregrinação, uma vida de contínuas viagens, aventuras e desastres que davam e sobejavam para outras sete vidas. Embora ninguém pudesse oferecer melhor exemplo e suporte para se  escrever a saga dos Portugueses no Oriente longínquo, parecia-me uma tarefa impossível romancear a vida de Fernão Mendes Pinto sem correr o risco de me colar à sua narrativa, fazendo uma paráfrase ou uma glosa da sua obra.

Como pretendo que cada um dos meus livros seja diferente dos anteriores, necessito de experimentar estruturas e processos narrativos distintos, para manter viva a chama da imaginação e da paixão da escrita que me faz sentir viva e me alimenta, no intuito de causar surpresa aos meus leitores, permitindo-me o prazer de um diálogo renovado a cada romance.

À dificuldade de conciliar as peregrinações de Fernão por inúmeros mares, ao som da aventura, para mais enredada nos erros de datas, lugares e acontecimentos (compreensíveis, por estar a contar tais sucessos quase trinta anos depois de os ter vivido),  com a saga dos Portugueses no Oriente – com que pretendo completar a narrativa dos Descobrimentos que venho fazendo ao longo das minhas obras –, acrescentei uma estrutura demasiado complexa de concretizar, mas que, por meio de múltiplas intertextualidades, me permitia alargar o conhecimento dos meus leitores, espicaçar-lhes a curiosidade e  diverti-los. Levando-os, numa viagem no Tempo e na pele das personagens, ao encontro de mundos antigos e de outros povos, tão diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes na sua humanidade. Daí a razão para cada capítulo começar por um provérbio e um texto da época retratada, português ou dos muitos países visitados e até imaginados, desde o Mar Roxo à Terra Australis, na busca incessante da mítica Ilha do Ouro.

A divisão do romance em sete mares, de acordo com as áreas geográficas por onde Fernão navegou, teve de jogar com mais de uma viagem ao mesmo lugar, feitas em épocas diferentes, intercaladas com as de outros mares que poderiam estar nos seus antípodas. Por isso a sua narradora, meu caro Leitor/Leitora, ousa guiá-lo algumas vezes por entre esses baixios e restingas para que chegue a bom porto, estabelecendo consigo um diálogo mais cúmplice e íntimo.

Recriando com fidelidade esses mundos de antanho, sempre através do olhar do visitante, maravilhado ou repugnado com o que via. Desta forma, certas atitudes, falas e pensamentos das personagens podem veicular mentalidades e comportamentos que, nos nossos dias, não podemos deixar de considerar preconceituosos ou mesmo racistas, mas que no tempo dos Descobrimentos traduziam o ponto de vista próprio do homem europeu, que se julgava o centro do mundo, dificilmente aceitando o Outro, de raça ou credo diferentes, como detentor de uma civilização e cultura distintas.

Procurei manter em Fernão Mendes Pinto, a personagem central do romance, essa característica picaresca, tão portuguesa, do andarilho aventureiro que, graças à sua esperteza e expediente (vulgo “desenrascanço”), consegue salvar-se das situações mais difíceis e perigosas e sobreviver. Contudo, ele é muito mais do que uma figura de comédia, a sua inteligência e curiosidade, a ânsia de conhecer o mundo, os sentimentos de piedade e generosidade, o seu espírito crítico, evidentes na sua obra, dão-lhe uma dimensão humana a que dificilmente se pode ficar indiferente.

Ele é também o pretexto para o encontro ou a evocação de outras histórias com “heróis” conhecidos ou anónimos, cuja grandeza e miséria, tão humanas, construíram o nosso Passado colectivo, criando os alicerces do nosso Presente e, de algum modo, marcando também o Futuro dos Portugueses.

Se o leitor chegar ao fim do romance com desejos de saber mais destas gentes e da sua saga no Oriente, será a minha maior recompensa pelos três anos de trabalho que me levou a fazê-lo. Oxalá…
 
Deana Barroqueiro

04/10/2012

Os Sete Mares do Corsário


A fim de dar aos Leitores uma ideia da estrutura do romance O Corsário dos Sete Mares, a Casa das Letras/Leya disponibilizou na sua Página on-line, em pré-publicação, o primeiro capítulo do o livro.
Ver AQUI.

Para situar os Leitores no espaço da acção, do Mar Roxo ao Mar do Japão, o romance tem logo no início, em dupla página, esta carta/mapa que achei inserida numa edição muito antiga das Décadas da Ásia de João de Barros. E, para cada uma das sete partes/mares em que se divide o livro, há o mapa correspondente (baseado no primeiro ou em outras cartas de marear coevas de Fernão Mendes Pinto.

02/10/2012

O Corsário dos Sete Mares - Fernão Mendes Pinto

 
O  novo romance de Deana Barroqueiro

Fernão Mendes Pinto é o exemplo vivo do aventureiro português do Século XVI, que embarcava para o Oriente com o fito de enriquecer.

Curioso, inteligente, ardiloso e hábil, capaz de todas as manhas para sobreviver, vai tornar-se num homem dos sete ofícios, sendo embaixador, mercador, médico, mercenário, marinheiro, descobridor e corsário dos sete mares – Roxo, da Arábia, Samatra, China, Japão, Java e Sião – por onde, durante vinte anos, navegou e naufragou, ganhou e perdeu verdadeiros tesouros, fez-se senhor e escravo, amou e foi amado, temido e odiado.

Herói polémico e marginalizado, Fernão participa em campanhas de paz e guerra, da Etiópia à China, sendo também um dos primeiros portugueses a visitar o Japão, onde introduz os mosquetes ali desconhecidos e fica nas crónicas locais como o noivo do primeiro matrimónio de uma japonesa com um ocidental.

Através de Fernão Mendes Pinto e dos testemunhos das personagens com quem se cruza, na sua peregrinação pelo Oriente longínquo, a autora faz ainda a narrativa dos principais episódios da grande saga dos Descobrimentos Portugueses, como as conquistas de Goa e Malaca, o heróico cerco de Diu ou as campanhas do Preste João na Etiópia.

Em sete mares se divide o romance, por onde o leitor, na pele das personagens, fará uma intrigante viagem no Tempo, ao encontro de si próprio e de mundos e povos antigos, tão diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes, uma peregrinação na busca incessante de fortuna, encarnada na demanda da mítica Ilha do Ouro.

14/09/2012

Carta Aberta ao Primeiro-Ministro, de Eugénio Lisboa



O texto que publico na íntegra, por cortesia da poetisa Ana Paula Lavado, é do escritor e ensaísta Eugénio Lisboa. O autor foi presidente da Comissão Nacional da UNESCO / conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal em Londres entre 1978-1995 / professor catedrático especial de Estudos Portugueses na Universidade de Nottingham / professor catedrático visitante da Universidade de Aveiro / e coordenador do ensino da língua portuguesa na Suécia.
É Doutor Honoris Causa pelas universidades de Nottingham e Aveiro. A Câmara de Cascais outorgou-lhe a medalha de Mérito Cultural.Em Moçambique foi sucessivamente administrador e director das petrolíferas SONAPMOC, SONAREP e TOTAL.


CARTA AO PRIMEIRO-MINISTRO DE PORTUGAL

Exmo. Senhor Primeiro Ministro

Hesitei muito em dirigir-lhe estas palavras, que mais não dão do que uma pálida ideia da onda de indignação que varre o país, de norte a sul, e de leste a oeste. Além do mais, não é meu costume nem vocação escrever coisas de cariz político, mais me inclinando para o pelouro cultural. Mas há momentos em que, mesmo que não vamos nós ao encontro da política, vem ela, irresistivelmente, ao nosso encontro. E, então, não há que fugir-lhe.

Para ser inteiramente franco, escrevo-lhe, não tanto por acreditar que vá ter em V. Exa. qualquer efeito — todo o vosso comportamento, neste primeiro ano de governo, traindo, inescrupulosamente, todas as promessas feitas em campanha eleitoral, não convida à esperança numa reviravolta! — mas, antes, para ficar de bem com a minha consciência. Tenho 82 anos e pouco me restará de vida, o que significa que, a mim, já pouco mal poderá infligir V. Exa. e o algum que me inflija será sempre de curta duração. É aquilo a que costumo chamar “as vantagens do túmulo” ou, se preferir, a coragem que dá a proximidade do túmulo. Tanto o que me dê como o que me tire será sempre de curta duração. Não será, pois, de mim que falo, mesmo quando use, na frase, o “odioso eu”, a que aludia Pascal.

Mas tenho, como disse, 82 anos e, portanto, uma alongada e bem vivida experiência da velhice — a minha e da dos meus amigos e familiares. A velhice é um pouco — ou é muito – a experiência de uma contínua e ininterrupta perda de poderes. “Desistir é a derradeira tragédia”, disse um escritor pouco conhecido. Desistir é aquilo que vão fazendo, sem cessar, os que envelhecem. Desistir, palavra horrível. Estamos no verão, no momento em que escrevo isto, e acorrem-me as palavras tremendas de um grande poeta inglês do século XX (Eliot): “Um velho, num mês de secura”... A velhice, encarquilhando-se, no meio da desolação e da secura. É para isto que servem os poetas: para encontrarem, em poucas palavras, a medalha eficaz e definitiva para uma situação, uma visão, uma emoção ou uma ideia.A velhice, Senhor Primeiro Ministro, é, com as dores que arrasta — as físicas, as emotivas e as morais — um período bem difícil de atravessar. Já alguém a definiu como o departamento dos doentes externos do Purgatório. E uma grande contista da Nova Zelândia, que dava pelo nome de Katherine Mansfield, com a afinada sensibilidade e sabedoria da vida, de que V. Exa. e o seu governo parecem ter défice, observou, num dos contos singulares do seu belíssimo livro intitulado The Garden Party: “O velho Sr. Neave achava-se demasiado velho para a primavera.” Ser velho é também isto: acharmos que a primavera já não é para nós, que não temos direito a ela, que estamos a mais, dentro dela... Já foi nossa, já, de certo modo, nos definiu. Hoje, não. Hoje, sentimos que já não interessamos, que, até, incomodamos. Todo o discurso político de V. Exas., os do governo, todas as vossas decisões apontam na mesma direcção: mandar-nos para o cimo da montanha, embrulhados em metade de uma velha manta, à espera de que o urso lendário (ou o frio) venha tomar conta de nós. Cortam-nos tudo, o conforto, o direito de nos sentirmos, não digo amados (seria muito), mas, de algum modo, utilizáveis: sempre temos umas pitadas de sabedoria caseira a propiciar aos mais estouvados e impulsivos da nova casta que nos assola. Mas não. Pessoas, como eu, estiveram, até depois dos 65 anos, sem gastar um tostão ao Estado, com a sua saúde ou com a falta dela. Sempre, no entanto, descontando uma fatia pesada do seu salário, para uma ADSE, que talvez nos fosse útil, num período de necessidade, que se foi desejando longínquo. Chegado, já sobre o tarde, o momento de alguma necessidade, tudo nos é retirado, sem uma atenção, pequena que fosse, ao contrato anteriormente firmado. É quando mais necessitamos, para lutar contra a doença, contra a dor e contra o isolamento gradativamente crescente, que nos constituímos em alvo favorito do tiroteio fiscal: subsídios (que não passavam de uma forma de disfarçar a incompetência salarial), comparticipações nos custos da saúde, actualizações salariais — tudo pela borda fora. Incluindo, também, esse papel embaraçoso que é a Constituição, particularmente odiada por estes novos fundibulários. O que é preciso é salvar os ricos, os bancos, que andaram a brincar à Dona Branca com o nosso dinheiro e as empresas de tubarões, que enriquecem sem arriscar um cabelo, em simbiose sinistra com um Estado que dá o que não é dele e paga o que diz não ter, para que eles enriqueçam mais, passando a fruir o que também não é deles, porque até é nosso.Já alguém, aludindo à mesma falta de sensibilidade de que V. Exa. dá provas, em relação à velhice e aos seus poderes decrescentes e mal apoiados, sugeriu, com humor ferino, que se atirassem os velhos e os reformados para asilos desguarnecidos, situados, de preferência, em andares altos de prédios muito altos: de um 14º andar, explicava, a desolação que se comtempla até passa por paisagem. V. Exa. e os do seu governo exibem uma sensibilidade muito, mas mesmo muito, neste gosto. V. Exas. transformam a velhice num crime punível pela medida grande. As políticas radicais de V. Exa, e do seu robôtico Ministro das Finanças — sim, porque a Troika informou que as políticas são vossas e não deles... — têm levado a isto: a uma total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página.Falei da velhice porque é o pelouro que, de momento, tenho mais à mão. Mas o sofrimento devastador, que o fundamentalismo ideológico de V. Exa. está desencadear pelo país fora, afecta muito mais do que a fatia dos velhos e reformados. Jovens sem emprego e sem futuro à vista, homens e mulheres de todas as idades e de todos os caminhos da vida — tudo é queimado no altar ideológico onde arde a chama de um dogma cego à fria realidade dos factos e dos resultados. Dizia Joan Ruddock não acreditar que radicalismo e bom senso fossem incompatíveis. V. Exa. e o seu governo provam que o são: não há forma de conviverem pacificamente. Nisto, estou muito de acordo com a sensatez do antigo ministro conservador inglês, Francis Pym, que teve a ousadia de avisar a Primeira Ministra Margaret Thatcher (uma expoente do extremismo neoliberal), nestes termos: “Extremismo e conservantismo são termos contraditórios”. Pym pagou, é claro, a factura: se a memória me não engana, foi o primeiro membro do primeiro governo de Thatcher a ser despedido, sem apelo nem agravo. A “conservadora” Margaret Thatcher — como o “conservador” Passos Coelho — quis misturar água com azeite, isto é, conservantismo e extremismo. Claro que não dá.Alguém observava que os americanos ficavam muito admirados quando se sabiam odiados. É possível que, no governo e no partido a que V. Exa. preside, a maior parte dos seus constituintes não se aperceba bem (ou, apercebendo-se, não compreenda), de que lavra, no país, um grande incêndio de ressentimento e ódio. Darei a V. Exa. — e com isto termino — uma pista para um bom entendimento do que se está a passar. Atribuíram-se ao Papa Gregório VII estas palavras: “Eu amei a justiça e odiei a iniquidade: por isso, morro no exílio.” Uma grande parte da população portuguesa, hoje, sente-se exilada no seu próprio país, pelo delito de pedir mais justiça e mais equidade. Tanto uma como outra se fazem, cada dia, mais invisíveis. Há nisto, é claro, um perigo.

De V. Exa., atentamente,

Eugénio Lisboa

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Camões no Oriente, de Eduardo Ribeiro

Finalmente em Portugal a apresentação da obra do investigador e escritor Eduardo Ribeiro, a cargo do Prof. Dr. Rui Manuel Loureiro. Uma sessão a não perder.
18 de Setembro, pelas 18 h.
na Delegação Económica e Comercial de Macau
Av. 5 de Outubro, nº 115 - r/chão
Lisboa



SINOPSE DO LIVRO

‘’Camões no Oriente’’ de Eduardo Ribeiro é um «contributo relevante para o conhecimento da vida de Camões nas partes do Oriente e para o conhecimento de alguns aspectos da sua obra poética escrita durante uns largos anos», segundo palavras de um emérito camonista em carta particular ao Autor.

Que continua: «o título não faz jus à amplitude da obra (…) porque as suas informações, reflexões e plausíveis conjecturas sobre Camões após o seu regresso a Lisboa, em 1570, em particular sobre a edição de Os Lusíadas, merecem leitura atenta».
Com efeito, a obra que ora apresentamos ao público é muito mais do que o título anuncia. O título, retirado do primeiro dos seis textos publicados (Roteiro Cronológico de Camões no Oriente), acompanha cronologicamente a vida do Poeta quinhentista desde a partida de Lisboa para a Índia em 1553, segue-lhe os passos em Goa (1553-1562), acompanha-o até Macau (1562-1564), faz com ele o regresso pelo Índico (Goa, 1565?-1567) e Moçambique (1568-1569) e, finalmente, analisa os últimos dez anos do Poeta no Reino (1570-1580).

Um acompanhar a par e passo dos últimos vinte e sete anos do Épico e Lírico, dessa figura ímpar das Letras Portuguesas, aqui revisitado mas sobretudo descoberto, num ‘’passeio prazenteiro e redentor pelo Camões que não nos foi mostrado e nunca revelado’’, em ‘’digressão não apenas pelo poeta mas pelo homem de combate e de cultura, o cidadão, o pinga-amor, o amador, o cientista, o homem liberto que Camões sempre foi, ainda que várias vezes preso, súbdito e obediente, soldado do império, amante da arte e dos sentidos, escravo do seu estro criador, um português de alma genuinamente lusa (…)’’ (Frederico Rato, Nota de Apresentação).

É esse Camões que Eduardo Ribeiro pacientemente estuda e investiga, recupera e trata, remoça e nos devolve, após trabalho de formiguinha talentosa, laboriosa e infatigável, em dádiva generosa’’) (idem).

11/09/2012

Nevoeiro, de Fernando Pessoa (Mensagem para Passos Coelho)



Depois da mensagem do primeiro ministro a anunciar medidas que vão criar mais pobreza para os velhos e os trabalhadores e mais riqueza para os ricos e intocáveis, deixo-vos esta outra Mensagem premonitória de um poeta desassossegado, na voz de Gal Costa.

Imersos num país de Nevoeiro de que nem o sol glorioso logra libertar-nos, assistimos impotentes à nossa destruição, levada a cabo por governantes incompetentes que juraram proteger-nos. Onde está a prometida equidade, que me faria aceitar os sacrifícios insuportáveis que nos pedem, quando vejo que os que mais podiam contribuir para a crise, são os que menos pagam e mais recebem, graças a um rol de medidas de excepção que lhes são oferecidas?

Estou a atingir o ponto de saturação, com esta política de extorsão, desigualdade de sacrifícios e de falta de horizontes. Estão a destruir o tecido social do país, borrifando-se para a democracia e os direitos do indivíduo. Não foram tanto os gastos das pessoas, mas as más políticas, a corrupção, jogos de influências e compadrios dos partidos que alternaram no Governo que puseram o país neste estado.

Portugal... é Hora!

12/07/2012

Talibans executam uma mulher publicamente em Cabul

O Regresso à barbárie islâmica fundamentalista


Uma mulher, suspeita de adultério, mas sem direito a julgamento ou sequer a ser ouvida, é executada publicamente a tiro num povoado próximo de Cabul, mostrando que pouco mudou em relação à condição feminina no Afeganistão, após dez anos de presença internacional.

Num pequeno povoado da província de Parwan, dezenas de homens, sentados no chão ou nos telhados das casas, observam a mulher coberta por um véu. A acusada, sentada no chão empoeirado, ouve a sentença de morte sem esboçar um gesto.

"Esta mulher, filha de Sar Gul, irmã de Mustafá e esposa de Juma Jan, fugiu com Zemarai. Não a viram no povoado durante mais ou menos um mês", enuncia um homem, aparentemente um juiz, com barba longa e negra. Em seguida cita versículos do Corão que condenam o adultério.
"Mas, por sorte, os mujahedines prenderam-na. Não podemos perdoar-lhe. Juma Jan, seu marido, tem o direito de a matar".

Um homem vestido de branco recebe uma espingarda e vai postar por trás da acusada. Ao grito de "Alá akbar" (Deus é grande), o homem dispara duas vezes na direção da mulher, errando o alvo. A terceira bala atinge a cabeça da vítima, que cai por terra, o que não impede o marido de disparar mais dez vezes (por ódio ou vingança?).

Entre os presentes, apenas homens, uns aplaudem, alguns gravam a cena com seus telemóveis.

Segundo a versão oficial, Najiba, de 22 anos, foi detida pelos talibãs por ter mantido "relações" (extra-conjugais), forçadas por violação ou consentidas, com um comandante talibã rival do distrito de Shiwari, também em Parwan. A mulher foi torturada e condenada à morte. Porém, este acto bárbaro parece ser afinal um ajuste de contas entre duas facções rivais. Ela foi apenas o bode espiatório, por ser indefesa.

O ministério do Interior afegão condenou com firmeza o que chamou de "acto anti-islâmico e desumano cometido por assassinos profissionais".

Todos os meses são registrados crimes odiosos contra mulheres no Afeganistão, principalmente nas zonas rurais, que ainda se regem pelas tradições e a sharia.

Segundo a organização não-governamental Oxfam, 87% das afegãs afirmam ter sido submetidas a violências físicas, sexuais ou psicológicas, ou a um casamento forçado.

Najiba, de 22 anos, foi morta como um cão no terreno pedregoso da vila, porque a valia da mulher para o fanatismo islâmico é inferior à de qualquer animal, podendo ser morta do modo que nos revoltaria e causaria movimentos de solidariedade por todo o lado, se o víssemos fazer na Europa a uma cadela.
Contudo, estas mortes, violações e casamentos forçados não parecem incomodar a opinião pública muçulmana.

Alguma vez chegará a Primavera Árabe às mulheres dos países islâmicos?
Duvido!

(Este artigo tem por base uma notícia do Tribuna Hoje)

10/07/2012

Corrupção e promiscuidade no Parlamento

É estarrecedor! E o Presidente da República não faz nada?!


Paulo Morais, ex-vice-presidente da Câmara Municipal do Porto e vice-presidente da ONG  "Transparência e Integridade", diz que o Parlamento é o grande centro da corrupção em Portugal e que a corrupção e a promiscuidade entre o poder político e poder económico, as negociatas entre os interesses públicos e os privados, são a verdadeira causa da crise.

Entrevista de Luís Gouveia Monteiro a não perder!

09/07/2012

Marcelo Rebelo de Sousa e a Licenciatura do Ministro Relvas

Dois pesos e duas medidas no comentário do Professor de Direito, Marcelo Rebelo de Sousa - Ou a falta de isenção de um comentador político.



Ontem, 8 de Julho, na TVi, ouvi o Professor de Direito, Marcelo Rebelo de Sousa, comentar a Licenciatura do Ministro Miguel Relvas, de uma forma que me surpreendeu pela negativa, em quem sempre criticou nas suas intervenções a mentira e a falta de transparência na vida social e política.

O Professor que, há bem pouco tempo, atacou repetidamente (e com razão) o "Engenheiro" José Sócrates pela aprovação de uma cadeira de Licenciatura num Domingo, neste comentário fez a "lavagem" da honra de um seu colega de Partido, ao afirmar que era habitual nas Universidades estrangeiras darem-se Licenciaturas e Doutoramentos Honoris Causa (como se fossem a mesma coisa) pela carreira extraordinária de algumas personalidades, chegando mesmo a mencionar, como exemplo, o caso possível de um Nobel da Física ou da Química! Portanto, não via nada de estranho no caso do Ministro Miguel Relvas, o qual só fora empolado por se tratar de um político.

O meu marido, que é Doutorado e Professor da Faculdade de Ciências de Lisboa, diz que, nestes casos, os docentes das respectivas cadeiras se têm de pronunciar sobre as ditas equivalências e que nunca (ou apenas em casos de carreiras com provas dadas, verdadeiramente excepcionais) se concede equivalência ao total de créditos de uma Licenciatura. O próprio Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que essas avaliações tinham de ser feitas pelo menos por dois professores para cada disciplina e assegurou ainda que a Universidade Lusófona, onde chegou a dar aulas, era uma instituição prestigiada.

Mas, como pode ser uma Universidade prestigiada, se passa Licenciaturas a quem não frequenta as suas aulas em qualquer disciplina, de qualquer ano, portanto, que não põe lá os pés? Será que basta ser político de carreira e governante para obter uma das suas Licenciaturas? Então é muitíssimo pior do que as Novas Oportunidades tão criticadas pelo PSD e o seu Governo!

Todavia, o Professor Marcelo não acha nada estranho na Licenciatura do Ministro Relvas, de apenas uma cadeira (de um curso de 36?), segundo afirmou e cito a TVi: Marcelo Rebelo de Sousa diz que o caso Lusófona não fragiliza Miguel Relvas. Não fragiliza? Fragiliza, sem dúvida, não só o Ministro como o Governo de que faz parte, aqui e em qualquer outro país da Europa e da América, que o Professor citou como exemplo da concessão de equivalências pela carreira em certos cursos. Em qualquer outro país o Ministro já se tinha demitido ou teria sido forçado a demitir-se, pelos contínuos escândalos que tem protagonizado.

O ex-Primeiro Ministro José Sócrates, tão criticado e ridicularizado nos comentários do Professor Marcelo num passado ainda tão próximo, tinha pelo menos um Bacharelato de três anos, " com as cadeiras todas feitas, tudo certinho", como o próprio comentador concedeu, com aprovação, creio eu, ainda a algumas da Licenciatura.

Assim, parece-me que Marcelo Rebelo de Sousa usa duas bitolas para aferir a Ética, dois pesos e duas medidas para a falta de seriedade, os esquemas oportunistas e os jogos de influências, embora sob a capa da legalidade, dependendo do espectro político da personalidade que a eles recorre. Muito feio e prejudicial para a credibilidade e imparcialidade de um comentador e consagrado "opinion maker"!

Este triste caso não só fragilizou como ridicularizou o Ministro Miguel Relvas, não por não ter um "canudo" de Licenciatura ou de Doutoramento - como tentou fazer crer o Professor -, que não lhe faria falta desde que fosse competente nas suas funções, mas pela mentira e os esquemas de "chico-espertismo", porque há muita gente neste país que estuda e trabalha honestamente, recusando essas práticas ou golpes, e que despreza os jogos de influências e a falta de seriedade, mesmo acobertados por leis mal feitas.

E, por fim, fragilizou-se Marcelo Rebelo de Sousa, e muito, com o seu comentário de uma parcialidade e falta de objectividade verdadeiramente exemplares! Tal como fez no comentário à anti-constitucionalidade da extorsão pelo Governo dos dois subsídios aos funcionários públicos e pensionistas, recorrendo a argumentos que são uma ofensa à inteligência do espectador, para os justificar e aprovar. Cuidará o Professor que aqueles que o vêem e escutam os seus comentários são estúpidos e incapazes de pensar, ouvindo-o como se ele fosse a voz da sereia que encanta e embota o raciocínio e e o espírito crítico? Como pode alguém levá-lo a sério depois disto?



02/07/2012

Tentação da Serpente - reedição de O Romance da Bíblia


À venda nas livrarias

Tentação da Serpente é uma reedição de O Romance da Bíblia, publicado em 2010, onde pretendi fazer, partindo dos estereótipos do Antigo Testamento, uma saga histórica, mas também poética, sensual, irónica e dramática das mulheres da Antiguidade, que viviam confinadas nas tendas de pastores nómadas ou nos haréns e serralhos dos palácios dos faraós do Egipto ou dos reis da Pérsia e Mesopotâmia, cujos ambientes são recriados com o maior rigor a partir de uma cuidada pesquisa em documentos da época e em obras de História das civilizações pré-clássicas.

Devido aos problemas causados pela distribuidora Sodilivros, que são do conhecimento público, os exemplares de "O Romance da Bíblia" foram retirados do mercado e substituídos por esta nova edição - com um título que retrata melhor o tema e a intenção da obra do que o anterior - que foi entregue a outra distribuidora para poder chegar aos meus leitores de todo o país.

Nota: Sendo uma reedição, Tentação da Serpente só é diferente de O Romance da Bíblia no título e capa.

15/06/2012

Reconhecimento...lá fora!


Foi uma honra ter o meu conto "Os Longores de Holofernes" analisado pela Professora Lyslei de Nascimento, da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil, na sua palestra "Crime e redenção: mulheres que matam", no I Congresso de Cultura Lusófona Contemporânea, realizado em Portalegre, nos dias 11 e 12 de Junho.
"O Romance da Bíblia" está a ser objecto de estudo de uma tese de Mestrado na Universidade de Minas Gerais, Brasil; O Navegador da Passagem serviu  de objecto de estudo e tradução na Universidade de Bolonha/Forli, em Itália.
É engraçado ver as minhas obras como estudo nas universidades estrangeiras e ser praticamente ignorada pelos Media portugueses.

PORTALEGRE ACOLHE CONGRESSO DE CULTURA LUSÓFONA CONTEMPORÂNEA

A Escola Superior de Educação de Portalegre acolheu nos dias 11 e 12 de Junho, o I Congresso Internacional de Cultura Lusófona Contemporânea. Uma iniciativa promovida por este estabelecimento de ensino em parceria com Universidade Federal de Juiz de Fora (Brasil) , que tem por objectivo instituir-se como um espaço de discussão e reflexão em torno das questões de género nas literaturas de expressão portuguesa contemporâneas, nomeadamente no que à autoria e às representações literárias do feminino diz respeito.

A conferência de abertura foi da responsabilidade da escritora portuguesa Maria Teresa Horta.
Ainda no Congresso, foi exibido o filme português "Florbela", inspirado na vida e obra de Florbela Espanca, no dia 11, pelas 21.30, no auditório da ESEP e que, no final, contou com um debate com a presença do realizador Vicente do Ó.
Destaque ainda para a Feira do Livro que decorreu nos dias 11 e 12 na ESEP, aberta a toda a comunidade, e para a exposição de pintura que estará patente na Biblioteca Municipal.

O Congresso teve lugar nos dias 11 e 12 de junho de 2012, sendo subordinado aos seguintes subtemas:

1. Literatura e autoria feminina: vozes, percursos e modos de ver o mundo

2. Texto, género e linguagem: as potenciais marcas do feminino

3. Modalidades de escrita no feminino: diários ficcionais e narrativas epistolares

4. Representações da mulher na literatura de autoria masculina ou feminina: a (des)construção do estereótipo

5. Sujeitos textuais e construção da identidade feminina: auto-perceção e (in)aceitação de si; corpo: totalidade e fragmentação

6. Identidade feminina e alteridade: a poética do (des)encontro

7. Representações da mulher no Cinema e outras Artes: a (re)configuração do cânone e da identidade.

Patrícia Azevedo (FER TV JORNAL)

12/06/2012

Os Corsários dos Sete Mares

Esta não será uma Noite com Poemas, será uma Noite de Histórias, porque assim o desejaram os organizadores destas gostosas tertúlias, na Biblioteca de Cascais - S. Domingos de Rana, que me honraram com o seu convite. Para os meus amigos que quiserem aparecer segue o convite e o mapa para lá chegarem.

Os Corsários dos Sete Mares, eis o estimulante tema que nos propõe Deana Barroqueiro, a nossa convidada para a sessão de 15 de Junho de 2012, Sexta-feira,  pelas 21h30, como sempre na Biblioteca Municipal de Cascais - São Domingos de Rana.

Odisseia marítima dos aventureiros que, ultrapassando a dimensão de portugueses, desfizeram mitos e se fizeram História de inúmeras nações que os mares banharam: Bartolomeu Dias, Pêro da Covilhã, Fernão Mendes Pinto, Martim Afonso de Sousa e tantos outros. De tanto se propõe, então, a autora falar-nos, contando as histórias de que a História se faz. O convite está feito.

Uma vez mais, creio poder assegurar-vos um momento bem passado, um encontro de afectos, um tempo de reflexão e conhecimento. De todos espero, como sempre, o peito aberto à poesia, essa de que a Vida (sim, essa mesma, com maiúscula!) se faz.

Com um forte abraço,
Jorge Castro



Como chegar:
- A amarelo (no fundo do mapa) – saída da A5 (Lisboa-Cascais), na saída de Carcavelos, mas em direcção a Tires, isto é, a seguir à portagem, encostado ao lado direito.

- Sobe até à primeira rotunda e vira à esquerda. Vai ao longo da parede do cemitério (salvo seja…) (Av. Amália Rodrigues), contorna a segunda rotunda e segue em frente.

- Chegado à terceira rotunda vira à direita (Rua Principal);

- Contorna a quarta rotunda e segue em frente. Vira na primeira à esquerda e está um parque de estacionamento à direita que dá serventia a um polidesportivo e à Biblioteca. Chegou!