23/04/2012

O negócio das edições de autor

Ainda a propósito da edição e promoção de livros:

Quando as distribuídoras deixam de pagar às editoras, estas deixam por sua vez de pagar aos autores, aliás, aqueles que criam as obras são sempre os mais prejudicados em todo este processo.

Contudo, enquanto editoras de renome e distribuidoras vão à falência, porque não vendem livros, prolifera e prospera agora um novo tipo de "editoras" que se dedicam a publicar livros... à custa dos seus autores! Isto é, os poetas e os romancistas que são rejeitados pelas verdadeiras Editoras (as que editam mesmo livros de raiz, com os riscos e as margens de lucro inerentes ao seu ofício) pagam a estas novas empresas um balúrdio de dinheiro para lhes publicarem as obras.

As ditas empresas fazem-no sem correrem quaisquer riscos, assegurando à partida (cobram logo a factura, pois então!) que o preço estipulado pague a edição, a sessão de lançamento, os livros que o autor recebe e aque inda dê lucro à "editora". Sem contrapartidas de promoção ou qualquer tipo de distribuição - imprescindível para o livro ser visto e poder ser comprado -, excepto pela passagem em alguma livraria on-line, coisa que o próprio autor pode conseguir sem dificuldade.

É de facto um belo e florescente negócio-da-China para estas empresas, porém ruinoso para os autores. Entendo que seja a solução para aqueles que mal sabem escrever e que teimam em publicar um livro, mas lamento muito ver gente de talento a ser recusada pelas editoras de nome (que, por outro lado, publicam catadupas de traduções de verdadeiro lixo estrangeiro) e acabar por cair nas garras e bicos dos abutres.

É pena que não haja Cooperativas de Autores, capazes de publicarem e distribuirem as suas obras.

4 comentários:

Jorge Lourenço Goncalves disse...

É realmente lamentável mas essas editoras jogam com a ânsia de publicação que todo o autor tem da sua obra.
Não vejo forma de dar volta a este estado de coisas enquanto houver autores que alimentem estas editoras rapaces.

Anónimo disse...

Cara Deana
Subscrevo inteiramente o seu comentário
Um grande abraço
Regina

Kok disse...

Diz bem: obras de gente talentosa recusadas em detrimento de lixo estrangeiro.
Já não importa o valor "da coisa"; passa a ser a publicidade a valorar (ou não) o que é bom e/ou o que é mau!
O que é mau, porque quando na qualidade de uma obra (livro, filme, etc.) o seu êxito é publicitado porque medido pela quantidade de livros (ou de bilhetes), que são vendidos...
Também aqui faltam valores intelectuais, mentais, educacionais.
Também aqui já entrámos numa espécie de "fast", como se um livro fosse equiparado a um vulgar "Big Mac" comido num qualquer balcão, à pressa e em pé para não se perder tempo!

Teremos oportunidade de nos encontrarmos na F.Livro?
Desejo que sim!
Um beijo cheio de sorrisos/Kok (o dono das galinhas(

DEANA BARROQUEIRO disse...

Fico contente por ver que os amigos também se indignam com este negócio destas empresas. E agem como se estivessem a fazer um favor aos autores.

Como está, meu caríssimo "Dono das Galinhas"? Ainda não sei quando terei sessão de autógrafos, o editor ainda não disse. Vou apresentar um livro da poetisa Ana Paula Lavado,no Sábado.

Um grande abraço a todos