23/10/2013

Os ovários e os testí­culos sauditas

Segundo um dos religiosos conservadores mais importantes da Arábia Saudita, de seu nome Saleh Saad al-Lochaidn, a condução de automóveis por parte das mulheres pode danificar-lhes os ovários.
Vale a pena ler o que este teólogo escreveu, tendo em conta a densidade do saber do nosso religioso... "Se uma mulher conduz um carro que seja absolutamente necessário pode sofrer consequências psicológicas negativas, já que existem estudos médicos fisiológicos que demonstram que a condução afeta automaticamente os ovários e pressiona a pélvis para cima... Por isso achamos que aquelas que conduzem habitualmente têm crianças com problemas clínicos de diferentes níveis...", assegurou numa entrevista à publicação digital Sabq.org.

A notícia, transcrita de um jornal marroquino, dá muito que pensar.
Se um homem tiver de conduzir um carro de modo imperativamente, pensando bem face a este estudo científico, pode sofrer consequências psicológicas negativas, já que a condução pode afetar automaticamente os testículos e pressionar a pélvis para cima. É que não há dúvidas que a condução masculina implica que os testículos sejam em maior ou menor grau constrangidos contra o banco onde jaz o traseiro.

Sem ser médico, mas do que resulta da chamada experiência comum, os homens a conduzir para além do traseiro "sentam" os testículos no banco.
Ora cabe perguntar se o que sucede na Arábia Saudita por causa dos ovários não poderá estar a suceder na Europa em todas as crianças que apresentam problemas negativos já não por causa não da condução das mulheres, mas sim de tal pressão nos testículos dos homens.
Na Arábia Saudita só os homens podem conduzir. A proibição das mulheres conduzirem resulta de fatwas (éditos) dos religiosos que são para cumprir.

Além de não serem de descartar outros esclarecimentos científicos deste religioso acerca das razões pelas quais as mulheres precisam de uma autorização por escrito do marido, ou do pai, ou do irmão ou mesmo do filho para sair ou até submeterem-se a operações cirúrgicas.
Não há dúvidas que a atenção que merecem as mulheres na Arábia Saudita, esse grande aliado ocidental, é de tal monta que elas mobilizam maridos, pais, irmãos ou filhos para que eles possam decidir magnanimamente se a esposa, a filha, a irmã ou a mãe pode ser sujeita a uma intervenção cirúrgica. Coisa que ela nunca poderá decidir ,apesar do Concílio de Trento no século XIV da era cristã.
Os pais, os filhos, os irmãos não precisam de mobilizar a opinião da esposa, das mães ou pais, ou das irmãs para dar autorização àqueles seres humanos do género masculino.
Repare-se na nobreza de raciocínio: estes homens conduzem sem sentirem o peso dos testículos porque o que os preocupa não são os testículos exteriores ao corpo humano, mas sim os ovários escondidos dentro do corpo feminino.

As coisas valem o que valem. E do ponto de vista de uma sociedade que se funda em pressupostos como este não pode haver dúvidas do seu grau de iniquidade e de violência por tratar as mulheres sauditas como sendo seres menores, a ponto de uma mãe ter de pedir autorização a um filho para sair, andar na rua ou submeter-se a uma intervenção cirúrgica.

A Arábia Saudita está colada à Síria, que tem dentro dela milhares de combatentes que se orientam por estes princípios brutais e obscurantistas.
Os que já visitaram a Síria e viram as mulheres sírias conduzir poderão imaginar, caso vençam estes rebeldes, o retrocesso baseado na necessidade de proteger os ovários das mulheres sírias... Permitindo todo o tipo de atropelos aos direitos humanos? O que se seguirá? Decapitações à sexta? Chicotadas todos os dias? Entrada sem qualquer mandado em casa de quem quer que seja, menos da família real, para averiguar se naquela casa impera o vício? Ai os ovários. E os testículos!!!

Mas há também boas notícias porque a Terra, apesar da família saudita real, movimenta-se: pela primeira vez na Arábia Saudita foi permitido às mulheres serem advogadas. Já há quatro mulheres advogadas...

Domingos Lopes (Advogado)

1 comentário:

João Ribeiro disse...

Bom dia,

Esta notícia se não fosse tão triste, daria vontade de rir. Em pleno século XXI...