28/07/2011

A Presidenta foi estudanta?!

Através da escritora Alice Vieira, chegou-me este texto cuja leitura vos proponho, pois o seu autor (que desconheço) "põe os pontos nos iis" sobre esta questão de um erro que se pretende fazer passar por uma forma correcta do nosso maltratado Português.

Refere Alice Vieira: "Pilar del Rio costuma explicar que dantes não havia mulheres presidentes e por isso é que não existia a palavra presidenta... Daí que ela diga insistentemente que é Presidenta da Fundação José Saramago e se refira a Assunção Esteves como Presidenta da Assembleia da República".

Pilar del Rio é espanhola, digo eu, não tem obrigação de conhecer as regras gramaticais da Língua Portuguesa, os nossos políticos e os restantes portugueses já não.

Ainda nesta semana, escutei Helena Roseta dizer :« Presidenta !»,retorquindo a um comentário de um jornalista, muito segura da sua afirmação...( Sicnotícias)
Uma belíssima aula de português foi elaborada para acabar de uma vez por todas com toda e qualquer dúvida se temos presidente ou presidenta.

A Presidenta foi estudanta?!

Existe a palavra: PRESIDENTA?
Que tal colocarmos um "BASTA" no assunto?

No português existem os particípios activos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio activo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante... Qual é o particípio activo do verbo ser? O particípio activo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte.
Portanto, a pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha. Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".
Um bom exemplo do erro grosseiro seria:
"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta".

6 comentários:

Anónimo disse...

Belíssimo, obrigada Deana por evitar a generalização de um disparate.Falta-me o Amigo que corrigia esses disparates, ficou a Amiga.E ainda bem!! Um beijo da Luísa Barragon

DEANA BARROQUEIRO disse...

Obrigada, querida Luísa. Não há dúvida de que fazem cada vez mais falta, na comunicação social e cultural, pessoas como o Carlos Pinto Coelho. Os políticos e a gente dos Media tornaram-se muito subservientes face ao que vem de fora; ainda somos muito parolos ou então estamos a ficar cada vez menos cultos, porque quem não ama a sua Língua e não a sabe valorizar, não tem raízes profundas neste mundo, é um apátrida!

regina disse...

Cara Deana
Venho muitas vezes ao seu blogue mas agora "tetravó" não tenho tempo para comentar. Desta vez, no entanto, não resisto a dizer-lhe que já aconselhei no meu blogue, a leitura desta mensagem.
Um abraço
Regina Gouveia

DEANA BARROQUEIRO disse...

Bem haja, Regina!
Agradeço o carinho, que é correspondido na mesma medida. Sei que andou atarefadíssima com o seu "mundo da Física" que tão bem sabe traduzir em linguagem poética.
Um grande beijo de amizade.

Graciete Rietsch disse...

Vim ter até este blogue através do blogue da Regina. E fiquei encantada. Obrigada por estar assim a ajudar a combater os radicalismos de quem se esquece que já se escreveu"quàsi" e "mãi", como eu própria já escrevi.

Um abraço.

DEANA BARROQUEIRO disse...

Muito obrigada e seja bem-vinda ao meu espaço de conversa com gente simpática como a Graciete. Qualquer Língua, falada ou escrita, enquanto organismo vivo tem de sofrer alterações para evoluir, mas esse "crescimento" não deve ser um remendo atabalhoado, para servir interesses e imposições exteriores,como foi este Acordo Ortográfico, feito à revelia dos utentes da Língua, contra a opinião da maioria de escritores e linguistas portugueses e não só.