22/12/2011

A Solução Final

Os nossos governantes reconhecem a sua incompetência para resolver as dificuldades do país, pois não vêem outra solução que não seja mandar os jovens emigrarem para a África e o Brasil; ou promover o desemprego, sacar os subsídios e as reformas miseráveis aos que trabalham para o Estado; aumentar os custos da saúde, diminuir as ajudas às famílias e subir os impostos (faltando a todos os compromissos que tinham assumido com o seu eleitorado - e o "outro" é que era mentiroso?) e, depois de tudos isto, ameaçam ainda com mais medidas de austeridade.

Em vez de nos condenarem a uma espécie de morte lenta em campo de concentração, talvez seja melhor pensarem numa "Solução Final" (já outros o fizeram ao longo da História) e dar um rápido sumiço aos que estão a mais na República Portuguesa - a começar pelo meu grupo etário, o dos reformados, que tanto ensombra e desagrada aos jovens governantes; os doentes crónicos e deficientes, os que não querem trabalhar e todos aqueles que querem trabalhar mas não acham onde. Os que já são velhos para que os empreguem e, ao mesmo tempo, demasiado novos para se reformarem.
Mas tenham cuidado em não se desembaraçarem aqueles "velhos" que cuidam dos pais idosos e também dos filhos de 20,30 e até de 40 anos que não acham emprego. É que estes até podem fazer falta...

A Troika e a Sra. Angela Merkel e uma entidade abstracta Toda-Poderosa chamada Mercado decidiram que este país é uma espécie de quinta arruínada (apesar do seu historial de muitos séculos), um lixo que, com a sua pobreza, a preguiça e os gastos desmedidos dos seus habitantes, polui e sobrecarrega a trabalhadora, produtiva e rica Europa do Norte e do Centro. Então, embora sem legitimidade para o fazerem, depois de ajudarem a empenhar a dita "quintarola" com juros de agiotas e negócios ruinosos destinados a afundarem-na, servem-se agora dos seus governantes subservientes, medíocres e incompetentes, como seus capatazes, os quais, sob as suas ordens, estalam os chicotes nos lombos da população.

De colonizadores passámos a colonizados, voltámos a ser os índios e os cafres marginais para uma Europa arrogante, governada por políticos igualmente medíocres, incapazes de concertarem uma soluçao para o seu descalabro. Já ganhávamos menos, tínhamos pior poder de compra e menos oportunidades de um futuro risonho do que todos os países da Europa rica, a começar pela nossa vizinha Espanha. Porém, neste momento, para eles já não somos sequer uma nação independente, somos pobres de pedir, lixo de que gostariam de se livrar. E os nossos governantes aceitam este tratamento, abanando a cauda e lambendo a mão que os maltrata. E são mais troikistas do que a Troika, no esmagamrento dos seus compatriotas, decerto para ficarem bem na fotorafia, ao lado dos "poderosos" credores. Mas, façam o que fizerem, continuamos a ser lixo e a estar no fim dos rankings.

Decerto que se cometeram erros, nesta terra, se desperdiçou muito dinheiro, se entrou num regime de esquemas e golpaças, mas o exemplo vinha de cima, de quem nos governava, da corrupção camuflada ou às claras, das várias clientelas políticas que nos governaram alternadamente ou associadas, e se governavam em vez de governarem o país.

Assim, para endireitar as Finanças que os mesmos, sempre os mesmos, ajudaram a entortar, há que poupar dinheiro a qualquer custo. Em vez de o fazerem com programas pensados para serem sustentáveis a longo prazo e relançarem a economia, sem descurarem a justiça social, optam pela solução mais fácil e primária: o saque aos ordenados, às pensões, às ajudas dos custos de saúde e da família daqueles que descontaram toda a vida para essas reformas, para a doença, para a educação dos filhos e que pagam sempre todas as crises.

Desemprego e perda de direitos - não de privilégios, que esses não devem existir -, empobrecimento da população, fazendo dos pobres miseráveiis e da classe média os novos pobres, convertendo os trabalhadores em escravos do patronato, amansados pelo medo do chicote e de se verem na rua, será essa a solução para recuperar a economia do país? Ou para haver uma minoria de gente cada vez mais rica à custa da miséria do resto da população?

3 comentários:

Ana C. Nunes disse...

Essas últimas perguntas devem ser quase retóricas, pois quem era rico, continua rico ou está ainda mais rico.
Mas afinal que interessa à classe política que os pobres estejam mais pobres e que a classe média desapareça? Afinal eles fazem parte dos 'outros'. Os que estavam bem e continuam bem. Não é por acaso que o salário deles aumentou e eles mantêm as mesmas regalias.
Normalmente abstenho-me de 'políticas', mas sinceramente até eu ando doente com as novas medidas de austeridade, cada vez mais absurdas. Sinceramente, não sei onde vamos parar, mas a lado bom não será com certeza (no futuro próximo).
E mais que ter medo do que o futuro me reserva, tenho 'pena' dos que trabalharam uma vida toda e agora recebem uma reforma miserável, ou não a recebem de todo porque já são velhos de mais para trabalhar (segundo os patronos) mas não são velhos o suficiente para a reforma. Daquelas pessoas que gastam reforma (minúscula) toda em medicamentos e depois não têm dinheiro para comer. É triste!

FranK Cardoso disse...

Pois é, tem toda a razão. E sendo reformado, trabalhador emigrado no Estrangeiro, embora em Portugal, não sou capaz de compreender que raio de politicos é que temos: burros, estúpidos e ignorantes. Mas o que me dá mais raiva ainda é esta democracia bacoca, em que toda a gente (os que votam) vão como carneiros depor a sua arma nas mãos daqueles que nos levaram ao estado a que estamos hoje. Nenhuma desta gente no governo foi eleita pelo povo mas sim posta lá pelo partido para uma determinada função, a mais conveniente para o partido,quanto mais não seja a de fundilho-limpador de pó de cadeira do governo. Esta ditadura da partidocracia já provou que leva a piores resultados que o bolorento salazarismo, e com o povo convencido que está em democracia. Continuamos com os 3F's, só que agora o fado é património mundial, o futebol cada vez mais aliena o pessoal e Fátima, lá continua cantando e rindo, o sumidouro das últimas esperanças de quem nãp o tem mais onde se agarre.

manuel disse...

O POVO É SÁBIO? NÃO SEI.
O POVO É SERENO. DEMASIADO SERENO.
ESTÁ DE CÓCORAS E DE MÃO ESTENDIDA.
VEMOS QUE O PAÍS SÓ PROGREDIU VERDADEIRAMENTE QUANDO O POVO NÃO FOI SERENO. 1383, 1640...
Manuel Evangelista