11/11/2013

Média da Escola e taxa de conclusão do Secundário

Nas secundárias, poucas conseguem mais de 10 valores de média e a maioria tem taxas de conclusão baixas.

Os rankings das escolas, desde 2001, têm estado centrados nas classificações médias das escolas em exames nacionais. No entanto, as médias das escolas escondem a variabilidade dentro das mesmas, e acima de tudo a obtenção de uma média elevada não pode nem deve ser o único indicador mensurável capaz de informar acerca da qualidade das escolas.
Assim, este ano decidiu-se complementar o indicador “média da escola” com o indicador “taxa de conclusão do secundário”, no pressuposto de que ambos estão relacionados, mas admitindo que podem existir certos trade-offs entre eles. Isto é, uma escola que tudo subordina à obtenção de médias elevadas em exame pode descurar o indicador “taxa de conclusão”, e uma escola cujo enfoque seja conseguir que a maioria dos seus alunos termine o secundário pode descurar o indicador “média de exame”.
 
Duas escolas de Lisboa encontram-se nos extremos dos resultados que cruzam as taxas de conclusão com as médias obtidas nos exames: a secundária do Restelo (taxa de conclusão de 98,1%, para 100% de alunos no ensino geral, e média de exames 11,17 – numa escala de 0 a 20 valores), o melhor resultado; e a secundária Fonseca Benevides (25% de taxa de conclusão, para 11% de alunos no ensino secundário geral, e média de exames 5,21), o pior. Entre uma e outra, está um país feito de escolas que apresentam, em geral, fracas taxas de conclusão do ensino secundário (ver os limites desta análise na caixa), pois apenas 21 estabelecimentos de ensino apresentam taxas de conclusão iguais ou superiores a 80%.
Pelo caminho, ficam muitos alunos que ou anulam a matrícula ou desistem ou reprovam no 12.º ano.

As fracas taxas de conclusão explicam-se, desde logo, pela anulação das matrículas (além das tradicionais causas: as reprovações, as transferências e as exclusões por faltas). Ao fazê-lo, há várias estratégias das famílias e dos jovens que se jogam para alcançar melhores resultados em sede de exames nacionais. Alguns directores e directoras assinalam a existência de um fenómeno crescente de anulação de matrícula a disciplinas básicas, por parte de alunos com médios e bons resultados, na expectativa de poderem vir a obter melhor resultado final no exame.

A ser assim, as escolas não estarão apenas a orientar mais intensamente os seus alunos para a anulação de matrícula, para poderem apresentar melhores resultados finais, em sede de exames externos, reforçando a selectividade social, mas as famílias e os jovens estarão também a prosseguir novas estratégias para fazerem face à necessidade de alcançar as melhores médias finais que for possível, tendo em vista o acesso ao ensino superior.
Será decisivo, assim, que estas “tácticas” familiares não passem ao lado das práticas pedagógicas das escolas, continuando estas a ensinar todos os seus alunos, ainda que num estatuto diferente, com a matrícula anulada.

Escolas há que apresentam muito bons resultados nos dois planos, taxas de conclusão e médias de exame, como a de Porto de Mós, Leiria. Segundo vamos apurando em conversas com os dirigentes das escolas, incluindo esta, há dois elementos que devemos sublinhar diante destes bons resultados. Primeiro, mais do que a estabilidade do corpo docente, deve sublinhar-se a estabilidade de práticas pedagógicas conducentes a mais e melhor aproveitamento, a sua consolidação e persistência, anos a fio. Podíamos dizer em slogan: “Se resulta, então repete-se.”

Joaquim Azevedo e                
                     
Ver mais e respectivos gráficos no Público
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/nas-secundarias-poucas-conseguem-mais-de-10-valores-de-media-e-a-maioria-tem-taxas-de-conclusao-baixas-1611861#/0

1 comentário:

Rosário Freitas disse...

Excelente informação. Refere precisamente aquelas questões que as esttísticas não alcançam.