O Regresso à barbárie islâmica fundamentalista
Uma mulher, suspeita de adultério, mas sem direito a julgamento ou sequer a ser ouvida, é executada publicamente a tiro num povoado próximo de Cabul, mostrando que pouco mudou em relação à condição feminina no Afeganistão, após dez anos de presença internacional.
Num pequeno povoado da província de Parwan, dezenas de homens, sentados no chão ou nos telhados das casas, observam a mulher coberta por um véu. A acusada, sentada no chão empoeirado, ouve a sentença de morte sem esboçar um gesto.
"Esta mulher, filha de Sar Gul, irmã de Mustafá e esposa de Juma Jan, fugiu com Zemarai. Não a viram no povoado durante mais ou menos um mês", enuncia um homem, aparentemente um juiz, com barba longa e negra. Em seguida cita versículos do Corão que condenam o adultério.
"Mas, por sorte, os mujahedines prenderam-na. Não podemos perdoar-lhe. Juma Jan, seu marido, tem o direito de a matar".
Um homem vestido de branco recebe uma espingarda e vai postar por trás da acusada. Ao grito de "Alá akbar" (Deus é grande), o homem dispara duas vezes na direção da mulher, errando o alvo. A terceira bala atinge a cabeça da vítima, que cai por terra, o que não impede o marido de disparar mais dez vezes (por ódio ou vingança?).
Entre os presentes, apenas homens, uns aplaudem, alguns gravam a cena com seus telemóveis.
Segundo a versão oficial, Najiba, de 22 anos, foi detida pelos talibãs por ter mantido "relações" (extra-conjugais), forçadas por violação ou consentidas, com um comandante talibã rival do distrito de Shiwari, também em Parwan. A mulher foi torturada e condenada à morte. Porém, este acto bárbaro parece ser afinal um ajuste de contas entre duas facções rivais. Ela foi apenas o bode espiatório, por ser indefesa.
O ministério do Interior afegão condenou com firmeza o que chamou de "acto anti-islâmico e desumano cometido por assassinos profissionais".
Todos os meses são registrados crimes odiosos contra mulheres no Afeganistão, principalmente nas zonas rurais, que ainda se regem pelas tradições e a sharia.
Segundo a organização não-governamental Oxfam, 87% das afegãs afirmam ter sido submetidas a violências físicas, sexuais ou psicológicas, ou a um casamento forçado.
Najiba, de 22 anos, foi morta como um cão no terreno pedregoso da vila, porque a valia da mulher para o fanatismo islâmico é inferior à de qualquer animal, podendo ser morta do modo que nos revoltaria e causaria movimentos de solidariedade por todo o lado, se o víssemos fazer na Europa a uma cadela.
Contudo, estas mortes, violações e casamentos forçados não parecem incomodar a opinião pública muçulmana.
Alguma vez chegará a Primavera Árabe às mulheres dos países islâmicos?
Duvido!
(Este artigo tem por base uma notícia do Tribuna Hoje)
12/07/2012
10/07/2012
Corrupção e promiscuidade no Parlamento
É estarrecedor! E o Presidente da República não faz nada?!
Paulo Morais, ex-vice-presidente da Câmara Municipal do Porto e vice-presidente da ONG "Transparência e Integridade", diz que o Parlamento é o grande centro da corrupção em Portugal e que a corrupção e a promiscuidade entre o poder político e poder económico, as negociatas entre os interesses públicos e os privados, são a verdadeira causa da crise.
Entrevista de Luís Gouveia Monteiro a não perder!
09/07/2012
Marcelo Rebelo de Sousa e a Licenciatura do Ministro Relvas
Dois pesos e duas medidas no comentário do Professor de Direito, Marcelo Rebelo de Sousa - Ou a falta de isenção de um comentador político.
Ontem, 8 de Julho, na TVi, ouvi o Professor de Direito, Marcelo Rebelo de Sousa, comentar a Licenciatura do Ministro Miguel Relvas, de uma forma que me surpreendeu pela negativa, em quem sempre criticou nas suas intervenções a mentira e a falta de transparência na vida social e política.
O Professor que, há bem pouco tempo, atacou repetidamente (e com razão) o "Engenheiro" José Sócrates pela aprovação de uma cadeira de Licenciatura num Domingo, neste comentário fez a "lavagem" da honra de um seu colega de Partido, ao afirmar que era habitual nas Universidades estrangeiras darem-se Licenciaturas e Doutoramentos Honoris Causa (como se fossem a mesma coisa) pela carreira extraordinária de algumas personalidades, chegando mesmo a mencionar, como exemplo, o caso possível de um Nobel da Física ou da Química! Portanto, não via nada de estranho no caso do Ministro Miguel Relvas, o qual só fora empolado por se tratar de um político.
O meu marido, que é Doutorado e Professor da Faculdade de Ciências de Lisboa, diz que, nestes casos, os docentes das respectivas cadeiras se têm de pronunciar sobre as ditas equivalências e que nunca (ou apenas em casos de carreiras com provas dadas, verdadeiramente excepcionais) se concede equivalência ao total de créditos de uma Licenciatura. O próprio Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que essas avaliações tinham de ser feitas pelo menos por dois professores para cada disciplina e assegurou ainda que a Universidade Lusófona, onde chegou a dar aulas, era uma instituição prestigiada.
Mas, como pode ser uma Universidade prestigiada, se passa Licenciaturas a quem não frequenta as suas aulas em qualquer disciplina, de qualquer ano, portanto, que não põe lá os pés? Será que basta ser político de carreira e governante para obter uma das suas Licenciaturas? Então é muitíssimo pior do que as Novas Oportunidades tão criticadas pelo PSD e o seu Governo!
Todavia, o Professor Marcelo não acha nada estranho na Licenciatura do Ministro Relvas, de apenas uma cadeira (de um curso de 36?), segundo afirmou e cito a TVi: Marcelo Rebelo de Sousa diz que o caso Lusófona não fragiliza Miguel Relvas. Não fragiliza? Fragiliza, sem dúvida, não só o Ministro como o Governo de que faz parte, aqui e em qualquer outro país da Europa e da América, que o Professor citou como exemplo da concessão de equivalências pela carreira em certos cursos. Em qualquer outro país o Ministro já se tinha demitido ou teria sido forçado a demitir-se, pelos contínuos escândalos que tem protagonizado.
O ex-Primeiro Ministro José Sócrates, tão criticado e ridicularizado nos comentários do Professor Marcelo num passado ainda tão próximo, tinha pelo menos um Bacharelato de três anos, " com as cadeiras todas feitas, tudo certinho", como o próprio comentador concedeu, com aprovação, creio eu, ainda a algumas da Licenciatura.
Assim, parece-me que Marcelo Rebelo de Sousa usa duas bitolas para aferir a Ética, dois pesos e duas medidas para a falta de seriedade, os esquemas oportunistas e os jogos de influências, embora sob a capa da legalidade, dependendo do espectro político da personalidade que a eles recorre. Muito feio e prejudicial para a credibilidade e imparcialidade de um comentador e consagrado "opinion maker"!
Este triste caso não só fragilizou como ridicularizou o Ministro Miguel Relvas, não por não ter um "canudo" de Licenciatura ou de Doutoramento - como tentou fazer crer o Professor -, que não lhe faria falta desde que fosse competente nas suas funções, mas pela mentira e os esquemas de "chico-espertismo", porque há muita gente neste país que estuda e trabalha honestamente, recusando essas práticas ou golpes, e que despreza os jogos de influências e a falta de seriedade, mesmo acobertados por leis mal feitas.
E, por fim, fragilizou-se Marcelo Rebelo de Sousa, e muito, com o seu comentário de uma parcialidade e falta de objectividade verdadeiramente exemplares! Tal como fez no comentário à anti-constitucionalidade da extorsão pelo Governo dos dois subsídios aos funcionários públicos e pensionistas, recorrendo a argumentos que são uma ofensa à inteligência do espectador, para os justificar e aprovar. Cuidará o Professor que aqueles que o vêem e escutam os seus comentários são estúpidos e incapazes de pensar, ouvindo-o como se ele fosse a voz da sereia que encanta e embota o raciocínio e e o espírito crítico? Como pode alguém levá-lo a sério depois disto?
02/07/2012
Tentação da Serpente - reedição de O Romance da Bíblia
À venda nas livrarias
Tentação da Serpente é uma reedição de O Romance da Bíblia, publicado em 2010, onde pretendi fazer, partindo dos estereótipos do Antigo Testamento, uma saga histórica, mas também poética, sensual, irónica e dramática das mulheres da Antiguidade, que viviam confinadas nas tendas de pastores nómadas ou nos haréns e serralhos dos palácios dos faraós do Egipto ou dos reis da Pérsia e Mesopotâmia, cujos ambientes são recriados com o maior rigor a partir de uma cuidada pesquisa em documentos da época e em obras de História das civilizações pré-clássicas.
Devido aos problemas causados pela distribuidora Sodilivros, que são do conhecimento público, os exemplares de "O Romance da Bíblia" foram retirados do mercado e substituídos por esta nova edição - com um título que retrata melhor o tema e a intenção da obra do que o anterior - que foi entregue a outra distribuidora para poder chegar aos meus leitores de todo o país.
Nota: Sendo uma reedição, Tentação da Serpente só é diferente de O Romance da Bíblia no título e capa.
15/06/2012
Reconhecimento...lá fora!
Foi uma honra ter o meu conto "Os Longores de Holofernes" analisado pela Professora Lyslei de Nascimento, da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil, na sua palestra "Crime e redenção: mulheres que matam", no I Congresso de Cultura Lusófona Contemporânea, realizado em Portalegre, nos dias 11 e 12 de Junho.
"O Romance da Bíblia" está a ser objecto de estudo de uma tese de Mestrado na Universidade de Minas Gerais, Brasil; O Navegador da Passagem serviu de objecto de estudo e tradução na Universidade de Bolonha/Forli, em Itália.
É engraçado ver as minhas obras como estudo nas universidades estrangeiras e ser praticamente ignorada pelos Media portugueses.
PORTALEGRE ACOLHE CONGRESSO DE CULTURA LUSÓFONA CONTEMPORÂNEA
A Escola Superior de Educação de Portalegre acolheu nos dias 11 e 12 de Junho, o I Congresso Internacional de Cultura Lusófona Contemporânea. Uma iniciativa promovida por este estabelecimento de ensino em parceria com Universidade Federal de Juiz de Fora (Brasil) , que tem por objectivo instituir-se como um espaço de discussão e reflexão em torno das questões de género nas literaturas de expressão portuguesa contemporâneas, nomeadamente no que à autoria e às representações literárias do feminino diz respeito.
A conferência de abertura foi da responsabilidade da escritora portuguesa Maria Teresa Horta.
Ainda no Congresso, foi exibido o filme português "Florbela", inspirado na vida e obra de Florbela Espanca, no dia 11, pelas 21.30, no auditório da ESEP e que, no final, contou com um debate com a presença do realizador Vicente do Ó.
Destaque ainda para a Feira do Livro que decorreu nos dias 11 e 12 na ESEP, aberta a toda a comunidade, e para a exposição de pintura que estará patente na Biblioteca Municipal.
O Congresso teve lugar nos dias 11 e 12 de junho de 2012, sendo subordinado aos seguintes subtemas:
1. Literatura e autoria feminina: vozes, percursos e modos de ver o mundo
2. Texto, género e linguagem: as potenciais marcas do feminino
3. Modalidades de escrita no feminino: diários ficcionais e narrativas epistolares
4. Representações da mulher na literatura de autoria masculina ou feminina: a (des)construção do estereótipo
5. Sujeitos textuais e construção da identidade feminina: auto-perceção e (in)aceitação de si; corpo: totalidade e fragmentação
6. Identidade feminina e alteridade: a poética do (des)encontro
7. Representações da mulher no Cinema e outras Artes: a (re)configuração do cânone e da identidade.
Patrícia Azevedo (FER TV JORNAL)
12/06/2012
Os Corsários dos Sete Mares
Esta não será uma Noite com Poemas, será uma Noite de Histórias, porque assim o desejaram os organizadores destas gostosas tertúlias, na Biblioteca de Cascais - S. Domingos de Rana, que me honraram com o seu convite. Para os meus amigos que quiserem aparecer segue o convite e o mapa para lá chegarem.
Os Corsários dos Sete Mares, eis o estimulante tema que nos propõe Deana Barroqueiro, a nossa convidada para a sessão de 15 de Junho de 2012, Sexta-feira, pelas 21h30, como sempre na Biblioteca Municipal de Cascais - São Domingos de Rana.
Odisseia marítima dos aventureiros que, ultrapassando a dimensão de portugueses, desfizeram mitos e se fizeram História de inúmeras nações que os mares banharam: Bartolomeu Dias, Pêro da Covilhã, Fernão Mendes Pinto, Martim Afonso de Sousa e tantos outros. De tanto se propõe, então, a autora falar-nos, contando as histórias de que a História se faz. O convite está feito.
Uma vez mais, creio poder assegurar-vos um momento bem passado, um encontro de afectos, um tempo de reflexão e conhecimento. De todos espero, como sempre, o peito aberto à poesia, essa de que a Vida (sim, essa mesma, com maiúscula!) se faz.
Com um forte abraço,
Jorge Castro
Como chegar:
- A amarelo (no fundo do mapa) – saída da A5 (Lisboa-Cascais), na saída de Carcavelos, mas em direcção a Tires, isto é, a seguir à portagem, encostado ao lado direito.
- Sobe até à primeira rotunda e vira à esquerda. Vai ao longo da parede do cemitério (salvo seja…) (Av. Amália Rodrigues), contorna a segunda rotunda e segue em frente.
- Chegado à terceira rotunda vira à direita (Rua Principal);
- Contorna a quarta rotunda e segue em frente. Vira na primeira à esquerda e está um parque de estacionamento à direita que dá serventia a um polidesportivo e à Biblioteca. Chegou!
Os Corsários dos Sete Mares, eis o estimulante tema que nos propõe Deana Barroqueiro, a nossa convidada para a sessão de 15 de Junho de 2012, Sexta-feira, pelas 21h30, como sempre na Biblioteca Municipal de Cascais - São Domingos de Rana.
Odisseia marítima dos aventureiros que, ultrapassando a dimensão de portugueses, desfizeram mitos e se fizeram História de inúmeras nações que os mares banharam: Bartolomeu Dias, Pêro da Covilhã, Fernão Mendes Pinto, Martim Afonso de Sousa e tantos outros. De tanto se propõe, então, a autora falar-nos, contando as histórias de que a História se faz. O convite está feito.
Uma vez mais, creio poder assegurar-vos um momento bem passado, um encontro de afectos, um tempo de reflexão e conhecimento. De todos espero, como sempre, o peito aberto à poesia, essa de que a Vida (sim, essa mesma, com maiúscula!) se faz.
Com um forte abraço,
Jorge Castro
Como chegar:
- A amarelo (no fundo do mapa) – saída da A5 (Lisboa-Cascais), na saída de Carcavelos, mas em direcção a Tires, isto é, a seguir à portagem, encostado ao lado direito.
- Sobe até à primeira rotunda e vira à esquerda. Vai ao longo da parede do cemitério (salvo seja…) (Av. Amália Rodrigues), contorna a segunda rotunda e segue em frente.
- Chegado à terceira rotunda vira à direita (Rua Principal);
- Contorna a quarta rotunda e segue em frente. Vira na primeira à esquerda e está um parque de estacionamento à direita que dá serventia a um polidesportivo e à Biblioteca. Chegou!
26/05/2012
Lançamento "D. Sebastião e o Vidente", Deana Barroqueiro | Porto Editora
Tive uma grande surpresa, ao receber ontem este vídeo com imagens do lançamento, no Mosteiro dos Jerónimos, do meu romance "D. Sebastião e o Vidente", pela Porto Editora, que considero o dia mais feliz da minha vida, sobretudo, pelos mais de 400 amigos que vieram de Lisboa mas também de muitas partes de Portugal.
12/05/2012
Bernardo Sassetti - Medley "Sonho dos Outros & Promessas" @ rendezvous 08
Soube há pouco que morreu Bernardo Sassetti, antigo aluno do Liceu Passos Manuel, que aliava o talento e a originalidade a uma imensa simpatia e simplicidade. Que grande perda para este país, onde proliferam os aclamados "famosos", de vidas ocas e sem nenhuma obra feita!
10/05/2012
Espero-vos na Feira do Livro
Feira do Livro: Editora Ésquilo - Pavilhão B17
Sábado, 12 de Maio, das 16 às 19 horas
Livros do Dia: O Espião de D. João II e O Romance da Bíblia
Caros amigos, vou estar de novo na Feira, para conversar convosco, se quiserem dar-me o prazer da visita. Independentemente do sucesso de vendas da sessão anterior, foi fantástico ver tanta gente, uns conhecidos de longa data, outros, recentes amigos, mas também desconhecidos que me quiseram conhecer. Para eles a minha gratidão pela maravilhosa tarde que me proporcionaram!
Só lamento o desconforto das "bichas", que por vezes provoquei por falar muito, contar muitas histórias e fazer longas de didicatórias, mas os meus queridos leitores tiveram paciência de santo para me aturar! Inclusive para tirarem fotos uns aos outros comigo, pois levei a câmara, mas não tinha fotógrafo.
Foi pena não ter ficado com recordações de todos os leitores que me visitaram (as poucas fotos que se fizeram estão na minha página do Facebook, onde as podem ver).
04/05/2012
"O Romance da Bíblia" para o Dia da Mãe
Domingo, 6 (das 16 h. às 19 h.) - Feira do Livro - Pavilhão B17
"O Romance da Bíblia" é a prenda ideal para o Dia da Mãe!
Perdoem-me por defender a minha "dama" (neste caso "damas", pois de muitas se fala), porque, embora o título possa enganar, o meu livro tem muito pouco a ver com a tradicional visão das histórias do Antigo Testamento. O meu livro é uma saga poética, sensual, irónica, por vezes perversa ou terrivelmente dramática das mulheres da Antiguidade, sujeitas à vontade e capricho dos homens, confinadas às tendas dos pastores ou aos haréns e serralhos dos palácios do Egipto, Pérsia, Mesopotâmiae outros, cujos ambientes, usos e modos de vida são recriados com grande rigor.
Escrevi-o sobretudo para as mulheres, por cumplicidade e desafio, por isso a minha linguagem é muito mais poética, ousada e pessoal, do que nas minhas anteriores obras e o erotismo feminino abordado abertamente, sem falsos pudores.
01/05/2012
O Navegador da Passagem - Deana Barroqueiro
Em Outubro, em Itália, vai ser publicada uma colectânea de traduções de textos de escritores portugueses, orientada pela Professora Dra. Anabela Ferreira e publicada pela Universidade de Bolonha. Tive a honra de ser um dos autores escolhidos, com vinte páginas do meu romance O Navegador da Passagem em língua italiana. Estou desejosa de ver a tradução!
26/04/2012
Apresentação de livro
Sábado, 28 de Abril, 18 h.
Hotel Palácio
Rua Tomás Ribeiro, 115, Lisboa
Irei apresentar o livro de poemas "Mentes Perversas ... e outras conversas", de Ana Paula Lavado, uma poetisa de muito talento que gostaria de dar a conhecer aos meus amigos.
Convido-vos a juntarem-se à nossa tertúlia e a tomarem mais íntimo conhecimento com a sua bela poesia, num local simpático e abrigado da chuva.
Lá vos espero para uma conversa.
Hotel Palácio
Rua Tomás Ribeiro, 115, Lisboa
Irei apresentar o livro de poemas "Mentes Perversas ... e outras conversas", de Ana Paula Lavado, uma poetisa de muito talento que gostaria de dar a conhecer aos meus amigos.
Convido-vos a juntarem-se à nossa tertúlia e a tomarem mais íntimo conhecimento com a sua bela poesia, num local simpático e abrigado da chuva.
Lá vos espero para uma conversa.
23/04/2012
O negócio das edições de autor
Ainda a propósito da edição e promoção de livros:
Quando as distribuídoras deixam de pagar às editoras, estas deixam por sua vez de pagar aos autores, aliás, aqueles que criam as obras são sempre os mais prejudicados em todo este processo.
Contudo, enquanto editoras de renome e distribuidoras vão à falência, porque não vendem livros, prolifera e prospera agora um novo tipo de "editoras" que se dedicam a publicar livros... à custa dos seus autores! Isto é, os poetas e os romancistas que são rejeitados pelas verdadeiras Editoras (as que editam mesmo livros de raiz, com os riscos e as margens de lucro inerentes ao seu ofício) pagam a estas novas empresas um balúrdio de dinheiro para lhes publicarem as obras.
As ditas empresas fazem-no sem correrem quaisquer riscos, assegurando à partida (cobram logo a factura, pois então!) que o preço estipulado pague a edição, a sessão de lançamento, os livros que o autor recebe e aque inda dê lucro à "editora". Sem contrapartidas de promoção ou qualquer tipo de distribuição - imprescindível para o livro ser visto e poder ser comprado -, excepto pela passagem em alguma livraria on-line, coisa que o próprio autor pode conseguir sem dificuldade.
É de facto um belo e florescente negócio-da-China para estas empresas, porém ruinoso para os autores. Entendo que seja a solução para aqueles que mal sabem escrever e que teimam em publicar um livro, mas lamento muito ver gente de talento a ser recusada pelas editoras de nome (que, por outro lado, publicam catadupas de traduções de verdadeiro lixo estrangeiro) e acabar por cair nas garras e bicos dos abutres.
É pena que não haja Cooperativas de Autores, capazes de publicarem e distribuirem as suas obras.
Quando as distribuídoras deixam de pagar às editoras, estas deixam por sua vez de pagar aos autores, aliás, aqueles que criam as obras são sempre os mais prejudicados em todo este processo.
Contudo, enquanto editoras de renome e distribuidoras vão à falência, porque não vendem livros, prolifera e prospera agora um novo tipo de "editoras" que se dedicam a publicar livros... à custa dos seus autores! Isto é, os poetas e os romancistas que são rejeitados pelas verdadeiras Editoras (as que editam mesmo livros de raiz, com os riscos e as margens de lucro inerentes ao seu ofício) pagam a estas novas empresas um balúrdio de dinheiro para lhes publicarem as obras.
As ditas empresas fazem-no sem correrem quaisquer riscos, assegurando à partida (cobram logo a factura, pois então!) que o preço estipulado pague a edição, a sessão de lançamento, os livros que o autor recebe e aque inda dê lucro à "editora". Sem contrapartidas de promoção ou qualquer tipo de distribuição - imprescindível para o livro ser visto e poder ser comprado -, excepto pela passagem em alguma livraria on-line, coisa que o próprio autor pode conseguir sem dificuldade.
É de facto um belo e florescente negócio-da-China para estas empresas, porém ruinoso para os autores. Entendo que seja a solução para aqueles que mal sabem escrever e que teimam em publicar um livro, mas lamento muito ver gente de talento a ser recusada pelas editoras de nome (que, por outro lado, publicam catadupas de traduções de verdadeiro lixo estrangeiro) e acabar por cair nas garras e bicos dos abutres.
É pena que não haja Cooperativas de Autores, capazes de publicarem e distribuirem as suas obras.
A insolvência da CESodilivros
Ao blogue Cadeirão de Voltaire fui buscar esta notícia pelo interesse que tem para os que, como eu trabalham neste mundo dos livros:
A Antígona enviou este comunicado à imprensa e o Cadeirão não podia deixar de o publicar, em primeiro lugar porque importa que situações como estas sejam conhecidas, e não mantidas em silêncio, como é costume, mas igualmente porque, por aqui, também se partilham queixas relativamente a esta empresa (a última detentora da revista Os Meus Livros, que entretanto deixou de ser publicada e que deixou parte do vencimento em atraso dos seus colaboradores por pagar).
Comunicado à Imprensa – Insolvência de CESodilivros A CESodilivros, a maior distribuidora de livros em Portugal, no mercado há mais de vinte anos, acaba de pedir a insolvência, deixando em grandes dificuldades e com muitas dívidas as mais de quarenta editoras que distribuía, incluindo a Antígona e a Orfeu Negro.
Os administradores desta empresa, o Sr. José da Ponte e o Dr. João Salgado, o patrão da mesma e também proprietário da Coimbra Editora, têm-se comportado como descarados malfeitores.
Quase todas as distribuidoras de livros faliram nos últimos trinta anos. Há aqui um erro; onde está esse erro? Os meios de comunicação social têm estado silenciosos, indiferentes à desgraça dos editores e do pessoal trabalhador da CESodilivros.
Jornais e televisões andam muito ocupados com as banalidades do Governo e afins. Deseja-se que a partir desta comunicação acordem para este gravíssimo problema cultural, ficando a Antígona disponível para fornecer todas as informações necessárias."
Lisboa, 20 de Abril de 2012
Luís Oliveira Editor da Antígona
A Antígona enviou este comunicado à imprensa e o Cadeirão não podia deixar de o publicar, em primeiro lugar porque importa que situações como estas sejam conhecidas, e não mantidas em silêncio, como é costume, mas igualmente porque, por aqui, também se partilham queixas relativamente a esta empresa (a última detentora da revista Os Meus Livros, que entretanto deixou de ser publicada e que deixou parte do vencimento em atraso dos seus colaboradores por pagar).
Comunicado à Imprensa – Insolvência de CESodilivros A CESodilivros, a maior distribuidora de livros em Portugal, no mercado há mais de vinte anos, acaba de pedir a insolvência, deixando em grandes dificuldades e com muitas dívidas as mais de quarenta editoras que distribuía, incluindo a Antígona e a Orfeu Negro.
Os administradores desta empresa, o Sr. José da Ponte e o Dr. João Salgado, o patrão da mesma e também proprietário da Coimbra Editora, têm-se comportado como descarados malfeitores.
Quase todas as distribuidoras de livros faliram nos últimos trinta anos. Há aqui um erro; onde está esse erro? Os meios de comunicação social têm estado silenciosos, indiferentes à desgraça dos editores e do pessoal trabalhador da CESodilivros.
Jornais e televisões andam muito ocupados com as banalidades do Governo e afins. Deseja-se que a partir desta comunicação acordem para este gravíssimo problema cultural, ficando a Antígona disponível para fornecer todas as informações necessárias."
Lisboa, 20 de Abril de 2012
Luís Oliveira Editor da Antígona
13/04/2012
500 anos Portugal/Sião (Tailândia)

A exposição divide-se em três núcleos temáticos (mar, comércio e armas), incluindo reproduções de instrumentos de navegação e de armas feitas com grande autenticidade. O cenário da sala principal joga com as imagens icónicas dos portugueses na Tailândia (igrejas portuguesas de Banguecoque, bandel de Ayutthaya, Embaixada), em estilização tipo banda desenhada.
É coberto o essencial da história de Portugal na Tailândia, segundo um guião cuidado em que cada personagem tem um papel a desenvolver. O Professor Predee Phispumvidhi, do Departamento História Universidade Burapha foi o consultor do projeto.
O percurso inicia-se com Afonso de Albuquerque que revela as razões e a inspiração para a lendária viagem, com detalhes de rotas, de portos e as experiências de navegação entre Lisboa e a Índia, e de como os portugueses se relacionaram com as populações locais, aprendendo muito sobre as culturas locais; segue-se Fernão Mendes Pinto que relata a sua jornada da Índia até Malaca e Ayutthaya e conta as suas aventuras no Sião; logo depois, um Padre quinhentista apresenta o bandel de Ayutthaya e as três igrejas de Banguecoque; uma outra personagem é Francis Chit, o célebre fotógrafo de Banguecoque de origem portuguesa, que faz o retrato do bairro português de Kudi Chin (Santa Cruz) e da comunidade tailandesa; Maria Guiomar de Pina tem aqui o seu lugar enquanto responsável pela introdução no século XVII dos Foi Thong - fios de ovos - na cozinha tailandesa; Domingos de Seixas, o comandante das forças portuguesas em Ayutthaya que apoiaram o Sião na altura da guerra contra birmaneses é uma figura respeitada; uma portuguesa Thai que apresenta a vida de um luso-descendente contemporâneo; e finalmente "Cristiano Ronaldo" que invoca o Portugal atual e as suas atrações turísticas, incluindo alguns marcos arquitetónicos.
Como texto de suporte foi editada uma pequena brochura bilingue (tailandês e inglês) profusamente ilustrada e com boa qualidade gráfica.
A exposição estará patente até 29 de Abril de 2012.
Detalhes fotográficos disponíveis na página do Facebook: http://www.facebook.com/500Years.PortugalThailand
11/04/2012
Coisas que precisa de saber antes de comprar português
Já me tinha apercebido de que os códigos e o "made in Portugal" são muitas vezes enganadores... Nunca haverá nada transparente e verdadeiro em Portugal?
06/04/2012
Camões no Oriente, por Eduardo Ribeiro

Uma parte da vida de Camões pouco conhecida, contada por Eduardo Ribeiro que em Macau se tem dedicado, com paixão e muito trabalho de pesquisa, a descobrir os mistérios que envolvem a personalidade do nosso Épico. Um livro a não perder.
No próximo dia 13 de Abril, às 18h30, no Clube Militar de Macau, Eduardo Ribeiro apresenta o seu mais recente livro, "Camões no Oriente", mais um dos vários contributos que tem dado ao tema.
Segundo autor "é o primeiro dos lançamentos há tanto tempo esperados e preparados nos últimos anos. Este é uma coletânea de textos revistos e actualizados que foram publicados na "Labirintos" e em jornais locais... que vão desde a partida de Camões do Reino em 1553, à sua chegada à Índia e depois a Macau e à torna-viagem até à morte." Um outro livro, sobre o mesmo tema ficará pronto muito em breve. "Talvez Junho, mês camoniano..."
20/03/2012
No blogue Satanhoco

Muitas vezes não conheço os seus autores, que me dizem ser leitores anónimos, mas que não o são para mim; embora não os conheça pessoalmente, há um elo muito íntimo que se estabelece entre mim e os que lêem o que escrevo e o entendem, às vezes até de um modo mais profundo do que eu poderia imaginar e se dão ao trabalho de me comunicarem essas impressões, deixando-me muitíssimo emocionada e grata. Como podem ser anónimos, se conhecem o que de mais profundo sinto e penso, que são os meus livros?
Vem isto a propósito de um dos meus romances preferidos, que teve pouca divulgação - "O Navegador da Passagem", sobre as viagens de Bartolomeu Dias e os reinados cheios de intrigas de D. João II e de D. Manuel - referido por um leitor no seu blogue Satanhoco, cuja crítica, ainda que me possam apodar de narcisista, não posso deixar de transcrever, até pela qualidade da prosa do seu autor e pelo conhecimento que mostra sobre o tema dos nossos aventureiros em África:
Leituras:
"O outro romance histórico sobre Bartolomeu Dias que, há muito, me prendeu trata-se de "O navegador da passagem - a história de um descobridor de mundos que o Mundo ignorou" , da autoria de Deana Barroqueiro (Porto Editora, 2008, 437 págs.). A minha paixão pela escrita de Deana Barroqueiro não me tolda a mente nem me desfoca o sentir lúdico que tenho pelos pontilhados da ponta da sua pena.
"O navegador da passagem" é o romance de um homem amargurado, que se sente injustiçado por, ao ter aberto as portas da estrada aquática da canela, do cravinho e do colorau (mas não tendo franqueado as mesmas) foi forçado a deixar que outros depois de si as passassem e, à premonição da chegada do seu fim, anunciado num cometa quando ia de navegação no Atlântico Sul, revê a sua vida, no muito que deu e no pouco que recebeu.
Deana Barroqueiro, consagrada capitã-mor desta imaginária jornada quinhentista, leva-nos a viajar pelas cortes joanina e manuelina, puros viveiros de intrigas, maledicências e traições, onde tudo era válido pela benesse da proximidade do poder, traçando-nos os perfis de Dom João II e de Dom Manuel I , férreo o primeiro e sortudo o segundo, para além de nos fazer embarcar em naus claustrofóbicas, pútridas e sobrelotadas de anónimos miseráveis que pouco se apercebiam do gigantismo que estavam a construir, naus carregadas de febres, viscosidades e doenças mas, onde no meio deste pantanal de madeirame, era capaz de florir o amor ficcionado da escrava Leonor pelo seu amo.
Bem documentado, pelo que se pode observar pela bibliografia consultada, bem estruturado na sequência narrativa dos factos, e bem encorpado numa linguagem escrita que, atirando-nos por vezes para as expressões da época, torna-se clara quando enquadrada no todo do texto, é mais um livro que lustra as letras portuguesas. Aqui e em qualquer parte do mundo. Por isso, sem complexos e com o à vontade de quem nunca se cruzou com a Autora posso, camonianamente, dizer: "Ditosa Cultura que tal escritora tem".
Satanhoco, 13 de Março
Muito obrigada, caríssimo leitor, pela sua generosidade e pelo prazer que me proporcionou a sua crítica. Bem haja.
13/03/2012
Uma visão economicista e estratégica do AO

A propósito das críticas feitas por Angola ao AO, Vasco Teixeira tece algumas considerações que me parecem um tanto ambíguas, na medida em que a sua editora se apressou a adoptar o dito Acordo nos seus manuais escolares e a produzir dicionários com a “nova” grafia (ou língua), muito antes da data oficial para a sua aplicação. Percebe-se a pressa, por razões económicas e de lucro, querendo ser a primeira a pôr os ditos produtos no mercado.
Porém, como Angola e Moçambique, os dois maiores países africanos de Língua Portuguesa não ratificaram o Acordo e escrevem com o português de Portugal, “o tiro parece ter saído pela culatra” aos apressados. Se ambos os países mantiverem a sua posição e continuarem a escrever o português europeu, presumo que as exportações, que devem ser seguramente maiores do que para o Brasil (ou deveriam sê-lo de futuro), vão sofrer muito com este “negócio” da Língua.
E Vasco Teixeira reconhece-o, como se pode ver por estes excertos do seu artigo:
“Estas notícias têm a particularidade de sublinhar a gritante ausência de visão estratégica de quem conduziu o processo do Acordo Ortográfico em Portugal – a reboque de uma eventual harmonização ortográfica com o Brasil, afastámo-nos da África lusófona.
Todos sabemos que a língua portuguesa é um património de valor (quase) incalculável. Infelizmente tendemos a esquecermo-nos da sua efectiva importância económica.
(…) o peso das edições portuguesas nas exportações para aqueles países (Angola e Moçambique) cresceu gradualmente, chegando mesmo a atingir, na primeira década deste século, 1/6 das exportações para Moçambique. Hoje, as principais editoras, com a Porto Editora à cabeça, têm nos maiores países africanos lusófonos importantes investimentos que têm contribuído, por um lado, para o desenvolvimento educacional daqueles países e, por outro, para reforçar os laços culturais e linguísticos com Portugal
Um facto tem de ser constatado: em Angola ou Moçambique não se escreve português como cá (eu diria: “como o que se passou a escrever cá”), o que significa que toda a nossa produção editorial só é exportável para aqueles países se for adaptada à antiga ortografia, com tudo o que isso significa em termos de custos acrescidos. Ou seja, falamos efectivamente a mesma língua, mas escrevêmo-la de forma diferente. Faz sentido?
(…) Não deixa de ser curioso que dependamos dos bons ofícios diplomáticos de Portugal e, em particular, do Brasil para convencer Angola e Moçambique a adoptar o acordo ortográfico e assim preservarmos um património de enorme importância económica e estratégica - a nossa língua.”
Vasco Teixeira quer que Angola e Moçambique ratifiquem o AO para preservar “um património de enorme importância económica e estratégica”.
Eu espero que Angola e Moçambique não o ratifiquem, preservando assim o nosso Património Cultural fundamental, o cerne da nossa identidade, que é a Língua Portuguesa.
A única unificação que me parece útil, senão mesmo necessária, é a terminologia científica, artística, tecnológica, informática e, mesmo assim, evitando os americanismos aberrantes ditados pela aculturação do Brasil, sem qualquer ligação à nossa matriz linguística.
Nota: como não subscrevo o AO, emendei os erros nas citações retiradas do artigo que o Público publicou, a pedido de Vasco Teixeira, no novo português.
11/03/2012
Jornal de Angola condena Acordo Ortográfico
Quando os Países Africanos de Língua Portuguesa a respeitam e acarinham mais e melhor que os governantes do país onde ela nasceu, sacrificando-a aos "negócios", alguma coisa há de errado nisto.
E quando se faz um acordo ortográfico sobre a Língua Portuguesa com apenas dois dos muitos países que a falam, ignorando todos os outros, ainda o erro é maior.
Mas o Brasil pressionou Portugal para assinar o Acordo, porque, ele sim, quer expandir os seus negócios, embora vá continuar a escrever como sempre fez - já no anterior acordo se esteve nas tintas para o acordado. E os nossos governantes obedeceram ao mais forte, com a menoridade que lhes conhecemos.
Será que os negócios com o Brasil terão mais futuro do que os que poderão ser feitos, por exemplo, com Angola e Moçambique, que querem manter a nossa Língua com as suas variantes, tal como ela é? Não me parece.
E os escritores portugueses que defendem este Acordo,fá-lo-ão porque acham que a Língua ganha com ele, ou porque esperam ganhar pessoalmente com publicações no Brasil? Será que vale a pena?
Ainda tenho esperança de que este Acordo Ortográfico, mutilador e aberrante, seja enterrado à nascença como o nado-morto que é, se Angola, Moçambique e os outros países que amam a Língua Portuguesa que é sua, como um Património precioso, mantiverem a sua verticalidade e não o assinarem.
Aqui fica, para quem não leu, o belo e sensível Editorial do Jornal de Angola, que vale a pena conhecer:

Editorial
08 de Fevereiro, 2012
Património em risco
Os ministros da CPLP estiveram reunidos em Lisboa, na nova sede da organização, e em cima da mesa esteve de novo a questão do Acordo Ortográfico que Angola e Moçambique ainda não ratificaram. Peritos dos Estados membros vão continuar a discussão do tema na próxima reunião de Luanda. A Língua Portuguesa é património de todos os povos que a falam e neste ponto estamos todos de acordo. É pertença de angolanos, portugueses, macaenses, goeses ou brasileiros. E nenhum país tem mais direitos ou prerrogativas só porque possui mais falantes ou uma indústria editorial mais pujante.
Uma velha tipografia manual em Goa pode ser tão preciosa para a Língua Portuguesa como a mais importante empresa editorial do Brasil, de Portugal ou de Angola. O importante é que todos respeitem as diferenças e que ninguém ouse impor regras só porque o difícil comércio das palavras assim o exige. Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam, ou às “leis do mercado”. Os afectos não são transaccionáveis. E a língua que veicula esses afectos, muito menos. Provavelmente foi por ter esta consciência que Fernando Pessoa confessou que a sua pátria era a Língua Portuguesa.
Pedro Paixão Franco, José de Fontes Pereira, Silvério Ferreira e outros intelectuais angolenses da última metade do Século XIX também juraram amor eterno à Língua Portuguesa e trataram-na em conformidade com esse sentimento nos seus textos. Os intelectuais que se seguiram, sobretudo os que lançaram o grito “Vamos Descobrir Angola”, deram-lhe uma roupagem belíssima, um ritmo singular, uma dimensão única. Eles promoveram a cultura angolana como ninguém. E o veículo utilizado foi o português. Queremos continuar esse percurso e desejamos que os outros falantes da Língua Portuguesa respeitem as nossas especificidades. Escrevemos à nossa maneira, falamos com o nosso sotaque, desintegramos as regras à medida das nossas vivências, introduzimos no discurso as palavras que bebemos no leite das nossas Línguas Nacionais. Sabemos que somos falantes de uma língua que tem o Latim como matriz. Mas mesmo na origem existiu a via erudita e a via popular. Do “português tabeliónico” aos nossos dias, milhões de seres humanos moldaram a língua em África, na Ásia, nas Américas. Intelectuais de todas as épocas cuidaram dela com o mesmo desvelo que se tratam as preciosidades.
Queremos a Língua Portuguesa que brota da gramática e da sua matriz latina. Os jornalistas da Imprensa conhecem melhor do que ninguém esta realidade: quem fala, não pensa na gramática nem quer saber de regras ou de matrizes. Quem fala quer ser compreendido. Por isso, quando fazemos uma entrevista, por razões éticas mas também técnicas, somos obrigados a fazer a conversão, o câmbio, da linguagem coloquial para a linguagem jornalística escrita. É certo que muitos se esquecem deste aspecto, mas fazem mal. Numa entrevista até é preciso levar aos destinatários particularidades da linguagem gestual do entrevistado.
Ninguém mais do que os jornalistas gostava que a Língua Portuguesa não tivesse acentos ou consoantes mudas. O nosso trabalho ficava muito facilitado se pudéssemos construir a mensagem informativa com base no português falado ou pronunciado. Mas se alguma vez isso acontecer, estamos a destruir essa preciosidade que herdámos inteira e sem mácula. Nestas coisas não pode haver facilidades e muito menos negócios. E também não podemos demagogicamente descer ao nível dos que não dominam correctamente o português.
Neste aspecto, como em tudo na vida, os que sabem mais têm o dever sagrado de passar a sua sabedoria para os que sabem menos. Nunca descer ao seu nível. Porque é batota! Na verdade nunca estarão a esse nível e vão sempre aproveitar-se social e economicamente por saberem mais. O Prémio Nobel da Literatura, Dário Fo, tem um texto fabuloso sobre este tema e que representou com a sua trupe em fábricas, escolas, ruas e praças. O que ele defende é muito simples: o patrão é patrão porque sabe mais palavras do que o operário!
Os falantes da Língua Portuguesa que sabem menos, têm de ser ajudados a saber mais. E quando souberem o suficiente vão escrever correctamente em português. Falar é outra coisa. O português falado em Angola tem características específicas e varia de província para província. Tem uma beleza única e uma riqueza inestimável para os angolanos mas também para todos os falantes. Tal como o português que é falado no Alentejo, em Salvador da Baía ou em Inhambane tem características únicas. Todos devemos preservar essas diferenças e dá-las a conhecer no espaço da CPLP. A escrita é “contaminada” pela linguagem coloquial, mas as regras gramaticais, não. Se o étimo latino impõe uma grafia, não é aceitável que através de um qualquer acordo ela seja simplesmente ignorada. Nada o justifica. Se queremos que o português seja uma língua de trabalho na ONU, devemos, antes do mais, respeitar a sua matriz e não pô-la a reboque do difícil comércio das palavras.
E quando se faz um acordo ortográfico sobre a Língua Portuguesa com apenas dois dos muitos países que a falam, ignorando todos os outros, ainda o erro é maior.
Mas o Brasil pressionou Portugal para assinar o Acordo, porque, ele sim, quer expandir os seus negócios, embora vá continuar a escrever como sempre fez - já no anterior acordo se esteve nas tintas para o acordado. E os nossos governantes obedeceram ao mais forte, com a menoridade que lhes conhecemos.
Será que os negócios com o Brasil terão mais futuro do que os que poderão ser feitos, por exemplo, com Angola e Moçambique, que querem manter a nossa Língua com as suas variantes, tal como ela é? Não me parece.
E os escritores portugueses que defendem este Acordo,fá-lo-ão porque acham que a Língua ganha com ele, ou porque esperam ganhar pessoalmente com publicações no Brasil? Será que vale a pena?
Ainda tenho esperança de que este Acordo Ortográfico, mutilador e aberrante, seja enterrado à nascença como o nado-morto que é, se Angola, Moçambique e os outros países que amam a Língua Portuguesa que é sua, como um Património precioso, mantiverem a sua verticalidade e não o assinarem.
Aqui fica, para quem não leu, o belo e sensível Editorial do Jornal de Angola, que vale a pena conhecer:

Editorial
08 de Fevereiro, 2012
Património em risco
Os ministros da CPLP estiveram reunidos em Lisboa, na nova sede da organização, e em cima da mesa esteve de novo a questão do Acordo Ortográfico que Angola e Moçambique ainda não ratificaram. Peritos dos Estados membros vão continuar a discussão do tema na próxima reunião de Luanda. A Língua Portuguesa é património de todos os povos que a falam e neste ponto estamos todos de acordo. É pertença de angolanos, portugueses, macaenses, goeses ou brasileiros. E nenhum país tem mais direitos ou prerrogativas só porque possui mais falantes ou uma indústria editorial mais pujante.
Uma velha tipografia manual em Goa pode ser tão preciosa para a Língua Portuguesa como a mais importante empresa editorial do Brasil, de Portugal ou de Angola. O importante é que todos respeitem as diferenças e que ninguém ouse impor regras só porque o difícil comércio das palavras assim o exige. Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam, ou às “leis do mercado”. Os afectos não são transaccionáveis. E a língua que veicula esses afectos, muito menos. Provavelmente foi por ter esta consciência que Fernando Pessoa confessou que a sua pátria era a Língua Portuguesa.
Pedro Paixão Franco, José de Fontes Pereira, Silvério Ferreira e outros intelectuais angolenses da última metade do Século XIX também juraram amor eterno à Língua Portuguesa e trataram-na em conformidade com esse sentimento nos seus textos. Os intelectuais que se seguiram, sobretudo os que lançaram o grito “Vamos Descobrir Angola”, deram-lhe uma roupagem belíssima, um ritmo singular, uma dimensão única. Eles promoveram a cultura angolana como ninguém. E o veículo utilizado foi o português. Queremos continuar esse percurso e desejamos que os outros falantes da Língua Portuguesa respeitem as nossas especificidades. Escrevemos à nossa maneira, falamos com o nosso sotaque, desintegramos as regras à medida das nossas vivências, introduzimos no discurso as palavras que bebemos no leite das nossas Línguas Nacionais. Sabemos que somos falantes de uma língua que tem o Latim como matriz. Mas mesmo na origem existiu a via erudita e a via popular. Do “português tabeliónico” aos nossos dias, milhões de seres humanos moldaram a língua em África, na Ásia, nas Américas. Intelectuais de todas as épocas cuidaram dela com o mesmo desvelo que se tratam as preciosidades.
Queremos a Língua Portuguesa que brota da gramática e da sua matriz latina. Os jornalistas da Imprensa conhecem melhor do que ninguém esta realidade: quem fala, não pensa na gramática nem quer saber de regras ou de matrizes. Quem fala quer ser compreendido. Por isso, quando fazemos uma entrevista, por razões éticas mas também técnicas, somos obrigados a fazer a conversão, o câmbio, da linguagem coloquial para a linguagem jornalística escrita. É certo que muitos se esquecem deste aspecto, mas fazem mal. Numa entrevista até é preciso levar aos destinatários particularidades da linguagem gestual do entrevistado.
Ninguém mais do que os jornalistas gostava que a Língua Portuguesa não tivesse acentos ou consoantes mudas. O nosso trabalho ficava muito facilitado se pudéssemos construir a mensagem informativa com base no português falado ou pronunciado. Mas se alguma vez isso acontecer, estamos a destruir essa preciosidade que herdámos inteira e sem mácula. Nestas coisas não pode haver facilidades e muito menos negócios. E também não podemos demagogicamente descer ao nível dos que não dominam correctamente o português.
Neste aspecto, como em tudo na vida, os que sabem mais têm o dever sagrado de passar a sua sabedoria para os que sabem menos. Nunca descer ao seu nível. Porque é batota! Na verdade nunca estarão a esse nível e vão sempre aproveitar-se social e economicamente por saberem mais. O Prémio Nobel da Literatura, Dário Fo, tem um texto fabuloso sobre este tema e que representou com a sua trupe em fábricas, escolas, ruas e praças. O que ele defende é muito simples: o patrão é patrão porque sabe mais palavras do que o operário!
Os falantes da Língua Portuguesa que sabem menos, têm de ser ajudados a saber mais. E quando souberem o suficiente vão escrever correctamente em português. Falar é outra coisa. O português falado em Angola tem características específicas e varia de província para província. Tem uma beleza única e uma riqueza inestimável para os angolanos mas também para todos os falantes. Tal como o português que é falado no Alentejo, em Salvador da Baía ou em Inhambane tem características únicas. Todos devemos preservar essas diferenças e dá-las a conhecer no espaço da CPLP. A escrita é “contaminada” pela linguagem coloquial, mas as regras gramaticais, não. Se o étimo latino impõe uma grafia, não é aceitável que através de um qualquer acordo ela seja simplesmente ignorada. Nada o justifica. Se queremos que o português seja uma língua de trabalho na ONU, devemos, antes do mais, respeitar a sua matriz e não pô-la a reboque do difícil comércio das palavras.
23/02/2012
A Nau de António Faria.wmv
A minha homenagem a Zeca Afonso: Recordando a canção que ele fez a uma das personagens da Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto e que também faz parte do meu próximo romance.
A Nau De António Faria
José Afonso
Vai-se a vida e vem a morte
O mal que a todos domina
Reina o comércio da China
Às cavalitas da sorte
Dinheiro seja louvado
A cruz de Cristo nas velas
Soprou o Diabo nelas
Deu à costa um afogado
A guerra é coisa ligeira
Tudo vem do mal de ofício
Não pode haver desperdício
Nesta vida de canseira
Demanda o porto corsário
No caminho faz aguada
Ali findou seu fadário
Morreu de morte matada
A nau de António Faria
Leva no bojo escondida
A cabeça do corsário
Que lhe quis tirar a vida
Aljôfre pérola rama
Eis os pecados do mundo
Assim vai a nau ao fundo
Sem arte honra e fama
Entre cristãos e gentios
em gritos e altos brados
Para ganhar uns cruzados
Lançam-se mil desafios
Em vindo de veniaga
Com a vela solta ao vento
Um mouro é posto a tormento
Por não dizer quem lhe paga
Vou-me à costa à outra banda
Já vejo o rio amarelo
Foi no tempo do farelo
Agora é o rei quem manda
Faz-te à vela marinheiro
Rumo ao reino de Sião
Antes do fim de Janeiro
Hás-de ser meu capitão.
A Nau De António Faria
José Afonso
Vai-se a vida e vem a morte
O mal que a todos domina
Reina o comércio da China
Às cavalitas da sorte
Dinheiro seja louvado
A cruz de Cristo nas velas
Soprou o Diabo nelas
Deu à costa um afogado
A guerra é coisa ligeira
Tudo vem do mal de ofício
Não pode haver desperdício
Nesta vida de canseira
Demanda o porto corsário
No caminho faz aguada
Ali findou seu fadário
Morreu de morte matada
A nau de António Faria
Leva no bojo escondida
A cabeça do corsário
Que lhe quis tirar a vida
Aljôfre pérola rama
Eis os pecados do mundo
Assim vai a nau ao fundo
Sem arte honra e fama
Entre cristãos e gentios
em gritos e altos brados
Para ganhar uns cruzados
Lançam-se mil desafios
Em vindo de veniaga
Com a vela solta ao vento
Um mouro é posto a tormento
Por não dizer quem lhe paga
Vou-me à costa à outra banda
Já vejo o rio amarelo
Foi no tempo do farelo
Agora é o rei quem manda
Faz-te à vela marinheiro
Rumo ao reino de Sião
Antes do fim de Janeiro
Hás-de ser meu capitão.
18/02/2012
Herança de Portugal no Mundo
O meu período preferido da História de Portugal - o Renascimento e os Descobrimentos - e os portuguesas como pioneiros da globalização no Mundo.
Visitei já parte destes monumentos e gostaria de ver os restantes, mas eles são tantos que não terei tempo de vida para o fazer. Aqui têm um vídeo da
Herança dos Portugueses no Mundo
Visitei já parte destes monumentos e gostaria de ver os restantes, mas eles são tantos que não terei tempo de vida para o fazer. Aqui têm um vídeo da
Herança dos Portugueses no Mundo
17/02/2012
Lulas à Coge Çofar
Um novo achado, durante a minha pesquisa, de outro tipo de Ciência - a Culinária: Procurava informações sobre um renegado italiano, convertido ao islamismo, chamado Coge ou Coja Çofar, mercador muito rico e influente junto do sultão Bahadur, que comandou um exército de guzarates e turcos contra os portugueses, no primeiro cerco à fortaleza de Diu, em 1538.
Para meu grande espanto, no blogue Rustythings da bibliotecária Andreia, apareceu-me esta pérola das "Lulas à Coge Cofar", receita retirada do livro "Diu e eu" de Miguel Paiva Couceiro, que, com a autorização da autora do Blogue, vos deixo aqui, se quiserem experimentar durante o fim-de-semana, como nós já fizemos para o almoço de hoje.
Poderá não remontar à época do cerco de Diu, mas é antiga. E asseguro-vos de que é deliciosa! Apenas substituímos o alho em pó (com tantos séculos podia ser indigesto!) por dentes de alho fresco, muito picadinhos.

Lulas à Coge Çofar
(receita adaptada de "Diu e eu", de Miguel Paiva Couceiro)
400 g lulas cortadas em rodelas
1 cebola picada
2 c. sopa de alho picado
Azeite q.b. 1 malagueta
1 lata pequena de tomate pelado (inteiros, aos bocados, o que tiverem à mão)
1 c. chá pimentão doce
Sumo de 1 laranja Sal e pimenta q.b.
Numa frigideira, aquecer o azeite e juntar a cebola picada e o alho. Cozinhar até adquirir uma tonalidade castanha, mexendo constantemente. Adicionar as lulas e deixar cozinhar durante 10 min.
Juntar o tomate, a malagueta, o pimentão doce e o sumo da laranja. Mexer e deixar cozinhar em lume brando, tapando a frigideira. Provar e adicionar sal e pimenta q.b. Servir com arroz branco solto.
Bom apetite!
Rustyboobz - Andreia
Mais uma vez, obrigada, Andreia!
Para meu grande espanto, no blogue Rustythings da bibliotecária Andreia, apareceu-me esta pérola das "Lulas à Coge Cofar", receita retirada do livro "Diu e eu" de Miguel Paiva Couceiro, que, com a autorização da autora do Blogue, vos deixo aqui, se quiserem experimentar durante o fim-de-semana, como nós já fizemos para o almoço de hoje.
Poderá não remontar à época do cerco de Diu, mas é antiga. E asseguro-vos de que é deliciosa! Apenas substituímos o alho em pó (com tantos séculos podia ser indigesto!) por dentes de alho fresco, muito picadinhos.

Lulas à Coge Çofar
(receita adaptada de "Diu e eu", de Miguel Paiva Couceiro)
400 g lulas cortadas em rodelas
1 cebola picada
2 c. sopa de alho picado
Azeite q.b. 1 malagueta
1 lata pequena de tomate pelado (inteiros, aos bocados, o que tiverem à mão)
1 c. chá pimentão doce
Sumo de 1 laranja Sal e pimenta q.b.
Numa frigideira, aquecer o azeite e juntar a cebola picada e o alho. Cozinhar até adquirir uma tonalidade castanha, mexendo constantemente. Adicionar as lulas e deixar cozinhar durante 10 min.
Juntar o tomate, a malagueta, o pimentão doce e o sumo da laranja. Mexer e deixar cozinhar em lume brando, tapando a frigideira. Provar e adicionar sal e pimenta q.b. Servir com arroz branco solto.
Bom apetite!
Rustyboobz - Andreia
Mais uma vez, obrigada, Andreia!
15/02/2012
História, Medicina e Descobrimentos
Mais uma vez, a propósito do "meu" Fernão Mendes Pinto _ que, entre mil outras coisas, se interessava pela medicina exercida em Portugal e no Oriente, a que recorreu muitas vezes, quer como paciente quer como "médico-barbeiro" _, encontrei bases e provas para a minha incondicional admiração pelo o período dos nossos Descobrimentos.
Não se tratou de um período de barbárie (muito menos bárbara do que a dos nossos concorrentes europeus colonialistas) como afirmam os auto-denominados civilizados, dando-nos apenas crédito por alguns conhecimentos da arte de marear _ o que só por ignorância ou má fé poderão afirmar. Os nossos Descobrimentos foram a fonte de inúmeras descobertas e conhecimento prático nos mais diversos ramos das Artes, das Letras e das Ciências, nomedamente na Medicina.
O que me leva e transcrever aqui, para os meus leitores mais curiosos, uns excertos do artigo de João José Cúcio Frada que descobri na Internet e a quem agradeço este magnífico contributo para a nossa percepção de um país moldado por gente de extraordinário valor, que existiu e continuará a existir e a deixar a sua marca no mundo, mesmo quando outras nações maiores lhe roubam a fama, sem todavia lhe poderem tirar o mérito. Vale a pena ler:
História, Medicina e Descobrimentos Portugueses
"As raízes da nossa presença foram ali [no Japão] tão profundas que o investigador holandês Kleiweg de Zwaan, comentá-las-ia desta forma: «Quanto à arte médica, os portugueses fizeram no Japão um trabalho meritório, especialmente como cirurgiões. Por isso, nós compreendemos também a grande estima que os Japoneses tributam a Portugal por esta acção civilizadora. Ela significa para o Japão um louvável trabalho cultural ao serviço da ciência e da humanidade sofredora» (Aires N. de Sousa, ob. cit.).
Na história moderna da cultura e da ciência, fomos pioneiros em múltiplos campos e realizações, mas, por ironias do destino, esses triunfos só muito raramente foram reconhecidos como feitos portugueses. Como diria Carlos França: «Sempre me surpreendeu a ausência de nomes portugueses na História das Ciências Naturais; conhecendo a orientação científica dos nossos descobrimentos, repugnava-me inteiramente admitir que só a estrangeiros se devesse o que veio a saber-se sobre
a História Natural das terras que fomos os primeiros a pisar e a colonizar» (Luís de Pina, As Ciências na História do Império Colonial Português).
A época dos Descobrimentos foi prolífica de descobertas revolucionárias nos domínios da Botânica, da Toxicologia e da Patologia, englobando esta última grande número de
enfermidades exóticas, estudadas actualmente pela Medicina Tropical.
Sobre o Escorbuto, (...) laceração, úlcera da boca, conhecem-se referências muito antigas. Plínio chamava-lhe «stomacaee», Hwakins, «peste do mar», Young «scorbutus nauticus», Good «porphyra nautica». No século XIII, Joinville (integrado no exército de S. Luís, no Egipto), traça pormenorizadamente esta doença.
De um modo idêntico ao de Joinville, João de Barros, no «Roteiro da Viagem de Vasco da Gama à Índia (1497-1499), editado em 1552, descreve-nos o escorbuto que, em mares
tropicais, flagelou impiedosamente os marinheiros portugueses. Ao mesmo tempo Barros aponta também a cura e as melhoras dos que ingeriram laranjas frescas em Mombaça. Todavia, o autor do Roteiro não parece ter ainda uma noção consciente sobre a acção curativa dos citrinos.
Mas, em 1507, um piloto anónimo, referindo-se no seu diário à viagem de Pedr'Álvares Cabral à Índia, indica-nos claramente que, os «refrescos» oferecidos pelo rei de Melinde aos portugueses eram o remédio eficaz contra esta grave carência vitamínica:
«(...) carneiros, galinhas, patos, limões e laranjas, as melhores que há no mundo, e com ellas sararão de escorbuto alguns doentes que tinhamos connosco» (Luís de Pina, Na Rota do Império – a medicina embarcada nos sécs. XVI e XVII).
Não restam dúvidas que este autor anónimo se adiantou a João de Barros em relação ao conhecimento da eficácia dos citrinos na cura do escorbuto.
Incompreensivelmente, na história da ciência, Balduino Ronsseus (1564) é considerado o mais antigo tratadista de escorbuto.
Sobre o béri-béri, muito antes de J. de Bondton ou Bontins (1642), investigador holandês a quem se atribui a prioridade do seu estudo, as descrições dos portugueses fazem série: Gabriel Rebelo (1569), M. Godinho Eredia (1613), Diogo de Couto (1616),
Pedro de Basto e João de Barros, João Ribeiro (1685) e Ferrão de Queirós.
Segundo Silva Carvalho, o próprio Prof. Jeanselme, autoridade neste assunto, reconhece os portugueses como os primeiros a identificar esta entidade nosológica, uma vez que a sua presença nas colónias foi indiscutivelmente anterior à dos
holandeses.
Cientificamente, porém, não nos é reconhecida tal prioridade, e, só por direito moral a poderemos invocar.
O cólera asiático, designado também por morxi, mal gangético, colerica passio, mordexi, hacaiza, sarna castelhana, etc., doença epidémica na Índia, em 1543, é observado e bem descrito por Gaspar Correia e Garcia da Orta. Este último,
de formação médica, retrata-nos a doença de um modo mais correcto e científico.
A descrição da Filaríase e do respectivo tratamento, observada na «Relação do Reino do Congo» (1578-1587), garante ao seu autor, Duarte Lopes, a primazia científica.
Muito antes de Guilherme de Pison (considerado um dos fundadores da Medicina Tropical), António Galvão (1563) e Gabriel Soares de Sousa (1587), dentre outros escritores peninsulares (Gomara, Oviedo, etc.), deixaram-nos minuciosas descrições
sobre a Pulga penetrante (Pulex penetrans), vulgarmente conhecida em Portugal por «matacanha».
Soares de Sousa, sem formação médica ou científi ca,munido apenas de um espírito autodidáctico e arguto, descreve de uma forma eloquente animais e plantas brasileiros e as suas exposições nada ficam a dever às dos naturalistas e zoólogos
setecentistas, como Buffon, Lineu, Abeville e outros.
Aqueles dois autores portugueses quinhentistas informar-nos-iam, ainda sobre uma enfermidade conhecida por «mal-do-bicho ou xeringosa», rectite epidémica gangrenosa, que Aleixo de Abreu viria a descrever pormenorizada e cientifi camente no seu
«Tratado de las siete enfermedades», publicado em 1623.
No domínio do Ofidismo, Fernão Cardim, Gabriel S. de Sousa e José de Anchieta, registariam também inúmeras informações, algumas delas importantes contributos para o
estudo da Imunidade e da Toxicologia. Antecipadando-se a Redi, quase cem anos, apontam claramente a sede do veneno nos ofídeos, localizado num pequeno dente, dentro da boca desses animais.
Anchieta alude mesmo, de uma forma inequívoca, à imunidade conferida por uma primeira mordedura de cobra venenosa. Na medicina, como em outros campos, a acção dos
portugueses dos Descobrimentos foi um rosário incontável de notáveis feitos, inovações e contributos.".
Frada, J.J.C. — História, Medecina e Descobrimentos Portugueses.
Revista ICALP, vol. 18, Dezembro de 1989, 63-73.
Não se tratou de um período de barbárie (muito menos bárbara do que a dos nossos concorrentes europeus colonialistas) como afirmam os auto-denominados civilizados, dando-nos apenas crédito por alguns conhecimentos da arte de marear _ o que só por ignorância ou má fé poderão afirmar. Os nossos Descobrimentos foram a fonte de inúmeras descobertas e conhecimento prático nos mais diversos ramos das Artes, das Letras e das Ciências, nomedamente na Medicina.
O que me leva e transcrever aqui, para os meus leitores mais curiosos, uns excertos do artigo de João José Cúcio Frada que descobri na Internet e a quem agradeço este magnífico contributo para a nossa percepção de um país moldado por gente de extraordinário valor, que existiu e continuará a existir e a deixar a sua marca no mundo, mesmo quando outras nações maiores lhe roubam a fama, sem todavia lhe poderem tirar o mérito. Vale a pena ler:
História, Medicina e Descobrimentos Portugueses
"As raízes da nossa presença foram ali [no Japão] tão profundas que o investigador holandês Kleiweg de Zwaan, comentá-las-ia desta forma: «Quanto à arte médica, os portugueses fizeram no Japão um trabalho meritório, especialmente como cirurgiões. Por isso, nós compreendemos também a grande estima que os Japoneses tributam a Portugal por esta acção civilizadora. Ela significa para o Japão um louvável trabalho cultural ao serviço da ciência e da humanidade sofredora» (Aires N. de Sousa, ob. cit.).
Na história moderna da cultura e da ciência, fomos pioneiros em múltiplos campos e realizações, mas, por ironias do destino, esses triunfos só muito raramente foram reconhecidos como feitos portugueses. Como diria Carlos França: «Sempre me surpreendeu a ausência de nomes portugueses na História das Ciências Naturais; conhecendo a orientação científica dos nossos descobrimentos, repugnava-me inteiramente admitir que só a estrangeiros se devesse o que veio a saber-se sobre
a História Natural das terras que fomos os primeiros a pisar e a colonizar» (Luís de Pina, As Ciências na História do Império Colonial Português).
A época dos Descobrimentos foi prolífica de descobertas revolucionárias nos domínios da Botânica, da Toxicologia e da Patologia, englobando esta última grande número de
enfermidades exóticas, estudadas actualmente pela Medicina Tropical.
Sobre o Escorbuto, (...) laceração, úlcera da boca, conhecem-se referências muito antigas. Plínio chamava-lhe «stomacaee», Hwakins, «peste do mar», Young «scorbutus nauticus», Good «porphyra nautica». No século XIII, Joinville (integrado no exército de S. Luís, no Egipto), traça pormenorizadamente esta doença.
De um modo idêntico ao de Joinville, João de Barros, no «Roteiro da Viagem de Vasco da Gama à Índia (1497-1499), editado em 1552, descreve-nos o escorbuto que, em mares
tropicais, flagelou impiedosamente os marinheiros portugueses. Ao mesmo tempo Barros aponta também a cura e as melhoras dos que ingeriram laranjas frescas em Mombaça. Todavia, o autor do Roteiro não parece ter ainda uma noção consciente sobre a acção curativa dos citrinos.
Mas, em 1507, um piloto anónimo, referindo-se no seu diário à viagem de Pedr'Álvares Cabral à Índia, indica-nos claramente que, os «refrescos» oferecidos pelo rei de Melinde aos portugueses eram o remédio eficaz contra esta grave carência vitamínica:
«(...) carneiros, galinhas, patos, limões e laranjas, as melhores que há no mundo, e com ellas sararão de escorbuto alguns doentes que tinhamos connosco» (Luís de Pina, Na Rota do Império – a medicina embarcada nos sécs. XVI e XVII).
Não restam dúvidas que este autor anónimo se adiantou a João de Barros em relação ao conhecimento da eficácia dos citrinos na cura do escorbuto.
Incompreensivelmente, na história da ciência, Balduino Ronsseus (1564) é considerado o mais antigo tratadista de escorbuto.
Sobre o béri-béri, muito antes de J. de Bondton ou Bontins (1642), investigador holandês a quem se atribui a prioridade do seu estudo, as descrições dos portugueses fazem série: Gabriel Rebelo (1569), M. Godinho Eredia (1613), Diogo de Couto (1616),
Pedro de Basto e João de Barros, João Ribeiro (1685) e Ferrão de Queirós.
Segundo Silva Carvalho, o próprio Prof. Jeanselme, autoridade neste assunto, reconhece os portugueses como os primeiros a identificar esta entidade nosológica, uma vez que a sua presença nas colónias foi indiscutivelmente anterior à dos
holandeses.
Cientificamente, porém, não nos é reconhecida tal prioridade, e, só por direito moral a poderemos invocar.
O cólera asiático, designado também por morxi, mal gangético, colerica passio, mordexi, hacaiza, sarna castelhana, etc., doença epidémica na Índia, em 1543, é observado e bem descrito por Gaspar Correia e Garcia da Orta. Este último,
de formação médica, retrata-nos a doença de um modo mais correcto e científico.
A descrição da Filaríase e do respectivo tratamento, observada na «Relação do Reino do Congo» (1578-1587), garante ao seu autor, Duarte Lopes, a primazia científica.
Muito antes de Guilherme de Pison (considerado um dos fundadores da Medicina Tropical), António Galvão (1563) e Gabriel Soares de Sousa (1587), dentre outros escritores peninsulares (Gomara, Oviedo, etc.), deixaram-nos minuciosas descrições
sobre a Pulga penetrante (Pulex penetrans), vulgarmente conhecida em Portugal por «matacanha».
Soares de Sousa, sem formação médica ou científi ca,munido apenas de um espírito autodidáctico e arguto, descreve de uma forma eloquente animais e plantas brasileiros e as suas exposições nada ficam a dever às dos naturalistas e zoólogos
setecentistas, como Buffon, Lineu, Abeville e outros.
Aqueles dois autores portugueses quinhentistas informar-nos-iam, ainda sobre uma enfermidade conhecida por «mal-do-bicho ou xeringosa», rectite epidémica gangrenosa, que Aleixo de Abreu viria a descrever pormenorizada e cientifi camente no seu
«Tratado de las siete enfermedades», publicado em 1623.
No domínio do Ofidismo, Fernão Cardim, Gabriel S. de Sousa e José de Anchieta, registariam também inúmeras informações, algumas delas importantes contributos para o
estudo da Imunidade e da Toxicologia. Antecipadando-se a Redi, quase cem anos, apontam claramente a sede do veneno nos ofídeos, localizado num pequeno dente, dentro da boca desses animais.
Anchieta alude mesmo, de uma forma inequívoca, à imunidade conferida por uma primeira mordedura de cobra venenosa. Na medicina, como em outros campos, a acção dos
portugueses dos Descobrimentos foi um rosário incontável de notáveis feitos, inovações e contributos.".
Frada, J.J.C. — História, Medecina e Descobrimentos Portugueses.
Revista ICALP, vol. 18, Dezembro de 1989, 63-73.
Os insustentáveis

por BAPTISTA BASTOS
08 Fevereiro 2012
DN OPINIÃO
Aguiar-Branco chegou e disse. Na cara de generais, coronéis e afins, decretou que a tropa, tal como está, é financeiramente insustentável. A afirmação caiu mal, ainda por cima porque pressupunha a redução drástica de efectivos. É um sinal dos tempos. Desde que este Governo ascendeu ao poder, fomos sabendo, com sobressalto e resignação, que a pátria é insustentável. Na saúde, na educação, na assistência social, na justiça, na segurança, nos transportes públicos, na RTP, na RDP, nas pensões e nas reformas, sem a supressão dos subsídios de férias e do décimo segundo mês, com a manutenção da tolerância de ponto no Carnaval, a pátria não consegue sustentar-se a si mesma. Pergunta-se: então, como se aguentou, até agora? Com dívidas, golpadas, ardis e manigâncias?
Nesta teoria de "insustentabilidade", os próprios portugueses estão incluídos. O Governo não sabe o que fazer deles, e incita-os a emigrar, com o descaramento de quem é incapaz de solucionar o problema e assim dissimula a sua incompetência política e ética.
Mas as coisas complicam-se. E as decepções vão-se acumulando. A solidariedade parece estar desempregada na Europa. O imigrante é olhado de soslaio. Uma das facetas essenciais do neoliberalismo é reduzir a democracia às funções de "superfície" e estimular o individualismo. O "estrangeiro" é o inimigo. A possibilidade de escolha, apanágio das sociedades democráticas, dissolveu-se: não há oásis; o conceito de pluralidade transformou-se numa hostilidade que ronda a abjecção. O jornalista Noé Monteiro, correspondente na Suíça da RTP, foi o autor, no domingo, p.p., de uma pungente reportagem sobre portugueses que tentaram fugir à fome e à miséria e entraram num outro crisol do inferno. A Suíça, outrora acolhedora, embora áspera e burocrática, ela própria feita de politeísmo de culturas e de valores, é uma incerteza irredutível. O neoliberalismo impôs a normalização das estruturas e dos comportamentos. O mundo, hoje, é um lugar de vazio, de afronta e de desumanização.
Em Portugal, ameaçados pelas contingências de uma filosofia política que alastrou como endemia, os portugueses não sabem que fazer. Aliás, como as hesitações, as derivas e as perplexidades de quem nos governa. Esta gente quer-nos levar para aonde?
Parece que ninguém possui capacidade e talento para enfrentar a realidade circundante. "Todos somos culpados." A frase, utilizada por quem, realmente, é responsável, serve de encobrimento a uma experiência político-económica que deixou a Europa de rastos e promoveu a mediocridade como norma. O surgimento de Merkel e de Sarkozy pertence a essa lógica do absurdo, incapaz de resolver a complexidade criada pela sua própria irracionalidade.
Estamos num ponto da História em que todos somos insustentáveis".
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
09/02/2012
Ainda o (Des)Acordo Ortográfico
Um texto do jornalista Nuno Pacheco, a propósito do tal Acordo que Vasco de Graça Moura erradicou do CCB:
Omens sem H... (e sem espinha!)
Espantam-se? Não se espantem. Lá chegaremos.
No Brasil, pelo menos, já se escreve "umidade". Para facilitar? Não parece. A Bahia, felizmente, mantém orgulhosa o seu H (sem o qual seria uma baía qualquer), Itamar Assumpção ainda não perdeu o P e até Adriana Calcanhotto duplicou o T do nome porque fica bonito e porque sim.
Isto de tirar e pôr letras não é bem como fazer lego, embora pareça. Há uma poética na grafia que pode estragar-se com demasiadas lavagens a seco.
Por exemplo: no Brasil há dois diários que ostentam no título esta antiguidade: Jornal do Commercio. Com duplo M, como o genial Drummond. Datam ambos dos anos 1820 e não actualizaram o nome até hoje.
Comércio vem do latim commercium e na primeira vaga simplificadora perdeu, como se sabe, um M. Nivelando por baixo, temendo talvez que o povo ignaro não conseguisse nunca escrever como a minoria culta, a língua portuguesa foi perdendo parte das suas raízes latinas.
Outras línguas, obviamente atrasadas, viraram a cara à modernização. É por isso que, hoje em dia, idiomas tão medievais quanto o inglês ou o francês consagram pharmacy e pharmacie (do grego pharmakeia e do latim pharmacïa) em lugar de farmácia; ou commerce em vez de comércio.
O português tem andado, assim, satisfeito, a "limpar" acentos e consoantes espúrias. Até à lavagem de 1990, a mais recente, que permite até ao mais analfabeto dos analfabetos escrever sem nenhum medo de errar. Até porque, felicidade suprema, pode errar que ninguém nota.
"É positivo para as crianças", diz o iluminado Bechara, uma das inteligências que empunha, feliz, o facho do Acordo Ortográfico.
É verdade, as crianças, como ninguém se lembrou delas? O que passarão as pobres crianças inglesas, francesas, holandesas, alemãs, italianas, espanholas, em países onde há tantas consoantes duplas, tremas e hífens? A escrever summer, bibliographie, tappezzería, damnificar, mitteleuropäischen?
Já viram o que é ter de escrever Abschnitt für sonnenschirme nas praias em vez de "zona de chapéus de sol"? Por isso é que nesses países com línguas tão complicadas (já para não falar na China, no Japão ou nas Arábias, valha-nos Deus) as crianças sofrem tanto para escrever nas línguas maternas.
Portugal, lavador-mor de grafias antigas, dá agora primazia à fonética, pois, disse-o um dia outra das inteligências pró-Acordo, "a oralidade precede a escrita".
Se é assim, tirem o H a homem ou a humanidade que não faz falta nenhuma. E escrevam Oliúde quando falarem de cinema.
A etimologia foi uma invenção de loucos, tornemo-nos compulsivamente fonéticos.
Mas há mais: sabem que acabou o café-da-manhã? Agora é café da manhã. Pois é, as palavras compostas por justaposição (com hífens) são outro estorvo.
Por isso os "acordistas" advogam cor de rosa (sem hífens) em vez de cor-de-rosa. Mas não pensaram, ó míseros, que há rosas de várias cores? Vermelhas? Amarelas? Brancas?
Até cu-de-judas deixou, para eles, de ser lugar remoto para ser o cu do próprio Judas, com caixa alta, assim mesmo.
Só omens sem H podem ter inventado isto, é garantido.
Por Nuno Pacheco - Jornalista
Omens sem H... (e sem espinha!)
Espantam-se? Não se espantem. Lá chegaremos.
No Brasil, pelo menos, já se escreve "umidade". Para facilitar? Não parece. A Bahia, felizmente, mantém orgulhosa o seu H (sem o qual seria uma baía qualquer), Itamar Assumpção ainda não perdeu o P e até Adriana Calcanhotto duplicou o T do nome porque fica bonito e porque sim.
Isto de tirar e pôr letras não é bem como fazer lego, embora pareça. Há uma poética na grafia que pode estragar-se com demasiadas lavagens a seco.
Por exemplo: no Brasil há dois diários que ostentam no título esta antiguidade: Jornal do Commercio. Com duplo M, como o genial Drummond. Datam ambos dos anos 1820 e não actualizaram o nome até hoje.
Comércio vem do latim commercium e na primeira vaga simplificadora perdeu, como se sabe, um M. Nivelando por baixo, temendo talvez que o povo ignaro não conseguisse nunca escrever como a minoria culta, a língua portuguesa foi perdendo parte das suas raízes latinas.
Outras línguas, obviamente atrasadas, viraram a cara à modernização. É por isso que, hoje em dia, idiomas tão medievais quanto o inglês ou o francês consagram pharmacy e pharmacie (do grego pharmakeia e do latim pharmacïa) em lugar de farmácia; ou commerce em vez de comércio.
O português tem andado, assim, satisfeito, a "limpar" acentos e consoantes espúrias. Até à lavagem de 1990, a mais recente, que permite até ao mais analfabeto dos analfabetos escrever sem nenhum medo de errar. Até porque, felicidade suprema, pode errar que ninguém nota.
"É positivo para as crianças", diz o iluminado Bechara, uma das inteligências que empunha, feliz, o facho do Acordo Ortográfico.
É verdade, as crianças, como ninguém se lembrou delas? O que passarão as pobres crianças inglesas, francesas, holandesas, alemãs, italianas, espanholas, em países onde há tantas consoantes duplas, tremas e hífens? A escrever summer, bibliographie, tappezzería, damnificar, mitteleuropäischen?
Já viram o que é ter de escrever Abschnitt für sonnenschirme nas praias em vez de "zona de chapéus de sol"? Por isso é que nesses países com línguas tão complicadas (já para não falar na China, no Japão ou nas Arábias, valha-nos Deus) as crianças sofrem tanto para escrever nas línguas maternas.
Portugal, lavador-mor de grafias antigas, dá agora primazia à fonética, pois, disse-o um dia outra das inteligências pró-Acordo, "a oralidade precede a escrita".
Se é assim, tirem o H a homem ou a humanidade que não faz falta nenhuma. E escrevam Oliúde quando falarem de cinema.
A etimologia foi uma invenção de loucos, tornemo-nos compulsivamente fonéticos.
Mas há mais: sabem que acabou o café-da-manhã? Agora é café da manhã. Pois é, as palavras compostas por justaposição (com hífens) são outro estorvo.
Por isso os "acordistas" advogam cor de rosa (sem hífens) em vez de cor-de-rosa. Mas não pensaram, ó míseros, que há rosas de várias cores? Vermelhas? Amarelas? Brancas?
Até cu-de-judas deixou, para eles, de ser lugar remoto para ser o cu do próprio Judas, com caixa alta, assim mesmo.
Só omens sem H podem ter inventado isto, é garantido.
Por Nuno Pacheco - Jornalista
07/02/2012
O reverso da medalha: agressão de professores
A indignação, mágoa e frustração dos professores já é difícil de silenciar, como mostra este texto de Maria do Rosário Meireles Cunha:
Um dia cinzento…professor
Hoje o dia amanheceu cinzento e chuvoso…Para muitos mais um dia de inverno! Para mim um dia triste, coberto de indignação, revolta, medo, impotência e desolação.
Ontem, em frente à Escola EB 2/3 Padre António Luís Moreira, nos Carvalhos – Vila Nova de Gaia, um Professor de Matemática, de 63 anos, foi violentamente agredido por três indivíduos de etnia cigana. Não. Não agrediu nenhum aluno. Não foi incorreto com ninguém, nem tão pouco falou mais alto. O exemplo de civismo, educação, correcção e
profissionalismo é a descrição deste nosso colega. Apenas mandou que uma aluna de etnia cigana se retirasse da sala onde entrou sem autorização e sem educação. Motivo este bastante para que a aluna comunicasse com os familiares que de forma selvagem se encarregaram do “ajuste de contas”.
Sou professora e tenho também alunos de etnia cigana. Terei provavelmente princípios de educação e civismo semelhantes aos da maior parte dos professores, como este colega. Corrijo todos os dias os comportamentos e atitudes que considero despropositados. Trato todos os alunos de igual forma tendo como principio a igualdade de que todos falam com a “boca cheia”. Igualdade essa de direitos, mas também de deveres. Sim, porque não pensem que a igualdade só serve para ter direitos! O cumprimento das regras de civismo e respeito também fazem parte. E se um dos meus alunos achar que “cuspir em cima das secretárias” é um direito que ele tem? Isso vai contra o meu entendimento de respeito e educação e, como tal terei de informá-lo da
necessidade de limpar a secretária que é de todos. Se a moda pega, terei com toda a certeza de pedir proteção policial para sair da escola.
Cada vez que tento visualizar a situação de agressão a que foi sujeito este professor, fico completamente de rastos, desmoralizada e sem motivação alguma para continuar a fazer aquilo que escolhi há muitos anos.
E falam-me em revisão curricular??
Podem fazê-las todas e todos os anos! Não é aí que se encontra o “cancro” da Escola/Educação. Podem aumentar as cargas horárias todas que quiserem! Os alunos não vão saber mais por isso. É o mesmo que tentar tratar o doente com a medicação errada.
A indisciplina grassa em grande escala e em percurso crescente na maior parte dos estabelecimentos de ensino do nosso país. É mais ou menos camuflada, numas ou noutras escolas, por interesses vários, desde directores a ministros. Mas está instaurada e cada vez com maior número de aderentes. A nós pouco nos resta fazer. Tentamos de todas as formas, nunca infringindo a lei ou ferindo os tão pregoados direitos do aluno, proteger os poucos que sabem para que serve a Escola, o Professor e a Educação.
Mesmo correndo algum risco de, segundo os entendidos, traumatizar as crianças, ainda elevamos o tom de voz ou castigamos um ou outro aluno, na tentativa, quase inglória, de “salvar” mais um.
Sabendo que a missão primeira de educar compete aos pais e sabendo que poderemos ser verbalmente e fisicamente agredidos, arriscamos e transmitimos sempre que achamos premente, os valores e princípios que os nossos alunos não trazem de casa, corrigimos atitudes, somos pai e mãe sempre que necessário. Recebemos mensagens escritas dos encarregados de educação, revelando uma falta de respeito, educação e
desconhecimento atroz, porque cansamos o seu educando com os trabalhos de casa. Somos ameaçados pelos pais e familiares dos alunos a quem dizemos que é necessário um caderno e uma caneta para escrever e que esse material é muito mais importante numa sala de aula, do que um telemóvel…
E falam-me em revisão curricular??…
Não aguento mais medidas sem sentido e de nenhum efeito. Um médico não receita sem saber qual é o mal de um doente, ou não deveria fazê-lo. Então como se quer tratar a Escola/Educação sem antes perceber, analisar, verificar onde está realmente o grande, imenso problema?
É urgente e inadiável impor a disciplina nas escolas portuguesas.
É urgente e inadiável que se percebam as diferenças de direitos e deveres entre um adulto e uma criança.
É urgente e inadiável que um professor possa ensinar quem quer realmente aprender.
É urgente e inadiável que o medo deixe de ser uma sombra permanente sobre as cabeças dos docentes do nosso país.
É urgente e inadiável que possamos intervir assertivamente e no imediato em situações que estão no limiar do humanamente suportável.
É urgente e inadiável que o respeito e educação que exijo aos meus filhos, possa exigir da mesma forma aos meus alunos.
E falam-me de revisão curricular??
É inadmissível que o professor seja obrigado a engolir os insultos de um aluno que tem mais ou menos a idade dos seus filhos quando em sua casa isso não é minimamente tolerável.
Não pensem que quero “a menina dos cinco olhinhos”. Não. Apenas penso que fomos exactamente para o outro extremo. Quase que me apetece dizer que se vive uma anarquia nas escolas. Gritar fere a sensibilidade das crianças, mas falar baixo não resulta pois estas não sabem estar caladas. Uma bofetada ou puxão de orelhas? Completamente desadequado.
Isso só com os nossos filhos surte efeito. Aos nossos alunos traumatiza e marca para toda a vida. Talvez seja por isso, por tantos traumas destes, que a nossa geração cresceu, formou-se, trabalha e não espera que nenhum subsídio seja criado e nenhuma casa lhe seja oferecida.
Os meus vinte e cinco anos de serviço não me ensinaram a viver uma escola em que importa apenas que as crianças sejam muito felizes e acreditem que a vida é super fácil; que o trabalhar é apenas para os “totós”, pois a preguiça compensa e de uma forma ou de outra todos conseguirão fazer a escola; que independentemente de cumprirmos as
regras teremos sempre direitos; que pudemos ofender de todas as formas possíveis e agredir sempre, pois o pior que poderá acontecer são uns dias de “férias” em casa; que de uma forma ou de outra, a culpa é sempre do professor.
O nosso colega está em casa, depois de uma tarde nas urgências do hospital, com cortes no rosto e muitos hematomas. Tenho o estômago embrulhado e um nó na garganta. Uma vida inteira dedicada a ensinar e a formar um futuro melhor para o nosso país é desta forma agraciada quase no fim da sua carreira. E quem está a ler e a sentir-se da mesma forma que eu perguntará: “ E a escola não age?” E eu digo-vos qual é a
resposta: “Foi fora do recinto escolar.” Gostaram? Conseguem imaginar como será o estado de espírito deste professor de matemática?
Já não falo das marcas físicas e das dores que deve ter, pois foram muitos pontapés e murros covardemente dados por três homens na casa dos vinte anos. Covardemente por serem três a agredirem um senhor de sessenta e três anos. Falo na dor psicológica, uma dor que não passa com analgésicos, que vai lá ficar muito tempo. Será a recordação mais viva que terá da sua longa carreira que está quase no final. Aqui fica a medalha de “cortiça” que recebe pela sua dedicação e entrega à escola e aos alunos.
No final apenas fica o amargo de boca de quem tem consciência de que fez o melhor trabalho que pode, que entregou a melhor parte da sua vida e juventude aos seus alunos, que exerceu com toda a dignidade a sua profissão, respeitando sempre todos, engrandecendo o conhecimento de muitos.
Resta-me dizer que este dia cinzento tem toda a razão de ser e todos os professores se sentirão exactamente neste cinzento que porventura será a cor que melhor define os sentimentos de quem neste momento consegue imaginar-se no lugar deste professor.
Maria do Rosário Meireles Cunha
Professora na Escola EB 2/3 de Olival
Um dia cinzento…professor
Hoje o dia amanheceu cinzento e chuvoso…Para muitos mais um dia de inverno! Para mim um dia triste, coberto de indignação, revolta, medo, impotência e desolação.
Ontem, em frente à Escola EB 2/3 Padre António Luís Moreira, nos Carvalhos – Vila Nova de Gaia, um Professor de Matemática, de 63 anos, foi violentamente agredido por três indivíduos de etnia cigana. Não. Não agrediu nenhum aluno. Não foi incorreto com ninguém, nem tão pouco falou mais alto. O exemplo de civismo, educação, correcção e
profissionalismo é a descrição deste nosso colega. Apenas mandou que uma aluna de etnia cigana se retirasse da sala onde entrou sem autorização e sem educação. Motivo este bastante para que a aluna comunicasse com os familiares que de forma selvagem se encarregaram do “ajuste de contas”.
Sou professora e tenho também alunos de etnia cigana. Terei provavelmente princípios de educação e civismo semelhantes aos da maior parte dos professores, como este colega. Corrijo todos os dias os comportamentos e atitudes que considero despropositados. Trato todos os alunos de igual forma tendo como principio a igualdade de que todos falam com a “boca cheia”. Igualdade essa de direitos, mas também de deveres. Sim, porque não pensem que a igualdade só serve para ter direitos! O cumprimento das regras de civismo e respeito também fazem parte. E se um dos meus alunos achar que “cuspir em cima das secretárias” é um direito que ele tem? Isso vai contra o meu entendimento de respeito e educação e, como tal terei de informá-lo da
necessidade de limpar a secretária que é de todos. Se a moda pega, terei com toda a certeza de pedir proteção policial para sair da escola.
Cada vez que tento visualizar a situação de agressão a que foi sujeito este professor, fico completamente de rastos, desmoralizada e sem motivação alguma para continuar a fazer aquilo que escolhi há muitos anos.
E falam-me em revisão curricular??
Podem fazê-las todas e todos os anos! Não é aí que se encontra o “cancro” da Escola/Educação. Podem aumentar as cargas horárias todas que quiserem! Os alunos não vão saber mais por isso. É o mesmo que tentar tratar o doente com a medicação errada.
A indisciplina grassa em grande escala e em percurso crescente na maior parte dos estabelecimentos de ensino do nosso país. É mais ou menos camuflada, numas ou noutras escolas, por interesses vários, desde directores a ministros. Mas está instaurada e cada vez com maior número de aderentes. A nós pouco nos resta fazer. Tentamos de todas as formas, nunca infringindo a lei ou ferindo os tão pregoados direitos do aluno, proteger os poucos que sabem para que serve a Escola, o Professor e a Educação.
Mesmo correndo algum risco de, segundo os entendidos, traumatizar as crianças, ainda elevamos o tom de voz ou castigamos um ou outro aluno, na tentativa, quase inglória, de “salvar” mais um.
Sabendo que a missão primeira de educar compete aos pais e sabendo que poderemos ser verbalmente e fisicamente agredidos, arriscamos e transmitimos sempre que achamos premente, os valores e princípios que os nossos alunos não trazem de casa, corrigimos atitudes, somos pai e mãe sempre que necessário. Recebemos mensagens escritas dos encarregados de educação, revelando uma falta de respeito, educação e
desconhecimento atroz, porque cansamos o seu educando com os trabalhos de casa. Somos ameaçados pelos pais e familiares dos alunos a quem dizemos que é necessário um caderno e uma caneta para escrever e que esse material é muito mais importante numa sala de aula, do que um telemóvel…
E falam-me em revisão curricular??…
Não aguento mais medidas sem sentido e de nenhum efeito. Um médico não receita sem saber qual é o mal de um doente, ou não deveria fazê-lo. Então como se quer tratar a Escola/Educação sem antes perceber, analisar, verificar onde está realmente o grande, imenso problema?
É urgente e inadiável impor a disciplina nas escolas portuguesas.
É urgente e inadiável que se percebam as diferenças de direitos e deveres entre um adulto e uma criança.
É urgente e inadiável que um professor possa ensinar quem quer realmente aprender.
É urgente e inadiável que o medo deixe de ser uma sombra permanente sobre as cabeças dos docentes do nosso país.
É urgente e inadiável que possamos intervir assertivamente e no imediato em situações que estão no limiar do humanamente suportável.
É urgente e inadiável que o respeito e educação que exijo aos meus filhos, possa exigir da mesma forma aos meus alunos.
E falam-me de revisão curricular??
É inadmissível que o professor seja obrigado a engolir os insultos de um aluno que tem mais ou menos a idade dos seus filhos quando em sua casa isso não é minimamente tolerável.
Não pensem que quero “a menina dos cinco olhinhos”. Não. Apenas penso que fomos exactamente para o outro extremo. Quase que me apetece dizer que se vive uma anarquia nas escolas. Gritar fere a sensibilidade das crianças, mas falar baixo não resulta pois estas não sabem estar caladas. Uma bofetada ou puxão de orelhas? Completamente desadequado.
Isso só com os nossos filhos surte efeito. Aos nossos alunos traumatiza e marca para toda a vida. Talvez seja por isso, por tantos traumas destes, que a nossa geração cresceu, formou-se, trabalha e não espera que nenhum subsídio seja criado e nenhuma casa lhe seja oferecida.
Os meus vinte e cinco anos de serviço não me ensinaram a viver uma escola em que importa apenas que as crianças sejam muito felizes e acreditem que a vida é super fácil; que o trabalhar é apenas para os “totós”, pois a preguiça compensa e de uma forma ou de outra todos conseguirão fazer a escola; que independentemente de cumprirmos as
regras teremos sempre direitos; que pudemos ofender de todas as formas possíveis e agredir sempre, pois o pior que poderá acontecer são uns dias de “férias” em casa; que de uma forma ou de outra, a culpa é sempre do professor.
O nosso colega está em casa, depois de uma tarde nas urgências do hospital, com cortes no rosto e muitos hematomas. Tenho o estômago embrulhado e um nó na garganta. Uma vida inteira dedicada a ensinar e a formar um futuro melhor para o nosso país é desta forma agraciada quase no fim da sua carreira. E quem está a ler e a sentir-se da mesma forma que eu perguntará: “ E a escola não age?” E eu digo-vos qual é a
resposta: “Foi fora do recinto escolar.” Gostaram? Conseguem imaginar como será o estado de espírito deste professor de matemática?
Já não falo das marcas físicas e das dores que deve ter, pois foram muitos pontapés e murros covardemente dados por três homens na casa dos vinte anos. Covardemente por serem três a agredirem um senhor de sessenta e três anos. Falo na dor psicológica, uma dor que não passa com analgésicos, que vai lá ficar muito tempo. Será a recordação mais viva que terá da sua longa carreira que está quase no final. Aqui fica a medalha de “cortiça” que recebe pela sua dedicação e entrega à escola e aos alunos.
No final apenas fica o amargo de boca de quem tem consciência de que fez o melhor trabalho que pode, que entregou a melhor parte da sua vida e juventude aos seus alunos, que exerceu com toda a dignidade a sua profissão, respeitando sempre todos, engrandecendo o conhecimento de muitos.
Resta-me dizer que este dia cinzento tem toda a razão de ser e todos os professores se sentirão exactamente neste cinzento que porventura será a cor que melhor define os sentimentos de quem neste momento consegue imaginar-se no lugar deste professor.
Maria do Rosário Meireles Cunha
Professora na Escola EB 2/3 de Olival
06/02/2012
Os meus romances no Facebook

Foi uma surpresa que me encantou e emocionou muito, visto que, para fazer tal coisa, essa pessoa tinha de ser um(a) leitor(a) apaixonado(o) pela minha obra. Procurei em vão saber quem era esse generoso desconhecido, pois, nas páginas do Facebook, os nomes e as fotos de perfil eram os dos respectivos livros: D. Sebastião e o Vidente, O Navegador da Passagem e O Espião de D. João II.
Este fim-de-semana descobri finalmente a identidade do meu misterioso e devotado Leitor. Aminha fã (pois de uma Leitora se trata) é essa lindíssima moça da foto, chama-se Ana Filipa Santos, e tem (imaginem só, pois custa a crer)... 15 anos!
E ainda se diz que os jovens portugueses não gostam de ler... Ana Santos até pode ser uma excepção _ é-o,sem dúvida, pois os meus livros não são de leitura fácil, quer pela linguagem, quer pelo conteúdo e extensão _, mas são jovens assim que me mantêm a esperança neste país.
Aqui fica o meu público agradecimento a Ana Santos, cuja Página do Facebook, se a quiserem visitar é: http://www.facebook.com/profile.php?id=100000308722822.
Para acederem às Páginas dos meus romances, por ela criadas, basta clicar nos títulos acima indicados para abrir os links.
Bem haja, querida Ana, pelo prazer que me deu!
276 € para desentupir o cano do lava-louça!
Este país está a saque. Da firma "24 horas Alerta" - serralharia, canalizações e Electricidade, vieram a minha casa desentupir um cano do lava-louças e levaram 225 € + 51 € de IVA, por 45m. de trabalho.
Ainda há quem diga que se ganha mal, em Portugal - 275 € para desentupir um cano! Conto-vos este caso para vos prevenir contra estes golpes: Não enfiem o barrete, como nós, peçam sempre orçamento antes, mesmo que precisem de desentupir o cano no próprio dia. E nesta firma, nunca! Foi pura extorsão!
Contactámo-los pelas Páginas Amarelas. Costumamos usar os serviços do ACP, que funcionam bem e se informam depois como decorreu o serviço. Como já do ACP tinham feito o trabalho semelhante por uns 80€, não pedimos orçamento.
Irrita sermos enganados por termos boa fé. Este é o meu aviso para que não caiam no mesmo. E vou participar à DECO.
Ainda há quem diga que se ganha mal, em Portugal - 275 € para desentupir um cano! Conto-vos este caso para vos prevenir contra estes golpes: Não enfiem o barrete, como nós, peçam sempre orçamento antes, mesmo que precisem de desentupir o cano no próprio dia. E nesta firma, nunca! Foi pura extorsão!
Contactámo-los pelas Páginas Amarelas. Costumamos usar os serviços do ACP, que funcionam bem e se informam depois como decorreu o serviço. Como já do ACP tinham feito o trabalho semelhante por uns 80€, não pedimos orçamento.
Irrita sermos enganados por termos boa fé. Este é o meu aviso para que não caiam no mesmo. E vou participar à DECO.
04/02/2012
Não posso aceitar este Acordo Ortográfico
Não aceito este Acordo Ortográfico, porque o acho desnecessário - para mais feito em gabinetes, à revelia da maioria dos seus utentes e das instituições que velam por ela -, e me prejudica a escrita e a corrompe, criando a cada passo confusões que chegam a ser absurdas ou mesmo ridículas.
Assinei todas as petições contra, ainda não calei os meus protestos e nunca aceitarei ter os meus livros "emendados", segundo o Acordo. Se me quiserem obrigar a fazê-lo, não voltarei a publicar outro livro no resto da minha vida.
O que me custou mais em todo o processo foi exactamente a falta de amor pela nossa Língua, a qual, sendo a matriz de todas as variantes do Português falado no mundo, os promotores do Acordo dizem querer valorizar, corrompendo-a para a aproximar das ditas variantes, porque é de facto apenas desta subordinação que se trata e não de uma evolução do nosso idioma. É o mundo às avessas
Neste país nunca houve da parte dos governantes qualquer respeito pelos cidadãos, só fingem tê-lo no tempo das eleições, depois "borrifam-se" para o que pensamos ou queremos, porque estão habituados ao nosso conformismo, porque, enquanto povo, nós dobramos a espinha ao poder, não temos orgulho no nosso país, na nossa Língua que é o cerne da nossa identidade, da nossa História ou da nossa Cultura. Por isso temos uma troika estrangeira a estalar o chicote nos nossos lombos.
A nossa Língua evoluía naturalmente, como é próprio de qualquer idioma do mundo. O que se fez foi um "favor" não ao nosso país, mas a outro, uma cedência como muitas mais que os nossos governantes e os seus satélites têm feito, com esse eterno complexo de menoridade (falam com muita bazófia para esconder a insegurança ou a falta de cultura e de competência), dobram a cerviz por sua vez "aos de fora", "aos maiores e mais ricos" e sujeitam-se a acordos que as outras partes depois não respeitam. Já no anterior acordo, o Brasil, depois de o assinar, "borrifou-se" para ele e para nós e continuou a escrever como sempre o fez.
Venderam-nos por pouco e ficaram muito contentinhos! Alguns nem esperaram por a data do desastre. Este malfadado Acordo só entraria em vigor oficialmente em 2014, infelizmente os agentes de cultura, como os Media e as editoras, que deviam acautelar a Língua dos seus jornalistas e escritores, apressaram-se a render-se ao poder e aos interesses (decerto em futuros ganhos, ainda que possam vir a ser apenas fumo...).
Conto com os meus leitores, se gostaram de me ler até hoje, continuarão a ler-me no futuro, embora a "escrever mal e com erros", segundo o novo Acordo Ortográfico. Pelo que, desde já,peço a vossa compreensão e perdão, queridos amigos leitores.
Assinei todas as petições contra, ainda não calei os meus protestos e nunca aceitarei ter os meus livros "emendados", segundo o Acordo. Se me quiserem obrigar a fazê-lo, não voltarei a publicar outro livro no resto da minha vida.
O que me custou mais em todo o processo foi exactamente a falta de amor pela nossa Língua, a qual, sendo a matriz de todas as variantes do Português falado no mundo, os promotores do Acordo dizem querer valorizar, corrompendo-a para a aproximar das ditas variantes, porque é de facto apenas desta subordinação que se trata e não de uma evolução do nosso idioma. É o mundo às avessas
Neste país nunca houve da parte dos governantes qualquer respeito pelos cidadãos, só fingem tê-lo no tempo das eleições, depois "borrifam-se" para o que pensamos ou queremos, porque estão habituados ao nosso conformismo, porque, enquanto povo, nós dobramos a espinha ao poder, não temos orgulho no nosso país, na nossa Língua que é o cerne da nossa identidade, da nossa História ou da nossa Cultura. Por isso temos uma troika estrangeira a estalar o chicote nos nossos lombos.
A nossa Língua evoluía naturalmente, como é próprio de qualquer idioma do mundo. O que se fez foi um "favor" não ao nosso país, mas a outro, uma cedência como muitas mais que os nossos governantes e os seus satélites têm feito, com esse eterno complexo de menoridade (falam com muita bazófia para esconder a insegurança ou a falta de cultura e de competência), dobram a cerviz por sua vez "aos de fora", "aos maiores e mais ricos" e sujeitam-se a acordos que as outras partes depois não respeitam. Já no anterior acordo, o Brasil, depois de o assinar, "borrifou-se" para ele e para nós e continuou a escrever como sempre o fez.
Venderam-nos por pouco e ficaram muito contentinhos! Alguns nem esperaram por a data do desastre. Este malfadado Acordo só entraria em vigor oficialmente em 2014, infelizmente os agentes de cultura, como os Media e as editoras, que deviam acautelar a Língua dos seus jornalistas e escritores, apressaram-se a render-se ao poder e aos interesses (decerto em futuros ganhos, ainda que possam vir a ser apenas fumo...).
Conto com os meus leitores, se gostaram de me ler até hoje, continuarão a ler-me no futuro, embora a "escrever mal e com erros", segundo o novo Acordo Ortográfico. Pelo que, desde já,peço a vossa compreensão e perdão, queridos amigos leitores.
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