25/08/2010

D. João II e "O Navegador da Passagem"


Ganhei um grande número de novos leitores graças ao título do meu romance O Espião de D. João II, por nele vir explícito o nome daquele que é considerado, se não o melhor, pelo menos um dos melhores reis da História de Portugal, e que ultimamente tem despertado muito interesse nos portugueses que gostam de conhecer a sua História.

Contudo, o meu romance que trata em pormenor da vida e obra deste rei é não "O Espião de D. João II", mas O Navegador da Passagem, porque o seu reinado serve de contextualização às viagens do grande Navegador Bartolomeu Dias (outra personalidade portuguesa extraordinária e quase ignorada). Neste romance, são descritos os dramas pessoais do Príncipe Perfeito, os seus empreendimentos, as conspirações de que foi vítima ou que urdiu, a sua política de grande visão e a rede de de espiões e de relações internacionais (incluindo algumas personagens e episódios espantosos pouco conhecidos que tive a sorte de descobrir nas minhas pesquisas em obras de autores coevos).

Nas conversas que tenho tido com esses novos leitores, procuro informá-los de que em O Espião de D. João II - que se seguiu a O Navegador da Passagem -, procurei complementar a informação deste reinado, desenvolvendo, a propósito das viagens de Pêro da Covilhã (outro herói também injustiçado, por ignorado), o sonho do Príncipe Perfeito, uma espécie de busca do Graal a que devotou muitos anos da sua vida: a descoberta do Preste João e também da rota das especiarias da Índia.

A escolha de um título, por estranho que pareça, pode ajudar a determinar o sucesso ou o insucesso de um livro, atraindo os leitores ou afastando-os. Creio que isso aconteceu, de certo modo, com O Navegador da Passagem, um título que achei poético e capaz de sintetizar o conteúdo do romance. Todavia, creio que o facto de não nomear Bartolomeu Dias ou el-rei D. João II - o que não quis fazer por me parecer demasiado óbvio - deve ter funcionado um pouco contra esta obra, em relação aos novos leitores.

Talvez me engane, no entanto julgo pertinente deixar aqui este esclarecimento.

3 comentários:

Ana C. Nunes disse...

Sem dúvida que este é um apontamento valioso para quem leu ou vai ler "O Espião de D. João II".
E concordo, muitas vezes o título de uma obra pesa muito na receptividade que este tem junto do públuco.

Bargao_Henriques disse...

O Navegador da Passagem foi o primeiro livro da Deana que tive o prazer de ler.
Para mim, quando desconheço um autor e a sua obra, além do nome do livro, na escolha de uma compra pesa também o grafismo da capa, a qualidade do material e (obviamente) algumas linhas que consiga ler em jeito de teste.
O Navegador da Passagem prendeu-me logo desde o momento em que o vi.
O Espião de D. João II veio como consequência imediata da leitura do livro anterior, porque um autor que consegue descrever daquela forma romanceada e muito viva um pedaço tão importante da nossa história, tem imediatamente direito à minha melhor atenção!
Este segundo livro, mesmo depois do enorme agrado na leitura do anterior, proporcionou-me longos momentos de enorme prazer literário, numa história que me agarrou desde a primeira linha!
É sublime!!!
Tal como já antes afirmei, daria "pano para mangas" se fosse conhecido em Hollywood!

DEANA BARROQUEIRO disse...

Muito obrigada, Ana e Paulo, por terem escrito neste blogue que me serve para conversar com os leitores, um convívio que me é tão precioso.
E a minha imensa gratidão, Paulo, pelas palavras tão gentis que dedica aos meus livros.