17/06/2014

Se aprender com os erros, Portugal dará uma grande resposta

Quando a Selecção Nacional perde um primeiro jogo no Mundial por indisciplina, arruacice e  falta de empenho, torna-se muito difícil arranjar desculpas para uma derrota de 4-0.
Segue a análise do  triste desempenho dos nossos jogadores.
 

É difícil extrair alguma coisa positiva do que aconteceu em Salvador. Não faz sentido procurar bodes expiatórios. Houve erros e antes de os corrigir é preciso assumi-los.    
por Sílvio Vieira

Paulo Bento preparou os portugueses para momentos de sacrifício frente à Alemanha. O que ninguém esperava era por 90 minutos de desespero total.
Foi a Lei de Murphy no seu expoente máximo: correu mesmo mal. O momento em que Pepe perde a cabeça, mais do que o golo sofrido logo no início, foi o instante decisivo para o desastre.
 
Faltou equilíbrio emocional aos homens de Paulo Bento. Já antes da grande penalidade, que resultou no primeiro golo dos alemães, Rui Patrício tinha cometido um erro primário ao oferecer um golo que Khedira desperdiçou.
 
Ofegantes, não só pelo calor mas também por esse colete-de-forças mental, os jogadores portugueses pareciam esperar por Ronaldo. O melhor do mundo ainda tentou carregar a equipa, mas não havia equipa para carregar.
 
Sinopse do filme de terror

Muller é o herói desta película. O avançado alemão marcou três golos e esteve no momento em que tudo muda, quando Pepe, vilão da história, não foi capaz de se controlar.
 
Com o jogo ainda sem tendência clara, a Alemanha, mais organizada, chegou ao primeiro golo, através de uma grande penalidade cometida por João Pereira. Muller fez o primeiro.
 
Meireles e Moutinho faziam parte do elenco, mas foram substituídos por duplos. Os dois médios não destruíram, não construíram e era por eles que poderia passar grande parte da reacção.
 
A imperturbável Alemanha foi assistindo à queda da selecção nacional e aproveitou as ofertas. Hummels ganhou o duelo a Pepe, num canto, e marcou o segundo.
 
O central português deixou-se levar pelo erro, ficou perturbado, e ainda antes do final da primeira parte deitou tudo a perder. Muller, aí está o protagonista, queixou-se de um toque e Pepe reagiu. O árbitro pode ter exagerado, mas um jogador do Real Madrid, da selecção portuguesa, um campeão europeu, não deve expor-se assim.

O gesto de Pepe pode ser um esboço de agressão, mas tem tanto de inútil como de provocatório e prejudicou, sem conserto, a equipa. A partir desse fatídico minuto 37 não havia muito mais a fazer. Ou Ronaldo vestia a capa de Super Homem, ou aconteceria o que acabou por acontecer.

O filme acaba no final dos primeiros 45 minutos. A segunda parte é, apenas, um extra para Muller. O avançado do Bayern marcou mais um e a Alemanha geriu Portugal à distância.
 
Os azares e o árbitro

O peso dos números não foi o único problema. Além de Pepe, Portugal perde, ainda, Coentrão e Hugo Almeida, que motivaram alterações forçadas, devido a lesões.

Depois há Milorad Mazic. Não é um grande árbitro, cometeu erros, mas o sérvio não pode servir como bode expiatório para um fiasco como este.

Assumir os erros próprios pode ser um caminho interessante a seguir. Faltou chama a uma selecção sem alma, sem agressividade, vergada a uma poderosa Alemanha. Convém sublinhar que Portugal teria, mesmo, que viver momentos de sacrifício perante um sério candidato ao título.

A esperança reside na lição que Paulo Bento e os jogadores podem tirar de um pesadelo de 90 minutos. Portugal não passou a ser a pior selecção do mundo e ainda vai a tempo de despertar.

1 comentário:

João Ribeiro disse...

Estas "rock stars" do futebol, deveriam ver o Portugal - Coreia do Norte de 1966 para aprenderem o que é humildade, empenho, esforço, dedicação e amor à camisola, amor Pátrio. Quando se defende uma camisola que representa o nosso País deveríamos, mais do que nunca, dar o tudo por tudo. No meio de tanta selfie, tatoos, cabelos, bigodes, barbas esqueceram-se de jogar "à bola".