15/05/2021

GRANDES EMPRESÁRIOS OU ABUTRES PREDADORES DO PAÍS?

 O DIREITO À INDIGNAÇÃO NÃO MOVE OS CIDADÃOS

Vejo e ouço nas comissões de inquérito parlamentares um punhado de "grandes empresários portugueses" que devem centenas de milhões aos bancos, em empréstimos que não pagaram (nem pagarão), sem que nada produzissem para o desenvolvimento da economia do país. Inquiridos pelo Parlamento (que nos representa a todos), mostram a arrogância de quem se considera intocável, acima da lei, cometa os crimes que cometer, que se permite rir na cara dos deputados, troçando abertamente de todos nós, quando fingem uma amnésia total sobre as suas empresas e o destino dos milhões que levaram dos bancos e se esvaíram nos seus bolsos sem fundo. 

Uns, como o Presidente do Benfica, afirmam despudoradamente que foram testas de ferro de Ricardo Salgado nas negociatas de empresas falidas. Com tantos milhões que passaram para as suas contas, dizem nada ter de seu, senão uma barraca, uma moto d'água, uma garagem, ou que vivem com o ordenado mínimo (como eu ouvi dizer a Ricardo Salgado, denominado pelos media subservientes como "o dono disto tudo"). 

Esta gente é o cancro que corrói a sociedade e a democracia de um país. São bajulados pelos media e apoiados pelos governantes,  embora sejam um escárnio para o cidadão honesto que paga com esforço os seus impostos e outras obrigações, para a população que luta diariamente para sair da miséria e para todos os empresários cumpridores que procuram produzir bens e levar as suas empresas a bom porto, sem golpaças nem desvios de fundos para offshores. 

É pena que as redes sociais não lancem campanhas de indignação contra estes predadores da nação, em vez de o fazerem contra estátuas do passado. Estes empresários de pacotilha é que são os causadores da pobreza do país, da sua falta de recursos, do seu atraso, porque a Justiça portuguesa é lentíssima e impotente para os apanhar, deixando prescrever os seus crimes ou descartando provas. Eis alguns deles, embora haja muitos mais:

 LISTA DOS DEVEDORES DO NOVO BANCO 

A lista dos maiores devedores é preenchida por empresas lideradas com pessoas próximas de Ricardo Salgado, o ex-líder do Grupo Espírito Santo. Mais de metade do total desta dívida foi contraída por grupos ligados à construção e ao imobiliário. À cabeça encontrava-se o Grupo Mello, que detém as auto-estradas da Brisa e vários hospitais privados, com 945 milhões de euros. Segue-se a Ongoing, o grupo de Nuno Vasconcellos que foi arrastado na queda da Portugal Telecom e que muitos apontavam como sendo um testa de ferro de Salgado na empresa. A dívida da Ongoing ascendia a 606 milhões. 








Com 603 milhões de dívida ao Novo Banco estava o grupo Moniz da Maia, também ligado à construção e obras públicas. Segue-se a Martifer, com atividades no campo da construção e energia, com 560 milhões de dívida. Em seguida está a Promovalor, o grupo imobiliário liderado pelo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, com 466 milhões de euros. Com 442 milhões de dívida estava a Macquarie Motorways, empresa de construção londrina detida por um grupo financeiro australiano. Com dívidas a rondar os 300 milhões de euros encontravam-se o empresário madeirense Joe Berardo, e as construtoras Prebuild, Grupo Lena e Obriverca. 

 Seguem-se a Pelicano (284 milhões), o construtor José Guilherme (267), a Legacy Investments Asset Group, sedeada num offshore “apanhado” nos Panama Papers detida por capital angolano, e o grupo Imatosgil (223), também envolvido no negócio ruinoso da CGD na empresa espanhola La Seda. Abaixo dos 200 milhões estavam dívidas do Sport Lisboa e Benfica (190), do grupo Previdente, de António Carlos de Almeida Simões (154), o grupo Temple do imobiliário de luxo de Vasco Pereira Coutinho (125), a Energia Limpia, com participação do GES e da Sapec (120), a brasileira Asperbras cuja filial no Congo era liderada por José Veiga. 

A lista dos 20 maiores devedores é fechada com o crédito de 47 milhões à EBD (antiga Espírito Santo Health & SPA). 


VENDA RUINOSA DO NOVO BANCO

O Banco de Portugal anunciou a venda de 75% do Novo Banco ao fundo abutre Lone Star. Dos 4900 milhões injectados directa e indirectamente pelos contribuintes, através de empréstimos ao fundo de resolução, nem um cêntimo será recuperado neste negócio. E o Estado ainda pode ser chamado a pagar mais por um banco que deixa de lhe pertencer. 
Dossier organizado por Luís Branco.



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