13/03/2020

Enclausurados nas caravelas e naus

Encerrados nas caravelas e naus dos Descobrimentos iam os portugueses, durante meses. Aqui vos deixo um rol de produtos alimentares, que eles levavam para a viagem e que recomendo aos açambarcadores:

Gerido directamente pela coroa, o Complexo Real de Vale de Zebro era constituído por 27 fornos de cozer biscouto, armazéns de trigo, cais de embarque e um moinho de maré de 8 moendas – o Moinho d’ElRei, o maior da região -, além de vastas áreas de pinhal circundante.. A sua instalação deve remontar ao reinado de D. Afonso V, e era comparável a um outro existente em Lisboa, os Fornos da Porta da Cruz. Em conjunto constituíam as duas unidades régias que asseguravam o fabrico de todo o biscoito necessário aos empreendimentos marítimos da expansão e dos descobrimentos. Estas actividades exigiam grandes quantitativos de mão-de-obra.
Nesse contexto, a Coroa recorreu à importação de escravos, empregues quer no Complexo Real, quer como escravos domésticos nas casas senhoriais. Em 1553 a quantidade de escravos era tal, que existia na Igreja de Nª Sª da Graça uma «Confraria do Rosário dos Homens Pretos».

Uma fábrica de biscoutos do século XV
Esta fábrica de biscoitos situava-se nas proximidades do rio, podendo assim dispor de um moinho para a moagem do trigo e junto à mata da Machada, fornecendo lenha para manter os fornos. Os biscoutos (bis significa duas vezes e couto significa cozido) ali confeccionados, em formas de barro com um diâmetro semelhante ao de uma pizza, dariam para conservar durante várias semanas.

O biscoito era a base alimentar das tripulações na época dos Descobrimentos Portugueses. Consistia num pão de farinha de trigo, de forma achatada, cozido no forno duas, três ou mais vezes para ficar duro "duro como corno" e assim durar muito tempo. A ração diária de cada tripulante era de 400 gramas. Como o biscoito estava muito rijo para se comer, mergulhavam-no em água – fazendo uma espécie de açorda – e comiam assim ou acrescido de outros condimentos, quando era possível.

“Do rol dos mantimentos que recebeu Miguel Luiz Romeu, escrito nos Açores (Angra), datado em 5 de Outubro de 1645”: “Setenta e cinco quintais em arroba de biscoito; vinte e quatro arrobas de bacalhau em duas pipas; setenta e duas arrobas e vinte arráteis de carne em oito barris de seis almudes; seis pipas de vinho da Canárias; um quarto de vinagre; cinquenta cestos de alhos; um cento de cabo de cebola; seis alqueires de lentilhas; um moio de favas”.

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