23/01/2014

Artur Lopes recusa falar inglês nos Jogos da Lusofonia, em Goa


JANEIRO 22, 2014
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O chefe de missão de Portugal, Artur Lopes, recusou dar entrevistas aos jornais indianos, exigindo que lhe falassem em português. Pelo menos dois jornalistas queixaram-se do sucedido. No início da semana, Lopes lançou duras críticas à organização dos Jogos da Lusofonia e ao facto de o português não ser o idioma-rei. Oficialmente estão a ser utilizadas três línguas: o português, o inglês e o concani. No entanto, a comunicação com o staff da organização, maioritariamente indiano, é sempre feita em inglês.
Ajit John, repórter para do jornal The Goan, tentou abordar Artur Lopes na segunda-feira, para uma pequena entrevista. “Ele disse-me ‘Isto são os Jogos da Lusofonia, a língua dos Jogos é o português, tem de falar comigo em português. Se o fizer falo consigo’. Depois virou as costas e foi-se embora”, descreve. O jornalista assegura ter recebido uma resposta semelhante do presidente do comité olímpico português, José Manuel Constantino.
O mesmo aconteceu com o jornalista Mihir Vasavda, do Indian Express, que tentou falar com Lopes durante a cerimónia de abertura para recolher algumas declarações sobre a delegação portuguesa e a importância dos Jogos da Lusofonia. “Abordei-o em inglês e ele começou a falar comigo em português, durante uns dois minutos. Notava-se que estava chateado mas eu não sabia porquê”, conta. A resposta que Lopes lhe deu, depois, em inglês foi semelhante à que deu a Ajit John: “Isto são os Jogos da Lusofonia, só falo em português, peça ao seu jornal para mandar alguém que saiba falar em português”.
A reacção causou espanto a Mihir Vasavda, que trabalha para um jornal nacional indiano. “Disse-lhe que o país não fala todo português, os portugueses só estiveram em Goa mas ele respondeu-me apenas ‘O problema não é meu, só vou falar português’”, relata o jornalista.
A surpresa é partilhada por Ajit John: “Está no nosso país e o português não é uma língua comummente falada aqui. É estar a pedir sarilhos”.
Contactado pelo PONTO FINAL, Artur Lopes começou por responder apenas: “Como é que se chamam os Jogos? Pronto, tenho dito”. Confirmando que não quis falar em inglês com os jornalistas, o chefe de missão da delegação portuguesa salientou que a lusofonia “tem que ver com tradição, história e cultura”. “Não podemos estar nuns Jogos da Lusofonia como se estivéssemos nos Jogos da Commonwealth. Foi por isto que Portugal lutou pela lusofonia”, explicou.
No domingo, num jantar organizado pela delegação portuguesa – onde também estava presente o secretário de Estado do Desporto e Juventude, Emídio Guerreiro – Artur Lopes manifestou o seu desagrado com a questão da língua. “Sendo que se tratam dos Jogos da Lusofonia não entendemos que a primeira língua a falar-se não seja o português, com uma tradução para inglês. Aqui é o inglês e às vezes tem tradução para português. Bati o pé, acho mal, não estou nada satisfeito, isso é bastante negativo”, disse aos jornalistas. I.S.G.

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